UM MOMENTO APARENTEMENTE INUSITADO!

Após mais de um mês de governo; dez desmentidos de declarações do Presidente; duas demissões de nomeados para o alto escalão; vitórias com repercussão popular, como a prisão de Cesare Battisti; também marcado por fatos deveras desgastantes para o País, como foi o caso da tragédia de Brumadinho e o deprimente espetáculo proporcionado pelos senhores senadores, as pesquisas de opinião ainda estão mostrando que 67% dos brasileiros estão otimistas com o governo e com o futuro do País. E tais dados dão a sensação de que as coisas podem muito bem vir a dar certo, independentemente do julgamento que a mídia e os analistas políticos façam ou fazem de Jair Bolsonaro. Ademais, a chamada sobrepopulação de “milicos” em cargos e posições estratégicas do governo e, diga-se de passagem, num governo eleito legitimamente pelo voto popular, é levantada, de forma pouco positiva, pela mídia, com o objetivo de buscar gerar desgastes ao Presidente. 

Pela sua formação e pelas suas convicções, Bolsonaro apostou quase todas as suas fichas nos valores que ele avalia estariam presentes na cabeça dos “milicos” de “alto coturno”! Na verdade o presidente procurou, nos generais convocados para o seu governo, aqueles que demonstrassem a maturidade, a experiência e a sensibilidade política desejadas ou, até mesmo, exigidas para o exercício de tais funções públicas. E, ao que parece, tem encontrado tais valores nos auxiliares já nomeados! Para Bolsonaro o mais importante é que, a demonstrar tais presumidos acertos das escolhas, até agora, sem mudar as suas convicções, os milicos eleitos para ajudá-lo,  nenhum deles cometeu equívocos, gafes e erros ou fez declarações que criação situações embaraçosas para o governo e o seu presidente.

Ou seja, não há o que questionar das escolhas feitas por Bolsonaro. Pelo que se pode constatar os deslizes que porventura já ocorreram se deram, até agora, em declarações ou gestos de alguns ministros civis, como foram as declarações e conceitos expendidos pela Ministra Damares Alves, pelo Ministro das Relações Exteriores, Eduardo Aragão e pelo colombiano, Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez. Mesmo em tais casos, nada compromete ou comprometeu o governo Bolsonaro. E, pasmem, nenhuma inabilidade dos militares se verificou até agora!

O que se deve avaliar e deve preocupar é como esse governo, sem acordos partidários, conseguirá aprovar, no Congresso, matérias difíceis e com opiniões as mais conflitantes ou contraditórias, como é o caso da reforma da previdência e da reforma fiscal! Alguém argumenta com o fato de que, um novo governo e, em face da da renovação ocorrida na Câmara e no Senado; diante de um parlamento marcado pelos “sentimentos” expressos pelas manifestações de duras cobranças, pela sociedade civil, nas redes sociais; e a cobrança que as corporações militares farão, em termos éticos, ao governo, que conta com uma presença muito forte de oficiais generais, são condicionantes que deverão servir de referencial  e que poderão facilitar o desempenho e a ação do novo Congresso.

Parece que tais ponderações  são pertinentes e oportunas pois que, o êxito do governo dependerá do que conseguirá aprovar no Congresso de matérias institucionais como as reformas desejadas e, do tipo de comportamento que esse renovado Congresso irá adotar. E, o que ocorreu no primeiro dia de funcionamento do Senado Federal, foi um triste e decepcionante espetáculo. Foi uma grande decepção e desencanto por um lado e, por outro, parecia frustrar-se a esperança de que a renovação ali ocorrida permitiria que a seriedade e o compromisso público viesse a se sobrepor aos oportunismos, as espertezas e aos chocantes gestos de desequilíbrio e de insensatez que os brasileiros presenciaram pela Tv. E, diga-se de passagem, nada partiu dos novos senadores mas de velhos, presunçosos e espertos veteranos da Casa que não “se deram ao respeito” e produziram espetáculos vexatórios de toda ordem.

Aliás, ē fundamental que se diga que a atitude do jovem senador David Alcolumbre no comando da sessão preparatória quando mostrou equilíbrio, ponderação, dignidade e compromisso público diante de episódios tristes e deploráveis como, por exemplo, o ridículo que foi a agressividade e a atitude deselegante e deplorável da senadora Katia Abreu. Ao “roubar” a pastas e os documentos da ordem do dia e não devolvê-los ao Presidente da Mesa, protagonizou o mais triste espetáculo que a Casa poderia provocar. Foi arrogante, agressiva, autoritária, deselegante e desrespeitou todos os princípios e valores que a Casa se estabeleceu para que os conflitos de opinião se dessem nos limites de uma saudável educação doméstica.

Talvez, se não fora a inusitada e questionável decisão do Presidente do Supremo, tornando sem efeito uma decisão tomada por mais de cincoenta senadores de que a votação para a escolha do presidente seria em processo de voto aberto, a situação de Renan e Katia Abreu,  até aquele momento, já estaria definitivamente decidida. Ou seja, ambos seriam rejeitados pelos 50 votos, pelo menos! Juntando-se o comportamento agressivo e desrespeitoso de ambos, no confronto com o presidente da sessão, a tendência esperada era aquela que acabou se confirmando quando  eles receberiam “o troco” da truculência e da violência de suas atitudes e gestos.

As coisas só voltaram a normalidade efetiva quando, o decano ou o mais velho dos senadores, como de direito, Senador José Maranhão, assumiu o comando dos trabalhos e, subordinado a um outro clima, a sessão foi retomada, de forma respeitosa, sendo cumpridos os ritos e costumes que a convivência democrática dos parlamentos exige e pratica. Mas, efetivamente, as coisas só puderam ser discutida, com ponderação e equilíbrio, quando Renan Calheiros, colhendo indícios de uma derrota iminente, decidiu desistir da disputa e, com isto, retirando-se do plenário, permitiu que, com os ânimos serenados, as coisas voltassem a ser discutidas.

E, diante das desistências, orquestradas ou não, orientadas a derrotar Renan, fossem se manifestando, crescia a candidatura de Davi Alcolumbre como resposta dos novos senadores de que queriam que se instalasse um novo tempo onde a ética, a decência , o respeito mútuo e o respeito ao eleitorado, se fizesse presente. E, como que, para surpresa de muitos e alegria de uma grande parcela da população, o que era velho e ultrapassado ficou para trás e os novos senadores buscaram estabelecer uma nova ordem capaz de recuperar a credibilidade e o respeito, junto a opinião pública, que o Senado merece.

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