Postado em 5 mar, 2013 1 Comentário
Diz um ditado popular nordestino que “quem chega primeiro bebe água limpa”. E, parece que foi apoiada nesse princípio que Dilma resolveu trazer a sucessão presidencial para 2013. Talvez, quem sabe, subordinada tal decisão, a três temores. O primeiro deles derivaria do fato de que, com os deploráveis resultados da economia, não apenas em 2012 mas, também em 2011, só para citar uma razão, ela temesse que tal circunstância contaminasse a confiança do eleitorado e, sendo assim, as suas chances de reeleição poderiam vir a tornarem-se remotas. Na verdade, se se observar os dados de confiança dos consumidores, esse caiu, dràsticamente e, até bem pouco, achava-se no entorno dos 70%, hoje não atinge 50%! A segunda razão foi que ela sentiu que, o presidente-adjunto Luis Inácio Lula da Silva, parecia dizer aos mais íntimos que, se o quadro econômico não melhorasse bastante em 2013, ele seria obrigado a ir para o sacrifício e se candidatar à sucessão de Dilma. E isso, com certeza, assustou a Dilma a ponto de, a Presidente ter forçado uma definição pública de Lula de que não seria candidato e apoiaria a sua reeleição. A terceira razão, essa talvez proposta pelo próprio estrategista ou estratego Lula — não se se sabe se uma ou outra palavra já que o ex-presidente não é muito chegado a questões vernaculares — resolveu, antes que Dilma o lançasse candidato a governador de São Paulo, definir que o pior adversário para Dilma ou para ele próprio, seria o Governador Eduardo Campos.
E aí vem todo um jogo de informação, contra-informação, notas plantadas e tentativas de desestabilização das várias candidaturas concorrrentes e, em especial a de Eduardo Campos, já que o estratego Lula acha que, pela sua origem de esquerda, pelo jeitão a la Juscelino, pelo grande executivo que tem se mostrado em Pernambuco e pela grande capacidade de articulação político-partidária,, êle é o único candidato a inspirar temores nos arrabaldes petistas. E isto porque, o velho discurso do PT usado, com eficácia eleitoral contra o PSDB, não pega no confronto com Eduardo. Se no passado foram as condenáveis privatizações dos tucanos, agora, caso a economia não deslanche, João Santana já tem o mote para combater Aécio: os tucanos vão acabar com o bolsa família e todos os programas compensatórios de renda. Privatizações, direitismo, entreguismo, yankismo, elitismo, e outros clichês tão ao gosto do PT contra o PSDB, podem até pegar em Aécio mas, difìcilmente, terão êxito contra Eduardo Campos. Mas as incursões contra o jovem governador, através da mão pesada de Lula, começaram pelo Ceará onde os irmãos Gomes, não apenas decidiram que iriam apoiar a reeleição de Dilma mas, fizeram críticas a Eduardo Campos e Aécio Neves.
As razões que levam a tal caminho político por parte dos Gomes são questões políticas locais. Os Gomes querem fazer o sucessor e, o nome que pretendem emplacar nem é Eunício Oliveira nem o vice-governador Domingos Filho. O candidato “in pectore”é o Ministro dos Portos, Leônidas Cristino. Se Cid apoiar Eduardo, o PT aliar-se-á com Eunício Oliveira e Leônidas Cristino não teria qualquer chance de eleição. Eduardo precisa dar um tempo aos Gomes pois, pelo andar da carruagem, pode ser que Dilma se inviabilize e o caminho dos Gomes venha a ser o seu próprio partido.
Mas Lula, especialista em eleição de postes, quer mais e vai mais fundo na sua notável competência de provocar cizânia como estratégia para continuar a reinar. Outros governadores simpatizantes e aliados de Campos, estão na mira de Lula que continua com o propósito de tirar o tapete do neto de Miguel Arraes. Talvez esqueça de um fato óbvio qual seja, Eduardo Campos tem idade e tempo para esperar talvez até 2018 se porventura não puder se viabilizar agora. E esquecem os petistas que, adotando essa campanha tão pesada contra ele, dificilmente o governador de Pernambuco será um aliado para um possível segundo turno a ser enfrentado por Dilma.
