TÓPICOS RELEVANTES!

Ainda repercute, não só na mídia nacional, acusada por Franklin Martins de “golpista e aliada a grandes grupos econômicos, que buscam manchar a imagem de Lula e desconstruir Dilma Rousseff”, o “affair” Lula versus grevistas de fome cubanos.

O cubano na fila para morrer, em breve, o jornalista e psicólogo Guillermo Fariñas, acusa Lula de ser “cúmplice da tirania” e que esqueceu que já foi um perseguido político como ele. Ao que Lula redarguiu condenando a greve de fome de cubanos dissidentes e qualificando de “artifício” usado por presos políticos e que não deve servir de “pretexto de direitos humanos para liberar pessoas”.

A intransigente defesa do regime castrista por Lula tem recebido críticas cá dentro e alhures. E, nenhuma delas vinculadas a postura do chamado “Imperialismo Americano”! E, fontes palacianas, argumentam que o governo brasileiro não pode e não deve interferir ou opinar sobre decisões de governos de outros países nem tampouco discutir ou questionar por que os cubanos foram presos, etc. etc. etc.

É bom lembrar que o governo brasileiro não consegue se dar bem com dissidentes cubanos, haja vista o caso dos boxeadores que… Deixa prá lá! Está o país mais para Zelaya, Battisti, etc. do que para “esses caras” que “desafiam o poder revolucionário de Cuba, ninguém sabe a serviço de quem”. Cometem “haraquiri”, pela vaidade, talvez, de ganhar uma imortalidade, nem que seja, efêmera, segundo argutos e representativos ideólogos dentro da intimidade de Lula. O assunto ainda vai render muito ainda, mas, como Lula está acima do bem e do mal, ele continuará a não dar bolas para tal julgamento de uma “mídia vendida e mercenária”, segundo o ideólogo-mór do regime, Franklin Martins.

O comentário de Lula, colocando no mesmo nível bandidos e presos políticos, revoltou, até mesmo, a OAB Nacional, que repudiou tal comentário e a mídia está a indagar qual a importância estratégica – comercial, financeira, geopolítica ou o que seja – de Cuba para o Brasil? Qual o conceito de Direitos Humanos na visão brasileira? A profunda admiração de Lula e de seus seguidores a Cuba, deriva de uma idéia de que o socialismo “democrático?” cubano poderia ser espelho para a construção do socialismo bolivariano brasileiro pensado pelos ideólogos do regime?

O segundo assunto, esse mais interessante e palatável, é como ganhou corpo e evoluiu, contra a opinião do Palácio do Planalto, a emenda Ibsen/Humberto Souto, relativa à distribuição dos royalties do pré-sal que, segundo a avaliação desse cenarista, representará o verdadeiro deflagrar de um federalismo fiscal, que abrirá espaços para uma reforma tributária necessária e exigida pela sociedade e pela economia brasileira. Isto porque, a reforma tributária encontra,  como principal obstáculo político para a sua viabilização, o conflito distributivo entre os entes federativos. Ontem, no plenário Nereu Ramos, houve uma ampla mobilização de políticos municipalistas buscando, entre os parlamentares, o apoio para a proposta. E, para a satisfação dos municipalistas convictos, ela foi viabilizada, com sua aprovação ontem, no apagar das luzes. Então, multiplicar-se-á por 10, no mínimo, as receitas da maioria dos municípios brasileiros.

Restará agora, a votação no Senado, onde o governo tentará derrubá-la. Se não, Lula poderá, se aprovada, vir a vetá-la. Aí, a Câmara será chamada a derrubar o veto de Lula. E, aí, num ano eleitoral, nem Lula vai vetar, nem o Senado vai rejeitar e ninguém vai querer brigar com prefeitos!

O terceiro assunto é a candidatura das oposições à Presidência da República que, agora, ou vai ou racha. As manifestações de tucanos, de aliados de peso – Senador Jarbas Vasconcelos, entre outros – e a perplexidade da mídia, ansiosa pela abertura da “temporada de caça”, está gerando uma angústia, quase intolerável, na sociedade civil brasileira. Tal clima  está levando a um “estreitamento” dos espaços de movimentação de José Serra e, consequentemente, a sua manifestação explícita quanto à assunção de sua candidatura.

Enquanto não há definição, Lula, juntamente com a sua fiel escudeira, Dilma, passa por cima da lei, dos costumes e dos hábitos políticos e faz campanha, aberta e clara, como se estivesse dentro dos prazos estipulados em lei. Aliás, Lula criticou Serra por haver apresentado uma maquete de ponte a ser construída em São Paulo querendo, deixar claro, que se Serra faz por que ele não pode fazer?

O que se espera é que o novo Presidente do TSE, Ministro Levandosky, manifeste-se sobre o que o Presidente e os governadores podem ou não fazer de política eleitoral, fora dos prazos legais. É esperar para ver se, como até agora, tudo será considerado normal e legal.

No mais, só FHC, de maneira coerente e correta, faz a defesa daquilo que representa o verdadeiro conceito do moderno liberalismo. Em palestra em São Paulo, FHC afirmou que “o liberal típico não é de direita, ressaltou. Nos Estados Unidos a palavra quer dizer progressista”. Mais adiante coloca FHC: “numa sociedade onde o estado é enorme e vai continuar sendo, é preciso valorizar as liberdades individuais. E é preciso estabelecer uma discussão mais relevante se se “deseja um capitalismo burocrácio, corporativo, em que o Estado manda e resolve ou um capitalismo de competição, de clara orientação liberal”.

E finaliza dizendo que “nem o liberalismo americano e nem o europeu é ser contra o Estado e a favor do mercado. Isso é um clichê de luta política do Terceiro Mundo”.

Por enquanto, só FHC, com ciência e consistência, mesmo que dele se discorde, apresenta temas para uma discussão madura do que quer e do que pretende a sociedade brasileira em termos de amanhã.

Quem se habilita a trocar as agressões por uma discussão mais profunda dos desafios que se impõem sobre a sociedade brasileira?

3 Comentários em “TÓPICOS RELEVANTES!

  1. Dr. Paulo, fico satisfeito com a sua “interferência”, respondendo às colocações. Assim, a motivação em escrever se torna notória.
    Grato

  2. fernando,

    O que preocupa a todos como será a fiscalizaçao da aplicação de tais recursos. Mas, antecipadamente, o tcu deveria dizer qual a sua idéia revolucionaria para avaliar e fiscalizar o gasto publico, antecipadamente, e, numa perspectiva pedagógica, já orientqr a melhorar a eficiência de tais gastos.

  3. Minha única observação é com relação a distribuição de royalties do pré-sal ou, para ser mais exato, a ampliação das receitas dos municípios. Pergunta que não quer calar: ao invés de termos manifestações contrárias a distribuição, como foi noticiado hoje (fechamento da BR 101), porque não o fazem pensando em como será exercido o princípio da publicidade, ou seja, como teremos mais publicidade nos gastos municipais?
    Será que dessa vez a educação e saúde terão prioridades? Bem, de antemão posso responder: NÃO!!!!