ESTÃO ARGENTINIZANDO O BRASIL!
O Brasil sempre teve um pouco de inveja dos argentinos. Isto porque eles conseguiram a façanha de terem alcançado, antes dos desastres político-institucionais pós-segunda guerra mundial, a posição de segunda mais próspera economia do mundo e, á época, apresentar indicadores sociais invejáveis.
Seria bom que, mesmo com os reveses sofridos nos anos que medeiam tal época até os dias que correm, os brasileiros tivessem procurado imitar os hermanos no que respeita a qualidade da educação, da cultura e das artes. Até mesmo, em alguns aspectos da economia, copiá-los teria sido até saudável para o Brasil. Mas, lamentavelmente, não é isto o que ocorreu no passado e nem o que ocorre nos dias atuais.
Lamentavelmente, está o Brasil a imitar o que há de mais deplorável na Argentina que é a falta de transparência nas relações entre o estado e o cidadão. O que ocorre agora no Brasil, como sói ocorrer na Argentina é uma espécie de indecente maquiagem dos números oficiais da economia.
Já havia o país assistido e, continua assistindo, com certa frequência, a maquiagem de dados ou manipulação de informações relacionadas ao superávit primário onde resultados apenas contábeis, bem como desempenhos de Petrobrás, BNDES e Caixa, são lançados à conta do Tesouro, como forma de atender ao presumido compromisso assumido com a sociedade em relação as contas publicas e a chamada responsabilidade fiscal.
As coisas agora encaminharam-se para aquilo que o Governo Argentino faz com os índices de preços, alterando-os, de tal forma que, nos dias de hoje, a inflação real dos hermanos atinge quase 30% ao ano, enquanto, pelos dados oficiais, a taxa fica no entorno dos 10%! E isso é escandalosamente publicado e usado nos reajustes de contratos, de preços e nas aquisições de governo! Claro que isto gera uma desorganização nos preços relativos e sinaliza, erradamente, para presumidas oportunidades e riscos a serem enfrentados pelos agentes econômicos.
Agora, aqui na terra dos macaquitos, a competência dos formuladores da política econômica, levou a essa falácia que é o índice oficial de inflação divulgado pelo governo. Não que o índice esteja sendo manipulado. Mas, o que ocorre é que ele não mostra a evolução real dos preços relativos e esconde o represamento de preços administrados — luz, telefone e pedágio — que representam, na formação do IPCA — Índice de Preços ao Consumidor Ampliado — 25% do seu cômputo! E isto fez com que os preços administrados só tenham se elevado, nos últimos doze meses, em 1,3%, enquanto os preços livres atingiram o patamar de 7,9%! Ou seja, a inflação real é de 7,9 e não da média de 6,27%, ora medidos!
Por outro lado, o aumento dos preços de ônibus e metrôs só alcançou 0,77%, de junho de 2012 até agora junho de 2013 e, com isso, a inflação de hoje, embora esteja em torno de 6,27%, na verdade, deveria estar em 8%!
E, com isso, a própria SELIC deveria já estar por volta dos 12% para permitir que a taxa de juros real nao ficasse próxima de zero, inviabilizando a atração de investidores!
E, no que vai dar tal maquiagem? Vai provocar uma elevação da inflação, em breve, porquanto não dá para aguentar um represamento tão longo de tais preços. E, de outro lado, deverá provocar novos desequilíbrios nas contas e no desempenho da Petrobrás que, em breve, enfrentará novas dificuldades, haja visto o fato de que a gasolina aqui, no Brasil, está situada 25% abaixo dos preços cobrados lá fora.
2015, no mais tardar, os preços represados — energia elétrica, combustíveis, pedágios, transportes de massa, etc — terão que ser corrigidos e aí a inflação retomará “com gosto de gás” e, talvez, só um novo plano real para reestabelecer os fundamentos da economia.
Isto porque não apenas os preços administrados estão represados como certos fatores básicos irão afetar, adicionalmente, os preços relativos. Devem pesar muito o câmbio, ora altamente apreciado, o que está gerando pressão de custos dos produtos como também o preço dos insumos básicos importados. Aliados à desconfiança generalizada e a crise no Balanço de Pagamentos, tais circunstâncias geram constrangimentos que deverão comprometer, substancialmente, o nível geral de preços.
Se se agrega a tais dificuldades a piora do gasto público, não só pelo aumento substancial das despesas públicas, máxime este ano — aumento de 12%! — dando continuidade aos gastos expandidos para favorecer a eleição de Dilma, em 2010 e 2011, então o combate a inflação vai ficando cada vez mais difícil.