As chances de Dilma dependem, em demasia, do comportamento da economia brasileira. A tendência, até agora, é de uma recuperação lenta e, muito difìcilmente, poderá alcançar um crescimento superior a 4,5 ou 5% que seria algo para compensar os 0,9% desse ano e ficar na média de 2,8% dos últimos anos, considerando o período FHC.
Mas, por enquanto, os policy-makers de Dilma não mostraram o que deve mudar para atrair investidores, mudar o ambiente econômico, promover um aumento na formação bruta de capital, superar os gargalos infra-estruturais, agregar mão de obra qualificada, mesmo através da imigração e gerar maior e melhor disciplina fiscal para que a inflação não recrudesça.
O fato objetivo é que 2014 já chegou com todos os comprometimentos à governabilidade do País, a não distinção do que é fundamental para a economia e o que é apenas jogada político-eleitoral. Por enquanto , tirando a torcida por um papa brasileiro, a criar uma enorme perplexidade num país que é movido a Carnaval, Futebol e Política, só mesmo a antecipação da chamada festa da democracia. Agora o calendário completou-se! A Copa das Confederações está na boca. A eleição federal foi deslanchada e, necessàriamente, os palanques estaduais já começam a ser montados inclusive, com sérios conflitos de interesses já sendo expostos em alguns estados estratégicos — Rio, São Paulo, Minas, Ceará, Mato Grosso do Sul, etc –.
Dessa forma, o jogo começou e, seja o que Deus quiser!
Postado em 27 fev, 2013 1 Comentário
Uma decisão difícil e só esperada por um homem em plena lucidez e consciente de que os desafios a serem enfrentados pelo Sumo Pontífice requer, saúde física e mental, disposição para continuar o trabalho de peregrinação e, determinação para enfrentar tanto conflitos de interesses. Pela despedida, a partir da leitura de uma epístola de São Paulo aos Colossenses, principalmente nesse ano paulino, mostra que, até a despedida de Bento XVI foi pensada, planejada e orientada para conduzir a sua substituição de maneira a garantir a melhor alternativa para a escolha do novo Pontífice. Um adeus sentido mas, sóbrio, equilibrado e de um verdadeiro estadista.
A renúncia de Bento XVI, um dos mais preparados pontífices deste século e, talvez do século passado, pode representar um verdadeiro renascer da Igreja Católica, porquanto o seu gesto foi um ato de denúncia da corrupção dos valores da Cúria Romana e da leniência com que as autoridades eclesiásticas vem tratando os desafios e as questões mais graves que preocupam a sociedade nos novos tempos que experimentamos. A Igreja, através dos depoimentos de Bento e do dossiê que promete entregar ao novo Pontífice, revela todas as suas fraturas e fissuras, não só caracterizados pelos desvios de conduta dos padres ao redor do mundo — nos escândalos de pedofilia, no homossexualismo, nas transgressões de toda ordem — no vazamento de intimidades papais, relacionadas a decepções, frustrações e desencantos vivenciados pelo Santo Padre na convivência mais próxima com seus pares e com os problemas a serem enfrentados; nas alianças espúrias com o poder que assistiu no seu papado; na corrupção interna no trato do patrimônio econômico-financeiro da “Santa Madre Igreja”, bem como na falta de perspectivas para alimentar as vocações sacerdotais.
Ademais, temas como o homossexualismo, o uso de preservativos na prevenção de gravidez, o fim do celibato sacerdotal além do papel da mulher nos destinos da Igreja, são questões que ainda não mereceram uma discussão mais séria e profunda por parte da Cúria Romana.
A Igreja está dividida, confusa e sem rumo e, o hotweiler Ratzinger está tendo a grandeza e, quem sabe, buscando o galardão maior, qual seja, de vir a ser o homem que irá revolucionar as estruturas de uma instituição que perde espaços, junto aos próprios católicos e, também, para evangélicos e islamitas. E ele, Bento XVI pode se credenciar a se tornar o responsável por expor as vísceras dessa instituicão secular e pedir que uma reflexão profunda seja feita para a correção de rumos, para a moralização de costumes e para a busca de um novo alento para uma instituição cansada de si mesma.
