FATOS E CIRCUNSTÂNCIAS QUE DÃO O TOM DO MOMENTO!
Três circunstâncias estão delimitando muito claramente o horizonte político e econômico do País. É fundamental, antes de adentrar na discussão de tais fatos estar alerta para o fato de que, as exaltações típicas do discurso politico; as insinuações de ações ou manobras tendentes a promover desgastes ou manchar a imagem de agremiações ou de grupos que atuam no quadro de referências da atividade mais desmoralizada e sem fé pública do País que é a política, não devem turvar a busca da interpretação fria e objetiva do que estava e do que está a ocorrer. Na verdade, o jogo de palavras, as acusações, as insinuações, as manifestações e as notícias plantadas, não devem toldar as avaliações do quadro econômico e político atual sob pena de traduzir uma interpretação que estará marcada muito mais por indeléveis traços de interesses políticos ou ideológicos dos grupos em enfrentamento do que da realidade que se pretende examinar!
A primeira das circunstâncias aqui consideradas situa-se no campo ou no mundo da política partidária. E aí, mais uma vez, três fatos começam a tomar corpo quebrando um pouco a monotonia com que vinham ocorrendo os processos político-eleitorais. O primeiro é a forma e a postura adotada pelos atuais partidos, notadamente os chamados grandes — PT, PMDB, PSDB, PP — de se movimentarem já condicionados pelos seus objetivos em relação ao próximo pleito. O PT, marcado pela perda do poder e suas consequências inclusive relativas ao financiamento do,partido; pela perda, também, de seus líderes mais expressivos — José Dirceu, Palocci, Vaccari, Vacarezza, José Genuíno, os tesoureiros do PT, entre outros — além de haver se despojado ou se desfeito de sua principal bandeira que era a intransigente defesa da érica em todas as relações, agarra-se ao que sobrou que é a imagem, a presença e a carismática figura de Lula.
O PSDB, tonto diante do dilema hamletiano sempre a perturbá-lo — “ser ou não ser, eis a questão” — divide-se ao meio, rachado entre aqueles que querem estar à sombra do poder e os que preferem a distância do poder. Os “cabelos negros ” liderados pelo decano do partido, FHC e tendo como operador direto, o Presidente em exercício da agremiação, Tasso Jereissati, acham que a hora è da ruptura e do afastamento de um governo que, segundo suas avaliações, prima pelo fisiologismo em todas as suas ações. De outro lado, encontram-se os chamados “cabelos brancos”, mais conservadores e situados na linha de pensamento do velho PSD, liderados por Aécio e companhia, que acham que devem ajudar o governo a “atravessar o Rubicão”, notadamente para que o mesmo viabilize as reformas institucionais e reponha o País nos trilhos do crescimento e da modernização. Assim, esse grupo se contrapõe a chamada “turma dos cabelos negros” que defende a imediata ruptura com o governo Temer para que o eleitorado não os confunda com os chamados governistas fisiológicos.
O PMDB segue o seu itinerário de ser um partido governista por excelência, quase que execrando a proposta-sonho de Ulysses, ao continuar a primar por ser um partido local onde chefetes determinam a sua caminhada nos estados e, a soma de interesses paroquiais, culmina com essa agremiação nacional grande e amorfa, sem projeto e sem ideais, sempre buscando, oportunisticamente, apropriar-se de fatias do poder. É o partido do pragmatismo absoluto, sem ética e sem qualquer compromisso. Detentor circunstancial da Presidência, o partido sempre buscará nào um projeto maior de poder mas uma linha auxiliar porquanto sem nomes expressivos, a tendência é que sempre se posicionará naquele princípio de que é melhor ser amigo do rei do que ser o próprio rei. É claro que existem alguns poucos que gostariam de ver o partido trilhando uma linha mais condizente com uma certa ética de compromisso e coerente com o seu passado.
O PP fez uma opçào preferencial pelo governismo já que não tendo um histórico de posições ideológicas nào ousa estabelecer um outro caminho que a sua linha programática houvera porventura estabelecido.
