A HORA E A VEZ DA INCLUSÃO DIGITAL OU DA BANDA LARGA!
Segundo dados apresentados pelo Ministério das Comunicações, o acesso à internet, pela população brasileira, aumentou em 75,3%, entre 2005 e 2008, o que representa excepcional avanço. Hoje já são mais de 56,6 milhões de brasileiros de 10 anos e mais acessando a internet, contra 31,9 milhões, em 2005.
Apesar do notável avanço, o Brasil ainda fica atrás, na América do Sul, da Argentina com 48,9%, do Chile com 50,4%, do Uruguai com 38,3% e da Colômbia com 45,3%! Tal feito poderia ter sido bem maior se, em primeiro lugar, o nível de desigualdade de renda no Brasil não fosse bem superior aos demais países mencionados. E, também, se a escolaridade atingisse um número maior de brasileiros e tivesse uma qualidade melhor, provavelmente estaria o Brasil em situação bem melhor.
Por outro lado, o país teria avançado muito mais caso algumas ações houvessem prosperado no atual governo, a partir do momento em que foram gestadas. Quando este articulista era Secretário Executivo do Ministério das Comunicações apresentou, ao Gabinete do Presidente Lula, um programa de inclusão digital para o País, apoiado em quatro grandes projetos: 1. Computador para todos, através da redução de tributos, diminuição do custo de financiamento e acesso facilitado ao crédito, notadamente para pessoas que tivessem renda inferior a dez salários mínimos; 2. Um computador por aluno, uma idéia de garantir acesso a “laptop”, dentro da idéia desenvolvida pelo Dr. Negroponte, no sentido de garantir o “laptop” de cem dólares o que, se não se conseguiu em tal valor, surgiram uma série de alternativas, estrangeiras e nacionais, de um computador a preço mais acessível; 3. Transformação dos telecentros em Casas Brasil, com todos os serviços encontrados nos telecentros tradicionais, incorporando um esquema de multimídia, uma base de apoio cultural, o banco postal, entre outros serviços. Para tanto, integrar-se-iam os telecentros dos vários órgãos governamentais como Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa, Correios, Previdência, etc., de tal forma a otimizar tais “lan houses”, em termos de localização e atendimento de grupos populacionais; 4. Ampliar o escopo do GESAC – Governo: Serviço de Atendimento ao Cidadão – no sentido de atender, com recursos do FUST – Fundo de Universalização dos Serviços de Telefonia – que já acumula mais de 7 bilhões de reais, para aumentar o número de pontos de descida do sinal de satélite para o acesso à banda larga para áreas de educação, saúde, etc. hoje com mais de seis mil pontos, atendendo todas as escolas públicas, postos de saúde, áreas de fronteiras e regiões de baixa renda.
Algumas providências já foram realizadas em decorrência da determinação de alguns dedicados homens públicos como César Alvarez e André Barbosa, da Assessoria do Presidente Lula, e de Rogério Santana, do Ministério do Planejamento, que apesar de ideologizar a condução da universalização da banda larga no Brasil, deu, junto com os dois primeiros, notável contribuição para o alcance dos atuais resultados.
Por outro lado, o Congresso Nacional, em particular a Câmara dos Deputados, através de seu Conselho de Altos Estudos e da Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação, cumpriram excepcional papel, não só produzindo documentos da maior relevância não apenas para a compreensão da matéria pelos parlamentares, como votando matérias de elevada complexidade técnica e de profundo “enrosco”, em termos dos interesses comerciais em jogo. Mas, a aprovação do projeto do Senador Aluisio Mercadante sobre o FUST; o relatório sobre o estado da banda larga e as estratégias e políticas para universalizá-la e, por último, a aprovação do PL 29, que permitiu definir o marco regulatório da convergência tecnológica ou o “triple way”, com sérios conflitos de interesses entre tvs abertas, por assinatura, operadoras de telefonia, provedores de internet, produtores de conteúdos, etc., representaram grandes conquistas para a inclusão digital no Brasil.
O trabalho realizado é mérito de muitos e abnegados parlamentares, mas este cenarista, por ter trabalhado na área e ter sido um dos pioneiros na busca da disseminação da mais importante ferramenta de comunicação, difusão de cultura e conhecimento e de aproximação dos povos, tem o dever de ressaltar, entre os vários parlamentares, aquele que foi um dos mais dedicados políticos à concretização de tais feitos que é o deputado Paulo Henrique Lustosa. E se a classe política quiser garantir maior aceleração na participação dos brasileiros no acesso à banda larga, deverá aproveitar o ano eleitoral para estimular governadores e candidatos, com vistas a reduzir, substancialmente, a carga tributária que incide sobre a telefonia, notadamente para aqueles usuários de baixa renda. Se isto ocorrer, o impacto da redução dos custos de acesso à banda larga, acrescentará vários milhões de brasileiros ao processo de inclusão digital. É o que se espera dos governadores no ano que se aproxima da mesma forma que se aguarda que alguns imitem o Governador de Minas Gerais que, em acordo com as operadoras de telefonia fixa e móvel, está garantindo a chegada do celular em todos os pontos do território mineiro. E, com isto, as possibilidades de acesso à banda larga deverão aumentar, substancialmente!
Paulo,
Quem fez, quem faz e quem conhece sabe o que dizer e o que propor sobre tema tão relevante quanto este da inclusão digital. Hoje se sabe que, o diferencial de aprendizado de crianças que fazem uso da internet e as que não fazem, é de, em média 18 pontos percentuais a mais. Lutei muito pela implantação de um grande projeto de telesaúde tanto na época que estava no Ministério das Comunicações como na Funasa. Lamentavelmente a União e os estados, se desonerassem as contas de telefonia, pelo menos para a baixa renda, uma revolução poderia ocorrer. E o uso da energia elétrica para transmissão de dados que você batalhou pelo seu uso, continua uma alternativa na pauta do viável e do possível. Um abração e continue colaborando com a minha causa.
Muito apropriada a abordagem sobre a questão do papel da banda larga para a universalização do acesso à internet e seu mundo de informações e possibilidades. Mas os custos de comunicação para sistemas de banda larga individual no Brasil são proibitivos e elevados, em relação a outros países. A ANATEL é “cuidadora” de um milhonário fundo, o FUST, que tem servido há tempos à obtenção do superavit fiscal. Para investir dinheiro do FUST falta regulamentação. O Fundo é um dinheiro ilusório para a finalidade prática de universalização de acesso. Tecnicamente uma política de universalizar tecnologias como Wireless, ou as celulares bandas 3G, 4G e o futuro, eliminam o uso das grandes e congestionadas, senão saturadas, redes de telefonia fixa. Recentemente, tem sido desenvolvida a técnica de transmissão de dados via rede elétrica. Pessoalmente, na década de 70, fazendo meu curso de técnico em eletrônica, desenvolvi com um o amigo Sidney Oliveira, um protótipo de portaria eletrônica que usava a rede elétrica do predio para a transmissão de sinalização e de voz. Isto eliminava aquele incomodo de quebrar paredes para passagem de cabos para os terminais nas residências. Disse isso para confirmar minha confiança na uso da rede elétrica existente para transmissão de dados confiável. Diante disso, apoio integralmente o posicionamento do Dr Paulo Lustosa e espero que este e o próximo governo desonerize os serviços de comunicação e aplique efetivamente recursos do FUST no desenvolvimento da universalização do acesso em comunicação.