AINDA O AFFAIR FHC X LULA!
Continua repercutindo as críticas feitas, em artigo publicado na mídia nacional, em que Fernando Henrique Cardoso analisa o governo Lula e faz uma advertência sobre os riscos envolvidos para o país, com a montagem de uma república sindicalista, sem compromisso democrático e sem projeto de poder.
A premissa que os analistas de plantão fazem, em primeiro lugar, é que não se deve discutir de onde provém a avaliação crítica mas sim o conteúdo e o mérito da apreciação. Na verdade, diante da perspectiva de um novo poder, sem a presença de Lula, os riscos de comprometimento do projeto de desenvolvimento do país são significativos, segundo FHC.
A premissa básica da crítica, segundo observadores políticos, é que regimes que se baseiam na liderança de uma única pessoa e dela se fazem dependentes, tendem ao autoritarismo. Não é uma liderança doutrinária e ideológica. É populista e fisiológica e faz do estado – dentro dele e dos bilionários fundos de pensão, do BNDES, do FAT, do FGTS, etc. – o seu instrumento básico de ação política e perpetuação no poder.
Base sindicalista, discurso nacionalista e apoio da Igreja Católica, são a sua sustentação. Além disso, o aparelhamento da máquina do estado por líderes sindicais, o controle de mais de 250 mil cargos e posições estratégicas, transformam o líder populista em um novo Vargas, repaginado e melhor equipado. Além disso, o apoio de movimentos sociais faz o cerco capaz de garantir o controle e a sustentação de poder da forma que hoje se apresenta o mando de Lula.
É assim que os críticos vêem o modelo de governo de Lula onde, se não é uma estrutura tão autoritária como o Chavismo, tende a ser intolerante com qualquer crítica e qualquer oposição.
Amigo André,
Os artigos do FHC e do Armínio Fraga abre uma discussão deveras interessante porquanto foge da mesmice de uma discussão tipo oposição versus situação. A questão é discutir a distribuição de poder entre os vários segmentos da sociedade bem como a forma como tal poder se concentra, subordinado a formas de controle da sociedade. Ou seja, essa aliança sindicatos, organizações sociais, aparelhamento do estado e parceria, via fundos de pensão e BNDES, com os grandes empresários, está estabelecendo uma forma de dominação autoritária da sociedade. A coisa chega a tal ponto que o comissariado já pensa em eleger o próximo presidente da FEBRABAN em face do peso político dos bancos oficiais. É, a coisa vai, aos poucos, avassalando e, quando a gente acordar, a situação fica aquela história que dizem não ser de Maiakovsky: um dia levaram uma rosa do jardim…
Asa,
Concordo plenamente. Agora mesmo o comissariado resolveu sugerir ao Lula que buscasse eleger o presidente da Febraban! Essa associação de sindicalistas, movimentos sociais, o grande capital via fundos de pensão e o BNDES, além de um controle quase total da mídia, realmente conduz a uma república “bolivariana” sem Chavez.
O sinal de alerta dado por FHC quando visto com olhar não-acadêmico, tras a necessidade de dispositivos de garantia da democracia mais evidentes. O que difere um Lula de um Chavéz ou mesmo de um Zelaya seria apenas o fator sorte? Não temos nenhuma defesa consistente quando um presidente populista, com alta popularidade, resolve se utilizar das organizações populares e sindicai para pressionar a sociedade a aceitar seus interesses. Os casos Honduras e Venezuela são bons exemplos.
Umas das coisas mais absurdas que vi nesse governo foi a liberdade dada aos sindicatos no tocante aos recursos geridos. Nem o TCU pode fiscalizar. Os caras se tornaram verdadeiros Reis, bancando festas com Whisky 12 anos e Sushi. E uma dessas eu confirmo porque estive presente, só produto de primeira. E como os Sindicalistas dizem, presente do Tio Lula, afinal, graças ao Presidente, a gastança está solta, sem nenhuma fiscalização.