KIRCHNERISMO, LULISMO E CHAVISMO. O QUE HÁ EM COMUM?

Sempre o cenarista procurou encontrar afinidades entre os movimentos políticos que ocorrem em países da América Latina, em que pese o seu interesse maior e particular no caso brasileiro. De um modo geral, quando surtos autoritários surgem, especialmente no Brasil, daqui a pouco, não só a Argentina como vários países da América do Sul e da América Central, tendem a seguir tais tendências. Excetuam-se, em especial, a Costa Rica, mais o Canadá e algumas nações na América Central que também não tendem a acompanhar tal processo.

Se agora já não é o autoritarismo quem toma conta do cenário político da região, o que se sente e assiste é que se  instalou uma espécie de onda populista demagógica que perdura já por vários anos, até agora. Parece que, lamentavelmente,  essa foi a opção preferencial que se estabeleceu para a região pela maioria das nações mas que, agora, parece estar apresentando um processo de exaustão e esgotamento.

Macri, o jovem presidente da Argentina, tem se mostrado extremamente hábil, paciente e um competente negociador diante das dificuldades que se colocam, politicamente,  as suas propostas de mudanças institucionais e de modificações nas políticas públicas requeridas para que o Pais retome o caminho do crescimento e da modernização econômico-social. Isto porque a Oposição aqui montada tem os traços das estratégias estabelecidas pelos grupos populistas em qualquer lugar do mundo.

Já que o cenarista encontra-se em Buenos Aires, aqui, logo após as eleições primárias realizadas faz uma semana, um pesado legado do peronismo que Kirchner e sua mulher conseguiram reavivar na forma de um populismo muito particular e personalístico, criou e ainda cria embaraços ao projeto de transformação pretendido pelo Presidente.

Na verdade, as  sérias dificuldades que Macri enfrenta, não apenas para desaparelhar o estado dos sindicalistas que o ocuparam durante os governos da familia Kirchner, bem como também proteger o estado de permanecer na inviabilidade da garantia  de uma proposta de um estado do bem estar social, excessivamente generoso e dadivoso! Ao lado de tais licenciosidades,  O povo assistiu, em todos esses anos, um governo demonstrando uma frouxidão e um desinteresse em buscar  renegociar as concessões populistas e demagógicas feitas por um estado, deveras benevolente. As práticas clientelistas  ensejaram, levaram o poder público a um estado pré-falimentar e conduziram a um total descrédito no exterior. As mudanças pretendidas não poderam ser nos limites do essencial porquanto a oposição dos kirchneristas no Congresso, buscoue manter privilégios inaceitáveis desfigurando, com isto, as propostas iniciais de Macri.

aAgora mesmo, no primeiro turno das eleições chamadas primárias da Argentina, a vitória do governo foi magra e dependeu, fundamentalmente, do prestigio da governadora da província de Buenos Aires, uma mulher com liderança, carisma e competência politica, aliada que é de Macri.  Maria Eugenia Vidal, com sua credibilidade e trânsito junto as elites e aos trabalhadores, consegue ter palavra de tal forma a dar qqa sustentação  e os votos a Macri. Assim a Argentina,  mesmo com a ainda significativa presença do populismo justicialista e a ainda marcante a força  frente politico-partidária do peronismo, caminha e já começa a sair acreditar da profunda criseq e a do Tribunal  Federal do Rio Grande Do Sul, quando tem estabelecido penas severas a políticos, empreiteiros, funcionários públicos e outros que incorreram em erros que geraram enormes prejuízos ao Erários .

O caso brasileiro parece marcar-se por um quadro e um ambiente que dá a sensação de que o lulismo voltará a assumir o poder, devolvendo toda a escalada de problemas e dificuldades que hoje estão sendo enfrentadas pelo governo Temer, inclusive com as características que o kirschnerismo marcou a vida dos argentinos. Aqui, ao tempo do Lula-petismo, o estado foi aparelhado de forma quase ampla pelos representantes do PT e do sindicalismo e, as políticas populistas,  marcaram os grandes programas sociais que, num primeiro momento, propiciaram a redução da miséria e a redução das desigualdades sociais, mas que, ao fim e ao cabo, produziram distorções e enormes desequilíbrios na estrutura econômica do País. Isto ocorreu num segundo momento, fundamentalmente no governo Dilma, máxime no segundo período, quando se  gerou a desestruturação das finanças públicas e, depois, um processo e uma scrise com uma recessão que produziu uma redução, em dois anos, de 10% do PIB nacional e a geração de 14,5 milhões de desempregados.

E, a atual cruzada da midia contra o governo Temer, a transferir os erros e os resultados negativos alcançados pelo governo Dilma, atribuindo-os agora a Temer, parece representar uma ação orquestrada por alguns meios de comunicação portentosos, no sentido de operar uma cruzada de um “volta Lula”, ou já agora, de imediato, ou nas eleições de 2018. Tudo parece conspirar nesse sentido na proporção em que Lula ainda dispõe de importante capital político e, a campanha, em cima de Temer e agora tambem de Dória, busca comprometer os nomes dos dois possíveis e potenciais mais viáveis concorrentes de Lula.

Na verdade a campanha pró-Lula busca também desacreditar o judiciário procurando promover um conflito aberto entre procuradores e a Polícia Federal e a busca de uma desmoralização da justica, notadamente dos juizes de primeira instância, como uma forma de minimizar os pecados cometidos por Lula. Na verdade a campanha que a Rede Globo incorporou no sentido de favorecer Lula, já mostra traços de que caminha no sentido de desmontar e desmoralizar a Lava Jato.

E tudo o que ora ocorre no Brasil com essa luta do “Volta Lula”, assemelha-se muito a tendência de fazer reerguer o peronismo ou o justicialismo e encontra também elementos numa proposta que não caminhou bem e vive os seus estertores que foi a volta de um chavismo sem Chaves na Venezuela. Ali Chaves assumiu o poder com um país rico e Maduro teve a competência de torná-lo pobre, desorganizado e politicamente desestruturado e sem amanhã.

Portanto a história desses três governos populistas, marcados por lideranças carismáticas e com profundo apelo popular, mostraram que suas políticas de mudanças institucionais não eram providas de conteúdo e os seus projetos aparentemente de grande conteúdo popular, nada tinham de concreto e viável, representaram alternativas que, simplesmente, desmontaram o governo, desequilibraram as finanças públicas  e desorganizaram a vida nacional.

A hora, notadamente para os brasileiros, é de uma profunda reflexão critica sobre o que esperam os brasileiros, porquanto os indicadores de como foi construído  o passado, não permite antever desdobramentos que garantam propósitos que permitam que se vislumbre a construção de um processo transformista capaz de permitir a retomada do crescimento com modernização das instituições  e com ganhos sociais relevantes.

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