LULA, TÁ QUE TÁ!

Lula é euforia só. Depois do balanço dos resultados econômicos alcançados com as medidas destinadas ao enfrentamento da crise econômica internacional, quando, mesmo para aqueles que têm críticas quanto à forma de enfrentamento da crise – a demora no anúncio de medidas; a orientação do gasto público mais para o consumo do que para o investimento; as renúncias fiscais para alguns segmentos ao invés de serem de caráter mais geral; a falta de avaliação do impacto sobre as contas públicas das medidas adotadas e a não busca de indagar sobre o “day after” quando a recessão técnica houvesse sido superada como sói ocorrer agora, o que se pode concluir é que os resultados alcançados são amplamente satisfatórios.

 O Presidente Lula continua a dizer que “entramos depois e saímos antes da crise”. “Menas, menas”. Nem  isto ocorreu nem tampouco a coisa foi uma marolinha como ele dizia. Claro que, após passado o pior, o Presidente justificava que cabia a ele manter o ânimo, a crença, a confiança e a certeza do povo de que o país ia sair bem e que as medidas estavam no caminho certo. Para quem sofreu queda dramática na atividade industrial, no investimento, no emprego formal e no próprio consumo, nas bolsas e, num primeiro momento, no próprio ânimo de empresários e consumidores, não se pode dizer que não foi nada demais e que, o país voltou ao normal. “Menas” também! Saiu o país da recessão técnica mas, só voltará ao normal quando retornar a taxa de crescimento de 5 a 6% em 2010.

 Mas o Presidente tem razão para a sua euforia. Não só por causa do pré-sal – o chamado “passaporte para o futuro” –  e nem tampouco por causa das “comprinhas” francesas, decisão esta que mostra também ousadia, não só em termos de autodeterminação, de visão estratégica e geopolítica consequente mas também em termos de definição de parcerias para o desenvolvimento de uma área extremamente sensível para o país. Se tal não bastasse, os dados sobre o emprego formal são muito bons, os preços das commodities vão muito bem e, Lulinha paz e amor, já prepara outras iniciativas.

 No discurso junto ao empresariado, ele disse que, quando a iniciativa privada não toma a dianteira em certas áreas estratégicas do país, o estado é obrigado a assumir tal papel. É por isto que o governo está avançando na exploração do pré-sal, pretende ousar mais no aproveitamento de minerais estratégicos do país e, para surpresa de muitos, disse que mandará, ao Congresso, uma Consolidação das Leis Sociais, o PAC da mobilidade urbana, e propostas de superação de gargalos nas áreas de logística como já está fazendo com as ferrovias, com os portos e, quer agora, um grande plano de inclusão digital para o país. Ademais pretende oferecer um novo PAC para o período de 2011 a 2015 para o Brasil. Lula se diz um Campos Salles quando fortaleceu as bases e deu estabilidade à economia; sente-se um Getúlio agora com a nova versão do “Petróleo é Nosso” e com a Consolidação das Leis Sociais; quer ser uma versão Mandela quando “pacificou” o país e deu vez e voz aos pobres, descamisados, retirantes, trabalhadores e nordestinos. Ele está convicto de que Obama estava certo, que ele é o cara!

 Se não bastasse tal, bombada como anda a bolsa com a entrada de capitais externos nas empresas brasileiras, diante da eficiência e visão estratégica dos seus dirigentes – Armínio Fraga e Edemir Pinto -; do excesso de liquidez nas mãos dos bancos, dos fundos de pensão e das próprias empresas, afora a colaboração esperada do BNDES e do Fundo Soberano, garante que, 2010, será um ano onde as previsões otimistas de Guido Mantega acabarão se concretizando. Aliás, os bancos já refazem as suas previsões e projeções de crescimento.

9 Comentários em “LULA, TÁ QUE TÁ!

  1. Maurício,

    Grato pelas suas observações. Fico lisonjeado com o pensamento de um jovem como você tão antenado, tão informado e tão inquieto em relação às questões que mexem com o Brasil. Talvez algumas pessoas excessivamente apaixonadas pelo Governo, não gostem de críticas ou análises mais duras sobre possíveis gestos, atitudes e propostas do Governo. Mas, para ser no mínimo fiel com os compromissos político-sociais como cidadão tenho que buscar o caminho da maior isenção possivel.

