UM NOVO CLUBE DE ROMA!

Nos anos setenta, um grupo de cientistas e estudiosos resolveu dedicar-se ao exame das perspectivas econômicas do mundo diante das várias limitações que se antepunham ao futuro da humanidade. Reacendia-se uma espécie de neomalthusianismo. As preocupações eram enormes não só em relação a escassez de meios diante do ritmo de crescimento da população mas também havia uma dramática inquietação e angústia com o processo de esgotamento dos recursos naturais, para atender a demanda crescente da humanidade. Ali deveria se estabelecer um ponto de inflexão na história dos povos. Ou alguns conceitos e paradigmas eram alterados ou os constrangimentos à vida dos povos seriam enormes.

Na verdade, à época, não se conhecia o potencial de enriquecimento de minerais pobres – silício, areia monazítica, argila, etc – nem tampouco o potencial da mineração do fundo de mar que, hoje, só no caso do petróleo, a quase totalidade da produção, se faz no mar. Também a produção de alimentos escasseava, pois a fronteira agrícola, passível de aproveitamento, estreitava-se cada vez mais.

Ademais, embora se acreditasse que a tecnologia poderia produzir saltos em termos de conquistas da humanidade no que respeita ao aumento  de produção e de dinamização do crescimento, os constrangimentos aumentavam e criava-se um certo pânico diante das perspectivas de aumento da fome no mundo.

Por outro lado, ainda não havia começado a ocorrer os primeiros resultados da chamada revolução verde, que começou na India e no Paquistão, com o melhoramento genético que multiplicaria a produtividade do arroz, do milho e depois de toda a produção agropecuária do mundo. Também, àquela época, embora não se tivesse a idéia do potencial da tecnologia para mudar os padrões de produção e de produtividade na indústria manufatureira, não se pensava que tantos minerais iriam mudar os paradigmas  dos processos manufatureiros em todos os níveis. Não se sabia que, um carro pequeno, que naquela época consumia mais de 1.400 kg de aço, com o uso do plástico, das fibras de vidro e carbono, dos vidros especiais, do alumínio, etc., permitiria reduzir o peso do carro para a metade. Com o peso menor os motores passaram a consumir menos combustível e, através de inovações como a injeção eletrônica e outras, a tecnologia melhoraria o desempenho dos motores.

É certo que, embora se tivesse alguma idéia do potencial que a eletrônica, a informatica e as tecnologias da informação e de comunicações, pouco se tinha de avaliação quanto ao salto tecnológico que tais avanços iriam permitir.

Agora está o mundo diante de um novo desafio, qual seja, prevalecer a idéia de crescimento sustentável, preservação e conservação do meio ambiente, desarmamento nuclear, superação, por completo da crise econômica internacional além de ganhos significativos em termos de respeito aos direitos humanos e à cidadania, estão a exigir esse novo “Limits of growth”, como foi denominado o estudo do Clube de Roma.

E três dados novos se tornam auspiciosos. Em primeiro lugar, a chamada mudança de conceito da China. Agora, todo o esforço da China é de realizar um processo de crescimento chamado de China Verde. Melhorar a eficiência e produtividade de produção de energia e de seu uso não só explorando todo o potencial de energia solar e eólica; aumento da eficiência no uso das fontes energéticas com motores de melhor rendimento; desenvolvimento de carros híbridos, desenvolvimento de baterias recicláveis e, “last but not least”, redução de emissão de carbono. Se isto é um comprometimento da China, a concessão do Prêmio Nobel da Paz a Obama busca estimulá-lo a cumprir os compromissos que ele, reiteradas vezes tem repetido, com o meio ambiente, o desarmamento nuclear e a superação da crise econômica mundial. Por outro lado, a atitude de países como a Noruega de, partir na frente e se comprometer a reduzir em 40% a emissão de gás carbono e de propor que se garantam créditos de carbono para países em desenvolvimento que reduzirem o desmatamento de florestas, são iniciativas que podem estabelecer tal reviravolta no mundo. Além disso, crescem os adeptos – no caso famosos – da causa ambientalista no Brasil e no mundo o que, aos poucos, vai criando uma cultura de conservação e preservação.

E, aos poucos, cria-se uma agenda internacional com a adesão das maiores nações do mundo e, os emergentes, passam a assumir uma postura de novos players com responsabilidades fundamentais em tais questões.