Os dois últimos pronunciamentos de Bento XVI, o do Angelus e o que proferirá na sua despedida definitiva, estabelecerão os marcos sobre que tipo de perfil deverá ter o seu sucessor para atender a renovação e transformação da Igreja Católica. Não só o peso do número de fiéis deve ser relevante na escolha do novo papa mas, até que ponto, afinar-se-à êle com as aspirações da comunidade católica com os novos tempos que vivenciamos e dará garantias de que responderá aos desafios que Bento lhe porá nas mãos.
Será um papa latino? Um papa mais jovem como o foi o Cardeal Wojtila? Será um negro, já que, talvez seguindo os passos estratégicos da maior potência do mundo, que escolheu um representante da raça para conduzir os seus destinos? Ficará na mesmice da força dos cardeais europeus e do pesado lobby dos italianos? Se depender de Bento, a tendência é a escolha de alguém que possa revolucionar a instituição.
É isso que querem e que esperam os católicos empenhados em um novo sopro de alento para a velha instituição!
Postado em 23 fev, 2013 2 Comments
Há muita gente que acha que basta mandar o Mantega para casa, talvez convocar um Armínio Fraga ou um Malan e os problemas econômicos do País estariam resolvidos. O problema não está em um gestor ou em gestores da política econômica. A coisa parece ser mais séria e envolve conceitos, estratégias e, talvez, até mesmo, erros de avaliação.
Por que volta o País a patinar, em termos de crescimento econômico, como nos anos oitenta? Não prospera uma inflação incontrolável, não se enfrenta um estrangulamento externo e as finanças públicas nacionais não estão em frangalhos. As circunstâncias internacionais não comprometem o que se poderia conseguir em termos de expansão e crescimento; a base político-institucional do País não gera embaraços a prejudicar decisões de investimentos do País e o ambiente econômico, embora não seja o desejável, não inviabiliza certas incursões de investidores, máxime os externos.
Na verdade, os brasileiros ficam confusos ao saberem que, foi o País capaz de crescer, por cerca de cem anos seguidos, de 1880 a 1980, a taxas exuberantes! E, no período dos anos de chumbo — de meados dos anos setenta e até parte dos 80 — viveu o Brasil um período de crise e falta de perspectivas. Pràticamente nada houve de crescimento, o país foi obrigado, de forma subalterna e humilhante, negociar com o FMI e, o certo é que não se encaminhou qualquer solução para os chamados problemas estruturais. Nesse período, ficou-se esperando Godot e Godot não veio!
As indagações que se colocam é como o País não consegue reeditar o crescimento dos cem anos (de 1880 a 1980) bem como o país é incapaz de fazer alterações na política econômica e na estruturação de força e poder do governo, capazes de reestabelecer o rumo de expansão do passado. As intervenções não se vinculam a nenhuma estratégia, nenhuma visão de médio e longo prazo e, sào apenas reativas as situações surgidas e as pressões oferecidas e, consequentemente, tem operado de forma espasmódica. Não se sabe o que se deve fazer e nem que rumo tomar.
Os periódicos do fim de semana são muito cáusticos e pessimistas em relação ao hoje e amanhã da economia do País. A nível internacional, todo o glamour do Brasil que se manifestava até 2008, hoje se transformou numa enorme frustração, numa tremenda descrença e numa preocupante avaliação de que o governo não tem instrumentos nem poder político para alterar o curso do processo. Isto está dificultando o ingresso de capitais externos, o desinteresse de empreendedores internacionais e as miragens como o pré-sal, a província de xisto, os impactos dos grandes eventos — copa das confederações, copa do mundo e olimpíadas — não são mais vistos como grandes oportunidades de investimentos apresentados pelo Brasil.
Na verdade o País está precisando de um choque de reformas institucionais, de uma nova reinserção internacional a partir de novos paradigmas e de uma remontagem de todo o ambiente econômico para que, superados os gargalos relativos a infra-estrutura, a precariedade de mão de obra e a falta de poupança para financiar uma formação bruta de capital que atenda a um crescimento, pelo menos na media dos emergentes, o país venha a navegar em verdes mares menos bravios que os atuais.
Mas isto é uma discussão para outro scenarium!
