QUEM CAI PRIMEIRO?
As informações que estão sendo divulgadas pela Anistia Internacional sobre as execuções de opositores ao regime de Marmoud Armadinejah, do Irã; a repercussão, de ampla reprovação, da forma como estão sendo tratados os chamados “presos de consciência” de Cuba, com os protestos das mulheres de branco contra o governo, em face da greve de fome de vários cubanos; os descalabros cometidos pelo Coronel Chávez, na Venezuela, antecipam o que poderá ocorrer, em breve, nesses respectivos países.
Isto porque, recentemente, foi divulgada pesquisa realizada por um Instituto Latino-americano de Estudos sobre Democracia, avaliando o sentimento das populações, dos vários países latinos, no que respeita à democracia e a sua prática. Na referida pesquisa, cerca de 53% dos latinos não querem e não acreditam na possibilidade de serem restaurados regimes autoritários, via golpe militar, em seus países. Apenas 34% ainda temem que possa vir a ocorrer tais rupturas institucionais via golpes militares, porquanto, diante de manifestações de Chávez, de Evo, de Rafael Caldera, de Fernando Lugo e de Daniel Ortega, há ainda quem tema uma “recidiva” do que ocorreu, em passado relativamente recente, na América Latina.
Corroborando com tal sentimento, dois fatos devem ser considerados para que não se espere a reinstalação de regimes de força na região. O primeiro deles é que, os militares, como instituição, não querem mais “pagar o preço” do enorme desgaste, diante da sociedade civil, como sói ocorrer com os militares brasileiros e nem as forças armadas dos demais países, estão dispostas a serem manipuladas por tiranetes e títeres que usurpam o poder em nome de resguardo das próprias liberdades civis que eles acabam por cercear.
Assim, pelo andar da carruagem, é bem provável que, em breve, mais do que se imagina, o regime do Irã entre em crise e Armadinejad seja “apeado” do poder, dado o nível de revolta do povo e da falta de equilíbrio e de consistência da aliança dos aiatolás, entre eles mesmos e, de seu apoio, ao atual presidente. Assim a “bola da vez”, em termos de derrocada do regime, será, com certeza, o Irã. Falta ao país apoio internacional já que Rússia, Estados Unidos, Japão, União Européia, China e outros menos votados, estão todos, em uníssono, contra a política nuclear do país e reagem, negativamente, aos abusos perpetrados em termos de desrespeito aos direitos humanos.
Na sequência, é bem provável que caia a República Bolivariana Socialista de Hugo Chávez, diante dos desmandos em termos de desrespeito às liberdades civis, da opressão sobre intelectuais e jornalistas bem como pela perseguição constante às redes de televisão e rádio, além da enorme crise econômica que hoje domina o País e impede o seu Presidente de vender mais sonhos e esperanças ao seu sofrido povo. Portanto, dificilmente a “ditadura” chavista, inclusive com os seus problemas com a Colômbia, terá mais as simpatias de vários países sulamericanos, a não ser de Cuba! Sendo assim, na sequência de possíveis quedas de regimes, ao bolivariano seguirá a queda do regime conhecido como o dos aiatolás!
Finalmente Cuba, com a “ausência”, como liderança carismática, do Comandante ou “Coma Andante” para os adversários do regime, aguentará todas as pressões internas que, embora haja um processo de repressão violenta, não temem as retaliações, prisões e outras privações que o regime impõe aos seus dissidentes. Assim, Cuba, com a queda do regime, mostrará, ao mundo, o que os 50 anos de revolução garantiu de melhoria de qualidade de vida aos cubanos, quanto avançou no apoio aos direitos sociais e quanto “plantou” de bases para apoiar um desenvolvimento sustentável e continuado.
Aliás, quanto a este último ponto, o que parece, segundo relatos fidedignos, nada de base de logística e de estímulo para o fomento de negócios, foi realmente feito. Alguém há de observar que países como a Argentina, encontram-se em crise institucional e econômico-financeira bem mais grave que tais países mencionados o que, de certa forma, poder-se-ia esperar destino mais dramático que os do Irã, de Cuba e da Venezuela.
Na verdade, até mesmo os países africanos, com algumas graves exceções, estão intentando buscar o desenvolvimento apoiado em, ainda frágeis, mas democráticas instituições. Já nos países latinos, até a alteração da Lei Maior para buscar a perpetuação no poder e um terceiro mandato, tem sido a prática mais observada gerando, como era de se esperar, o caldo de cultura necessário para que se fomente situações de confronto entre o poder estabelecido e importantes segmentos da sociedade civil. É esperar para ver e para crer!
Asa,
Sempre precisas as suas análises e agregando algo que o analista não havia se dado conta. Na verdade, em tais teocracias, a tendência é que os grupos religiosos se revezem no poder até o esgotamento do modelo de condução da coisa pública com tanto cerceamento das liberdades civis.
Acredito que o cenarista, baseado na análise histórica e na atual conjuntura política de Cuba e Venezuela, estabeleceu um quadro bastante claro da previsibilidade das debacles polítcas que deverão acontecer na América Latina e que levarão a diversas alterações – como diz o autor, pela via democrática – nos atuais quadros governistas de outros países vizinhos. Por outro lado, deve ser observado que o Irã – talvez na única característica em que se parece com Israel – ser um país onde a religião comanda os governos e que os governantes sempre estarão alinhados com o pensamento da classe religiosa fundamentalista que controla a maioria dos votos no país, devendo, por isso, manter o poder por mais um bom tempo, apesar das resistências das grandes potências.