O QUE SE ESPERA DE UMA BOA POLÍTICA ECONÔMICA?

 

O cenarista, desestimulado pelos desencontros e desarranjos da política brasileira, aguarda o que o dia de hoje reserva a Temer e a própria cena política brasileira que, qualquer que seja o desfecho, parece que não afetará, em muito, o tumultuado quadro politico brasileiro. Assim, o cenarista propõe-se mais a avaliar o desenrolar do quadro econômico nacional do que essa monocórdia  sessão de agressões, denúncias, desejos inconfessos e briga de interesses muitas vezes escusos de grupos econômicos, de grupos de mídias e antecipações de projetos de poder para 2018.

Apesár das dificuldades políticas e da baixa popularidade do Presidente, a política macroeconômica do Governo Temer não se distanciou dos propósitos defendidos no início de seu governo, quais sejam, uma proposta reformista e a especial  preocupação em reestabelecer o respeito aos princípios que nortearam os chamados fundamentos da economia nacional. E isto fica declaradamente estabelecido desde a votação da proposta que limitou a expansão dos gastos governamentais e  propiciou a reforma trabalhista, já aprovadas pelo Congresso, além da busca pela redução significativa dos juros básicos, e “last but not least”,  da reforma da previdência, ora em discussão.

Agora mesmo, decidiu a equipe econômica reduzir em um ponto percentual a taxa SELIC, fazendo-a  recuar para um dígito — 9,25% — depois de haver alcançado os 14,5% no ano passado. Assim, quando alguém busca avaliar o desempenho de uma equipe econômica é fundamental que  não se deva prender o analista apenas nos resultados materiais visíveis alcançados ou nos tradicionais indicadores macroeconômicos porquanto, ao assumir o processo, os novos “policy makers”, não tinham uma idéia precisa da dimensão e da profundidade da crise que se abatia sobre a economia. Na verdade vinham imbuídos dos melhores propósitos e mostravam e continuam a mostrar um rígido engajamento a princípios, valores e idéias e, montados na sua competência técnica  e compromisso politico-social como cidadãos, eles  procuravam e procuram assentar a sua ação como “policy makers”.

Assim, pelo que se pode concluir, em face da  confiança já conquistada por eles junto ao mercado e junto a própria sociedade civil, os membros da equipe econômica tem mostrado algumas características que sempre se idealiza e se sonha  estar presentes no comportamento e na atitude de qualquer grupo que deseje enfrentar tremendo desafio que representava e reoresenta encarar graves problemas, como sói ocorrer no caso brasileiro. E a unidade, a coesão e a determinação dos técnicos que hoje comandam a área economica,  deve-se, em boa medida, a excelente e experiente liderança, apoiada num comandante que tem marcado a sua atuação pelo conhecimento e pelo passado na direção  de entes do mercado que exigem, para seu melhor desempenho, ampla capacidade para a negociação. Henrique Meirelles foi e é o lider desses processo que, não fora as suas qualidades e as virtudes de seu grupo, as chances de êxito, na ausência de tais valores, teriam sido mínimas e, provavelmente  não teria permitido chegar a lugar nenhum.

No caso atual, por ironia do destino, mesmo servindo a um governo sem respaldo popular e pressionado pelos interesses de parlamentares que tem compromissos maiores apenas com a sua sobrevivência eleitoral, além de ter que enfrentar a maior crise econômica da história republicana — o PIB atual é igual ao PIB de 2009! — surpreendentemente os êxitos alcançados já se podem contabilizar como amplamente satisfatórios. E, as razões para tanto começam com as características do líder do grupo, ex-presidente, por dez anos, do Banco de Boston, ex-presidente do Banco Central do Brasil e alguém com uma fortuna pessoal bem significativa, o que, por incrível que pareça, garante essa tranquilidade para os brasileiros. Estimula mais ainda a manter coesa a excelente equipe, o fato de ver alimentada a ambição de Meirelles diante da possibilidade de vir a ser o substituto de Temer a partir de 2019! Também avulta como característica relevante de Meirelles a sua grande capacidade de convencimento, não apenas do mercado, da academia mas, até mesmo, dos políticos profissionais. Portanto era esperado que ele se mostrasse capaz de liderar, de forma coesa, esse grupo de qualidade excepcional.

Não se sabe  ao certo quais os argumentos que tem sido usados por Meirelles para dispor de profissionais do melhor quilate na sua equipe, sem guerra de egos e ciumadas tão frequentes quando são juntados elementos de alto coturno da academia e do mercado, notadamente numa situação politicamente instável onde  a estrada a percorrer é de difícil tráfego.

Se a liderança de Meirelles e a sua capacidade de negociação e de convencimento são inquestionáveis, o Ministro da Fazenda aglutinou em torno de si um grupo que não busca aparecer e que se mantém distante dos holofotes e permanece distante das querelas e das disputas políticas.   Claro que, vez por outro podem surgir divergências de linhas ou estratégias de atuação como ocorreu com a ex-presidente do BNDES, Maria Silva Bastos e, agora, com os desentendimentos entre o novo Presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro e diretores herdados da administração anterior, fato que poderá, aparentemente ter, como consequência, a substituição de tais quadros ou do próprio Paulo.

Mas, o que mais chama a atenção no trabalho desse grupo é a determinação, o senso de compromisso e responsabilidade para com o País, a competência técnica e a ousadia que esses técnicos estão a demonstrar diante do emaranhado de problemas que o País está a enfrentar!

Uma combinação de responsabilidade político-social, uma indiscutivel  competência técnica para o mister, a criatividade e ousadia das proposições e uma certa humildade e disciplina ao aceitar a liderança de um homem que não vem  da Academia mas, tão somente, do mercado financeiro nacional e internacional, são virtudes excepcionais.  Essas qualidades do grupo garantem ao mercado e a sociedade a tranquilidade necessária para acreditar que as coisas estão no rumo certo.

Se existem criticas sobre a pouca sensibilidade política do grupo quando propoem medidas amargas, isto ocorre diante da gravidade da situação e da urgência em estancar processos de intensa sangria dos cofres públicos. Agora mesmo, a proposta de menor impacto sobre a inflação que foi o aumento necessário  da alíquota do PIS/COFINS, sofreu uma saraivada de criticas e de reações quando, diante da rigidez do orçamento que quase não permite cortes, viu-se obrigado ao aumento de tal alíquota com o objetivo de cumprir o compromisso de não ampliar o deficit fiscal do ano de 2017!

Tais ponderações são feitas na antevéspera da decisão da Camara dos Deputados que definirá se autoriza ou não que se instaure processo para avaliar se Temer cometeu, durante o periodo que exerceu a vice presidencia  e ora como presidente, atos comprometessem a imagem e a solenidade do cargo. Parece que os correligionários de Temer conseguirão afastar a hipótese de seu afastamento. Se tal ocorrer, a tese desse cenarista do descolamento da economia da politica estaria ocorrendo. E se assim o for, nunca houve evento que viesse a fazer tão bem ao Brasil. Vamos esperar as primeiras terça e quarta feira de agosto para ver o que vai acontecer se as hipóteses otimistas desse cenarista ou ele será engolido pelas circunstâncias ! Qual a aposta do leitor?1

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