UFA, ACABOU!
O mês da Copa foi de adrenalina pura para os brasileiros, mesmo para aqueles que não fossem aficcionados pelo chamado esporte bretão. Desde os momentos que antecederam a abertura do evento, dúvidas e angústias existenciais assaltavam as mentes e os corações da brasileirada. Será que a Copa, realmente, ocorrerá? Será que os estádios, as obras de mobilidade urbana, os esquemas de segurança estarão aptos a atender os compromissos assumidos e as expectativas dos organizadores e do publico em geral? Eram as primeiras e mais intringantes preocupações!
Além de tais desafios e incertezas, o ambiente no País não era dos melhores pois, razões e motivações conduziam ao desânimo diante dos graves problemas nacionais, da perda de prestigio internacional e do descrédito generalizado de instituições e dos homens públicos.
Assim, juntavam-se aos dramas de uma economia em crise — “pib” murchando, inflação aumentando e desemprego se elevando –, o pessimismo e o desânimo dos brasileiros e as expectativas poucos favoráveis quanto ao próprio êxito do evento diante de obras inacabadas, atrasadas e todos os problemas daí decorrentes.
Mas, o que parecia o mais sério problema a ser enfrentado para a realização da Copa como que, num passe de mágica, os brasileiros deram a sí uma trégua em todo esse ambiente e quadro hostis e mergulharam, de cabeça, num clima de positividade, típica do otimismo brasileiro e passaram a acreditar que o hexa não seria uma miragem.
E, aos trancos e barrancos, assistiram a tal “Famiglia Scolari”, alcançando resultados, mesmo que não convincentes e, no mais das vezes, pífios, mesmo assim, conseguiam estimular a crença de que, com o andar da carruagem, a equipe iria melhorando e , no final, a “festa” seria verde-amarela.
E um clima de festa se instalou no Brasil afora gerando uma alegria enorme, dando um colorido especial ao País e desanuviando o ambiente, o que entusiasmou a todos os que por aqui aportaram.
E, o mais importante, tudo aquilo que se imaginava que não iria funcionar veio a operar, não importa se fruto da improvisação, do empirismo, do jeitinho ou, até mesmo do chamado pragmatismo irresponsável que caracteriza a atitude dos gestores publicos brasileiros!
A euforia não era só com o espetáculo presenciado nos estádios, agora bobamente chamados de arenas, mas nas ruas e nos relacionamentos dos brasileiros com os jogadores estrangeiros, com o visitante e com o turista, empatia jamais vista por estas plagas. O próprio visitante ficou apaixonado pela gentileza, pela hospitalidade, pela prestimosidade e pelo carinho dos tupiniquins.
Para tornar ainda mais interessante o quadro de contagiante alegria, o futebol exibido pelas 32 seleções, não decepcionou a ninguém. Os ditos times pequenos ou seleções menos “rankeadas”, foram sensacionais, pelo surpreendente futebol que apresentaram. Costa Rica, Chile, Colombia, Gana, Costa do Marfim e, até a não tradicional Grécia, alegraram a todos. Até as surpreendentes e extemporâneas desclassificações de Espanha, Portugal, Inglaterra e, depois, da Itália e da França, foram vistos mais como resultado de um processo de globalização do futebol que, os aparentemente, nivelava aos demais competidores do que como desastres fruto do envelhecimento de estruturas e práticas de gestão do esporte.
O ambiente de festa, de alegria e de intensa movimentação era tamanho que não dava espaços para que o impacto negativo no “mood” dos brasileiros, notadamente fruto da piora dos indicadores econômicos, da descrença nas instituições, no governo e nos políticos, bem como da mesmice e do discurso sem graça dos candidatos a cargos eletivos, mudasse o clima que se experimentava.
A coisa ia nesse diapasão, de uma suposta felicidade, até que aqueles “seis trágicos minutos”, do pesadelo provocado pela Alemanha, diante de um Brasil catatônico, mostrassem aos brasileiros que tudo “fora um sonho” e que o hexa havia se desmanchado no ar.
Caiu a ficha. Baixou a decepção, a tristeza e a frustração diante do quase “tsunami” que se abateu sobre a macacada, notadamente para os brasileiros do amanhã! E, lamentavelmente, foi o que a Copa legou aos brasileiros, sem contar as obras inacabadas, superfaturadas e as arenas multiuso que não se sabe ainda o uso que terão.
Agora não adianta o chôrôrô! A festa acabou, músicos à pé! Ainda bem que para não piorar mais as coisas no sentimento de desencanto e frustração dos brasileiros, não serão eles alvo de um deboche maior vez que o seu figadal adversário, a Argentina, não levou a taça. Foi, como era previsível, derrotada pela supremacia alemã, o que diminuiu a dor da tragédia nacional.
O momento é de encarar a realidade dura dos fatos, juntar os cacos da auto-estima destroçada, voltar a mesmice da “vidinha” mais ou menos. Ora a “vidinha” estará marcada pela angústia com os graves problemas do País e por uma campanha eleitoral que, pelo jeito, parece com o esporte brasileiro, sem identidade, sem criatividade, sem estrutura, sem gestão e sem propostas.
Talvez o que sobre aos brasileiros seria buscar lutar por mudanças, por um novo caminho, reformulando tudo, repensando tudo e buscando atualizar conceitos e propostas. E isto não para que se imagine que se promoverá uma revolução já mas que, pelo menos, o país possa experimentar um pouco de paz e de uma vida sem tantos sobressaltos.
Ou seja, vive-se no Brasil uma situação em que ou as coisas mudam agora ou se se aguardar o amanhã, não sobrará espaço para “os puxadinhos, as improvisações, o pragmatismo irresponsável e o tal do jeitinho” porque eles não mais ajudarão a mascarar e adiar problemas e dificuldades.
Se não for dado um basta nesse estado de coisas, agora, como diria o inesquecível Líder do PDS na Camara dos Deputados, lá pelos anos 80, Deputado José Lourenço, “as consequências virão depois”.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!