ALVÍSSARAS: SERRA DECIDIU!

Três coisas levaram Serra a definir que seria candidato a Presidente da República: a angústia dos seus correligionários e da mídia; a montagem dos palanques estaduais e, finalmente, as decisões preparatórias para que auxiliares fiéis assumissem o governo – o vice-governador, Alberto Goldman, recebeu orientação para se preparar para assumir o governo – e os postos-chave no Estado e na sua campanha.

A exteriorização de sua determinação se deu, no dia dos seus sessenta e oito anos, ao jornalista televisivo Datena e, diante do fato de que, no dia 02 de abril, quem quiser ser candidato terá, por lei, que se desincompatibilizar, antecipou Serra que deixaria o governo de São Paulo. Uma informação complementar foi a de que, de maneira suntuosa e festiva, declararia, de maneira direta, a todos os brasileiros, no dia 10 de abril, a aceitação do desafio de disputar a Presidência da República.

Outro elemento que forçou Serra a declarar, embora, timidamente, que seria candidato, foram os resultados da última pesquisa do IBOPE e do Datafolha onde, mesmo sem se dizer candidato, mesmo sem “botar o bloco na rua”, Serra aparecia com 35% das preferências, com cinco pontos acima de Dilma e, em todas as simulações para o segundo turno, ganharia de Dilma com certa folga.

Outro dado sintomático para mostrar que Serra seria mesmo o candidato é que, faz mais de dez dias que Ciro não bate mais nele e, civilizadamente, trocaram cumprimentos na festa de Aécio, na inauguração do Centro Administrativo de Minas.

Por outro lado, a atitude de Tasso, embora afirmando que não seria candidato a vice de Serra, mas assegurando que o “calabrês” teria palanque no Ceará, deve ter levado a uma avaliação com Ciro de que, provavelmente, um acordo entre ele, Serra e o seu irmão Cid, caso Ciro não seja candidato a Presidente – hipótese cada dia mais provável – poderia vir a ocorrer. Talvez seja por isto que Cid briga com a prefeita do PT pela localização do Estaleiro a ser construído no Ceará e Ciro acusa PT de querer duas posições na chapa majoritária de Cid sem dispor de “cacife” para tanta exigência!

Pelo que se sente e se vê, Serra, além de seus 68 anos, já está a enfrentar os limites de tempo e de disposição para referida disputa – na linguagem popular nordestina seria “o último tiro da macaca”! -. Serra sabe que esta é a sua última e viável chance de chegar a Presidência da República. E, se porventura, resolvesse “roer a corda” e desistir da disputa aí, até a sua reeleição a governador de São Paulo poderia ficar comprometida.
Ademais Serra sabe que, a história de confronto entre os governos de FHC e de Lula, acaba favorecendo a ele por três razões:
a primeira é aquela que informa que, nas duas vezes que se confrontou Lula e FHC, FHC foi eleito em primeiro turno. A segunda é baseada em declaração do próprio Lula, “ambos, Dilma e Serra, são candidatos de esquerda e, portanto, não haveria retrocesso”. E a terceira é que Serra nunca agrediu ou desmereceu os méritos de Lula – nunca mexeu com o mito – e mantém-se dizendo que ele será a continuidade do governo Lula. Continuidade sem continuísmo, pois que, aproveitando todas as conquistas e as aperfeiçoando, com a sua experiência de político e de gestor, melhorará a qualidade de programas e projetos em andamento. Dada a sua marca de excelente gestor, garantirá, ao país, um choque de eficiência na gestão pública e garantirá um ambiente econômico, a estabilidade da moeda, além da redução da carga tributária e da burocracia, necessárias ao aproveitamento de toda uma onda de boas possibilidades que o ambiente internacional e as potencialidades brasileiras oferecem aos investidores do exterior. Ademais, todo o programa de governo virá permeado, em todas as suas políticas e ações, pelo princípio da sustentabilidade social e ambiental.

E, finalmente, segundo Serra, o que tem que pesar são as idéias, as propostas e o passado, o que cada um fez e como foi provado na vida pública. Diferentemente do que se temia, a disputa não será só de agressões e palavras soltas ao vento.