Postado em 23 fev, 2013
Se o quadro econômico não é apenas nebuloso mas, acima de tudo, confuso e sem prognóstico, o quadro político começa a mostrar tendências claras de relativa estabilidade das relações entre o Legislativo e o Executivo e, pelos atores da cena, nenhuma possibilidade de tensão ou de crise possível. O dado novo é que a sucessão presidencial já está nas ruas com, pelo menos, quatro pretensos candidatos: Dilma, buscando a reeleição; Aécio, sempre Aécio buscando coragem para enfrentar os próprios adversários dentro do próprio PSDB; Eduardo Campos, ansioso para ocupar um espaço que ainda se mostra vago, qual seja, aquele que nem a esquerda desacreditada do PT, nem a indefinição pessedista do PSDB ou o oportunismo governista do PMDB, conseguiram ocupar; e, Marina Silva, tentando construir algo diferente que, ao que parece, nem mesmo ela sabe o que é.
O fato é que tais candidaturas estão na rua. Dilma não se preocupa com a sua base de sustentação parlamentar pois, fazendo pequenas acomodações na ocupação de cargos em ministérios e, atendendo as demandas fisiológicas dos parlamentares, não encontrará em Renan e em Henrique Eduardo Alves, alguém que venha incomodá-la ou com exigências relacionadas com propostas de governo ou com alterações na ética de atuação do poder. Por outro lado, Lula depois do tsunami Rose não é mais o mesmo e, certamente, reduzirá a sua agressividade contra os possíveis adversários. Já anunciou, aos quatro cantos e ventos, que o seu papel é buscar as articulações e parcerias para viabilizar a reeleição de Dilma.
Aliás, a sua primeira incursão no Ceará é orientada a espicaçar os Ferreira Gomes e dizer-lhes que, em qualquer hipótese, não ficarão na chuva pois Dilma estará aí para protegê-los contra a incursão pesada de Eduardo Campos no sentido de diminuir-lhes o peso e expressão no cenário político do País.
Na verdade, Lula irá oferecer alguma coisa que mexa com a vaidade de Ciro Gomes e, por outro lado, reafirmar que o Ministro de Cid, no caso Leônidas Cristino, continua prestigiado e, ninguém, nem a desconfiança externada por próceres do PSB, diante de sua simpatia pela reeleição de Dilma, irá tirá-lo do cargo. E, caso Cid queira fazer dele o governador do estado, tudo poderá ser acertado, inclusive com Eunício, a quem Lula poderá oferecer a chance de o genro de Paes de Andrade vir a suceder Renan a frente do Congresso Nacional. É bom lembrar que Renan pensa em se repetir na Presidênccia do Senado, vez que, tanto ele como Henrique acreditam que, para garantir um segundo mandato, não é muito complicado pois que não haveria impedimento regimental para tanto e, estarão todos os parlamentares envolvidos na sua reeleição ou nos seus projetos de poder nos seus respectivos estados.
De qualquer forma, pode ocorrer que Renan queira ser governador de sua terra e, aí, a situação fica mais cômoda para Lula negociar com os Ferreira Gomes que, embora, não tendo tal peso na política nacional, podem ajudar a escantear Eduardo Campos, objetivo maior de Lula nesta altura do campeonato. Lula quer que o confronto PSDB versus PT, embora já vencido no tempo, continue a representar a base da disputa e do confronto entre governo e oposição.
Postado em 22 fev, 2013
Não há nada mais intrigante para o cidadão comum do que assistir esse desencontro de informações e comentários sobre os rumos da economia. E, mais ainda, quando a contradição, inclusive dos números, estimativas e previsões leva a, no mínimo, a perplexidades de toda ordem.. O emprego continua alto, a remuneração do trabalho cresce e, mesmo assim, a economia está, pràticamente, estagnada! Aí é que o cidadão fica confuso pois, com um pibinho desse, a queixa dos empresários do ritmo por demais lento da economia, a piora dos índices de custo de vida, os excessos dos gastos públicos, leva a que ele não saiba se acredita no lado bom, segundo ele, ou no declarado lado ruim segundos os entendidos.
Se isso não bastasse, os dados do desempenho da economia em 2012 revelam um desempenho pífio, sendo o segundo pior da américa latina! Por outro lado, um novo ano começou e os dados revelados, tanto do comércio varejista de dezembro de 2012, como os dados da balança comercial, além dos informes sobre o comportamento da inflação e das expectativas relacionadas aquilo que determina o crescimento econômico, no caso, a formação bruta de capital, são extremamente desanimadores.
