HÁ UMA CRISE INSTITUCIONAL EM GESTAÇÃO?

Muito embora o Presidente Temer viva o pior dos mundos, com a mais baixa taxa de aprovação jamais vista na história do País, a avaliação que se faz é que o primeiro mandatário da nação conseguiu, não se se sabe por que cargas dágua, atrair os ressentimentos de políticos, a pressão violenta dos desapeados do poder e da mídia em geral, em especial da Rede Globo e, por via de consequência, da opinião pública como um todo. Até agora não se sabe, exatamente, por que as restrições a Temer chegaram a essa dimensão pois nunca se viu tanta e tamanha rejeição. E o mais grave: o seu desempenho no comando do País, máxime quanto a recuperação da economia, pode ser considerada, se não plenamente exitoso, pelo menos em nada comprometeu o processo de recomposição de uma economia desestruturada e uma gestão pública desmantelada.

Diante desse quadro, mesmo se mostrando um ser com sete vidas e, até agora tendo administrado todas as pressões e todas as investigações montadas contra ele, parece que Temer experimenta talvez a sua última das sete vidas. Agora, pela primeira vez, sente-se que o Presidente não mais é ouvido e muito menos respeitado. A inabilidade política  demonstrada pelo seu governo na negociação ou na própria condução da chamada greve dos caminhoneiros, deu espaços para avaliações as mais negativas da forma como a administração do processo ocorreu e, em consequência, a um julgamento muito duro do Presidente. Tal relativo fracasso no enfrentamento da questão fica demonstrado pelo fato de, até agora, a greve não ter sido totalmente desmobilizada como pela ameaça de que outros segmentos venham a reproduzir o que fizeram os caminhoneiros como é o caso dos petroleiros, dos profissionais de saúde, da área de educação, os bancários, entre outros.

O quadro fica cada vez mas confuso quando a esquerda, habilmente, aproveita a fragilização do governo para pedir o impedimento de Temer e, pasmem, estimulam todos os movimentos que pedem uma intervenção militar no País diante do presumido quadro de desordem e da impotência do governo para conter os excessos e os abusos de certos segmentos da sociedade. Muitas pessoas, desinformadas ou manipuladas pelas chamadas “fake news” que as redes sociais disseminam ou provocadas por produzidas ou falsas  notícias no chamado WhatsApp, acabam montando um cenário de crise insustentável que insinuaria que uma intervenção militar estaria prestes a ocorrer.

O cenarista não crê na possibilidade de tal intervenção pois os militares, ressabiados diante do ônus que pagaram, por tantos anos, da intervenção de 64, uma maioria consistente e segura de suas convicções não apoia qualquer tentativa dessa natureza apesar de discursos de advertência feitos por chefes militares chamando a atenção para o fato de que a ordem institucional estabelecida não pode ser comprometida por qualquer tipo de atitude de caráter anárquico como parece quererem as esquerdas. Na proporção em que o Supremo começa a decidir sobre personalidades com foro privilegiado, notadamente políticos, o país fica mais calmo e tende a se conduzir sem maiores crises existenciais.

Na verdade, é fundamental chamar a atenção para o fato de que, estando o país na antevéspera de eleições gerais seria imperdoável e injustificável qualquer atitude intervencionista porquanto não haveria respaldo da sociedade civil e dos formadores de opinião para uma ruptura institucional onde o argumento seria apenas vinculado a discussão de legitimidade do presidente que está em término de mandato e a frustração com uma retomada da economia que se esperava fosse atingir os 3% ou mais de expansão para este ano e, após os últimos acontecimentos, a estimativa é de que não alcance sequer os 2%!

Mesmo assim, as atitudes da esquerda de provocação e de estímulo à desordem como vem ocorrendo com as chamadas infiltrações no movimento dos caminhoneiros; do estímulo à  intervenção militar para retomar o seu discurso de golpe; e do oportunismo de empresários e agentes econômicos para tirar proveito da mobilização dos transportadores de carga, tudo isto gera tensões mas não o suficiente para promover uma intervenção militar num país da importância, das dimensões e do papel geopolítico do Brasil.

Ademais, é bom lembrar que na singularidade que é o Brasil, aqui as crises não tendem a se aprofundarem pois nestas plagas “as crises viajam, tiram férias, tiram folga, observam  feriados e dias santos” ou simplesmente dão um tempo para uma reflexão crítica sobre a sua procedência e oportunidade.

 

 

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