TRAGÉDIAS LÁ, DESENCONTROS CÁ!

O cenarista tem se sentido pouco inspirado para discutir temas e assuntos que afetam a vida nacional com o temor de se perder na banalização das discussões sobre violência de toda ordem e, de uma certa forma, institucionalizada onde, ao que parece o crime organizado substituiu o estado democrático de direito, pelo menos é o que parece demonstrar a total incapacidade do estado do Rio de Janeiro, mesmo com o auxílio das Forças Armadas terem se mostrado incapazes de dominar o tráfico na Rocinha e prender o seu Líder, o Rogerio  157!

Não vale à pena enveredar pelos caminhos por onde prospera a violência e abordar as suas causas mais próximas ou ainda, demonstrar a leniência, a irresponsabilidade e a incompetência do estado para enfrentar não apenas o mundo das drogas, a guerra de gangues em defesa de territórios do crime ou a matança cruel que hoje se instalou nas principais capitais do Pais e que não conhece limites nem encontra qualquer tipo de freio. Despreparo das polícias? Corrupção das polícias?  Desvios de conduta da justiça? Falta de políticas consequentes e convincentes de segurança pública, enfim, qual o diagnóstico  capaz de ensejar a proposição de alternativas para começar a aliviar ou a diminuir essa avassaladora onda de crimes de toda ordem?

E o mais grave dessa situação é que o crime organizado, além de dispor de uma estrutura operacional e organizacional bem azeitada, opera descentralizado e, divide atribuições e competências, de forma capaz de sinalizar a sua força  e levar adiante as suas reivindicações, apenas com a mobilização de grupos, dentro de presídios, capazes de exibir o seu poder de fogo a ponto de levar as autoridades, as vezes, a temerárias negociações com o crime. O roubo de cargas, o domínio do tráfico de drogas, os assaltos a bancos e a outros segmentos do sistema financeiro, representam parte dos negócios que, pelo que se sabe, ja dispõe hoje de incursões e parcerias internacionais com resultados bastante positivos aos seus propósitos.

Se esse aspecto da vida já mostra uma sociedade sem rumo e sem prumo, a verdadeira zorra em que se transformou a atividade politico-partidária do País conduz, a sociedade, a uma total descrença quanto ao seu hoje e ao seu amanhã. O que se espera de 2018? Quem e o que virá de lá? Até que ponto a classe politica que aí está serà capaz de propor algum tipo de reforma que corrija erros crônicos e históricos do processo e melhore a legitimidade e arepresentatividade das escolhas e das opções politico-partidárias? Onde encontrar, nas entidades da sociedade civil, alguma proposta, alguma mobilização, alguma idéia ou alguma liderança que sugira aos brasileiros que caminhos buscar ou onde reencontrar a esperança perdida?

O desalento é tal que, essa possível invasão de competência do Supremo sobre o Senado, não importando discorrer sobre o mérito da decisão ou sobre a culpabilidade de Aécio Neves, mostra que se o órgão máximo a dirimir as duvidas da sociedade sobre constitucionalidade resolve transformar-se em tribunal penal, ai perde-se a idéia de autonomia e independência dos poderes e sente-se o empobrecimento da visão e da perspectivas da Corte Superior do Pais é maior do quest imaginava.

Esse episódio que sera decidido hoje pelo Senado é parte de um quadro de referências do  apequenamento das questões politico-insitucionais que deveriam passar por uma reforma politica que, lamentavelmente,  se amesquinhou e ficou do tamanho de seus autores; por reformas institucionais que estão à mercê do que o Executivo estará pronto “a pagar pelo voto” de cada nobre parlamentar e, o pior, sem maiores certezas de êxito! Mas, ironicamente, apesar dos descrédito dos lideres políticos, da ausência de atitudes, de  idéias e de propostas de entidades da sociedade civil  esmo assim chama a atenção a atenção a determinação dos membros da equipe econômica que, motivados não se sabe porque, continuam com o mesmo espírito público , a mesma determinação e a  busca de imaginação criadora para ir contornando as restrições e as limitações impostas pela classe politica do Pais.

Mas, o certo é que, apesar dos “Fora Temer”, “Abaixo o Governo” e outras expressões de ordem, a economia, como o cenarista vem anunciando desdo o início do ano, continua a se descolar da politica de tal forma que os resultados vão sendo alcançados — quer no agronegocio, nas exportações e na própria industria — independente das regiões ou locais do pais onde ocorrem ou dos setores de atividade e, estranho, sem nenhuma reivindicação do empresariado em termos de ações e benesses do poder. E isto é algo para merecer a admiração dos brasileiros por demonstrar que se consegue já alcançar um grau de maturidade como sociedade, sabendo separar alhos de bugalhos,  mesmo no momento em que se busca sair da enorme crise que foi o Pais lançado.

Se aqui vive o Pais esse momento aparentemente contraditório onde a crise politico-institucional tem um tamanho gigantesco e não da indícios de que se possa encontrar um caminho e uma saída, o que se sente é que as instituições, apesar de tudo, operam e funcionam e, a economia, funciona e encontra rumos e alternativas capazes de colocá-la, competitivamente, no mercado internacional. É certo que a estabilidade das instituições econômicas; o equilibrio e ponderação dos que fazem a gestão da economia e a confiança alcançada no ambiente econômico levam a convicção de que o País sairá da crise mais cedo do que se esperava.

Se aqui vive o Pais as suas tragédias cotidianas os irmãos americanos são sempre surpreendidos pelo excesso de liberalidade do seu ambiente político e sofrem atos dantescos como o de Las Vegas que não representam o primeiro e nem será o último  ou fruto de atos terroristas ou, o mais grave e dificil de combater ou antecipar, da ação dos chamados “lobos solitários” de uma sociedade tão livre que já se transforma em permissiva para aqueles marcados pelas tendências de opção de conduta e de comportamento. Um pais com tantos privilégios, sonho de consumo de quase todos os habitantes do Universo e a segunda sociedade mais livre do mundo, sangra com eventos incontroláveis e imponderáveis  como esse de Las Vegas e que, infelizmente, não se restringirá e não levará a uma mudança de atitude da sociedade e da classe politica, até mesmo diante de uma questão aparentemente mais simples como deveria ser o controle do acesso a armas!

A sociedade americana fará sempre a opção pelo exercício pleno da cidadania, das liberdades civis e, da propria liberdade de comprar, portar, exibir e, até mesmo, usar armas com extremo poder de fogo. No trade-off entre o risco de novas tragédias como essa de Las Vegas fruto ou de atos terroristas ou de desequilibrados lobos solitários ou cercear a liberdade de ir e vir dos americanos, eles preferem pagar tais preços mesmo que choquem a opinião publica nacional e internacional.

 

 

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