A RACIONALIDADE QUE NOS FALTA E A EMOCIONALIDADE QUE NOS SOBRA!

PARA PENSAR E REFLETIR!

A sociedade brasileira dispõe de algumas características de sua formação
histórico-cultural e o seu potencial de recursos estratégicos que a situam,
se muito de bobagem não for feito e se conseguir as suas elites desenhar um
modelo institucional que facilite o desenvolvimento sustentável do país,
construir, para o nosso orgulho, a verdadeira civilização dos trópicos.

O privilégio de um país uno, física e culturalmente, sem ambiente e espaço
para divisões regionais, orgulhoso de sua territorialidade e de sua
caleidoscopia de cores, raças, culturas e ritmos, é algo que representa
patrimônio inquestionável e inigualável. A capacidade de manter um
relacionamento com os vizinhos, sem que chegue a desentendimentos sérios ou
conflitos insuperáveis em face de seu tamanho físico, populacional e
econômico, é outro patrimônio relevantíssimo.

O sincretismo religioso, a miscigenação racial e um único idioma, são também
valores inigualáveis para manter uma nação com o sentimento de vinculação ao
que lhe é mais caro e também aos seus símbolos nacionais.

Mas, apesar de tais virtudes, é crucial que alguns pecados capitais têm
atrapalhado muito o país. É possível listar alguns problemas que dificultam
uma caminhada mais segura, estável, solida e continuada do Brasil em busca
de seu amanhã.

Em primeiro lugar, o fato de o Brasil ter sido estado antes de ser
sociedade, criou e cria os embaraços para a operação do estado ou para as
relações do estado com o cidadão. Porque não há razão consciente para o
exercício da cidadania e nem tampouco há motivação para tanto na proporção
em que não se educou o brasileiro para tal.

A miscigenação, embora tão relevante para impedir conflitos, insanáveis ou
quase, de raça e cor, tem também um lado que atrapalha o desenvolvimento do
país. Historiadores de meia tigela procuram justificar a leniência, a
hipocrisia, o jeitinho, a malandragem, a irresponsabilidade, a corrupção, a
impunidade e a solidariedade na contravenção, como fruto da miscigenação
que, ao misturar etnias, tribos, culturas e valores, acaba permitindo um
ambiente para a licenciosidade e a permissividade sem abrigar espaço para a
consolidação de valores que sustentam o respeito às leis e as regras de
convivência de uma sociedade sólida.

Por outro lado, o sincretismo religioso, se serviu a por um freio em termos
de conflitos religiosos que tanto infelicitaram e infelicitam nações, no
caso brasileiro, a par de tais benefícios a construção da sociedade,
alimentou a aceitação de todas as concessões que cada religião permitia
gerando certa frouxidão em valores éticos e morais.

O imediatismo, próprio de nações jovens e sem valores consolidados, criou a
idéia de que o amanhã é o ontem. Pensar a longo prazo é devaneio, é
divagação, é alucinação. Por isso que não há sequer exercícios de
futurologia para ambientar possíveis políticas indicativas de rumos de longo
prazo.

Embora críticos dos americanos, os brasileiros olham para os vizinhos não
com desdém, mas, sem os considerar como parceiros ou irmãos fisicamente
integrados. Os brasileiros só olham para o umbigo, como os americanos. Os
vizinhos nada são e os muito distantes, são quase uma ficção de tão
apartados.

Tem o brasileiro angustias existenciais? Não. Só tem angústias materiais. É
por isto que questões como o meio ambiente, preservação de valores
culturais, conservação do patrimônio histórico e arquitetônico, etc. só toca
a alguns poucos. De certa forma, o país é uma nação de Macunaímas, pois além
de relativizar a ética, estabelece como principio que, se alguém faz errado
eu também posso fazê-lo além de uma patente solidariedade na contravenção.

Meio ambiente, ser politicamente correto, paz mundial, fim da fome, redução
de desigualdades, combate a todas as formas de violência e de corrupção,
tudo isto apenas são adjetivos para os brasileiros. Ninguém acredita,
realmente, em nada disso.

Mas, mesmo assim, o Rio de Janeiro é o povo mais feliz do mundo e o Lula é o
cara.