CADA DIA COM A SUA AGONIA!

Todos os dias sempre há algo a surpreender os brasileiros. Não só todo dia é dia de delação, de denúncia e de abertura de processos contra quase toda a classe política, como também, todo dia é dia de mais operações contra corruptos, pedófilos e assaltos a roubo de cargas, além da violência de toda ordem e em todo lugar, como demostram as estatísticas de assassinatos de policiais – somente, este ano, no Rio de Janeiro, já são 95 mortos no semestre! — vem agora o MST e retoma a sua cruzada de invasões seletivas de propriedades!

Todo dia é dia de ameaça ou de novas denúncias contra Michel Temer ou da identificação de vícios e problemas  vinculados a alguém do seu estreito círculo de amigos ou de colaboradores mais próximos. Todo dia a oposição estimula atos e gestos de provocação contra a própria Justiça — declarações pesadas de Gleisy Hoffman contra Sérgio Moro e a reação de Lula e da cúpula do seu partido quando da divulgação da sentença de Moro sobre o ex-presidente —  são apenas agressivas atitudes contra a Lava Jato, o Ministério Público, como o promover manifestações contra Michel Temer e contra o seu governo.

Todos os dias, diante do pouco dinamismo da economia que garantisse estabelecer crescimento mais significativo da arrecadação tributária, há um verdadeiro “Deus nos acuda” para fechar as contas do setor público e administrar as pressões por recursos para a polícia federal, para a saúde e para outros segmentos do governo. Gastos, por sinal,  sem chances de compressão pois jå se acham em limites críticos. Junte-se a tudo isto a necessidade, também, de não perder o foco em relação ao déficit previsto para este ano que tem que ser atendido mesmo que, para tanto, contigenciem-se um gasto aqui outro acolá e venha a se propor um aumento de tributos, tão questionado pela mídia, pelo empresariado e pela sociedade civil como um todo. O crucial a considerar é que se for tão urgente tal garfada no bolso do cidadão, que  o aumento não provoque uma elevação  inusitada de preços e comprometa a meta inflacionária.  E , pela avaliação que se tem, o impacto do aumento da alíquota do PIS/COFINS, será bem menor do que se o governo fizesse uma alteração em quaisquer dos tibutos indiretos do País, máxime diante  de um nivel tão baixo da demanda agregada em que se encontra o Pais.

Temer não decidiu por impulso ou por pressão da economia no sentido de estabelecer esse aumento de tributos mas determinado a cumprir tudo o que a equipe econômica sugere. Porquanto,  se as coisas por alí caminham muito bem e sinalizam ou indicam a retomada sólida e continuada da economia, o Presidente não poderia deixar de aceitar uma alteração na alíquota do PIS/COFINS para que o governo central venha a ser capaz de cumprir o que já se obrigou em termos de teto do déficit público, sem ter que incorrer nas chamadas “pedaladas fiscais”. Aliás, escolheu-se o caminho mais rápido de aumento da receita fiscal e aquele reajuste que menos comprometeria a meta de inflação deste ano, que ainda ē aquela que deverá  permanecer abaixo da meta de 4,5%, ou algo,  em torno de 3,6%!

Aliás, por ter apenas 7% de aprovação popular, Michel passou a ser alvo permanente das oposições e enfrenta uma solene antipatia da mídia quer falada, impressa ou televisiva. E, pelo andar da carruagem, o preço a pagar por Temer para não ser afastado do poder, fica cada vez mais elevado, diante da endêmica fome por recursos por parte dos parlamentares, além do “pisar em ovos” quando se trata da política econômica e do Meirelles, candidato explícito à Presidência em 2018!

Apesár de todo esse quadro confuso — e põe confusão nisso! — o Presidente tem se mostrado de uma frieza, de um equilíbrio e de uma habilidade impressionantes pois ainda demonstra ter cabeça para as mais complicadas estratégias de convencimento da classe política. Isto porque  estão em jogo, não apenas a votação da reforma da previdência como também a busca por manter incólume a base de sustentação política que lhe garantirá não vir a ser afastado pelos constitucionais 180 dias para a realização das investigações adicionais necessárias.

