UMA COPA ESQUISITA, DIFERENTE E CHEIA DE SURPRESAS!
A surpresa inicial dessa Copa é aquela relacionada às expectativas quanto a sua realização. Ninguém acreditava que as coisas poderiam fluir como estão fluindo e acontecendo. Sem maiores problemas, contratempos, dificuldades e, inclusive, sem maiores queixas, quer dos brasileiros quer dos visitantes. Se porventura as coisas não saíram como se esperava que um planejamento estratégico fosse observado e respeitado, a improvisação, o pragmatismo, às vezes irresponsável, e o “jeitinho”, permitiram acionar os mecanismos ditos quebra galhos! E aí, os estádios funcionam, a segurança dos 170 mil homens está operando, a mobilidade urbana, contando com os feriadinhos, está dando para o gasto!
Fora do palco iluminado do espetáculo, as chamadas Arenas — que nome bobo os macaquitos resolveram apelidar os estádios! — nas ruas, a alegria contagiante dos brasileiros, está fazendo a felicidade dos visitantes . Se se alia a tal postura e atitude, a hospitalidade, a facilidade de comunicação, a prestimosidade, tendo como pano de fundo a beleza dos diferentes brasis, nas doze sedes da Copa, os estrangeiros descobrem o Brasil, não apenas para os seus países mas para todas as nações para onde estão sendo transmitidos os jogos, o que compreende mais de 1,5 bilhão de pessoas! Aliás é o maior projeto de divulgação e de promoção do Brasil a custo, se não foram os erros, desvios de conduta e os superfaturamentos das obras, relativamente barato.
Se fora do campo é esse o ambiente e o clima, dentro dos Estádios, a Copa está promovendo um belo espetáculo nas arquibancadas, com um colorido especial, um clima de fraternidade sem igual e um entusiasmo que leva a quem assiste, a um quase delírio.
As platéias vibrantes, bonitas e se confraternizando, como se não houvessem barreiras de qualquer natureza, quer culturais, étnicas e ou linguísticas — “são povos de mil raças ..” — promovem um espetáculo especialmente belo, em todos os estados, de parte a parte, deste imenso Brasil.
Por outro lado as exibições das 32 escretes, como no passado eram denominados os times nacionais, tem mostrado surpresas e diferenças que tornam as expectativas de torcedores e mesmo de especialistas, de difícil realização e de muito precária previsibilidade.
O jogo da Espanha contra a Holanda, mesmo a Espanha do famoso “tick taca”, tendo aberto o placar, com o prestígio de última campeã do mundo, foi surpreendida, após o empate ainda no primeiro tempo, por um adversário primoroso não apenas na sua disposição tática, no toque de bola rápido e objetivo, nos deslocamentos velozes e na exibição de notáveis talentos individuais, mas na concretização de resultados que impuseram a mais impiedosa derrota à Espanha, nos últimos trinta anos. E o pior foi que a Espanha, abatida diante da fragorosa derrota do primeiro jogo, no segundo evento contra o Chile, foi dominada, integralmente, por uma equipe ousada, abusada, rápida, com bom toque de bola e uma defesa muito bem organizada.
Aliás, foi esse mesmo Chile que, no primeiro jogo, impôs uma derrota de 3 a 1 a Austrália, com um bom e veloz toque de bola. E, no mesmo dia em que a Espanha perdia para os chilenos, a Holanda sofria, amargamente, para derrotar a mesma Australia, após estar perdendo para os australianos de 2 a 1! E tais resultados preliminares, parecem que estão a mostrar uma Copa diferente, imprevisível e esquisita.
Se tais resultados surpreendem, o que se pode dizer com o que aconteceu com a seleção portuguesa que tem o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, a qual acabou tomando um chocolate de 4×0 da poderosa e bem articulada seleção alemã?! E, o que espera Portugal, diante da sua “crista baixa” com a primeira derrota e com as baixas no seu elenco, é um futuro tão negro quanto o que ocorreu com o seu vizinho de península, a Espanha!
Algumas seleções, consideradas pequenas, estão fazendo bonito como ocorreu com a da Costa Rica que, situada num grupo dificílimo — Inglaterra, Itália e Uruguai — três campeões mundiais e sete títulos, surpreendeu o Uruguai e aplicou uma sova na Celeste.
A Colômbia foi bem, Costa do Marfim do mesmo modo e, a Argentina, com todo o prestígio de Messi, Higuain, Di Maria, Arguero, e outros, sofreu muito para vencer por magros 2 a 1 a Bosnia e Hezergovina. E o Brasil, para vencer a Croácia, teve enormes dificuldades e se descobriu, talvez a tempo, com uma serie de fragilidades, que, se não forem corrigidas, põe, de agora em diante, em risco, até mesmo a qualificação para uma semi-final. Aliás a Croácia, pelo andar da carruagem, pode vir a ser a segunda no grupo do Brasil, caso vença o México!
Por falar em Brasil, existem algumas mudanças que são fundamentais para que o grupo evolua a taxas melhores do que, segundo Felipão, evoluiu até agora. São mudanças em algumas peças que não rendem o esperado e em termos de organização tática e de posicionamento dentro das quatro linhas, para que não deixe tantos espaços livres para serem ocupados pelo time adversário, como ocorreu na partida contra o México. Faltou pegada, ocupação de todos os espaços e rapidez dos deslocamentos, para surpreender o adversário e permitir o aproveitamento melhor do talento de um Neymar e de um Oscar.
Com todo o respeito ao Felipão, não é possível insistir com Paulinho, Fred e, até talvez, com o próprio Hulk. Um meio de campo que, dada a fragilidade dos laterais no sistema de marcação e que são surpreendidos, sistematicamente, com bolas nas costas, requer a presença de um Ramires e de um Fernandinho, dois meio campistas capazes de dar tranquilidade ao sistema defensivo brasileiro e permitir as subidas dos laterais.
Fortalecido o sistema defensivo, há que se perguntar se é fundamental ter que jogar com um centroavante? A Alemanha chamou a atenção por não jogar nem com centro avante e nem tampouco com laterais. Para o futebol moderno parece que isto não parece ser mais a opção buscada por qualquer sistema tático.
Parece ser preferível ter um meio de campo ágil e criativo — Bernard, Oscar e Neymar –, apoiado por três apoiadores-defensores e armadores — Luiz Gustavo, Fernandinho e Ramires — e operar com os quatro defensores, sendo que os laterais atuariam mais como alas do que como laterais.
Neste formato, tanto ficam os laterais liberados para apoiarem, o que ora não estão fazendo, como permitiria, com o sistema de cobertura dos meio-campistas, permitir a criatividade de Bernard, Oscar e Neymar para, sem preocupações defensivas, infernizarem as defesas adversárias.
Assim ter-se-á um sistema bem articulado, bem fechado na defesa, com uma boa base para a armação de jogadas e três atacantes com habilidades excepcionais no drible, velozes no ataque e bons passadores e chutadores. Ademais, Fernandinho, Luiz Gustavo e Ramires, poderão, na sobra, aumentar o poder de fogo do ataque brasileiro.
Como todo brasileiro é um técnico de futebol, o cenarista resolveu usar e abusar da paciência dos leitores, exercitando o inalienável direito humano de dizer bobagem, opinando e propondo saídas para essa crise existencial por que passa a Pátria de Chuteiras.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!