UMA NOVA ONDA…
Parece que a crise mundial se dissipa, embora em ritmos distintos, de país para país. Também parece ser quase uma evidência indiscutível que, em algumas economias líderes, os processos são visíveis e marcados por ingredientes novos e capazes de abrir perspectivas diferenciadas para tais nações e para o próprio mundo.
E aqui não se fala apenas numa Alemanha que, durante toda a crise, começada em 1998 e que só agora parece estar sendo ultrapassada, manteve uma economia equilibrada, pujante e inovadora. E mais, sendo também capaz de ir em socorro das demais economias da Zona do Euro!
Nem tampouco se fala do fenômeno chinês que, pela velocidade de seu crescimento e transformação, pelas distorções criadas a nível interno e pelos problemas causados à indústria manufatureira, máxime dos países emergentes, é um caso particularíssimo e de repercussões, sob todos os aspectos, até hoje não aprofundadamente estudadas.
Na verdade, nesse quadro auspicioso de mudanças no mundo, a maior economia do universo, os EUA, estão a se recuperar com os seus 2,5% de crescimento deste ano, acompanhados de uma inflação na base de 2,5%, uma taxa de juros reais batendo na faixa do zero e, sem a retirada dos incentivos, a partir de sua política monetária, a injetar bilhões de dólares diários para estimular a economia! E a tendência é que a retomada continue firme e continuada bem como não gere efeitos colaterais no resto do mundo.
Se a economia motor do mundo estar a sai da crise e a própria China faz uma revisão de seu modelo, aprofundando a sua experiência capitalista, as coisas já começam a tomar uma outra feição e a gerar novas expectativas para a economia mundial.
A China, por exemplo, só não apenas mantém a previsão de um crescimento continuada no entorno de 7% para os próximos anos, mas também, nas últimas decisões tomadas pelo PC Chinês, busca alterar, profundamente, não só a política agropecuária mas também a política industrial e de mobilidade urbana.
Ao mesmo tempo, estimula, também, a melhoria da eficiência das empresas estatais — cobrando resultados em termos de lucros e abrindo a possibilidade de participação, no seu capital, de 15% de fundos externos — além de apoios à urbanização e outras alterações de monta.
Parece mostrar o chamado “Império do Centro”, uma guinada significativa quando permite um apoio excepcional ao empreendedorismo, inclusive no campo, garantindo a propriedade individual e o acesso ao crédito, tendo permitido que os agricultores usem, como garantia, hipotecária, essa mesma propriedade. Orienta-se a China, no direcionamento de seu modelo, menos para o estímulo ao consumo e mais para o estímulo ao investimento produtivo, com maior liberdade de iniciativa!
Outrossim, nas relações trabalhistas e previdenciárias, observa-se que, diferentemente do padrão mantido até agora nos contratos de investimento e de exploração internacionais, a China já não manda mais o pacote fechado, inclusive com toda a mão de obra de sua inteira responsabilidade, que se enquistava no país anfitrião, como se fora um gueto, distante de todas as regras de convivência e de respeito aos principios legais do mesmo.
Também nesse quadro de mudanças, a Inglaterra, mesmo tendo sido dura nas medidas de austeridade fiscal e monetária para combater a crise que afetou quase todos os países da Zona do Euro, recupera-se, rapidamente e, já este ano, apresenta excelentes resultados, não apenas no campo fiscal mas de desempenho econômico.
Diferentemente da grande maioria dos países europeus os quais a crise, por sinal, mostrou-se muito impiedosa com os mais desprevenidos e os que tinham sacado demais contra o futuro, na exacerbação da concessão de benefícios do chamado “estado de bem estar social” e no endividamento para bancar obras de infra-estrutura, à época do dinheiro abundante e barato no mercado financeiro internacional, começa a por a cabeça de fora, como é o caso da Espanha!
Até o Japão, na sua fase da “Abeconomics”, parece que afasta o espectro de anos de estagnação e de marasmo conseguindo, com a política de meta de inflação de 2% ao ano e estímulos ao consumo e ao investimento, crescer, no quarto trimestre de 2012, a um ritmo de 1,9%.
Como se pode ver, os bons ventos que começam a soprar na Zona do Euro, estão levando, até a Coréia do Norte, quem diria, a ideia de estímulos aos investimentos externos através da experiência das chamadas Zonas Econômicas Especiais, tão bem sucedida na China! Os norte-coreanos deverão lançar, em cinco áreas do País, sem contar com a zona já instalada, com a Coréia do Sul e, já em operação, novas áreas especiais.
Tais mudanças, ao ver do cenarista, não são apenas alterações no ritmo de expansão da atividade econômica mas têm a ver com a revisão de conceitos e valores relacionados a gestão da coisa pública, ao estado de bem estar social e a preocupação com o respeito aos direitos humanos fundamentais além da clara compreensão de um mundo globalizado,interdependente e que não se coloque distante dos problemas e agruras das nações bem próximas ou mais distantes fisicamente de qualquer um dos países.
Ademais, nesse amplo processo de alterações de quadro de valores e referências, como o que agora está sendo propiciado pelo acordo nuclear conseguido por Obama com o Iran que, inclusive, retirando, possivelmente, aquele país de uma profunda crise econômica; por um possível entendimento entre os rebeldes sírios e o governo de Bashar El Assad; com a manutenção da política monetária americana, pelo menos pelos próximos seis meses, pelas atitudes do Papa Francisco, atuando, decisivamente, não só como Chefe da Igreja Católica mas, fundamentalmente, como Chefe de Estado, são dados e notícias promissoras de que, talvez, esteja surgindo o admirável mundo que se deseja para os povos, daqui para a frente.
É fundamental que se diga que, quando se examina o desempenho dos países da zona do euro, no que respeita as medidas de austeridade fiscal, os ganhos são deveras relevantes em todos os países, até mesmo na velha Grécia de guerra onde já se começaa admitir que a crise trouxe reflexões profundas na forma de ver e de fazer as coisas.
E isto deveria estimular a países como o Brasil que, nos dias que correm, sem fazer o dever de casa e ainda a se perder no rumo de suas necessidades e sonhos, no mais das vezes, desperdiça um grande capital que é a confiança dos agentes econômicos. E no Brasil, todos sabem, basta muito pouco para mexer com a auto-estima de seu povo e isto servir de força mágica transformadora!
Está na hora de aproveitar a onda e buscar os caminhos da “ordem e do progresso!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!