Scenarium de 04/09

DILMA REPAGINADA!

A ministra-candidata, após um silêncio providencial diante do entrevero e da polêmica com Lina Vieira, o que levou a mídia a revolver antigos problemas – falsos depoimentos sobre cursos e diplomas; dossiê sobre FHC e sua mulher; truculência mis com auxiliares e companheiros, etc. – voltou à tona, com disposição invejável de candidata. Reentrou em cena, primeiro dizendo-se curada do câncer e disposta para a guerra. Em segundo lugar, redefiniu a sua estratégia de ação política após o surgimento dos fatos novos – a entrada triunfal de Marina Silva e o ressurgimento de Ciro como candidato à Presidência – focada agora na busca, através de Lula, de aliança nos estados, nem que para isto atropele os potenciais candidatos do seu partido na base do argumento de que, sem a Presidência, o partido morre e as vocações políticas petistas irão para o brejo. Em terceiro lugar, aprendeu com o seu chefe que o mais importante é lembrar que, se você estiver fazendo algo grandiloqüente, os seus pecados veniais e até mortais para os outros, considerando que o povo tem memória curta, a tendência é que, nos embates de campanha você poderá tratá-los como coisas requentadas ou dentro do argumento: se todos fazem por que eu não poderia ter feito?

Mas Dilma, hábil e marqueteiramente, descobriu que essa história de mãe do PAC servirá só para mostrar que sabe gerenciar, sabe mandar e sabe coordenar ações de governo. O mais relevante agora é vincular-se a sua Brasília ou algo tão relevante que gere sonho e esperança conseqüente de que, no governo dela, o Brasil será uma nova Caná ou Canaã com o famoso ou já famigerado, para alguns, pré-sal. Será vendido como algo tão grandioso que fará com que Dilma se coloque como um Juscelino de saias.

Por fim, Dilma, na nova fase Dilminha paz e amor, talentosamente, sem mostrar-se uma plagiadora, começará a assumir a tese dos outros no seu discurso de candidata. Ou seja, tornar-se-á uma ecoxiita com lucidez e, habilmente, fará um discurso baseado em desenvolvimento sustentável, exaltação da cidadania, nacionalismo para estudantes e petistas e federalismo fiscal além de manter toda a política social do atual governo. Com o carisma e o envolvimento total de Lula, Dilma, poderá mudar o roteiro do samba que se imaginava que seria a sucessão presidencial. Ela está se repaginando e, pela determinação de guerrilheira, pode ir longe apesar de toda controvérsia, dos desacertos e dos vícios que tem sido o governo – mas não Lula pois o mito está blindado!

E O PMDB? PERDEU OU GANHOU COM O EPISÓDIO DO SENADO

César Maia, o ex-prefeito do Rio, assim se manifestou no balanço ou na sua contabilidade de perdas e ganhos do entrevero que tomou conta do Senado Federal: “O desgaste de imagem maior foi do PMDB! Quem apostou no desgaste do PT errou. Lula continua firme”! Ninguém sabe qual o propósito do PT, se influir na luta paroquial para desgastar Sérgio Cabral ou se buscar uma aproximação com forças simpáticas a Lula. Ou, simplesmente, se César, sem ser tão bom analista político, equivocou-se. O PT é só desgaste por conta dos erros do governo, dos seus vacilos e de erros e problemas acumulados do passado. Quanto ao PMDB, quem conhece o DNA do partido fará uma aposta distinta. O PMDB deve crescer e, crescer bastante, nessas próximas eleições. O PMDB, como federação de partidos, por não ser um partido nacional e tampouco solidário com os companheiros, além de ser capaz de qualquer aliança para manter o poder, parece que tal esperteza é bem vista pelo eleitorado. Assemelha-se a história de um candidato a prefeito de Fortaleza, nos idos dos anos cinqüenta ou sessenta que, carismático e populista sem igual, disputava com alguém da UDN raivosa, um novo mandato de prefeito. E o seu adversário, diante de uma praça lotadíssima, começou o seu improviso conclamando o povo a um discurso participativo e interativo. E começou a indagar do povo:

“Quem foi o prefeito mais preguiçoso que Fortaleza já teve? E o povo, em coro, respondeu: Fulano. Satisfeito saiu para o segundo questionamento: quem foi o prefeito mais irresponsável? Mais uma vez, o povo em coro respondeu: Fulano. Mais feliz ainda indagou, em alto e bom som ao povo: em quem vocês vão votar para prefeito de Fortaleza? E o povo, uníssono, respondeu: Fulano!