Por outro lado, as medidas destinadas a estimular a economia, as intervenções do Banco Central para fazer com que o câmbio ajude no controle da inflação, além das tentativas de melhoria do ambiente econômico, até agora não surtiram os efeitos desejados e, esperados, pelo governo. Até mesmo a redução substancial nas taxas de juros, as medidas de renúncia fiscal e o famigerado PAC, em nada ajudaram a estimular a economia.
Nesse momento, para muitos, nada a fazer a não ser rezar. Os empresários reclamam que o processo de desindustrialização continua na sua marcha inexorável para reduzir a expressão do setor e o seu papel no dinamismo da economia. Alguns acham que a mediocridade de Mantega responde por todas essas dúvidas e incertezas. Os governistas procuram por a culpa nas circunstâncias e limitações provocadas pela crise internacional. E, para piorar o quadro, a antecipação das disscussões sôbre a disputa presidencial, mudam a agenda nacional.
E a pergunta que não quer calar é, e nós, para onde vamos? Para um novo pibinho? para uma dívida interna maior? para um estrangulamento externo? para o desmantelamento de tudo que foi construido até aqui em termos de estabilidade e responsabilidade fiscal? Para o recrudescimento da inflação, distanciamento de uma proposta de crescimento sustentável e, consequentemente, o agravamento do quadro social que, até agora, com a establidade da economia e papel desempenhado pelos programas de compensação de renda, os únicos graves problemas que restavam era a insegurança pública, as drogas e o descontrole do criime organizado. E. qual a alternativa? O que há de errado na condução da política econômica?
Postado em 14 nov, 2012
Postado em 13 nov, 2012
Passada a eleição americana, com a vitória do bom senso e feito justiça a quem tanto se empenhou para debelar a crise econômica da maior nação do universo, no caso Barack Obama, é possível dedicar um pouco de tempo, refletindo sobre três questões que assumem preocupação maior dos brasileiros!
A primeira delas diz respeito as controvérsias relacionadas aos impactos do projeto de lei sobre a distribuição dos royalties do petróleo entre os entes da Federação! Na verdade, o pomo da discórdia são os chamados estados produtores, particularmente o Rio de Janeiro, que identificaram perdas enormes de receitas potenciais, caso a Presidente não vete os artigos que redefinem os critérios de distribuição dos ditos royalties.
Os estados produtores reduzirão a sua participação de 26,5% para 15% em 2013 e para 4% em 2020. Os municípios produtores, dos atuais 8,75% para 3% em 2013 e para 2% em 2020. E por aí vai o impacto redistributivista de tal medida que consagra uma verdadeira reforma tributária no sentido do fortalecimentos de estados e municípios brasileiros.
Talvez para compensar os estados produtores, dessa presumida perda, é que o governo tenta emplacar uma mudança na cobrança do ICMS, buscando convencer aos governadores a reduzir de 12% – para alguns estados – e de 7% para outros – para 4%, até 2020, o ICMS cobrado nas operações interestaduais, objetivando reduzir – a chamada, erroneamente, guerra fiscal – a competição fiscal entre estados por investimentos produtivos.
Na verdade, se o Brasil não fosse um país unitário e centralizado, não fosse esse arremedo de federação, onde a União interfere em tudo e, agora mesmo, quer determinar como os municípios utilizarão os recursos do pré-sal, obrigando-os a aplicar em educação, aí a questão já estaria resolvida. Mas…
Esta é apenas uma das três questões polemicas. As outras estarão apreciadas nos próximos comentários!
Postado em 9 nov, 2012
Sai o Mensalão e o que se discute, em todas as rodas, onde com certeza, todos os participantes são especialistas em generalidades – em medicina, política, religião e renomados técnicos de futebol – também agora se transformaram em juristas renomados. Não há grupo reunido em que não se discutam as penas impostas aos mensaleiros, a decisão de cassar os seus passaportes e, agora, como quer o Procurador Geral da República, a prisão imediata dos apenados!
Por outro lado, novos vocábulos se agregam ao dicionário popular, como é o caso, por exemplo, da chamada dosimetria da pena. Todos já discutem se a delação premiada, mesmo após o julgamento encerrado e a condenação estabelecida, até mesmo o número de anos de prisão, definidos pelo STF, supostamente admitidos também pela mídia, a ser concretizada por Marcos Valério, permitiria reduzir a sua pena.
