Postado em 1 dez, 2009
De repente e, mais que de repente, parece que até Lula cansou com esta atitude stalinista de transformá-lo em um deus, um mito ou algo que se coloque acima do bem e do mal. Parece que, para não “largar o osso”, aqueles que hoje fazem o poder, resolveram criar uma aura em torno de Lula capaz de endeusá-lo, de tal maneira que, até ele, Lula, esperto como é, desconfiou de tal atitude dos que se dizem seus amigos e companheiros. Se a gente tiver a pachorra de ler os que os “carinhas” estão falando, parece que as pessoas estão caindo em si e, numa antecipação daquilo que o país temia, agora começa a se tornar um mantra de muita gente. Veja o que diz o jornalista do Correio Brasiliense, Alon Feuerwerken: … “os seus companheiros apresentam-no como líder mundial indispensável, o homem que vai conseguir um acordo contra o aquecimento global, o estadista que alcançará a paz na Palestina, o visionário que trará um Irã nuclearizado para o concerto nas nações pacíficas, o líder que mostrará o caminho para uma nova ordem econômica mundial, etc.”.
Na verdade, nem Lula, esperto e vivo como é, vai acreditar nessa baboseira que só serve aos que se beneficiam do poder. Assim que largarem as tetas do poder, irão avaliar as coisas de maneira mais sóbria e resguardar o seu líder de tanta ridicularia.
Postado em 1 dez, 2009
Diante dos dramáticos eventos que marcaram a Guerra Civil Espanhola, Miguel de Unamuno, o grande escritor espanhol, assim se referia a sua tristeza e pesar diante dos descalabros e dramas provocados pela referida luta fratricida.
Agora, vivem os brasilienses, o pior dos seus momentos porquanto os episódios expostos pela televisão e, diante da fúria daqueles que nunca aceitaram Brasília como a capital administrativa e política do País, transferem a seu povo e a sua gente, a culpa pelos descalabros promovidos ou propiciados pela classe política brasileira. A política mudou e mudou para pior. Essa é a dura e triste constatação! Transformou-se, ao invés da arte da controvérsia, em arte da esperteza. E o pior. É uma esperteza que nem talento tem. Não dá para chamar de “adoráveis cafajestes” aqueles que agem da forma a desmoralizar até o talento para ser corrupto e esperto. É algo que agride o talento, a cultura, o conhecimento, a própria esperteza. Doe àqueles que fizeram política num passado recente, o que se mostra hoje! Nem sequer hoje é possível admirar a decantada esperteza mineira, marcada por algo que se colocava acima de expropriar o Erário, enganar o parceiro e aumentar o patrimônio pessoal. Nega-se, hoje, o que a política deveria ser e não tem mais sido. O passado relembra o tempo em que um parlamentar era visto pelos seus representados como alguém que o orgulhava e, quando aparecia na televisão, o eleitor, cheio de orgulho, dizia para os demais telespectadores: “Esse cara aí é o meu deputado!”. Diferentemente dos dias que correm onde, quando aparece um político na TV, prontamente, de maneira quase unânime, o eleitorado reage: “Esse aí é o fdp em que eu votei”.
Por isto é que os episódios que tomam conta da crônica política e que, injustamente, atribuem-se à cidade de Brasília, são vícios endêmicos, oriundos de vários pontos do país, onde Brasília apenas recolhe o lixo moral da classe política nacional. Brasília não produziu tal descalabro. Se isto aqui prolifera é porque concentra a base do poder político do País. Brasília cansou. Se quiserem, transfiram, mais uma vez, a capital para algum lugar que precise de um instrumento de correção de desequilíbrios regionais, quem sabe, para o interior do Ceará ou do Piauí, mas deixem em paz dois e meio milhões de brasileiros que não se apropriam de todas as maracutaias que o poder central, estimulados por esse brasilzão afora, provoca, estimula e projeta em Brasília.
Brasília faz cinqüenta anos! Não é uma velha senhora, mas, nos tempos de hoje, uma bem apanhada mulher com todos os sonhos, aspirações e desejos de uma jovem e bela mulher que quer ser vista, não como uma prostituta respeitosa, mas como uma dama que não se tornou uma mulher de vida fácil mas que buscou conquistar o respeito pela sua beleza, pela sua plasticidade e, acima de tudo, por não ter nada a ver com toda essa “ópera bufa” que a classe política brinda o País. Brasília, mulher bela, madura, porém decente, exige o respeito que lhe é devido. Que expulsem toda a corja que enxovalha a sua vida, patrocina manchetes de jornalistas a busca de notoriedade fácil e de escândalos que vendam os seus jornais e os seus espaços publicitários, mas que permitam que essa bela cidade viva a sua vida com tudo a que tem direito! Deixem em paz o povo simples, ordeiro e trabalhador que, vindo de todos os recantos do país, transformou a cidade em um símbolo da síntese da brasilidade!
