A CRISE SÓ AVANÇA E O “DAY AFTER” É A PREOCUPAÇÃO MAIOR

Cada dia que passa a crise apresenta novos desdobramentos e facetas. Amplia-se a lista de possíveis acusados dos mal feitos da chamada Operação Lava-Jato, estende-se o envolvimento para gente graúda e, longe de terminar “o arrastão” que leva a quase todas as lideranças de roldão, muita coisa podre vai aparecer.

Segundo uma expressão de estupefação e quase jocosa de um ministro do Supremo, “esse Lava-Jato é como se você encontrasse uma pena de galinha e quando puxasse, para seu espanto, viria não apenas uma pena mas uma galinha inteira”.

E, o pior é que, inexistindo compromisso e responsabilidade para com o País, muitas lideranças optam por ou  apoiar decisões de não tomar medidas fundamentais ou as desfigura-las, e, com isto, só alimentam a crise e inviabilizam o ajuste fiscal. Outras ainda talvez sejam considerados mais levianos quando só se preocupam em lançar Ideias ou projetos de poder que criam um ambiente parecido com o de 1961, o qual culminou com a renúncia de Jânio Quadros da Presidência do País. E todo mundo viu no que é que deu tal crise institucional a qual acabou resultando em 21 anos de estado autoritário.

Claro está que hoje, mesmo com todas precariedades, limitações e fragilidades, as instituições nacionais são bem mais maduras e toda essa crise ético-moral não as contaminará, pelo menos de maneira a gerar impasses institucionais insuperáveis. Mas, lamentavelmente, na medida em que o Parlamento não estabelece um mínimo de serenidade nas suas opções e decisões, amesquinham, com isto, o processo e o período, duração e dimensões da crise econômico-social serão imprevisíveis.

É relevante chamar a atenção para o fato de que a chamada Operações Mãos Limpas à brasileira, pelos seus desdobramentos e vinculações, já mostra que as empresas e políticos brasileiros envolvidos no escândalo, já provocam o levantamento de investigações assemelhadas em Portugal — a compra da Brasil Telecom pela Oi, envolvendo o ex-primeiro ministro português, José Sócrates, preso faz mais de um ano, por mal feitos assemelhados aos daqui! — questionamentos que serão feitos de obras feitas por empreiteiras brasileiras no Panamá; as denuncias e a delaçao premiada envolvendo a Siemmens e a Alstrom; os problemas de pagamento de propinas a empresa holandesa, alem de processos correndo nos Estados Unidos, mostram que o País precisa ser depurado e que a sociedade sinta que ” o crime não compensa” e que a impunidade não irá mais prevalecer.

Espera-se que toda essa crise aliada ao trabalho que faz a moçada do Ministerio Publico, da Policia Federal, os varios e jovens juizes espalhados país afora tenha, pelo menos, um efeito didático-pedagógico capaz de fazer com que a lógica da contravenção, da esperteza e da pratica de pequenas contravenções que tanto infelicitam o pais e contaminam as relações entre pessoas, entidades e poder publico, sejam reduzidas na proporção em que a impunidade nao venha mais a ser estimulada.

Mas, a pergunta que fica no ar é quando isso vai acabar e quando as coisas voltam a operar sem os solavancos diários e as surpresas negativas de um noticiário que só gera frustração, desencanto e pessimismo a todos? E, como será o “day after”, se uma situação de impasse politico se criar e a Presidente for afastada? Esse recomeço não levará uma paralisia maior da economia e de seus ajustes, em função da mudança dos quadros dirigentes do País?

E o que preocupa, sobremaneira, e o deserto de homens e de ideias, porquanto nem as universidades, nem os sindicatos, nem a igreja, nem a area empresarial foram capazes de promover o surgimento de novos quadros, novos valores, novos lideres, capazes de assumir o papel ou os papeis dessa geração ou gerações que ora conduzem os destinos do Pais, que parece que fracassou no intento de construir uma sociedade assentada em valores  ético-morais e em compromissos politico-sociais com a cidadania responsável.

 

 

 

 

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