O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil?
Para alguns anti-yankees a pergunta hoje não faria o menor sentido na proporção que o Brasil, ao alcançar o protagonismo internacional como a 5ª ou 6ª economia do mundo, já poderia se ombrear com a poderosa nação líder do Ocidente, máxime no momento em que a mesma atravessa uma crise econômica sem precedentes na sua história. Para a crise de vinte e nove o keneysianismo do “New Deal”, acabou dando respostas mais rápidas e eficazes do que o que as novas escolas econômicas propuseram para Bush e Obama. Talvez a existência de uma profunda crise econômica européia, aliada a duradoura e teimosa crise japonesa, tenham sido os diferenciais a fazerem com que a tal tempestade americana não tenha dado sinais efetivos e vitais que já estaria passando.
A demonstrar tal fato tanto é que o mote de toda a campanha presidencial que hoje se encerra, teve como tema básico, a questão econômica e suas repercussões sobre o emprego e a renda das pessoas, com as suas consequências na forma de encarar o problema dos imigrantes e outras questões relacionadas ao intercâmbio comercial dos Estados Unidos com países, notadamente do chamado dito do Terceiro Mundo, ou melhor, já que esqueceram o Terceiro Mundo, dos chamados emergentes.
Nem mesmo a questão do seguro-saúde, da segurança internacional, da hegemonia americana como nação líder do mundo ocidental, foram tão relevantes nos debates entre os candidatos.
Hoje, encerrada as tentativas de convencimento do eleitorado por parte dos dois candidatos, os americanos vão enfrentar uma das mais duras eleições dos últimos tempos, num quase empate técnico, tanto na eleição direta como na indireta, sendo que esta última, pelo que clama a preservação da autonomia dos estados e o profundo respeito pelo federalismo, é a que definirá se Obama continuará conduzindo os destinos da grande nação ou se o republicano desastrado, Mitt Romney, assumirá o neo-bushismo, para desespero de muitos latinos e imigrantes que vivem naquelas plagas.
Muita gente tenta especular o que acontecerá com o Brasil com a eleição de um ou de outro candidato. Se Obama for eleito, com certeza, as coisas não vão variar muito do que foram nos últimos quatro anos. Se Romney for eleito, também não parecerá que tenha o Brasil ou mais ou menos oportunidades de negócios ou maior protagonismo internacional. Na verdade, não mudará nada ou quase nada, para o Brasil, a eleição de um ou outro candidato. Os brasileiros são muito mais simpáticos a Obama assim como a sua Presidente. Mas, se alguém consultar o Itamaraty, verá que, a não ser por alguns sonhos de uma noite de verão – como o da conquista deuma cadeira no Conselho de Segurança da ONU – não há porque esperar mais ou menos de um ou de outro candidato.
Se a eleição americana não afeta tanto o País, os desdobramentos das eleições gerais tupiniquins, essas sim, poderão definir novos quadros, novas tendências e novos protagonistas no cenário político do Brasil.
Uma excelente análise hoje postada pelo Presidente FHC permite avaliar perdedores e ganhadores do último pleito, estabelecendo ganhos qualitativos e estratégicos de cada um. O que se sabe é que, o PSB saiu engrandecido e fortalecido; PSDB e DEM renasceram das cinzas; pequenos partidos ocupando espaços antes só reservado aos grandes, entre outros fatos, mostram uma primeira face dessa transformação. A volta à cena política do combativo Arthur Virgílio, ganhador de uma queda de braço com Lula; a força que mostra o jovem governador Eduardo Campos; o revigoramento da possível postulação de Aecinho à Presidência, agora aliado com Eduardo Campos e, os três novos protagonistas – ACM Netto, Eduardo Paes e Gustavo Fruet , todos com muito potencial para aspirarem vôos mais altos- e todos com ambições, forte personalidade e não vinculados a qualquer grupo ou esquema político, são importantes dados novos.
Aliado a isso, nesse ano que se inicia, a base de sustentação parlamentar de Dilma estará mais fragmentada e com cobranças pesadas diante dos resultados desfavoráveis para alguns candidatos ou patrocinadores de candidaturas fundamentais à sua sobrevivência política! E aí, sem uma articulação política competente e hábil, tanto no entorno do poder como no Congresso, o ano será sobremaneira difícil para Dilma.
E, tenderá a piorar se, como é esperado, a economia não se relance com bastante força no primeiro semestre do ano. Claro está que algo pode mudar, embora, cada vez mais, pelo tamanho do País e das suas instituições, a probabilidade de algo inverter e alterar tendências é muito remota.
O ano promete
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!