LULA, O FILHO DO BRASIL!
O lançamento do filme, tão aguardado, por mostrar a trajetória vitoriosa de um nordestino que rompeu todos os preconceitos e superou todas as limitações de uma sociedade, aparentemente fechada à mobilidade vertical, como a brasileira, não foi, até agora, o sucesso esperado e planejado. Em primeiro lugar, a bilheteria até o momento se mostrou limitada pois não superou o lançamento de “Carandiru” e, nem sequer, o do filme “Os dois filhos de Francisco”, sobre a saga dos cantores de música sertaneja, Zezé de Camargo e Luciano.
Também o filme tem produzido muitas emoções, mas, em muitos casos, um pouco de frustração e desencanto pois que, para alguns que conhecem a trajetória de Lula, vários episódios relevantes foram, deliberadamente, esquecidos.
Na verdade, o que buscaram os mentores da idéia de produzir tal documentário marcado de sentimentalismos e emoções novelescas? Diferentemente de muitos que acreditam que, ao ser lançado em um ano eleitoral e no ano da sucessão de Lula, o evento seria, propositadamente, destinado a gerar dividendos eleitorais, este cenarista, com a devida vênia dos que assim pensam, discorda. Tal película não agregará valores eleitorais à candidata de Lula, pois é difícil vincular, via filme, a imagem de Dilma à de Lula vez que o itinerário, o jeito bonachão, a aparente humildade e a capacidade de lidar com temas os mais diversos e os mais controversos, da maneira mais simplista possível, diverge, em muito, do jeito racional, objetivo, técnico e distante de sentimentos e emoções da Dama de Ferro brasileira.
Ademais, pela natureza e nível novelesco da película, o público que ela atingirá já será o cativo de Lula e, para os que têm divergências com o projeto de poder dos petistas, o filme deve arraigar sentimentos de maior diferença e de maior crítica.
Provavelmente o filme se destina muito mais a reforçar e consolidar a imagem de mito de Lula para um retorno glorioso em 2014, estimulando que um “queremismo” possa se exercer, de maneira plena, não importa quem esteja na Presidência, se Dilma ou Serra, pois que, no perfil, são muito parecidos e o contraponto com o novo “pai dos pobres” será fácil de ser caracterizado. Também Lula, esperto como é, sabe que 2009 foi um ano onde ele mais ousou, mais se expôs e mais opinou, falou e se sentiu o “Senhor dos Anéis” pois, pela primeira vez na história desse país, um “homem fez com que o mundo se dobrasse a seus pés”, segundo pensam corações e mentes apaixonadas do lulismo. Lula foi louvado, ovacionado, aplaudido e recebeu loas de todos os grandes veículos de mídia do mundo, embora que, ao final, começaram a surgir manifestações críticas à sua política externa – caso Irã, Honduras, etc. – bem como a pretensão de vir a ser o mediador de todos os conflitos no e do mundo, desde a questão ambiental até passando pela questão da fome no mundo e, até mesmo, o conflito árabe-israelense.
Por outro lado, a nível internacional já há manifestações demonstrando que a atitude do Presidente do Brasil tem sido de arrogância e de excesso de presunção e de pretensão. Internamente, não apenas manifestações de segmentos intelectuais, políticos e da mídia demonstram certo ar de fastio, manifestam insatisfação e se sentem incomodados com a afoiteza de Lula ou com a imposição de sua vontade pessoal em questões que deveria ele, mesmo com toda a sua popularidade, ter mais cautela e mais respeito às vozes divergentes. É o caso, por exemplo, da nova legislação sobre direitos humanos e a sua proposta da Comissão da Verdade o que propõe, entre outras coisas, uma revisão da lei da anistia o que elevou a um nível quase intolerável de insatisfação dos militares, católicos e políticos, além de parte substancial da mídia.
Também, nessa mesma área, a decisão de não ouvir as Forças Armadas na escolha dos aviões para a FAB, argumentado que a decisão é totalmente política, deve criar mais embaraços para o Presidente. Como se não bastasse ainda estão pendentes o caso Batistti, a partilha do “butin” do pré-sal, o polêmico projeto de revisão do fator previdenciário, os ajustes na execução orçamentária, etc. – que deverão criar algumas dores de cabeça ao Chefe da Nação. Além disso, Lula ainda vai ter que enfrentar a busca de solução para o caso Ciro Gomes, que, pelo andar da carruagem, não abrirá mão de sua candidatura à Presidência, além de dificuldades na remontagem de Dilma que, mesmo intentando se repaginar e copiar o chefe, até agora as tentativas parecem caricaturais.
Ademais, ainda sobra para Lula enfrentar um setor externo que começa a preocupar, uma área fiscal que foi impactada por uma “série perigosa de bondades”, a indústria que ainda não se recuperou, por completo, a lerdeza no andamento das obras do PAC e a ameaça de aumento nas taxas de juros. Também Lula, a bem da verdade, começa a mostrar certa melancolia no início de despedida do poder, mesmo pensando que Dilma apenas irá pavimentar o caminho para a sua volta triunfal em 2014. Mas que começa a doer em Lula é a despedida. Não resta à menor dúvida.
http://www.imil.org.br/blog/para-o-el-pais-lula-e-um-dos-cinco-hipocritas-de-2009/
LULA FOI ELEITO UM DOS CINCO MAIS HIPÓCRITAS DE 2009