NADA DESPERTA INTERESSE!

Há quase cinco anos o País ingressou na, talvez, mais séria crise econômico-social e política de sua história. Crise que não só gerou um estoque de 14 milhões de desempregados e uma queda na renda significativa disponível das pessoas, mas, também, um recuo nas decisões de investimentos dos agentes produtivos. No entanto, o saldo mais negativo desse triste momento do Pais e, também, o mais importante e o mais preocupante, foi o que ocorreu com o “mood”, ou melhor, com o ânimo dos brasileiros. Pela primeira vez, numa pesquisa internacional, o Brasil figurou como uma das mais pessimistas populações do mundo. Segundo tal pesquisa sobre o ânimo, o entusiasmo ou o otimismo dos patrícios,  o Brasil surge como a sétima nação mais pessimista entre mais de trinta nações avaliadas ou investigadas quanto a tais aspectos!

Isto é muito grave pois o clima entre as pessoas, de desentusiasmo, de desencanto e até mesmo de indignação e de revolta, leva a situações chocantes e quase dramáticas como o atentado sofrido pelo presidenciável Jair Bolsonaro em plena via pública, no centro de Juiz de Fora. Ou seja, a intolerância tem levado a agressões verbais e físicas já se espalhando país afora, a várias figuras da vida pública nacional, que, dentro do padrão democrático, são totalmente inaceitáveis.

Isto é intolerável, não importa o nível de insatisfação, de indignação e de revolta que as pessoas estão mergulhadas em face da crise econômica que lhes impôs tantos sacrifícios, tantas limitações a sua vida e tantos problemas a sua existência. Não importa que o atentado não tenha nada a ver com atos conspiratórios ou com ações de caráter terrorista a partir de grupos ou entidades politico-partidárias. Parece que o ato parece algo isolado por alguém insano ou alguém que busca uma notoriedade por caminhos transversos a legalidade e ao  equilibrio emocional. Independentemente disso, representa um atentado à própria democracia.

Assim, o que ocorreu hoje representa algo preocupante quando se observa o nível de estresse e de desequilíbrio emocional que a crise promoveu na vida de milhões de brasileiros. Ninguem acredita mais em nada, nem nos homens púbicos e nem nas instituições. As coisas mudaram de eixo deixando para trás aquele otimismo e a crença no amanhã que dominava mentes e corações dos brasileiros. É bom recordar que o clima hâ bem pouco tempo, era bem distinto. As pessoas ainda tinham alguma fé e talvez alguma esperança no comportamento e atitude da justica mas, depois de tantos fatos que reduziram a sua credibilidade, nem mais este poder parece confiável.

O que mais preocupa é que as pessoas andam profundamente irritadas, revoltadas e indignadas e, no mais das vezes, destilam seus ressentimentos em qualquer um que encarne qualquer forma de poder porquanto a insatisfação das pessoas diante dos efeitos nefastos da crise econômica, procura encontrar um responsável por tal situação. E, de um modo geral, tal possível culpa pela situação recai sobre autoridades constituídas, notadamente políticos.

Ninguém acredita que este gesto quase tresloucado represente uma possível tendência de comportamento da sociedade e que tal fato tenha um efeito multiplicador capaz de se disseminar em mais atos de violência País afora. Em assim sendo, o que se espera é que as autoridades reprimam, de forma dura, quaisquer tentativas de reproduzir tal ato ou a criação de um ambiente de hostilidade no País. Também é fundamental que a política econômica comece a mudar o clima de incerteza e de insegurança econômica que domina o Brasil.

É bom insistir no fato de que, com a saída de Lula do páreo eleitoral, pacífica-se o quadro político-eleitoral e desaparece da cena a perigosa polarização do “nós contra eles”. O atentado à Bolsonaro deve advertir a todos de que o acirramento das disputas não deve estimular o acirramento de ânimos capaz de reproduzir atitudes tresloucadas como o desse cidadão.

Este cenarista chamava a atenção para o fato de que, a mera saída de Lula da disputa presidencial, começava a criar um clima mais favorável para as decisões da área econômica. A própria instabilidade de câmbio já começa a sinalizar que voltará às flutuações normais e naturais dependendo apenas de fatores externos incontroláveis e não do clima e do ambiente de negócios no País. Assim, embora a retomada da economia dependa da confiança nas instituições e na crença de que as coisas tendam a mudar para melhor, além das políticas públicas de estímulo às ações dos agentes produtivos, não resta a menor dúvida de que não havendo agentes intranquilizadores a tendência é que o ambiente comece a se tornar mais otimistas as expectativas.

 

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