ACABOU! MAS NÃO TERMINOU!
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” Senador Ruy Barbosa, em Oração aos Moços, 1920.
Para uns, frustração e desencanto, além de um montão de contas a pagar. Para outros, o gosto da vitória conquistada ou comprada. Para outros tantos, a segunda etapa da luta e da dispudta! É disto que é feita a chamada festa da democracia. Hoje muito mais para um réquiem das esperanças e dos sonhos do que para alimentar aspirações de dias melhores.
O que se conquistou com as eleições de ontem? Ninguém sabe ao certo pois o Parlamento é o mesmo, nenhuma proposta sēria e interessante foi defendida por quem quer que seja e inexiste qualquer idéia sobre um possível projeto para o Brasil.
E o país está à deriva com um quase desmantelamento das instituições, a presença em todos os campos e sentidos de uma corrupção endêmica, a prevalência da esperteza e a derrota da meritocracia. Esse diagnóstico pode parecer pessimista mas diz muito da realidade objetiva experimentada pelo Brasil.
Talvez se houvesse qualquer chance de uma reforma política mínima — fim das coligações proporcionais, retomada da cláusula de barreira, financiamento público de campanha, extinção do instituto da reeleição — daria, aos cidadãos de boa-fé, um laivo de esperança de que as coisas poderiam mudar.
Mas nem isto foi sequer abordado e discutido pelos candidatos a cargos majoritários ou proporcionais.
Alguem pode questionar o pessimismo que domina o cenarista porquanto a sua análise não abre espaço para qualquer abordagem que crie expectativas mais otimistas quanto ao amanhã do País. Mas como alimentar qualquer otimismo diante de uma crise econômica séria e que exigirá duros sacrifícios pelo menos, em 2014, podendo estender-se talvez até a 2015, dependendo da dosimetria das medidas saneadoras e corretoras a serem aplicadas no primeiro ano, pelo próximo governante do Brasil.
Se a economia vai requerer medidas amargas e de difícil digestão, restaurar a dignidade das instituições vai ser tarefa quase impossível. E, recuperar o ânimo, o entusiasmo e o otimismo dos agentes econômicos e dos cidadãos como um todo, pode representar tarefa hercúlea.
Embora a primeira etapa do processo de renovação dos quadros dirigentes já tenha sido vencida com algumas surpresas — a virada de Aécio, a ascensão de Ivo Sartori no Rio Grande do Sul e a vitória do candidato do PT, na Bahia — o que marcou o primeiro turno foi o desânimo, o desinteresse e a falta de vibração do eleitorado diante de um quadro econômico nacional marcado por contradições, por erros de condução da política econômica e diante da incompetência gerencial de toda ordem que domina os vários segmentos governamentais.
Agora os cidadãos se defrontarão com mais uma etapa do processo que será marcado pelo seu caráter plebiscitario, onde quem ē contra o PT rigidamente colocar-se-á de um lado e a militância petista se desdobrará para manter o poder, a qualquer custo. E o embate tenderá a baixar o nível com acusações pessoais, de parte a parte e, sem a apresentação de uma agenda mínima de transformação para o País.
Portanto, não há muito que se esperar do segundo turno onde os destinos de 13 estados da Federação e do próprio pais estarão em jogo. Dificilmente surgirão idéias ou propostas conducentes a encaminhar um debate construtivo sobre como equacionar os graves problemas do momento e pavimentar os caminhos para a construção de um futuro mais de conformidade com os sonhos e as aspirações dos brasileiros.
De qualquer maneira o cenarista propõe que, sem criar grandes e otimisticas expectativas, aguarde-se o que terão a dizer os candidatos a Presidente e a governador. Pode ser que, por um passe de mágicas, a gente se defronte com uma agenda coerente e compreensiva, capaz de reacender as esperanças!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!