ESSA ELEIÇÃO É REALMENTE DIFERENTE DAS PASSADAS?

Os brasileiros enfrentam,neste fim de semana, um novo encontro com a democracia, através das eleições municipais. Esses, por acaso, deveriam ser os mais importantes pleitos eleitorais do País pois representam a oportunidade de estabelecer as mais relevantes e legítimas escolhas e opções em termos de preferências e de prioridades relativamente ao desenvolvimento do cidadão e da comunidade em que ele vive.

Já se disse, inúmeras vezes, que ninguém vive na União e nem tampouco no estado. O “locus” mais legitimo  e privilegiado da cidadania é o bairro, a comunidade e, o município!

Neste pleito o acaso e fatos supervenientes, estão fazendo dessa uma eleição totalmente diferente das que a antecederam. Em primeiro lugar, porque ela se faz dentro de uma crise econômico-social e política, considerada, por todos, a maior da história do País. Em segundo lugar, ela ocorre dentro de um ambiente onde o pessimismo, a descrença nas instituições e o desinteresse em relação à política e aos políticos,  atingem o seu mais alto nível.

Se o ambiente econômico, social e político é extremamente desestimulante, as relações entre os grupos sociais são deveras tensas, a violência hoje domina todos os espaços e as chances de conflitos entre grupos divergentes é muito grande.

Por outro lado, algo de novo pode surgir  como um tempo político novo a partir de eleições sem a presença da força do dinheiro. Isto porque a justiça proibiu doações de empresas para campanhas eleitorais, limitou as doações individuais, e, diante da crudelíssima crise vivida pelas empresas doadoras, máxime as empreiteiras, as campanhas ficaram mais pobres.

Também, a situação quase falimentar dos governos em todos os níveis, reduziu, dramaticamente, a força e o peso das máquinas governamentais!

Desse modo, as campanhas empobrecidas, tendo a sua duração reduzida e. comprometidas por episódios outros que competiam em termos de atenção — Olimpíadas, Paralimpíadas, impeachment de Dilma, cassação de Eduardo Cunha, além das surpresas diárias produzidas pela Lava-Jato — geraram um ambiente que não permitiu que as eleições, em momento algum, despertassem qualquer interesse.

E isto se fez até na véspera do pleito. A partir dessas constatações o que se pode esperar das escolhas que irão ser feitas? Serão melhores  ou piores do que aquelas feitas segundo a antiga ordem ou a essa,  subordinada ao ambiente sem meios para aliciar mentes e consciências, com tempo limitado e propaganda restrita?

Imagine-se o que sairá deste pleito. Escolhas melhores e mais legítimas sairão dai? O processo melhorará? Será o início de um novo tempo?

O que se espera é que com as possíveis mudanças propiciadas pela aprovação do projeto da.chamada cláusula de barreira que redundará em redução  da proliferação Indecente de partidos nanicos que tanto comprometem o processo político-eleitoral? Será que o fim das coligações proporcionais não melhorará, pelo menos,  o identificar a quem o eleitor deu seu voto?

Essas eleições representam o início da verdadeira reforma política tão fundamental a mudar já os rumos do País pois que, como todos dizem e comentam, a reforma política é a mãe de todas as reformas!

Pois, como se sabe,  é a partir das opções políticas que se estabelecem as prioridades e se buscam os caminhos e alternativas para a construção da sociedade que se pretende!

Os resultados desse pleitos indicarão, provavelmente, se terá o país a oportunidade de ver iniciada uma cruzada pela mudança nos cotornos da política nacional ou não!