Postado em 30 nov, 2009
As avaliações do mercado em relação aos prováveis candidatos que deverão confrontar-se em outubro de 2010 seriam, segundo as hipóteses mais prováveis, Dilma e Serra. Se isto ocorrer, o cenário que se pode antever é que, diante das incertezas das linhas de conduta dos contendores, o mercado enfrente certa angústia e, de certo modo, sofra uma espécie de paralisia. Ou seja, em um primeiro momento, a própria sucessão em si, conduz a um processo de fuga de capitais externos, de refreamento dos planos de investimentos das empresas e, diante das limitações legais, um processo de diminuição do ritmo de investimentos públicos em todos os níveis de governo.
A par de tais condições ambientais, é possível antecipar ações e prováveis reações dos oposicionistas em face de ousadias do poder que não quer abrir do poder. Ou seja, se sem uma campanha legalmente instaurada, os abusos cometidos pelo Executivo Federal no sentido de beneficiar a sua candidata já atingem limites questionáveis, imagine-se na hora que resultados não se mostrarem tão confortáveis!
Por outro lado, mesmo que a disputa se cinja a Dilma e Serra, o mercado tem suas apreensões em relação a cada um dos dois. Quanto a Dilma os temores são tanto quanto a uma certa irresponsabilidade fiscal dos chamados desenvolvimentistas aliada a um afrouxamento da política fiscal, aumento do intervencionismo estatal e potencial de reformas contrárias ao que todos esperam e aguardam.
Se há apreensões em relação ao curso das coisas com uma Dilma Presidente, com seu jeitão grosseiro de lidar com as pessoas e sua atitude autoritária e arrogante, não deixam de também ocorrer apreensões em relação às atitudes de Serra, com o seu ar de auto-suficiência, de determinados vezos em relação à política cambial e que, de certa forma, assustam ao sistema bancário e financeiro. Por outro lado, o empresariado apresenta certo temor diante da perspectiva de ver Serra reproduzir uma atitude à moda que adotou à frente do Ministério da Saúde e no início do Governo de São Paulo.
São estes os temores que o mercado, a princípio, tem apresentado sem ainda conhecer, efetivamente, as propostas dos referidos candidatos porquanto, até agora, eles não as expuseram, publicamente.
Postado em 30 nov, 2009
Todos sabem que nunca foi possível, em que pese os esforços do lendário policial Eliot Ness, prender Al Capone pelos violentos crimes que cometeu – assassinatos, assaltos, cobrança de proteção, corrupção de políticos e agentes públicos, estupros, jogos de azar, tráfico de drogas, violências de toda ordem, etc. – mas, tão somente por erro e negligência de seu contador! E aí, Al Capone foi processado, preso e isolado da sociedade, pelo crime de sonegação fiscal! Da mesma forma que, recentemente, o Presidente Collor perdeu o poder não pelos estragos que o seu fiel escudeiro PC Farias aprontou, mas, pela falta de explicação de um simples caso de uma Fiat Elba!
Silas Rondeau caiu em desgraça por um suposto recebimento de um “envelope pardo” que, segundo a Política Federal, continha cem mil – não se sabe se de reais ou de “verdinhas”, e, se realmente, seriam valores a ele destinados e fruto de favores governamentais prestados a algum empresário com interesses no órgão que ele dirigia!
Agora Arruda, governador do DF, aparece num vídeo recebendo 50 mil reais de um suposto total de 400 mil reais e, de muito bom grado, agradece com um “ótimo”! E, mais deprimente ainda, ver deputados distritais recebendo valores colocados em meias, em bolsas, em sacolas, etc., numa deplorável cena a mostrar tanta desfaçatez!
Por que as pessoas correm riscos por tão pouco? Ânsia de sempre querer mais e pegar tudo que passa em frente e a seu alcance? Por que certas pessoas não têm limites? Será que, acostumados com o País da impunidade, acreditando que a justiça tarda e falta e que a memória do povo é curta, acham que “tudo passa oh! grande Deus…” e cometem atos que não ficarão esquecidos por aqueles que lhe são mais próximos? Bom, para os fanáticos religiosos, parece ser o fim dos tempos!
