UNIÃO PELO CEARÁ!
Há cerca de um ano e meio este cenarista, não só nos seus comentários escritos, mas nas análises feitas para o programa Cid Carvalho, da Rádio Cidade, do Ceará, antecipava que diante das circunstâncias políticas locais, a tendência seria, para o pleito de 2010, a repetição de uma coalizão que, há mais de 60 anos, juntou num mesmo “balaio”, a velha UDN e o esperto PSD. A coalizão partidária foi chefiada pelo candidato a governador que, tendo perdido a eleição para a coligação PSD/PTB, no pleito anterior, em 1958, compunha-se, agora, com o adversário de outrora para, enfim, sair vitorioso, mesmo tendo que dividir o poder. E assim foi, e assim ocorreu.
E, tal antecipação do que poderia ocorrer, foi objeto de comentário da jornalista Sônia Pinheiro, do Jornal O Povo, naquela oportunidade.
Agora, o jornalista Ilimar Franco, competente e sério colunista do jornal O Globo, afirma que está muito próximo o fechamento do acordo que levará à repetição de um grande arranjo partidário liderado, no Ceará, pelo governador Cid Gomes que, até agora, é candidato única à sua própria sucessão!
Aliás, é interessante como não só aqui no Brasil, mas, inclusive, no Reino Unido, depois de mais de setenta anos, conservadores e trabalhistas formam um governo de coalizão! Parece, como diz o ditado popular, no caso do Reino Unido, de que “a dor ensina a gemer”. Ou seja, quando das dificuldades são muito grandes, como a crise econômica que se espalha pelo mundo, a saída é superar divergências partidárias e, para conseguir um sacrifício maior da sociedade, só com um gesto de grandeza e desprendimento dos líderes políticos. Se no caso do Ceará não exista uma crise, a visão estratégica do governador Cid Gomes deve estar levando a que, examinando a quantidade de projetos estruturantes do estado, tão relevantes para garantir um ponto de inflexão na sua histórica econômica, só reeditando o que se fazia no passado em que toda uma bancada fechava questão e, se necessário, votava contra os interesses do Governo Federal e de seus respectivos partidos se reivindicações justas, objetivas e procedentes do estado não fossem atendidas. É o que deve se buscar, agora, na renovação dos mandatos de governador, senadores, deputados federais e estaduais, quando tanto o Ceará quer ver concretizado e superado os atrasos dos projetos de Transposição, da Transnordestina, da Refinaria, da Siderúrgica, do Estaleiro, do Circuito das Águas, da exploração de Itataia, da usina nuclear e de tantas outras alternativas para mudar, rapidamente, a sua face.
O arranjo ou a coalizão proposta, para o Ceará, terá o Governador Cid Gomes, como candidato à reeleição, Eunício Oliveira (PMDB) como candidato à senatória e, claro, pelas ligações políticas e afetivas, Tasso Jereissati (PSDB), na outra vaga de senador. A coisa fica estranha diante das profundas divergências entre o PSDB e o PT, em quase todo o país, bem como diante do problema de palanque para os presidenciáveis, já que Tasso é o responsável pela campanha tucana no Ceará e, até agora, o partido do governador votará em Dilma. Diante desse impasse, ao PT restarão dois caminhos. O primeiro, menos viável e crível, é intentar lançar chapa própria para poder manter a pretensa candidatura do deputado federal, José Pimentel, ao Senado. A segunda é fazer “cara de paisagem”, garantindo o apoio ao Governador Cid e engolindo, goela abaixo, sem estrebuchar e nem espernear, o nome do inimigo figadal do partido e adversário de Lula, Tasso Jereissati, como candidato ao Senado. Aí, o próprio Pimentel poderia, quem sabe, ter como prêmio de consolação, a indicação, pelo PT, para ser o candidato a vice- governador no “chapão” de Cid, na vaga que é dedicada ao PT, desde a eleição passada.
Há ainda uma terceira hipótese. Seria garantir a vaga de candidato ao senado ao PT, caso haja um pedido muito especial de Lula e, claro, acompanhado de outros “mimos” importantes para o governador e para o estado, convencendo Eunício Oliveira ou a ser candidato a vice ou ele vir a indicar o candidato à vice.
Nessa hipótese, cresceriam muito as chances do Presidente da Assembléia Legislativa, Domingos Filho (PMDB), hoje o dono do mais expressivo número de votos, dentro do partido, se auto-indicar para a vice-governadoria e, já de olho na sucessão de Cid Gomes, ser o grande coordenador da reeleição do governador, já que, dificilmente, Ciro assumirá tal posto. Como o TSE já delimitou os campos de coligações e não permitirá candidatos avulsos ao Senado e nem tampouco permitir que se separem as coligações de governador e senador, parece que, a Cid, não restará outra opção a não ser fazer a composição incluindo todo mundo. Ou, numa outra hipótese ainda, romper com o PT local e, com isto, não vir a garantir um apoio tão aberto a Dilma. Isto porque, a coligação que reelegerá Cid, estando minada por serristas de peso e expressão, preferirá manter a paz entre os seus – a sustentação política ao governador foi garantida, também, por 14 deputados estaduais do PSDB! – e estes, necessariamente, irão apoiar Cid, mas, ao mesmo tempo, votarão no senador Tasso Jereissati e no seu candidato a Presidente, José Serra.
Dia 22 de maio, a “fumaça branca” sairá da chaminé do PSB cearense, mostrando, provavelmente, que o governador conseguiu fazer o que queria. Ou seja, a composição com Tasso e Eunício, defenestrar Pimentel como candidato ao Senado e fazer o PT “engolir” Tasso, do PSDB, mesmo sabendo que ele será o coordenador da campanha de Serra no Ceará! E mais, de quebra, ainda vai construir o Estaleiro Promar, em Fortaleza, o que, até agora, tinha sido o pomo da discórdia entre o governo do estado e a prefeitura de Fortaleza. Parece que a Prefeita Luiziane Lins já concorda com a idéia do estaleiro na cidade!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!