Aliás, quando se critica Temer por usar as emendas parlamentares para atender os seus prováveis eleitores a lhes  “tirar a corda” do pescoço, cumpre ele apenas  uma obrigação orçamentária e mostra respeita ao processo legal que tornou impositivo o pagamento das emendas, dentro do exercício fiscal. Se, por acaso, concentrou o pagamento para agora, justifica-se, politicamente, pois agora era a hora de conseguir a reciprocidade no trato de questões que interessam ao País e que garantam  a estabilidade das instituições nacionais.

Ao mesmo tempo que Michel tenta segurar-se no poder, insiste ele, mesmo enfrentando todo um vendaval de denúncias, em apoiar e promover matérias da maior relevância para a economia, como é o caso da lei que regulariza a produção mineral, além de outras questões da maior relevância para que, os êxitos alcançados até agora, na economia, não se dilapidem e a equipe econômica não  venha a querer “entregar o boné”. Cada dia os dados apresentados sobre a economia brasileira são mais alvissareiros pois o desemprego estancou, a inflação deste ano, será menor do que a média prevista == que era de 4,5% — e a balança comercial nunca tinha vivido tantos dias de superávit como sói ocorrer. A própria indústria manufatureira já dá sinais de vida e a entrada de capitais externo parece que não enxerga crise no País.

A propósito, os chineses estão descobrindo o Rio de Janeiro e estão se propondo entrar em vários negócios, inclusive na compra da CEDAE, em projetos de petroquimica e portos, além de outros segmentos estratégicos para a economia chinesa. Alguns analistas estimam a possiblidade de cerca de 40,5 bilhões de dólares de investimentos nos próximos cinco anos o que, com a retomada das ações empreendedoras da Petrobras e do resto do setor público nacional, são abertas amplas perspectivas para o Rio de Janeiro.

A insistência no recuperar os fundamentos da economia — inflação sob controle e com metas anuais definidas; um cambio oscilando porém, sem intervenção estatal; juros básicos, agora já quase em um dígito e, tendendo a chegar, a 8% no final do ano e, a busca da responsabilidade fiscal perdida — tem representado enorme desafio, notadamente a questão fiscal que, para este ano, apresentará déficit de mais de 520 bilhões só com a Previdência Social, além do déficit de 250 bilhões, só com pessoal!

O governo tem tido a coragem de ousar na tentativa de consertar erros passados, de diminuir desvios no uso dos recursos públicos e de intentar promover mudanças e reformas na estrutura do gasto público, no desempenho das estatais, na busca de reduzir gastos como a proposta de PDV para servidores públicos, entre outras, o que permitirá ir corrigindo o excessivo déficit que o setor público vem apresentando e a insustentável situação da previdência social.

Dessa forma, apesár de todos os problemas políticos, mais uma vez o cenarista ratifica a idéia de que a economia coloca-se hoje já descolada da política e, nenhuma crise parece alterar os fundamentos da economia, como ocorreu com a delação de Josuely Batista, que, a princípio, tenderia a gerar tal desconforto no sistema e que, num primeiro momento, fez com que o cambio desse um salto e a bolsa caisse, de maneira preocupante. Mas, o que ocorreu foi, quase de forma imediata,muma recuperação mais rapida do que se esperava, pois o cambio voltou ao normal e as bolsas recuperaram o seu nível, mesmo diante de tal fato.

Por outro lado, as safras tem sido altamente generosas: os preços internacionais são convidativos, inclusive para os minerais estratégicos exportados pelo Pais; a China voltou a comprar muito do Brasil e os saldos comerciais, com o exterior, são significativos, bem como o ingresso de recursos externos. Por outro lado, a confiança dos brasileiros na economia tem aumentado, os empresários já manifestam o desejo de retomarem os investimentos e os bancos públicos voltam a financiar grandes grupos e grandes projetos. Portanto, mesmo que o processo de assepsia continue com as operações Lava Jato, Zellotes e tantas outras; mesmo que figurões continuem sendo presos e outros soltos; mesmo que a reforma previdenciária não se faça como se esperava e do tamanho necessário; mesmo que outras iniciativas para estimular a economia não sejam tomadas como desejadas, o que já se plantou até aqui, representa mudança significativa na gestão da coisa pública nacional. Ou não?

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