O chamado “Centrão”, agregando o conjunto de partidos pequenos, tende a seguir a linha e a prática do PP, cobrando. agora, nacos maior de poder porquanto sentindo a provável manutenção da dissidência do PSDB, aproveita a circunstância para buscar apropriar-se de maior participação nos cargos, posições e verbas orçamentárias do governo. Da mesma forma, parece mostrar a mesma inquietação o DEM, do Presidente Rodrigo Maia que, motivado pelos “mesmos ideais” do Centrão e exibindo parte das queixas de Rodrigo Maia contra membros do Governo, exige maior participação no banquete.
O segundo fato relevante no cenário político diz respeito às candidaturas que já se ensaiam ou já começam a ser postas na rua e, consequentemente, já provocam não apenas rusgas mas, até mesmo, possíveis rachas partidários. Talvez o único partido onde não estaria já ocorrendo desentendimentos ou divergências, seria no PT, porquanto a única saída ou salvação para o partido e para a sua história, estaria reduzida a um homem, no caso, Luís Ignácio Lula da Silva. Mesmo assim, alguns petistas temem que, caso venha a ser condenado em segunda instância pelo Tribunal Federal do Rio Grande do Sul, os seus direitos políticos poderão vir a ser objeto de suspensão ou de cassação pelo STF, frustrando-se, dessa forma, a única opção eleitoralmente viável do partido. E, dessa maneira, o PT teria que inventar uma outra opção cujo desempenho eleitoral será incomparavelmente inferior ao de Lula.
No PSDB a movimentação de João Dória, não só nas articulações em vários segmentos da sociedade; na sua antecipação em buscar tornar-se aquele que se mostra o mais capaz de confrontar e questionar Lula; além do périplo que já faz Brasil afora, já incomoda Alkimim e os seus aliados; também a sua movimentação e desembaraço, são vistos de maneira bastante crítica por veículos como os do Sistema Globo de Comunicação, que já fizeram, aparentemente, sua opção preferencial por Lula. Assim, Dória já recebe, ao lado de Alkimim, duras e constantes críticas do sistema.
Outras candidaturas já são posta na mesa como a volta de Marina Silva como um espécie de “de javu” sem nada de novo a apresentar; o radicalismo direitista de Bolsonaro; a proposta do recém criado Podemos, na figura do Senador Alvaro Dias; o retorno de Cristóvão Buarque pelo PPS e algumas propostas exóticas como a possível candidatura de Joaquim Barbosa ou de algum craque de algum esporte bem popular ou alguma figura televisiva como já se deu com Silvio Santos, seriam as apostas prováveis para 2018.
Um terceiro aspecto do cenário político seria o processo de crise e de um possível quase que esfacelamento da base de sustentação parlamentar do governo gerando efeitos deveras perversos não apenas para a aprovação das reformas, ainda em discussão, bem como para a implementação das medidas fundamentais a garantir as pré-condições essenciais para que haja continuidade no processo de reorganização da economia e, consequentemente, na retomada, já em curso, de seu dinamismo e crescimento.
Também ainda podem vir a ser objeto de tumulto do cenário político nacional, o que poderá ocorrer com a Operação Lava Jato e a postura a ser adotada pela nova Procuradora Geral da República, juntamente com o Ministro da Justiça que parecem, buscarão enquadrar procuradores e juízes para que o processo não continue tão frouxo, como acham alguns como o Ministro Gilmar Mendes. Ademais, deverá ser objeto de preocupação dois fatos que já se vem observando no cenário nacional que são os conflitos de idéias, espaços e interesses entre a Polícia Federal e o Ministério Público bem como os desdobramentos da decisão tomada pela Presidente Do Supremo Tribunal Federal, Ministra Carmen Lúcia que determinou a abertura da “caixa preta” das remunerações diretas e indiretas da magistratura o que, por certo, pelos excessos e absurdos que já são conhecidos, levarão a uma indignação da sociedade e a um descrédito ainda maior do Judiciário.
Quanto ao horizonte econômico o cenarista produzirá as suas especulações no próximo comentário porquanto há muito o que especular quanto ao que se passa nesse universo que parece hoje bem descolado do que ocorre na cena política.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!