UMA AUSÊNCIA PROVOCADA PELA FRUSTRAÇÃO E O DESENCANTO!

Os últimos dias não foram apenas deveras tumultuados e confusos mas, para os que tem espírito público, responsabilidade cívica, amor e respeito por esta velha pátria amada, tempos difíceis, frustrantes e de desencanto, foram a marca maior. E tudo isto provocou, no cenarista, um sem vontade e um sem ânimo, para intentar interpretar a cena, os seus desdobramentos e buscar alimentar a esperança de que o pais se sairia, muito rapidamente, desse terrível imbroglio.

Hoje, o cenarista, daqui do Nordeste, onde parece que os seus dramas já ocupam, quase a totalidade  das mentes e corações da sua população, a questão Brasil não parece preocupar tanto, dando a entender que a região estaria como que, descolada do País, vivendo os seus próprios problemas, que já são enormes. Aqui as secas periódicas e sistemáticas, já não são tão impiedosas e desorganizadoras da vida das pessoas como num passado não muito distante. Não que a falta d”agua não continue tão dramática quanto no passado, muito embora ações isoladas de integração de bacias hidrográficas, da construção de centenas de milhares de cisternas e a ação mais rápida e objetiva do poder público, em prover água para consumo humano, via carros-pipa, fez com que a população não precisasse abandonar os seus lares e as suas cidades.

Também, dois fatos, os mais relevantes, contribuíram para que não mais se assistisse a procissão de miséria, de fome e de desespero que a chamada “triste partida”, contada em prosa e verso pelo poeta Patativa do Assaré e interpretada por Luis Gonzaga. O  primeiro deles , foi a intensificação da ação da Previdência, a partir da criação da previdência rural que, aliada a programas compensatórios de renda, particularmente o chamada bolsa-familia, garantiram a renda mínima para a sobrevivência condigna dos nordestinos do sertão. E isto mudou a paisagem, o ambiente e garantiu a sobrevivência dos pequenos negócios e, por certo, ajudou até na dinamização da economia dos estados como um todo.

Este ano, parece que após os cinco anos de seca, a natureza daria uma trégua e faria uma pausa nesse itinerário de sofrimento  mas , infelizmente, duas coisas se sentem por aqui. Não se tem noção de que venha a ocorrer fartura como em alguns raros e bons anos de inverno do passado. Em segundo lugar, após esses longos anos, os principais e maiores reservatórios, estão muito longe de encherem e, muito menos, de “sangrarem”! Ou seja, nenhum deles atingiu a cota mínima de  sustentabilidade! E o pior é que, em alguns lugares, parece que poderá vir a ocorrer a chamada “seca verde”.

Apesar da economía regional ter sido mais dinâmica do que a brasileira nos últimos vinte anos, a desigualdade de renda ainda continua significativa e. ao que parece, não tende a se reduzir a níveis mais intensos. É claro que a dinamização da atividade turística, a maturação de investimentos de porte com significativos efeitos multiplicadores de renda e da atividade economica, como o Complexo de Suape e o Porto do Pecém, já esboçam seus efeitos e impactos, é lamentável que investimentos federais como as refinarias da Petrobrás previstas para o Maranhão e para o Ceará tenham sido suspensas pois a aceleração do crescimento poderia vir a ser mais acentuada.

Mas, o que ainda preocupa é a questão de água — água para o povo beber; agua para os animais beberem e agua para o desenvolvimento das culturas! —  muito embora a implantação da Transposição das Águas do São Francisco já venha dando os primeiros resultados, alento maior, para a solução do problema, será a implantação da transposição de aguas do Tocantins, aliada a otimização da integração das bacias hidrograficas e a recuperação de poços artesianos.

Se estas questões são ainda preocupantes como a falta de uma política de transformação e desenvolvimento regional, parece que são os fenômenos mais recentes que mais preocupam os nordestinos.  A acomodação de populações jovens vivendo da renda dos velhos ou da bolsa familia e entregues não apenas ao ócio, mas ao crack e presos a um celular, estão  potencialmente prestes a ingressar na criminalidade. Uma legião de desempregados e de desocupados,  um nem-nem, nem estão empregados e nem procuram emprego, representa um balanço de  frustrações e de desperdícios.

Assim, desse sofrido Nordeste, notadamente dessa pequenina e heróica Paraíba, berço do romance regional a partir  da magnifica obra de Josē Américo de Almeida, notadamente do romance A Bagaceira, o cenarista tenta imaginar o amanhã imediato do País, envolto nesse enorme drama politico-institucional. E, no otimismo que lhe é tão característico, acredita, piamente, diante da volta à quase normalidade da economia, que, descolada que ela está da crise, a retomada  dos níveis de desempenho, do início da semana que passou que, a solução para o impasse politico deverá ocorrer ainda  nesta próxima semana.

Ē provável que Temer aguarde até o dia 6 para uma decisão pessoal de renunciar ao mandato e que o Congresso escolha, entre Alkimim e Tasso, o nome para assumir o cargo de Presidente para o cumprimento do restante do mandato de Temer e, com isso, o País volte a normalidade.  São esses os votos de alguém  que, mesmo com tantas frustrações e desenganos, continua a acreditar e apostar nos destinos da pátria amada. Por incrível que pareça o cenarista acredita que tudo vai acabar dando certo.

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