Outros “rábulas” do povo já discutem e questionam como se pode permitir que alguém, condenado a mais que o limite máximo de apenação previsto no Código Penal brasileiro – 30 anos – tenha direito aos benefícios de cumprir parte da pena em regime semi-aberto, aberto ou trocá-lá por trabalhos comunitários. Ou seja, alguém condenado a, por hipótese, cem anos de prisão, mas, por lei, já que pelo nosso Código Penal o limite máximo a cumprir é de trinta anos, após seis anos de bom comportamento, possa já exercer o beneficio de prisão semi-aberta, igual a alguém que teve a pena máxima estabelecida em trinta anos? Essa é uma questão que o STF vai ter que redefinir quando da revisão das penas, ao fim do julgamento!
Uma outra questão crucial é se, encerrado o julgamento do STF, os réus não terão mais a quem recorrer já que aquela Corte é a última instância? Ou seja, considera-se ” transitado em julgado” a decisão do Supremo e o cidadão considerado culpado e apenado não tem mais a quem recorrer senão ao bispo?
Uma outra questão relevante é como qualificar atenuantes e agravantes para as penas dos diversos crimes e como estabelecer critérios de admissibilidade de atenuantes e agravantes de um crime e não admiti-lo para outros crimes?
Ou seja, os nossos juristas de bar e de beira de calçada terão muito o que discutir, embora sabendo que as suas opiniões não serão consideradas pelos nossos magistrados que deverão, de oficio, estarem surdos diante da voz rouca das ruas!
Postado em 7 nov, 2012
Finalmente, após discussões, confronto de idéias, questionamentos e conflitos de opiniões, a Câmara dos Deputados votou e aprovou, na sua inteireza, o relatório da distribuição dos royalties do petróleo, conforme ele veio do Senado Federal.
Não adiantou a interferência do Planalto. A derrota do Governo foi assemelhada a que ocorreu com a votação do Código Florestal. Porém, nesse caso, há um ingrediente muito mais relevante do que no Código Florestal que não se cinge a uma batalha entre os estados e municípios produtores e não produtores de petróleo, como no caso do Código, um enfrentamento entre produtores rurais e ambientalistas.
Aqui, há algo muito mais relevante. Inicia-se, de fato, uma verdadeira reforma tributária no que se considera como o ponto de maior polêmica e mais crítico da reformulação da estrutura de impostos do País, no caso, a distribuição das rendas públicas. Estabelece-se uma alteração na distribuição de rendas entre os entes federativos garantindo o fortalecimento de municípios e de estados, pela apropriação de parcela significativa de renda oriunda da exploração do pré-sal. Corrige-se uma injustiça com a Federação Brasileira, onde uns eram mais privilegiados que outros entes, sem razão maior de ser porquanto a exploração de petróleo ou outro qualquer mineral estratégico, mar adentro, é direito de todos os estados e municípios brasileiros.
Se a Presidente Dilma e o Congresso tomarem gosto pelo processo de reformulação fiscal do País, além de medidas parciais de redução da carga tributária que vêm sendo adotadas pela Presidência, é possível avançar com providências na área de redução de impostos sobre a cesta básica, a diminuição de tributos sobre os chamados “Serviços Industriais de Utilidade Pública – Energia Elétrica, Transportes, Água e Esgoto, Telecomunicações, Lixo, etc. – e a diminuição de encargos sobre setores econômicos de maior relevância para a criação de emprego e renda. Aí então começará a se desenhar uma nova era na transformação econômica e social do País.
Claro que gargalos como o da infra-estrutura, da falta de mão de obra qualificada e de fatores que não favorecem ao ambiente econômico ainda continuarão a criar empecilhos e constrangimentos ao crescimento econômico do País. Mas a esperança crescerá quando algo de favorável, como tais medidas no campo fiscal, ocorrerem.
Postado em 6 nov, 2012
Para alguns anti-yankees a pergunta hoje não faria o menor sentido na proporção que o Brasil, ao alcançar o protagonismo internacional como a 5ª ou 6ª economia do mundo, já poderia se ombrear com a poderosa nação líder do Ocidente, máxime no momento em que a mesma atravessa uma crise econômica sem precedentes na sua história. Para a crise de vinte e nove o keneysianismo do “New Deal”, acabou dando respostas mais rápidas e eficazes do que o que as novas escolas econômicas propuseram para Bush e Obama. Talvez a existência de uma profunda crise econômica européia, aliada a duradoura e teimosa crise japonesa, tenham sido os diferenciais a fazerem com que a tal tempestade americana não tenha dado sinais efetivos e vitais que já estaria passando.
A demonstrar tal fato tanto é que o mote de toda a campanha presidencial que hoje se encerra, teve como tema básico, a questão econômica e suas repercussões sobre o emprego e a renda das pessoas, com as suas consequências na forma de encarar o problema dos imigrantes e outras questões relacionadas ao intercâmbio comercial dos Estados Unidos com países, notadamente do chamado dito do Terceiro Mundo, ou melhor, já que esqueceram o Terceiro Mundo, dos chamados emergentes.
Nem mesmo a questão do seguro-saúde, da segurança internacional, da hegemonia americana como nação líder do mundo ocidental, foram tão relevantes nos debates entre os candidatos.
Hoje, encerrada as tentativas de convencimento do eleitorado por parte dos dois candidatos, os americanos vão enfrentar uma das mais duras eleições dos últimos tempos, num quase empate técnico, tanto na eleição direta como na indireta, sendo que esta última, pelo que clama a preservação da autonomia dos estados e o profundo respeito pelo federalismo, é a que definirá se Obama continuará conduzindo os destinos da grande nação ou se o republicano desastrado, Mitt Romney, assumirá o neo-bushismo, para desespero de muitos latinos e imigrantes que vivem naquelas plagas.
Muita gente tenta especular o que acontecerá com o Brasil com a eleição de um ou de outro candidato. Se Obama for eleito, com certeza, as coisas não vão variar muito do que foram nos últimos quatro anos. Se Romney for eleito, também não parecerá que tenha o Brasil ou mais ou menos oportunidades de negócios ou maior protagonismo internacional. Na verdade, não mudará nada ou quase nada, para o Brasil, a eleição de um ou outro candidato. Os brasileiros são muito mais simpáticos a Obama assim como a sua Presidente. Mas, se alguém consultar o Itamaraty, verá que, a não ser por alguns sonhos de uma noite de verão – como o da conquista deuma cadeira no Conselho de Segurança da ONU – não há porque esperar mais ou menos de um ou de outro candidato.
Se a eleição americana não afeta tanto o País, os desdobramentos das eleições gerais tupiniquins, essas sim, poderão definir novos quadros, novas tendências e novos protagonistas no cenário político do Brasil.
Uma excelente análise hoje postada pelo Presidente FHC permite avaliar perdedores e ganhadores do último pleito, estabelecendo ganhos qualitativos e estratégicos de cada um. O que se sabe é que, o PSB saiu engrandecido e fortalecido; PSDB e DEM renasceram das cinzas; pequenos partidos ocupando espaços antes só reservado aos grandes, entre outros fatos, mostram uma primeira face dessa transformação. A volta à cena política do combativo Arthur Virgílio, ganhador de uma queda de braço com Lula; a força que mostra o jovem governador Eduardo Campos; o revigoramento da possível postulação de Aecinho à Presidência, agora aliado com Eduardo Campos e, os três novos protagonistas – ACM Netto, Eduardo Paes e Gustavo Fruet , todos com muito potencial para aspirarem vôos mais altos- e todos com ambições, forte personalidade e não vinculados a qualquer grupo ou esquema político, são importantes dados novos.
Aliado a isso, nesse ano que se inicia, a base de sustentação parlamentar de Dilma estará mais fragmentada e com cobranças pesadas diante dos resultados desfavoráveis para alguns candidatos ou patrocinadores de candidaturas fundamentais à sua sobrevivência política! E aí, sem uma articulação política competente e hábil, tanto no entorno do poder como no Congresso, o ano será sobremaneira difícil para Dilma.
E, tenderá a piorar se, como é esperado, a economia não se relance com bastante força no primeiro semestre do ano. Claro está que algo pode mudar, embora, cada vez mais, pelo tamanho do País e das suas instituições, a probabilidade de algo inverter e alterar tendências é muito remota.
O ano promete
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!