POR QUE AS RELAÇÕES ESTÃO TÃO TENSAS ENTRE AS PESSOAS?

As pessoas se mostram tensas, divididas, agressivas e, até violentas, mesmo quando as divergências não são em função de interesses, nem de negócios ou de qualquer disputa de ordem material ou de poder! Acima de tudo, as dissidências são frutos de diferenças de caráter político, às vezes travestidos de uma dimensão doutrinaria ou ideológica.

O país dividiu-se, não bem ao meio, pelo menos pelo que demonstraram as últimas eleições municipais, onde os resultados alcançados pela chamada esquerda foram pífios e decepcionantes, mas, a despeito de tal constatação,  mostram uma clara divisão da sociedade.

No passado tais discordâncias, até mesmo as doutrinárias e ideológicas, eram absorvidas por um certo “fair play” dos brasileiros como um todo, sem conflitos maiores e sem agressões quase insuperáveis, como sói ocorrer, agora. O que explica essa mudança de comportamento e de atitude desse outrora chamado “brasileiro cordial”, ao tranformar-se em um cidadão agressivo e quase violento?

Para alguns, tudo se explica em função da enorme crise econômico-social-política e ética que tomou conta de toda a sociedade brasileira e já se faz presente, de forma quase impiedosa, nas famílias brasileiras, como um todo.

A crise gerou desemprego, redução da renda disponível das familias, desmantelamento de projetos, suspensão ou adiamento de sonhos como o da casa própria, além de endividamento crescente e, pelo que se percebe agora, até mesmo por um certo ar de cansaço, por parte dos brasileiros, na busca de alternativas para a sua sobrevivência. Luta essa  que hoje domina a maioria das 12,5 milhões de familias afetadas pelo desemprego e dos milhões de empreendedores que viram frustradas as suas expectativas de consolidação dos seus próprios negócios.

Há também a explicar tais atitudes mais agressivas e beligerantes, talvez a própria indignação causada pelo Mensalão e pela Lava-Jato, que embora estejam passando o país a limpo e pondo a descoberto tantos mal feitos, tantos gestos de corrupção e de esperteza praticados pelas elites, tem repercussões no “mood” da sociedade brasileira.

Parte dessa atitude beligerante de grupos sociais  tem sido provocada também, por gestos de desrespeito a comportamentos e atitudes éticas esperados por parte das elites ou de agentes públicos  e que, numa total desconsideração para com a sociedade, adotam tão reprováveis gestos. Foi, por exemplo, agora mesmo, a atitude tomada pelo Governador do Piauí que, havendo acordado com os demais governadores e com o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que iria convencer os seus pares, parlamentares do PT, a apoiarem a proposta negociada de distribuição das receitas do projeto de repatriação de recursos a qual, representaria um significativo alívio às alquebradas finanças estaduais e municipais, como diz o ditado nordestino, “mijou na rabichola”!

Pois bem! Para surpresa de todos, não é que o nobre Governador, ao invés de assim agir, fez o inverso, talvez intentando, com isso, abrir espaço, quem sabe, nessa lógica perversa de esperteza, buscasse   forçar a renegociação  da PEC que aprovou o limite de gastos e do teto de crescimento da dívida?

Nessa linha pediu votos contra o acordo que ele havia previamente sancionado, deixando o Presidente da Càmara dos Deputados com a “brocha na mão” e os governadores “chupando o dedo”!

A atitude aética e reprovável do governador, lamentavelmente,  não difere da quase totalidade das atitudes tomadas pelo PT, em momentos fundamentais para  o País como foram as Diretas Já, a eleição de Tancredo Neves, a Constituinte, o Plano Real, a aprovação dos fundamentos da economia e, em tantos outros momentos!

Nem em tais circunstâncias quando se esperava que as esquerdas agissem objetivando o interesse maior do país e não se amesquinhando na  busca de atender aos seus propósitos politicos, ideológicos e partidários, a sociedade se viu frustrada.

E, essa tendência, muitas vezes patrocinadas de forma explicita, por lideranças da dimensão do próprio  Lula, de promover o confronto e a criação de um ambiente do “nós contra eles” ou o propor o chamado confronto com a “elite branca”, além de instilar o ódio, foram elementos estimuladores  de uma proposta de luta de classe e do confronto belicoso entre as partes. E o pior é que, para mobilizar filiados e adeptos, valem-se de argumentos frágeis e, muitas vezes, desprovidos de uma sustentação teórica e, até mesmo, de natureza ética, para intentar manter o discurso e os seus objetivos de poder.

Assiste-se, pela mídia, na atitude de simpatizantes da esquerda, nas manifestações de rua e na chamada oposição nos parlamentos, como ocorreu  nas discussões do “impeachment” de Dilma, não a busca de gerar propostas e caminhos alternativos ou a defesa da própria ex-presidente, mas a atitude estéril e, muitas vezes, intelectualmente pouco honesta, de questionamento do que o chamado “outro lado” propõe ou busca implementar.

Talvez, nessa atitude de plantar ressentimentos,  mágoas e insistir no conflito “elite branca versus oprimidos e esquecidos” e ao propor antagonismos numa sociedade onde tais características nunca estiveram tão presentes como agora, só leva a crer que o partido, defenestrado ou apeado do poder, destine toda a sua energia, todo o seu empenho e tudo o que poder, em termos de articulação e de mobilização política, com vistas a desmoralizar a chamada elite branca ou o outro lado!

E isto é deplorável e lamentável pois não é o que os brasileiros almejam!

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