DILMA E OS SEUS DESAFIOS.

A semana, até agora, não foi das mais venturosas e agradáveis para Dilma. Os artigos de Fernando Henrique Cardoso e de Armínio Fraga foram de críticas bastante severas a Lula, a forma de conduzir o governo e aos vícios derivados de uma pseudo-estatização que, segundo Armínio, o que na verdade estaria ocorrendo seria um controle maior de órgãos estratégicos do Governo para atender a interesses específicos de grupos econômicos ao comissariado. Tanto é que a proposta de Armínio é que se reestatize o Estado brasileiro ao invés de se privatizar, segundo alguns interesses, como sói ocorrer no atual governo. Armínio especificou outras características do atual modelo de gestão onde ficam bem patentes certos propósitos e objetivos na busca de estruturar e aparelhar o estado para manter um controle por muito tempo.

 Já o artigo de Fernando Henrique Cardoso busca aproveitar o mote estabelecido por Lula de que pretende que a eleição seja de caráter plebiscitário, onde a disputa de 2010 não seria de Dilma contra Serra, mas de Lula contra FHC ou dos trabalhadores, campesinos nordestinos, sem terra e sem teto contra os que representam a chamada “elite branca” ou os paulistas que discriminam nordestinos, analfabetos e aqueles que não são da tradicional família paulista. E que FHC e a turma, são daqueles que não procuram estabelecer qualquer prioridade para os sem vez e sem voz. É com esse discurso que pretende respaldar a candidatura de Dilma. Ora, os ataques ou críticas feitas pelos dois tucanos, além de buscar trazer para si a querela e o debate ou provocar Lula, procura diminuir o papel e o significado de Dilma no processo e preservar Serra para os embates futuros, se ele for o candidato. 

 Por outro lado, a declaração de Caetano, que provocou grande celeuma nas hostes petistas e irritou deveras Lula, ao invés de afetar Lula politicamente, só faz afetar a sua candidata quando propala a sua opção preferencial por Marina Silva que combina a cor de Obama e a origem de Lula, mas que Lula é analfabeto, falastrão e rude. Isto leva a dividir os ambientalistas, artistas, intelectuais e outros, no apoio a jovem humilde, frágil, inteligente e que venceu muito mais desafios que Lula, a continuar tirando votos de Dilma.

 Talvez a reunião com mil e quinhentos prefeitos e lideranças petistas em Minas, ajude a dar mais ânimo a candidatura de Dilma, mas a pouca confiabilidade do PMDB, conduz a que as expectativas não sejam tão otimistas. Se Ciro tem contra ele, ele mesmo, o mesmo ocorre com Dilma. A sua história, os seus contenciosos, a fama de durona e grosseira e essa humildade e simpatia industrializadas, não agradam ao eleitor. Essa transfiguração, ao invés de ajudá-la, estabelece um ar de falsa simpatia, falsa humildade e, que sob a pele de cordeiro, se sucedida na candidatura, verificar-se-á que ali estava uma loba voraz!

 Os apoios político-partidários de Dilma não são confiáveis e pregarão sustos a candidata a todo o momento. Como Lula investe tudo em Dilma e diz que ela é a mãe de tudo, se há insatisfações na negociação do pré-sal, a coisa acaba desembocando em ameaças de retirada de apoios a Dilma. Se os aposentados são enganados pela base de apoio do Governo, acabam atribuindo a Dilma a responsabilidade de haver, como gerente durona, exigido que não se criasse mais um grande rombo na previdência, atribuindo-se a ela a culpa pelo espetáculo circense protagonizado pela Câmara. Se os municípios vivem uma penúria enorme; se a CSS não é aprovada e a saúde continua em crise; se o governo não paga as emendas dos parlamentares, tudo se põe na conta de Dilma.

 E aí parece que o povo vai acabar concluindo que Lula é ótimo, maravilhoso e sem igual. Mas, o seu entorno, os que o cercam nada tem a ver com ele. E o pior. Já começa a se concluir por aí que, insistir com Dilma é para atender o objetivo de Lula de voltar em 2015, pois ganhando Dilma ou perdendo, a bola da vez naquela eleição será o novo pai dos pobres, o Lulinha, paz e amor! Ou não?

 NOTA

 A atitude do PT, na profunda rejeição não ao conteúdo da crítica, mas ao próprio FHC, é de quem assume de que, quem não estiver com ele está contra ou excluído do debate. FHC e Armínio, assim como Marina e Caetano, estão excluídos do debate. Chavista, bonapartista, antidemocratas, é a crítica que resume a expressão subperonista, atitude que busca, mantendo partidos e sociedade civil neutralizados; organizações sociais cooptadas e empresariado dependente de capital controlado, direta e indiretamente, pelo estado, dão as principais característica desse chamado “autoritarismo”.