Scenarium de 03/06/09

LULA: CADA VEZ MAIS CADA VEZ!

O Presidente Lula é um homem marcado por muita sorte, muito carisma e muito talento para perceber as oportunidades e saber delas tirar o melhor proveito. A última e incisiva declaração dele contrária ao terceiro mandato, inclusive dizendo que seria algo contra a democracia, calou bem nos “corações e mentes” pois mostrou a extrema competência no sentido de não se desgastar nem inviabilizar a sua candidata, Dilma Roussef.

Por outro lado, o seu prestígio, apesar da crise, volta a subir e atinge, segundo algumas estimativas, a 81% entre bom e regular. Além disso, assiste a sua candidata, apesar da doença, subindo na preferência popular, notadamente nas áreas de baixa renda onde os programas sociais de Lula – as máquinas de fazer votos – estão muito vivas e atingem a mais de 65 milhões de pessoas.

Embora Dilma tenha crescido nas avaliações ainda enfrenta duas grandes dificuldades: cuidar da saúde e reduzir a sua taxa de rejeição, hoje bem superior a de Serra e a de Aécio.

Diferentemente do que se imaginava ou da tradição popular de que, “toda vez que um político entra em uma ambulância é uma eleição perdida”, parece que as pessoas tem hoje uma outra percepção da doença e acreditam na recuperação de quem foi vitimado ou pela mídia ou pelos adversários ou pelas trapaças da sorte. É o que parece ocorrer com Dilma e, segundo informou a este Scenarium o Senador Elizeu Rezende “se José Alencar resolver ser candidato ao Senado por Minas, será imbatível!

Portanto, Dilma bafejada pela sorte, pelos auspícios de Lula, pela exposição à mídia e pela ausência de candidaturas oposicionistas já postas, tende a crescer. Vai chegar a um teto? Ninguém sabe pois se a oposição continuar sem discurso ou com um discurso não popular, então o que se verá será Serra usando o seu plano B, ou seja, buscando a reeleição e, Aécio, saindo de candidato pelas oposições! Aí se testará se Lula terá capacidade de transferir ou de não transferir votos.

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RENAN É “O CARA”!

O rolo está feio porque agora não é mais um confronto entre oposição e governo mas de governo contra governo. O novo homem forte do Senado, o homem que realmente dá as cartas, Renan Calheiros, não quis Mercadante na CPI e conseguiu o “nihil obstat” de Lula para o veto. Agora não quer mais o seu antigo fiel escudeiro, Senador Romero Jucá, como relator pois o acha muito envolvido com a “tchurma”do PMDB da Câmara com quem Renan tem sérias divergências.

Por outro lado, Renan não quer que PT e PMDB tentem envolver em alguma maracutaia o seu protegido, presidente da Transpetro, Sérgio Machado, no decorrer das disputas na CPI. Pelo jeitão, a turma da Câmara, notadamente a do Rio, não poderá apresentar a “fatura” ao governo pois que Renan não permitirá tal espaço. Por tal razão Renan quer que porque quer entregar a Relatoria a alguém de sua total confiança e dependência. E, do jeito que vai, se a Petrobrás e o PT não forem abusivamente arrogantes, poderão preparar-se melhor para os embates e neutralizar, até mesmo a ação do TCU, que deve favorecer a própria CPI.

Na verdade, esse atrito entre Renan, Romero Jucá e Mercadante está parecendo para alguns tratar-se de lorota pois está tudo acertado entre eles para a operação “abafa” da CPI, conduzida pela habilidade, competência e talento de Lula e Renan.

Por fim, como disse o Senador Jarbas Vasconcelos que “se o Obama conhecesse melhor o Brasil diria que o cara não é o Lula mas sim Renan Calheiros”.

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E A CRISE? PASSOU? ESTÁ PASSANDO? VAI VOLTAR?

As bolsas estão bombando – 45% de ganho no ano –; os investimentos externos chegando como se não houvera crise no Brasil; as reservas cambiais ultrapassando os 205 bilhões de dólares; o dólar derretendo; os exportadores chiando; os devedores em moeda externa vibrando e os importadores voltando a comprar relativamente forte lá fora. Imagine se o governo fosse mais responsável com os gastos públicos; se tivesse capacidade de fazer a incompetência gerencial dos seus quadros abrir espaços para o PAC andar e se não contasse com a burocracia, a irresponsabilidade e leviandade de quem comanda questões ambientais, indígenas e quilombolas, seria bem provável que os dados da economia brasileira já mostrassem uma reversão mais significativa das tendências da economia.

Mas, como Deus é brasileiro e o presidente Lula nasceu com o “fiofó” para a Lua, chegaremos a 2010 relativamente bem na foto, apenas deixando para as próximas gerações as reformas institucionais que realmente poderiam preparar o pais para um novo tempo.

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