Um roteiro de espiritualidade!
Sair de Porto e Gália, onde surgiram duas boas coisas, Portugal e o adorável vinho do Porto, acompanhado dos seus mariscos maravilhosos e, ainda visitar Coimbra, para apreciar uma das mais famosas universidades do mundo e relembrar a tragédia de Inês de Castro – aquela que foi rainha depois de morta! – na famosa Quinta das Lagrimas, é algo que sensibiliza e embevece qualquer um!
Mas, se ainda por cima, a alma tem dívidas de gratidão com Cristo, aí nada como uma caminhada por Fátima, Santiago de Compostela e findar o périplo espiritual, atendendo a missa, do final da tarde, no belíssimo Mosteiro de Alcobaça. Aí, livre de parte do fardo maior dos contenciosos com Deus e os semelhantes, é hora de cultivar os deuses pagãos com um belo vinho alentejano, uma caldeirada de mariscos, um toucinho do céu e, para arrematar, um licor de ervas ou um bom licor Beirão.
Para aliviar o estresse decorrente de todo o embaraço causado pela erupção do vulcão da Islândia, então vale a pena curtir um bom show numa verdadeira e genuína Casa de Fados. Depois, é só acompanhar o evoluir dos fatos e das circunstâncias para, com a ajuda de Deus, a vontade dos homens e a competência das instituições, sair do Porto para Paris, Madrid, Nice, Genebra ou Lyon, ou para onde der ou Deus dispuser!
Mas, para não perder a Tramontana, que tal almoçar em Cantanhede, no Restaurante Marquês de Marialva, saboreando as mais criativas entradas e, à noite, jantar no Tromba Rija, às margens e quase na foz do Douro, comendo um excelente bacalhau na broa acompanhado de um bom tinto, numa boa relação custo/beneficio, no caso um vinho da Ribeira do Douro, um Luis Pato Reserva?
Na verdade, diante das trapaças da sorte provocadas pelo impiedoso e imprevisível vulcão e diante das precariedades da ciência e da tecnologia para evitar as nefastas consequências das erupções, que não se sabe quanto tempo durarão e em que intensidade, o certo a proceder é curtir o que há por perto, recolher-se a meditação e navegar nos sonhos e na imaginação da história e da cultura de parte da Europa. Ou, ainda, vestir-se do uniforme de aventureiro e um pouco de caminhoneiro, desvendar caminhos e estradas, observando a paisagem, explorando templos e monumentos.
Amigo Toninho,
Só um português de boa cepa, de um caráter sem jaça e de uma amizade tão sincera, faria os comentários que envaideceriam qualquer cidadão. Os meus sentimentos por Portugal vão além da admiração e do respeito. Vinculam-se a gratidão pelo que de bom construimos nesse país. Os portugueses nos legaram um território uno, um idioma único e a base para a construção da civilização dos trópicos que são a miscigenação racial e o sincretismo religioso. É isto aí, irmão!
PS: Fiz tudo para ir a Tia Alice, mais uma vez mas acabou não dando certo!
Meu Caro Ministro:
Que aventura venturosa o amigo está vivendo.
Se inveja fosse razão de morte, então, eu estaria “fadado” ao colapso.
Mas, não é o caso: a felicidade é grande por saber que a hospitaleira terra lusitana -onde tenho raízes – continua recebendo bem aos que sabem apreciar o que é bom.
E, se o vulcão tem alguma “culpa” na história, que ele receba, nas circunstâncias narradas, os devidos agradecimentos pela inesperada atividade.
E, se o tempo assim o permitir, não deixe de ir, em Fátima (na estrada de Tomar) ao Restaurante Tia Alice.