OITO HOMENS E O DESTINO!

O nível de desigualdade de renda não é apenas grande mas, aparentemente crescente, quando se avalia  a própria população mundial. Segundo dados recentes,  oito homens no mundo, detêem uma fortuna pessoal que equivale a toda a renda de 3,6 bilhões de pessoas! Ou seja, detém um poder capaz de suprir a fome e superar o desespero de metade da população mundial!

Se tais homens porventura ou por acaso, numa atitude admitida como exótica, inusitada e estranhamente, resolvessem assumir o fim da fome em todo mundo, e, é claro, com certeza eles poderiam e conseguiriam enfrentar esse dramático problema que as instituições formais não foram capazes de enfrentar. Em assim procedendo eles, com certeza, propiciariam um  quadro de sonhos e um gerar de esperança de que as coisas poderiam clarear, para milhões de desesperados.

E esta especulação sobre a probabilidade de um fato muito pouco normal e quase impossível de ocorrer, beirando muito mais ao atípico e ao inusitado, poderia vir, também, a provocar uma série de reflexões para os brasileiros que andam em busca de algo tão milagroso assemelhado a esse passe de mágica!.

Para essas bandas e no caso desse País, ora mergulhado em tão baixo astral, algo realmente transformador como esse fato quase impossível, levaria os brasileiros, depois desses anos de pessimismo e de deprê, como que, num quase passe de mágica, voltassem a acreditar no hoje e no amanhã de seu País. .

Algo assemelhado ao que ocorreu nos anos dourados do juscelinismo, notadamente lá pelos idos de 1958 — o ano que não deveria terminar! — os brasileiros abandonaram o complexo de inferioridade ou o complexo de vira-lata e superaram o sentimento frustrante que a pobreza sempre imprime, qual seja, de apequenar-se, de  sentirem-se feios, inseguros, esgulepados e sem futuro! A euforia era tanto que David Nasser, talvez o maior reporter à época, estabelecia o brado “Quem for brasileiro que me acompanhe”, num grito cheio de otimismo e de boa fé!

O juscelinismo gerou uma aura de confiança, de esperança e promoveu um notável crescimento da auto-estima. De repente os brasileiros, a partir da posse JK, com seu ousado “cincoenta anos em cinco,” promoveu uma mobilização da sociedade e a fez se ligar as conquistas, antes tão raras. Desde os feitos da nascente indústria automobilística — desde o FNM, o besouro da Volkswagen e o DKV VEMAG — as grandes hidrelétricas que se implantavam; uma nova capital que se erguia no coração do País e um Centro-Oeste e uma Amazônia que se descobria para o Brasil e para o mundo, através de uma rede de rodovias integradoras.

E enquanto a autoestima crescia, os brasileiros se empolgavam, cada vez mais, com as conquistas nos esportes, como, por exemplo, da recente conquista do ouro olímpico de Adhemar Ferreira da Silva; a conquista do campeonato mundial de basquetebol; da copa do mundo de futebol Jules Rimet; do sucesso no esporte de ricos,  com os êxitos de Maria Esther Bueno no tênis, além do surgimento da bossa nova, que afirmava o País com uma música tão envolvente quanto o seu primo rico, o Jazz. O clima no país era de frenesi com um Presidente que transmitia esse novo momento com um discurso  e uma atitude de um otimismo contagiante.

E o Brasil parecia que já começava a dar a volta por cima e a se sentir destinado a um futuro de grandeza e de afirmação no concerto universal, fugindo do complexo de “macaquitos” e acreditando que o sonho de Brasil, grande potência, nao seria apenas uma linha demarcando o espectro mercadológico utilizado por governos autoritários para forjar um respaldo popular. O sentimento de brasilidade era muito mais significativo do que se havia assistido e presenciado em qualquer época e em qualquer dos governos do país.

Do mesmo jeito que é um quase delírio esse sonho de imaginar tais homens a doarem a maior parte de sua imensa fortuna para enfrentar a dramática fome e desencanto que as populações pobres do mundo enfrentam. Sabe-se que se tal milagre acontecesse, isso iria  reverter todas as tendências econômicas no mundo, inclusive as brasileiras, que hoje  se subordinam a um marco quase negativo de expectativas em termos de suas perspectivas que  hoje não falam  alto as suas ambições e aos seus sonhos.

Imagine num saudável delírio, caro leitor,  se esses homens, passando por cima das desnorteadas e das alquebradas instituições formais, decidissem assumir o papel transformador de enfrentar esse dramático desafio mundial, o que isso poderia resultar? Poderia resultar numa quebra de paradigmas capaz de mudar todos os referenciais da convivência humana!

Principalmente porque tal decisão não deveria enveredar por uma discussão das causas das desigualdades mas sim, através de uma forma ou de uma fórmula  totalmente inesperada de “approach” do problema, forjar uma alternativa tendente a alterar todo esse quadro, num tempo muito curto.

Seria isto possível? E se eles assim procedessem, será que não provocariam ou despertariam uma reação em cadeia de  um espírito de benemerência por todo o mundo e que poderia vir a envolver os 20 ou os 50 ou até mesmo, os cem homens mais ricos do mundo, talvez viessem a dar uma lição ao mundo de que a dignidade se alcança pela generosidade e pela compreensão de que o mundo seria bem melhor com menos ou quase nenhum miséria a gerar conflitos, a provocar a discórdia e a provocar remorsos em quem podia mostrar um pouco mais de desprendimento e largueza d’alma e não mostrou?

Se isto viesse a ocorrer, baseando-se na estratégia de “não dá o peixe mas de ensinar o homem a pescar”,  que revolução não poderia vir a ocorrer, por exemplo, no Nordeste Brasileiro, só com uma solução rápida para o problema d’água e a promoção de  uma verdadeira revolução cultural capaz de usar todos os talentos à espera de um milagre.

Assim quando a crise da segurança pública nacional toma todo o espaço da mídia e, com o infausto acontecimento que foi o passamento de Teori Zavaski, criando uma grande comoção nacional diante das especulações quanto aos desdobramentos sobre a Lava-Jato pois Zavaski era o relator dos mais dos 70 processos de políticos com foro especial e as suas implicações e dificuldades que o ministro estava senhor do processo e de todas as circunstâncias.

Sonhar não custa nada e pode levar a delírios de sonhos os mais sinceramente acalentados por milhões de órfãos da vida, da sociedade e dos governos como se sentem os brasileiros, atualmente.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *