Postado em 27 abr, 2010 1 Comentário
Há muita gente esperando e aguardando, até com ânsia, a “terça fatal”, quando Ciro destilaria todo o seu ódio e queixumes diante da traição – e é assim que os admiradores de Ciro classificam a atitude do Presidente! – de Lula para quem foi um dos mais fiéis companheiros de caminhada.
Na verdade, perde tempo quem imagina uma cena de intensa dramaticidade, com desabafos, impropérios e acusações de toda ordem, a ser protagonizada por Ciro Gomes. Não que a raiva e as queixas tenham passado ou que a ação da turma do “deixa disso” tenha se mostrado tão eficaz a ponto de aquietar o político sobralense.
O que deve estar a ocorrer é que Ciro, diante do que já disse, do estrago que já provocou e pelo simples fato de se transformar em uma espécie de ameaça permanente ou uma “espada de Dâmocles” sobre a cabeça de Lula e de Dilma, poderá reduzir as tentativas de “Lula e companhia” de retaliá-lo de várias formas e maneiras. Aliás, dizem as más línguas, que a possível amplificação das agressivas palavras de Ciro ou de “plantar” na mídia possíveis demissões de aliados de Ciro, como o Ministro Pedro Brito, da Pesca, não passam de coisas criadas pelos tucanos, aliados de Serra.
De todo esse episódio ficam lições importantes. Primeira, que o poder não tem sentimentos e afeições e é friamente pragmático, sempre preocupado com o resultado, não importando os meios a usar. Segunda lição é que, com os petistas, opera a fábula do sapo e do escorpião onde, ao ajudar o escorpião a cruzar o rio, no meio do caminho, apesar de haver prometido que não picaria o sapo, o escorpião o pica e o sapo, indignado, indaga “como você pode fazer isto se agora, morreremos os dois?”. Ao que o escorpião retruca: “That’s my nature!” Essa é a minha natureza. E Ciro, só agora descobre que essa é a natureza do PT. A terceira lição é a de que, “se você não pode com o diabo, faça o diabo por compadre”, pois foi assim que sobreviveram os Dirceus e os Palocci da vida. Só que Ciro não tem esse estilo ou padrão de comportamento e atitude.
O que vai sobrar de tudo isto? Cid fará a composição que está na sua cabeça e no seu interesse, na política do Ceará e, provavelmente, cobrará uma alta fatura de Lula para, num jeito muito mais descompromissado, apoiar Dilma ou, se as mágoas e os interesses de Ciro determinarem, acabará por apoiar Serra. Ou, se as pesquisas mostrarem um Serra firme e forte, caminhando para ganhar o pleito no primeiro turno, então prevalecerá o pensamento e a determinação do antigo chefe, Tasso Jereissati e as conveniências que o poder determina e estabelece.
A nível nacional, como já foi explicitado, Serra ganhará pontos em face da transferência de votos de Ciro e Marina deverá crescer como alternativa entre os dois pólos. Se ela conseguir dar robustez ao seu discurso e conseguir ampliar o leque de alianças, através de segmentos importantes da sociedade civil, então ela poderá ser alguém capaz de impedir que a eleição se defina em primeiro turno. Mas ainda há muita água a correr por debaixo da ponte.
Postado em 26 abr, 2010 2 Comments
Este Scenarium há alguns dias, antecipou a saída de Ciro da corrida presidencial, não de moto próprio, mas, empurrado, feito “bode embarcado”!
Talvez a única pessoa surpresa com a determinação do Presidente Lula e do próprio Presidente do PSB, Governador Eduardo Campos, de afastar Ciro da corrida presidencial tenha sido o próprio Ciro, pois, sequer montou uma estratégia competente no sentido de “vender” caro a sua desistência!
A arrogância de Lula e uma inesperada e pouco crível ingenuidade de Ciro, vez que foi usado e manipulado pelo Presidente, transformaram o episódio em algo grotesco e pouco aceitável para alguém com a história de vida política e pública, como se apresenta, o ainda jovem político Ciro Gomes!
Dizer que o irmão governador manterá o acerto de apoiar Dilma e garantir a solidez da coligação com o PT, não se enquadra no rol das certezas inquestionáveis. Também, aceitar-se como verdadeira a assertiva de que Cid havia reprovado as mercuriais declarações do irmão, contra Dilma e contra Lula, é conclusão precipitada e, talvez, não venha a se concretizar. Isto porque o projeto não é Ciro e nem Cid, mas um projeto de poder dos “Ferreira Gomes” que se pretendem longo tempo no mando do estado!
Da mesma forma que, segundo Lula, “deixa o Ciro viajar, espairecer e esfriar a cabeça que aí, a gente faz as pazes com ele”, parece que, dessa vez, o machucado é bem maior e mais doído. E não vai passar só com água de maravilha ou com algum placebo de uso corriqueiro, do tipo “oferta” de ministério ou outras compensações que, ao que se sabe, não satisfarão a Ciro. E, pelo espetáculo das últimas entrevistas de Ciro – “O PMDB é um ajuntamento de ladrões e Michel Temer é o chefe deles” – a coisa vai ter desdobramentos porquanto até a sucessão cearense agora vai ter que deslanchar.
É bem provável que Lula ofereça a Ciro uma embaixada de respeito, como a da Itália, para que não apenas esfrie a cabeça como saia de cena. Pois a cada entrevista, Ciro vai destilar seus ressentimentos e mágoas porquanto acha que Lula foi ingrato para com ele. Mas, na cabeça de Lula, ele crê que caso Ciro aceite uma embaixada, por exemplo, se reduzirão os espaços de movimentação à ação deletéria da língua ferina de Ciro, com as suas críticas à candidata Dilma e os elogios à competência de Serra. Se Ciro continuar a demonstrar que foi usado por Lula e pelo seu partido, os danos à candidata oficial serão muito mais nefastos do que se imagina.
Aliás, a próxima pesquisa de intenção de votos já poderá mostrar para onde migrarão os votos de Ciro. Na verdade, acredita-se que a maior parte vá para Serra, uma segunda parcela para Marina Silva e, muito pouco, vá para Dilma.
Se assim ocorrer, Ciro dirá, a plenos pulmões, que, conforme vaticinara, teria sido melhor para Lula ter dois candidatos apoiados por ele do que insistir na proposta de competição plebiscitária para Presidente, o que, segundo Ciro,não fará bem à própria candidatura de Dilma.
O que fica de todo esse “imbróglio” é que o poder não tem afeições, sentimentos de gratidão, ética de compromisso mas, tão somente, a ética do resultado! E, na regra da política, é “vencer ou vencer”, não interessa o preço que os outros pagarão pelo sucesso de quem manda!
E, se Ciro foi tão ingênuo de acreditar em Lula, quebrou a cara, vez que, nestes oito anos, Lula mostrou-se um político talentosíssimo que soube ir “derrubando” todos os condestáveis que poderiam ser embaraços ou criar constrangimentos ao seu controle do poder. Vide os Frei Beto, Gushiken, Palocci, João Paulo, Genoíno, José Dirceu e tantos outros que tentaram se atravessar no seu caminho. Foram afastados e, pelas compensações recebidas, não ficaram com mágoas que não pudessem ser superadas. Lula acha que ocorrerá o mesmo com Ciro. Será?
Postado em 24 abr, 2010 2 Comments
Sair de Porto e Gália, onde surgiram duas boas coisas, Portugal e o adorável vinho do Porto, acompanhado dos seus mariscos maravilhosos e, ainda visitar Coimbra, para apreciar uma das mais famosas universidades do mundo e relembrar a tragédia de Inês de Castro – aquela que foi rainha depois de morta! – na famosa Quinta das Lagrimas, é algo que sensibiliza e embevece qualquer um!
Mas, se ainda por cima, a alma tem dívidas de gratidão com Cristo, aí nada como uma caminhada por Fátima, Santiago de Compostela e findar o périplo espiritual, atendendo a missa, do final da tarde, no belíssimo Mosteiro de Alcobaça. Aí, livre de parte do fardo maior dos contenciosos com Deus e os semelhantes, é hora de cultivar os deuses pagãos com um belo vinho alentejano, uma caldeirada de mariscos, um toucinho do céu e, para arrematar, um licor de ervas ou um bom licor Beirão.
Para aliviar o estresse decorrente de todo o embaraço causado pela erupção do vulcão da Islândia, então vale a pena curtir um bom show numa verdadeira e genuína Casa de Fados. Depois, é só acompanhar o evoluir dos fatos e das circunstâncias para, com a ajuda de Deus, a vontade dos homens e a competência das instituições, sair do Porto para Paris, Madrid, Nice, Genebra ou Lyon, ou para onde der ou Deus dispuser!
Mas, para não perder a Tramontana, que tal almoçar em Cantanhede, no Restaurante Marquês de Marialva, saboreando as mais criativas entradas e, à noite, jantar no Tromba Rija, às margens e quase na foz do Douro, comendo um excelente bacalhau na broa acompanhado de um bom tinto, numa boa relação custo/beneficio, no caso um vinho da Ribeira do Douro, um Luis Pato Reserva?
Na verdade, diante das trapaças da sorte provocadas pelo impiedoso e imprevisível vulcão e diante das precariedades da ciência e da tecnologia para evitar as nefastas consequências das erupções, que não se sabe quanto tempo durarão e em que intensidade, o certo a proceder é curtir o que há por perto, recolher-se a meditação e navegar nos sonhos e na imaginação da história e da cultura de parte da Europa. Ou, ainda, vestir-se do uniforme de aventureiro e um pouco de caminhoneiro, desvendar caminhos e estradas, observando a paisagem, explorando templos e monumentos.
Postado em 23 abr, 2010 6 Comments
Um julgamento, que não se sabe se precipitado ou injusto, de muitos analistas, é aquele que estabelece que a atual bancada de representantes do Ceará no Congresso Nacional é a pior dos últimos trinta anos. Tal julgamento merece não apenas reparos mas, certas qualificações e advertências capazes de, não apenas estabelecer uma avaliação mais precisa e justa mas, através de tal avaliação, tentar melhorar o quadro atual de representantes. Ou seja, distinguir aqueles que “mostram a cara”, sem nenhum pejo e totalmente alheios ao julgamento da opinião pública, daqueles outros, provavelmente em minoria, e que preocupados com sua biografia, são capazes de externar intenções e propostas em favor do Ceará e do País.
Alguns críticos e céticos da política nacional são impiedosos no julgamento da qualidade da bancada atual. Talvez assim ajam e reajam, por mero saudosismo. Isto porque têm eles uma imagem de um Parlamento onde se sobressaiam figuras de elevado espírito público, de grande cultura e de uma eloquência irretocável. Outros, talvez mais afinados com os novos tempos e circunstâncias, são menos duros na crítica, exatamente por saberem que a crise não é apenas brasileira, mas dos parlamentos, no mundo, com um todo.
Nos dias que correm, diante da prática dos Executivos de castrarem as iniciativas de lei dos parlamentares e, até mesmo, de reduzirem os espaços para a vocalização de suas idéias e proposições, tal fato teve, como consequência, a diminuição da credibilidade e do respeito que a sociedade cumulava aos seus representantes. Ademais, em face do processo de financiamento espúrio das campanhas eleitorais, os graus de liberdade, em termos de seriedade, independência e decência, daqueles que sonhavam em fazer história, ficaram reduzidos a níveis quase intoleráveis, levando ao desestímulo e à frustração de tantas grandes e boas vocações políticas, colocadas na vala comum do opróbrio popular.
Esse cenarista externa a sua frustração e seu desencanto por duas razões fundamentais. Em primeiro lugar, é do tempo de homens que fizeram história por contributo, por vaidade e por decência e, agora, verifica o vazio de homens e de idéias. Em segundo lugar, por ter estimulado um filho a que palmilhasse tal caminho e desse a sua contribuição à construção do País, talvez se cobre ainda mais. E com muito esforço, o parlamentar que leva o seu sobrenome, segundo os críticos, analistas e companheiros de Parlamento, é parte de um punhado, muito pequeno, de homens públicos que dignificam a missão e a função.
E, todos se perguntam o que fazer, nestas próximas eleições, para que as escolhas recaiam sobre a competência, o mérito, o compromisso e se busque reconstruir os sonhos e as esperanças de que este País ainda cumprirá o seu ideal? Quais deputados serão escolhidos e, por quais critérios, pelos brasileiros e, particularmente, pelos cearenses? Como se pode pesar na balança, não das conveniências, mas das consciências e dos compromissos político-sociais de cidadãos, os vários postulantes a cargos eletivos de representação do Estado, na Câmara Federal? Onde está a mídia, supostamente detentora da moral e da decência, monopolista dos compromissos com a cidadania e com o respeito aos princípios e postulados democráticos, que não assume o papel de, sem “part pris”, sem passionalismos, sem interesses particulares ou escusos, apresentar, à sociedade, os nomes e os homens, segundo os seus créditos, os seus talentos, o seu caráter, a sua competência e os seus compromissos? Por que não compará-los e exibi-los ao público, para que o povo possa julgá-los e não seja levado a cometer erros e enganos que só irão comprometer os sonhos e aspirações dos cidadãos do Ceará?
Este cenarista gostaria de ver, deputados jovens como o deputado Paulo Henrique Lustosa, um dos mais preparados e mais dedicados à causa pública, sendo avaliado, vis-à-vis, dos seus concorrentes, para que ele pudesse ser julgado pelos seus valores e seus méritos.
Lamentavelmente isto não deverá ocorrerá, pois as conveniências, os interesses, as preferências pessoais e outras características dos formadores de opinião do Ceará, não permitirão que prevaleça a meritocracia, mas, sim, a plutocracia, com todos os seus vícios e desvios.
Isto mais parece um desabafo, um “wishful thinking” do que uma análise crítica e fria feita por um cenarista totalmente isento. Não é o caso deste cenarista que se sente, como que, “um espectador engajado” da cena política brasileira e cearense!
Postado em 22 abr, 2010 2 Comments
Definitivamente, para Ciro Gomes, não adianta estrebuchar, reclamar, vituperar ou lançar impropérios a quem quer que seja. Não adianta ameaçar pedir a convocação de uma Convenção Nacional de seu partido para saber se os convencionais querem ou não a candidatura própria à Presidência da República. Candidatura esta que seria capaz de alavancar candidatos do PSB a governo dos estados, ao Parlamento Nacional e aos parlamentos estaduais. Mas, nada disso adianta porquanto os que controlam a máquina do partido já decidiram que “vão de Dilma”.
A alternativa que resta a Ciro, com um discurso afinado ao de Tasso, é dizer, em primeiro lugar, que a atitude do PT não foi séria e nem limpa e, num crescendo, atribuir culpas a Dilma, que o não queria concorrendo com seus votos. E, por fim, dizer que nunca imaginava ser usado, enganado e traído por Lula.
Aí estará desenhado o “script” para que o palanque de Ciro venha ser o mesmo de Tasso, que será, por consequência, o mesmo de Serra.
E o que fará Ciro após esse que é, de fato, o seu primeiro Waterloo? Não se auto exilar na sua ilha de Elba, mas, talvez, da sua Meruoca, estabelecer a sua estratégia para 2014, quando ainda estará na casa dos cinquenta e tantos anos. Aliás, junto com Aécio, representará uma das alternativas para o país, capaz de mobilizar e sensibilizar o eleitorado.
Postado em 19 abr, 2010
Depois do “frisson” da última rodada de pesquisas sobre a sucessão presidencial, onde não só houve questionamento quanto às divergências entre os resultados da consulta do Instituto Sensus e do Instituto Datafolha – o primeiro conferia empate técnico entre os dois candidatos e o Datafolha conferia superioridade de Serra, sobre Dilma, entre oito e dez pontos percentuais! – mas também simulações que mostrariam que Serra poderia ganhar, já no primeiro turno, a sucessão ganha fôlego e ritmo.
Na verdade as decisões, como a definição da candidatura de Garotinho a Governador pelo Rio de Janeiro, a ultrapassagem de Marina Silva, mesmo que por apenas um ponto percentual, e, como era esperado, a desidratação forçada e provocada da candidatura de Ciro Gomes, são dados que começam a gerar movimentações, negociações e renegociações, bem como várias formas de acomodação política nos palanques estaduais, revelam que, agora, mesmo que surjam episódios no caminho – feriadão de 21 de abril até 26, – a sucessão ganhou momento e dinâmica própria.
No Ceará, por exemplo, Tasso já garantiu palanque para Serra, o que era dúvida até bem pouco e, se suas incursões com o solidário e inquestionável apoio de Ciro, prosperarem, o PSDB marchará, com certeza, com Cid Gomes, para governador, para desespero do PT. E isto não está longe de ocorrer, a partir de declarações petistas que não aceitará, jamais, uma coligação, mesmo branca, do PSB com o PSDB de Tasso! Por outro lado, retruca o Governador, que não aceita tutela, restrição e nem condicionalidades dos petistas para armar a “chapa” majoritária que ele, Cid, achar mais adequada e conveniente ao processo.
Ademais, se Lucio Alcântara, que considera “um crime contra o processo democrático, essa de candidatura única”, lançar-se candidato a governador pelo PR em coligação com o PT, então o jogo começa a fugir da mesmice e do jeito modorrento que está se mostrando a sucessão estadual no Ceará.
Hoje os petistas se reúnem para discutir “a relação” com o PSB e o que o partido irá fazer. Também hoje, Tasso se reúne com a tucanada cearense para informar quão perto está de um entendimento com Cid Gomes, para compor o “chapão” com o PSB e companhia. Por outro lado a angústia, a decepção, a revolta e o mal estar com a Direção Nacional do PSB, que acomete Ciro, só ira ajudar a acelerar a possível ruptura do Governador Cid Gomes com o PT.
Mas, se no Ceará as coisas devem se definir, pelo menos, parcialmente, e caso se de a ruptura do governador com o PT, isto favorece, dramaticamente a Serra e facilita as vidas de Cid e Tasso.
Se assim estão as coisas no Ceará, em Minas, as coisas, cada vez mais, favorecem a Jose Serra. E assim caminha a sucessão, onde idéias ainda não são exploradas e propostas ainda não são discutidas. Serra fala que o seu tripé será educação, saúde e segurança enquanto Dilma fala na continuação da obra de Lula.
Por enquanto, o grande lance de qualquer analista político será intentar compor cenários sobre os desdobramentos possíveis dessa corrida.
Portanto, se hoje para o Ceará as coisas tendem a encontrar definições, Minas entra num processo de intensas negociações que deverão culminar com a indicação de Fernando Pimentel para a coordenação da campanha de Dilma, talvez disputando o mandato de deputado federal, enquanto Patrus Ananias disputaria o Senado Federal.
Postado em 17 abr, 2010
Se se fizesse essa mesma pergunta há vinte e cinco anos, provavelmente, a resposta seria um sonoro e afirmativo não! Mas os tempos são outros e as circunstâncias e as possibilidades econômicas sofreram radical mutação.
Em 1970, um grupo de cientistas e filósofos, das mais variadas vertentes do pensamento humano, resolveu discutir os limites do crescimento econômico a partir de um conjunto de premissas e informações sobre os mais variados dados de operação e funcionamento das sociedades. Constituíam o chamado “Clube de Roma” que, após exaustivos estudos e analises, concluía que estavam dados os limites para a expansão econômica do mundo e as dramáticas restrições que estariam presentes na vida das populações do Globo.
Na verdade, as perspectivas ali estabelecidas seriam corretas caso já não estivessem, em curso, certos conhecimentos, invenções e inovações que revolucionariam conceitos, mudariam paradigmas e alterariam ritmos e tendências em vários segmentos da vida humana.
Diante do rápido e inusitado crescimento populacional, a expectativa era a pior possível, dados os limites de expansão da área agricultável e as possibilidades de incremento dos índices de produtividade agropecuários. Inexistiam fronteiras agrícolas ainda inexploradas e não se levava em consideração, pois era algo deveras embrionário, a miragem da chamada revolução verde, iniciada nos campos de arroz da Índia e do Paquistão, patrocinada por um americano alucinado que se dizia capaz de multiplicar, por dez, a produtividade de culturas de subsistência e garantir que enormes ganhos poderiam ser alcançados também com a pecuária de corte e de leite.
As alterações ocorreriam, não só em decorrência de melhoramentos genéticos, mas de mais eficientes técnicas de uso e manejo dos solos, além de outros “improvements” fundamentais ao aumento da produtividade física e econômica do campo.
Se ventos tão favoráveis sopravam em direção ao campo, algumas transformações também estavam sendo promovidas no cenário da indústria manufatureira e dos serviços. Os grandes saltos decorriam de inovações derivadas de avanços alcançados e ocorridos na eletro-eletrônica, máxime em decorrência do surgimento do transistor e, um pouco amais tarde, do aparecimento do chip, o que fez que se conquistassem avanços excepcionais na modernização dos setores industriais e de serviços.
Por aí as TIC’s deram um enorme avanço e conseguiram embarcar tecnologia de ponta em todos os segmentos manufatureiros. Mas, é bom registrar, que as inovações tecnológicas foram de tal monta na indústria manufatureira, que os chamados minerais pouco nobres ganharam a chance de enriquecimento enquanto que muitos outros minerais estratégicos tiveram a chance da exploração, inclusive no fundo do mar e de sua reutilização através dos processos de reciclagem.
De maneira muito dinâmica tais processos estavam a ocorrer e, através da revolução das comunicações, foi possível universalizar o acesso a tais bens culturais através das várias manifestações do processo de globalização.
E a pergunta que se coloca é o que o Ceará tem a ver com isto? E, por que todo esse discurso de evolução do conhecimento cientifico e tecnológico se o Ceará, um estado pobre de tudo, dentro deste país também atrasado, conseguiu ou está conseguindo apropriar-se de tais ganhos?
Na verdade, o que se evoluiu tecnologicamente no uso e no manejo e na racionalização de recursos hídricos; nos novos conceitos sobre solos; sobre os trezentos e sessenta e cinco dias por ano de insolação; as vantagens de uma mão de obra criativa, disciplinada e diligente; um empreendedorismo muito ativo e uma serie de idéias de negócios a serem implementadas bem como antigos projetos estruturantes aguardando oportunidade, funding e decisão política para, numa abertura de políticas publicas voltadas para a correção de desequilíbrios regionais, serem implementados!
E as circunstancias começaram a favorecer o estado com a dinamização do turismo, da agroindústria de flores e frutas tropicais; com a implantação do Porto do Pecem e os seus projetos estruturantes bem como com a retomada da indústria têxtil e de confecções; da indústria coureira e calçadista, além dos ganhos com o pioneirismo nas áreas de exploração de fontes alternativas de energia.
Tais razões têm conduzido o Ceará a ser o terceiro maior produtor de couros e calçados do País; de ser o segundo exportador de frutas tropicais e de ser também o segundo produtor de flores. Além disso, o pólo de confecções do estado retomou o seu vigor e dinamismo e, respaldado pela forte expansão do turismo, tem garantido significativo crescimento da economia urbana cearense.
A maior resistência as secas conquistada pelo estado; os colchões sociais garantidos pelos programas compensatórios de renda além dos projetos de agricultura familiar e previdência rural, entre outros, ao lado de um projeto de descentralização industrial, deu outro fôlego e dinamismo a economia do estado.
Finalmente, os projetos estruturantes que estão sendo gestados ou estão em processo de implantação, configuram um “turning point” ou um ponto de inflexão na história econômica do estado.
Postado em 16 abr, 2010
De Porto, Portugal
Os efeitos danosos da crise internacional sobre a Grécia, Portugal e Espanha e a piora nas contas do Governo Federal, com os possíveis cinquenta bilhões de déficit nas transações correntes, além do processo de aceleração inflacionária, são motivos para preocupação e para a tomada de medidas acautelatórias, antes que a deterioração dos fundamentos econômicos comece a ocorrer.
Na verdade, a permanência de Henrique Meirelles a frente do Banco Central foi, como era esperado, muito bem recebida pelo mercado e deu a certeza de que a busca no sentido de reverter as expectativas de elevação de preços, para que se chegue ao final do ano perto do centro da meta inflacionária, é algo que gerara boas razões para chegar em 2011 com uma economia revigorada e equilibrada.
Claro está que o embate entre Meirelles e os responsáveis pela gastança será estabelecer se o ajuste far-se-á via aperto fiscal ou por duras medidas de política monetária ou ainda, de forma mais ponderada, via ajustes fiscais, aumento nas taxas de juros básicas e aumento do compulsório, além de outras medidas complementares.
É possível admitir que, apesar do ano eleitoral, do aquecimento da atividade econômica e do afrouxamento das contas públicas em ano atípico como este, os resultados a serem alcançados são bastante promissores. Espera-se um crescimento da economia acima dos 5,5 por cento, que a inflação fique, no máximo, em cinco pontos percentuais e que a entrada de capitais externos permita bancar o buraco de cinquenta bilhões de dólares nas contas externas. E se a perspectiva for de derrota de Dilma, diferentemente do que muitos pensam, o governo não agira irresponsavelmente em termos de gastos públicos. Isto porque, para negociações possíveis com o novo governo, não é nada saudável contar com a sua má vontade.
Já por aqui (Portugal, vale lembrar) as coisas não são nada favoráveis, pois que os déficits públicos são monumentais, o desemprego está bastante elevado e as medidas saneadoras são muito duras e de difícil aceitação pacífica pela sociedade. Ademais, acredita-se que, se só para atender as necessidades de organização da economia grega, a comunidade econômica européia teve que garantir 30 bilhões de euros. E quanto não custará socorrer Portugal e a já robusta economia espanhola?
Alguém já levantou o tamanho do “buraco” das economias da Europa Oriental? E o que ainda fica no ar é a duvida quanto à formação de novas bolhas e a falta de definições claras sobre que tipo de regulação é a mais adequada para minimizar riscos de novos problemas.
As boas notícias ficam por conta da China, com crescimento previsto para este ano, superior a 9 por cento; da Índia e da Rússia, com crescimento em um bom nível, além da recuperação americana e dos sinais positivos relativos às economias do Japão, da Alemanha, da Inglaterra e da França.
Sendo assim, para Portugal e Espanha, apesar dos planos de recuperação da economia e do emprego, reproduzindo a estratégia do plano econômico austríaco, estarem sendo discutidos e, aparentemente, sendo bem recebidos pela sociedade, a recuperação não será para já e deverá demorar uns dois anos.
Enquanto isto, ótimo está para os turistas estrangeiros, que podem se beneficiar de preços internos de baixa estação.
Postado em 15 abr, 2010
A Europa está em crise. Os efeitos deletérios da crise dos grandes especuladores financeiros mundiais ainda abalam a Velha Senhora. A Grécia vive o seu momento mais crítico, embora a União Européia tenha resolvido enfrentar o desafio de tentar reorganizar as suas finanças e superar a sua crise estrutural. 30 bilhões de euros é o tamanho do apoio para superar o “imbróglio” dos gregos. Mas, vale por toda contribuição civilizatória.
Se os gregos estão em crise, o Leste Europeu também enfrenta situação crítica e difícil. Não só a bela República Tcheca, a Polônia e a Hungria, mas o restante do que sobrou dos escombros da parte “bolchevique” da Europa, sofre, penosamente, a crise econômica mundial.
E ainda não se sabe como os problemas de Portugal e da Espanha serão enfrentados. Portugal amarga um desemprego de 10,3% diante de 8,7% da União Européia e 3% da Noruega. Mesmo que os índices de desemprego não sejam tão altos, embora os da Espanha atinjam mais de 19%, segundo os opositores do governo, o quadro de crise é preocupante. Não obstante tal situação, recentemente, Zapatero apresentou plano de recuperação econômica e do emprego na Espanha. Tal proposta está inspirada e assemelhada a um conjunto de medidas que o governo austríaco adotou que, segundo a crônica internacional, tem o jeito de uma proposta que deve garantir o enfrentamento do desafio de superação da crise econômica internacional.
Na verdade, a grande dúvida que ainda persiste no ar é que mesmo diante de todo esforço para sanear o sistema financeiro internacional, as “bolhas” que ainda persistem talvez não tenham sido “espocadas” bem como as regulações cobradas ainda não tenham sido redefinidas para impedir que novas crises com a dimensão desorganizativa da última que o mundo enfrentou, venha a surgir. Obama, de forma muito confiante, afirma que os Estados Unidos superaram a grande crise e que já retomaram o crescimento e o emprego. A China, novo motor da economia mundial, deve crescer a uma taxa superior a 9% e rejeita qualquer idéia de desvalorizar o seu “yuan”. O Japão dá sinais de que pode estar saindo do seu impasse, qual seja, de continuar “patinando” sem conseguir crescer como esperado, a partir de uma retomada pequena, mas firme, de expansão de sua economia.
Daqui de Portugal, onde esse cenarista se encontra, acompanha, com vivo interesse, não apenas a avaliação do plano de recuperação econômica do Presidente Zapatero, da Espanha, como as negociações e proposições de Cavaco Silva, para superar o “imbróglio” português.
No mais, é só aguardar como as coisas andarão por esta terra brasileira, mesmo à distância, acreditando que, para o bem do país, o vaticínio do Fado Tropical se concretize e “que esta terra ainda vai se tornar um imenso Portugal” e, consequentemente, torcer para que a “pátria mãe gentil”, no caso, o nosso querido Portugal, saia da sua crise e continue a inspirar os brasileiros com os seus exemplos legados, não só do sincretismo religioso, da miscigenação racial e do acendrado amor pela pátria amada e idolatrada, conquistada pela luta e exemplo português, na busca e conquista da unidade territorial e linguística alcançada pelo Brasil.
Nenhum país dotaria uma colônia com tanta coisa boa, com tanto afeto e com tanto amor e carinho como o que Portugal legou ao Brasil. É por isto que, qualquer brasileiro de boa cepa, não deixa de torcer por um país que deu ao Brasil um legado de tanta relevância!
Postado em 14 abr, 2010
Quem é desportista, quem é nacionalista, de fato, quem ama o Brasil e não aceita o complexo de “macaquitos” com que os argentinos definiram os brasileiros, ficaram muito orgulhosos e excitados com a escolha do Brasil, não apenas para sediar a Copa do Mundo, mas, principalmente, os Jogos Olímpicos de 2014.
Mas, diante do que aconteceu com Santa Catarina, com a Angra dos Reis, com São Paulo e com o Rio de Janeiro, estão os brasileiros vivendo uma dúvida cruel. Será o país capaz de superar as suas limitações, de toda ordem, para garantir a sede a tais eventos? Será que os graves problemas urbanos, já mostrados à saciedade, não são suficientes para exigir uma definição clara, não só do governo, mas da sociedade como um todo, se será o país capaz de superar os desafios, os entraves e os estrangulamentos para garantir, aos dois eventos, o papel internacional de cumprir com o que foi acordado e, com o país, de garantir os resultados de transformação e mudança na sociedade, nas cidades e na economia?
É impressionante o fato de que se um programa, com características nitidamente eleiçoeiras, como é o caso do PAC, não encontra capacidade gerencial para “andar”, como pode ser esperado que os projetos de preparação das cidades para eventos do porte de uma Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos encontrem os padrões de segurança, de capacidade urbana, de serviços essenciais, de fluidez do tráfego e do transporte de massa, exigidos para tais eventos?
Todos os brasileiros estão perplexos diante de uma oportunidade de ouro para o Brasil se mostrar ao mundo, de resolver dramas urbanos, a partir de tal motivação e da falta de capacidade de mobilizar empreendedores para fazer isto que seria um grande salto para fazer do Brasil um país de qualidade. O que fará o País? A Copa está em cima e o Maracanã alagado em seu entorno, inviabilizado, como sairá o país de seu labirinto? E o que preocupa a todos e a tantos é que, se no cartão postal do País, as coisas ocorrem de maneira tão pouco diligente, imagine o que ocorre nas cidades que sediarão eventos da Copa?
Na verdade, até agora, a nível sério e responsável, um processo de planejamento, não se forjou no País. O que um tal comitê pode fazer de sério e previsível que alguém ponha fé? Todos olham o conjunto de possibilidades e potencialidades e, diante de tantas chances, ficam pasmos com a inércia, o descaso e a incompetência das autoridades que irão, se algo de sério não ocorrer, perder tal chance!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!