    Um abraço do tio e amigo,

  2. Amigo Asa,

    Demorei para comentar as suas ponderações. Em primeiro lugar, grato pelas observações. As indagações suas são pertinentes pois “nesta terra desoberta por Cabral” as pessoas tendem a se apropriar das idéias e ações alheias com a maior desfaçatez. Veja você o caso mais recente do pré-sal que, ao que se sabe, desde os anos oitenta, já haviam descobertas preliminares indicando tal potencial. É o caso do agronegócio que é fruto de três ações: a descoberta do centro-oeste por JK, o trabalho excepcional da EMBRAPA e a ousadia de empreendedores nacionais. Não foi fruto de seu fulano e de seu beltrano. As transformações são processos e não descobertas geradas pelo acaso. O futuro dirá se as coisas que ocorrem são fruto das circunstâncias internacionais, da criação das bases da estabilidade econömica e a sua manutenção pelo atual governo e, pela determinação de continuar seguindo as mesmas políticas do passado, apenas maquiando-as para assumí-las como suas.

  3. Tio, acho a divulgação do seu olhar de mundo, no nosso Brasil, plural e sensanta, sem fazer uso de repetições que vemos todo dia no jornal ou infelizmente tolices que infestam, sites de veículos importantes de imprensa, fazendo uso de que, por incrivel que pareça com tanta mídia e que por isso pouca gente anda fazeno.

    Pensar por sí própio e não pelo que disse aquela revista ou aquele jornal de tv
    seus escritos devem ser lidos e discutidos, afinal você não um palpiteiro, mas alguém que vivenciou e realizou no estado brasileiro.

  4. filha, você sempre generosa, gentil e legal com o seu papa. O seu carinho estimula-me a continuar falando de coisas que muitos fariam bem melhor. Um beijão

  5. Papa, como nao entendo nada de economia, prefiro fazer meu comentario sobre a forma de seus textos. O que, infelizmente, tenho que fazer sem acentos, pois meu teclado esta configurado aqui pra Suica… Bom, minha avaliaçao é: Adorei! Seus textos sao muito bons! Objetivos, gostosos de ler, com bom ritmo, bem humorados, criticos e pertinentes. Continue escrevendo. Tem muita gente querendo ouvir (ou ler) opinioes sensatas, verdadeiras e reais. Nao a realidade criada pela hiper miopia do Lula…
    Bjs,
    Lilia

  6. Caro Paulo,

    Gostei de suas observações e ponderações. Creio que teremos problemas com as contas públicas, com a retomada do nível de investimento de antes da crise, além dos problemas derivados de problemas de logística, de custo brasil e, até mesmo, de mão de obra qualificada para atender a demanda da retomada do crescimento. Talvez a sucessão presidencial leve a um debate mais profundo sobre as questões mais imediatas como as questões de longo prazo.

  7. Concordo com as suas ponderações. Claro que o problema nas contas públicas, a piora sensível nas contas previdenciárias e os excessos em termos de gastos correntes aliados à falta de providências na área de mudanças institucionais, começarão, por certo, a gerar estrangulamentos ao crescimento do País.

  8. Algumas perguntas que todos devem estar se fazendo: Esta onda de prospoeridade se deve a méritos nossos ou a deméritos de outros países que não se prepararam na década de 90 para as bolhas do início deste século? O governo Lula contribuiu decisivamente para estes resultados ou tornou-se um brilhante “surfista” ao aproveitar a onda? Infelizmente parece que as respostas a estas perguntas só serão dadas nos próximos anos, quando teremos que pagar a conta dos constantes aumentos no custeio do governo e de agências reguladoras completamete esvaziadas e “dependentes” dos governantes do momento.

  9. Realmente o Brasil se saiu bem nesta crise, mas não podemos esquecer que o País vem melhorando todos os seus fundamentos econômicos, socias, etc , ao longo de vários anos e que Lulinha se posicionou contra todas estas melhorias, como por exemplo, a implantção do REAL (Itamar), o fim da reserva de mercado/”abertura dos portos” (Collor), a política econônica/recuperação da credibilidade do País junto ao mercado financeiro Internacional – pagamento ao FMI (FHC), etc,etc. A famosa “Herança Maldita”, não era tão maldita assim
    O perigo é que o Lulinha só sabe aumentar os gastos públicos e isto pode ser tornar uma “bomba de pavio” curto que pode estourar no próximo governo, seja ele qual for