TEMER, O EQUILIBRISTA!

O Brasil, como um país emergente, apresenta uma particularidade, qual seja, por estas plagas, muitas vezes as crises políticas viajam ou tiram férias ou, pelo menos, dão uma trégua num feriado longo ou num fim de semana mais “espichado”. Parece que, para confirmar a hipótese, as coisas ou últimos eventos da cena politico-institucional caminham nessa direção. No balanço finnal dos impactos da dita “monumental” crise que se anunciava, com possíveis e potenciais reflexos extremamente penosos sobre a economia nacional; quando se esperava uma verdadeira “debacle” para o Brasil, pondo a perder tudo aquilo que, com tanta dificuldade, se estava construindo; quando a recomposição e a recuperação não apenas dos fundamentos da economia mas da destrambelhada máquina pública, a surpresa foi exatamente que a repercussão foi bem menos impiedosa e até mesmo, de uma certa forma, até favorável ao curso dos acontecimentos.

A bolsa de valores, após um susto enorme num primeiro momento, foi se ajustando e, no “frigir dos ovos”, caiu, se não houver engano do cenarista, apenas 2,8%, tanto é que fecha a semana que ora se encerra, aos 63 mil pontos. E o dólar, que sempre mostrou grande sensibilidade em situações como essa, apresentou alta de apenas 1,5%! Tudo dando a entender que a economia brasileira conseguiu o milagre de descolar-se, quase que, totalmente, do cenário político-institucional  e passa a seguir o seu itinerário como que apostando na solidez de tais instituições.

E isto é algo notável e extremamente promissor para o futuro do País porquanto alguns indicadores dão uma demonstração de que a tendência que se apresenta mostra um quadro em que se pode depositar certa confiança de que a economia marcha para uma circunstância que favorece expectativas de um futuro melhor que os dias passados. O agronegócio cresce celeremente, o setor externo faz significativos ganhos via um desempenho excepcional das exportações e o ingresso de recursos externos continua a todo o vapor. A economia, no trimestre, dá uma volta por cima, cresce a 1%, o emprego começa a retomar, embora lentamente e, os investidores voltam a rever seus planos de negócio.

Assim, estranhamente, para um País que quase estaria fechando para balanço na última semana, com um presidente quase deposto, de repente a realidade parafraseia o verso do poema de Castro Alves: “Tudo marcha oh! grande Deus! As cataratas para a terra e as estrelas para os céus”!  De repente, como num passe de mágica, a momentosa crise como que se esvai, embora na sua esteira ainda estejam abatidas muitas de suas vítimas, como os 14,5 milhões de desempregados e as milhões de famílias que sofreram as agruras da crise. Isto parece que permitirá aos brasileiros recriar esperança e viver novos sonhos.

Claro que os indicadores não são suficientes por si só para alimentar certezas mas podem alimentar a esperança de que esses 1% de expansão da economia verificado no primeiro trimestre se mantenha e, até se potencialize, gerando uma expansão bem maior do que os 0,5% previstos pelos economistas para este ano. Mas, com certeza, já se tem a convicção de que a inflação ficará abaixo da meta, o gasto público estará mais disciplinado, o desemprego será reduzido e, entrar-se-á em 2018 voltando a crer que o País tem jeito. O fato singular é que na esteira de destruição, de desorganização e dos profundo estragos criados para a economia brasileira, como que assemelhando-se ao que ocorreu quando Átila, Rei dos Hunos, na sua barbárie, ao invadir a Europa, foi disseminando o desmantelamento de tudo e de todos, começa a ser revertida e valores éticos são retomados, a máquina pública reorganizada, a economia reestruturada e a esperança voltando, muito timidamente, a renascer.

Apesár de todos os rombos, dos desvios de conduta, da corrupção de valores e da falta de compromisso ético que se assistia no comportamento dos agentes públicos,  até um ano atrás, por parte da maioria dos dirigentes públicos, não é que tenha havido uma completa lavagem de roupa suja e uma nova ordem e uma nova ética tenham surgido mas, ao que parece, os ousados na esperteza ficaram um tanto cabreiros e, com certeza, ainda estão a se perguntar se a impunidade voltará e se a justiça só se fará contra os pobres e os desvalidos.

Na análise das perspectivas políticas, o equilibrismo de Temer, a sua capacidade de articulação, de composição e de negociação aumentam a sua “esperança de vida no poder” e, para desespero de quem queria, de imediato, o seu lugar ou para os petistas que gostariam de retomar o poder, as coisas estão ficando cada vez mais difíceis. Temer, pelo jeitão, não cai ou teimosamente, se mantém e negocia fórmulas políticas de chegar ao fim do seu mandato em 2018. Se Temer é um impecilho para tais projetos, a retomada da economia, a volta do crescimento, a redução do desemprego e a melhora do ambiente econômico estimularão novos investimentos quer internos, quer externos.

E, pelo andar da carruagem, a extema habilidade política e negocial do Presidente, a sua teimosia e determinação; a frieza com que procede os ajustes da máquina de governo de de seu respaldo político, mostram, à larga que, dificilmente ele será apeado do poder. Isto porque qualquer acordo para que ele fosse substituído por outro líder político, dependeria de três condições: a primeira, seria que Temer aceitasse renunciar o mandato para facilitar uma transição de poder, hipótese que estaria muito longo de se concretizar pois Michel acha que tendo conquistado, legal e legitimamente, o poder e estando realizando um governo cujos indicadores da economia mostram que a política está no rumo certo, assim ele não veria nenhuma justificativa para tal gesto.

Em segundo lugar, os acertos e os ajustes feitos no campo do apoio político-istitucional e a virada que já se observa do clima no Legislativo, nos tribunais superiores, particularmente no TSE, fazem com que as chances de seu processo receber um providencial pedido de vistas e, consequentemente, conseguir a transferência de sua discussão para após o recesso. Se assim ocorrer, Temer já deverá ter costurado uma decisão que lhe seja favorável e lhe dê fôlego até as eleições de 2018.

Finalmente, os resultados esperados para a economia, já no início do segundo semestre, podem criar um clima mais que favorável no País e permita que Temer venha a conquistar até mesmo, um certo apoio da sociedade, o qual  lhe dará o fôlego necessário para ampliar o respaldo político-institucional  e parlamentar para novas reformas e mudanças fundamentais à economia.

É esperar para ver!

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