Os indicadores da economia publicados recentemente no Jornal O Estado de São Paulo, revelam um quadro que justifica as preocupações aventadas nesse comentário. De 2012 para 2013, por exemplo, a relação dívida/PIB aumentou de 12,8 para 14,1%! Os encargos da dívida sobre as reservas passaram de 12,7 para 16,5 e os encargos da dívida sobre as exportações, subiram de 18,6 para 25,5%! E pasmem, isto só num período de um ano!
Para a tristeza de muitos brasileiros, só a apreciação do real, este ano, fez os brasileiros ficarem 20% mais pobres.
Mas, mais preocupante de que tudo isto, é o desânimo que toma conta dos brasileiros. Isto está a requerer, por parte do governo, algumas medidas e providências que gerem a reversão de expectativas e, boas notícias comecem a surgir no horizonte!
Do contràrio, nem mesmo o julgamento do mensalão, a queda provisória da inflação e o possível sucesso das licitações das concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, devolverà o ânimo aos brasileiros.
Cláudio,
Gostei do seu desafio. O processo de aparelhamento do Estado brasileiro foi e continua realizado por quadros sindicais, imitano o que o peronismo deixou de legado para os argentinos. Cristina continua a usar do pelegos argentinos para conduzir o governo argentino e, com requintes de autoritarismo que envolve até o controle de toda a mídia. Vou tentar reunir dados e informações mais precisos para fazer um paralelo do que acontece por aqui vis-a-vis do que acontece no país dos hermanos.
Lustosa,
Gostaria de ver uma análise sobre a Argentinização relativa a republica sindical que ora temos implantada no Brasil.Acredito ser um dos piores problemas nosso, o aumento salarial consecutivo sem o aumento da produtividade das empresas.A explosão das despesas do governo tem sido a prova cabal disso.A Argentina já foi primeiro mundo.O sindicalismo a tem destruido.
Paulão,
É triste observar que, as conquistas sociais do governo Lula, começaram a se esvair pela elevação da inflação, pela apreciação do cambio e pela desordem das contas publicas! Aonde a coisa vai dá, é difícil prognosticar!
Caro Asa,
Os dados referentes aos valores comparativos do preço da gasolina eu os extraí de uma matéria do Estadão, publicada a dois ou três dias atrás. Creio que as suas ponderações merecem uma análise mais aprofundada pois a politica econômica não apresenta uma consistência e uma lógica que possa mostrar coerência das medidas adotadas. Os cortes de gastos estão nadinha de conseguir um superávit primário de 2,5% do PIB. Só nesse semestre o gasto público cresceu 12%! O represamento de preços administrados geram déficits operacionais que, mais dia, menos dia, deverão ser cobertos. E, por quem? Por reajustes de preços mais pesados ou pelo Tesouro! E ai as inconsistências são geradas e os problemas são ampliados!
Finalmente vamos começar a debater sobre assunto delicado, mas que todos tem medo ou vergonha de abordar que é o da feroz manipulação de indicadores por parte do governo. Só não consegui entender a afirmação de que a gasolina aqui está 25% mais barata no resto do mundo. Embora o cenarista raciocine com astúcia e estabeleça números que comprovem esta ação do governo, gostaria propor um convite para analisarmos através de uma ótica que indica que a manipulação de indices pode estar além de meros 1 ou 2%. Como o governo acaba de estabelecer um contigenciamento de Custeio da ordem de 60% da LOA e não tivemos crise ou catástrofe que permita imaginar uma justificativa (lembro que para o Ministro da Fazenda a receita cresce e as perspectivas são as melhores), podemos concluir que há algo no ar além dos aviões de carreira. Cortes neste montante e no meio do ano orçamentário é medida desesperada de quem já perdeu o controle da situação e não quer dar o braço a torcer.
O modelo PeTista já se esgotou, é notória a manipulação das contas públicas, dos índices do IBGE, dos dados dos PAC´s, etc,etc. O PT assumiu num momento em que o mundo “voava” em céu de brigadeiro e o Brasil que tinha iniciado sua reformas com, por exemplo; acabado com a reserva de mercado (carros, computadores, roupas), dado um tiro na inflação com o Plano Real, aumentado a produtividade na agricultura, feito a privatização de telefonia, da Vale, Usiminas, Embraer e várias outras ações, que fizeram a economia do País decolar e sermos considerados com mais seriedade e credibilidade aos olhos do mundo. Agora, os 10 anos de PT no poder, nos leva a este estado de coisas que vc brilhantemente se referiu.
Com a mídia controlada pelo governo, nada como ler o retrato da realidade através o seu scenarium.brunomatheus