Postado em 30 nov, 2009
Brasília, de repente voltou, novamente, a merecer o epíteto de Ilha da Fantasia. Os episódios do final de semana foram, marcadamente, chocantes para a população e para a própria classe política. Os adversários de Lula sofreram um grande baque, mas, ao mesmo tempo, uma denúncia deveras desagradável, de um ex-companheiro de prisão, dos tempos da ditadura, revelando um possível episódio deprimente pra Lula – aproveitar-se, através de atos libidinosos, de um “garoto” do IMEP -, aborreceu, deveras, o Presidente. Na verdade a denúncia foi feita em artigo publicado na Folha de São Paulo e, repercutiu, muito pouco, a nível de povão, mas, chateou bastante o Presidente.
No entanto, a cena de políticos brasilienses não apenas citados em depoimentos, mas filmados recebendo propinas, inclusive o próprio governador, realmente chocou a todos. Como uma imagem vale mais que mil palavras, vai ser muito difícil, a não ser que as gravações tenham sido editadas, conseguir uma absolvição não apenas da Justiça mas do próprio eleitor. “Eta brasilzão” complicado!
Postado em 28 nov, 2009
Os dados e resultados fiscais brasileiros para este ano da graça de 2009 não são nada interessantes e, por sinal, estão a comprometer e, comprometerão muito mais ainda, a política monetária e cambial do País. O déficit nominal subiu de 1,98% em dezembro de 2008, para 4,61% do PIB, este ano! E não se diga que tudo foi por conta das medidas anti-cíclicas adotadas pelo governo em termos de renúncia fiscal. O que houve foi um aumento significativo dos gastos de custeio, uma elevação substancial do déficit previdenciário e, não resta a menor dúvida, o impacto da redução do crescimento sobre a realização de receitas tributárias da União. O resultado foi uma mistura explosiva que, embora não tenha impacto, já de imediato, provocará implicações severíssimas no financiamento do déficit público, no aumento da dívida e, consequentemente, uma elevação das taxas de juros SELIC de 8,75% para 12,75%! E o que fazer, nessas circunstâncias, considerando o ano eleitoral que se avizinha?
A única alternativa para que tal cenário, nada interessante, para as estimativas otimistas de um crescimento entre 5 e 6%, não venha a se concretizar, seria uma ação dura em termos de austeridade fiscal. Embora requerida, com urgência, a sua viabilidade é quase nenhuma. Quem está a mandar no pedaço é a turma da “gastança” que se autodenomina de desenvolvimentista. E, diante da hipótese de perder o poder, venderá até a alma para garantir o poder a qualquer preço.
Postado em 28 nov, 2009
A atitude da diplomacia brasileira no que respeita ao episódio Honduras/Zelaya tem sido marcada por erros, equívocos e confusões quase patéticas. A última e mais grave que, segundo o Embaixador Rubens Barbosa, fez o Barão do Rio Branco revirar-se no túmulo foi a atitude antiética, anti-diplomática e deselegante atitude do governo brasileiro ao receber uma carta enviada pelo Presidente Barack Obama, sobre a questão hondurenha, enviada ao Presidente Lula. A resposta mandada ao Presidente Obama foi feita, concebida, encaminhada e assinada por um membro do terceiro escalão do governo, o Senhor Marco Aurélio Garcia. “Nunca antes na história” da diplomacia brasileira a ideologização das relações internacionais havia chegado a tal ponto de agredir-se a um presidente de uma nação, máxime da maior nação do mundo, em relação a qual o Brasil tem mantido as melhores e mais respeitosas relações. E mais. Antecipando-se ao que as demais nações da América do Sul manifestaram em relação às eleições daquele país, o Brasil, sob a orientação de Chaves, decidiu que não aceitaria qualquer que fosse o resultado ali chegado mesmo sabendo que os Estados Unidos haviam externado que, se houvesse licitude qualificada pela presença de observadores internacionais, Barack Obama reconheceria o eleito! É, está indo muito mal a diplomacia terceiro-mundista e bolivariana do Brasil.
Postado em 28 nov, 2009
De repente o Fundo Soberano Dubai World, que tem um patrimônio de um trilhão de dólares, comunicou ao distinto público que só pagará suas dívidas vencidas, de 59 bilhões de dólares, em maio de 2010! O mercado reagiu, de imediato, com quedas elevadas nos pregões das bolsas européias e asiáticas. A pergunta que preocupa é se os bancos europeus são detentores de cotas de tais fundos e em que dimensão. Ademais, quantas empresas vem escondendo problemas, similares ao do Dubai World, para honrar os seus compromissos? Acredita-se que tal crise nada tem a ver com a crise que o mundo está começando a superar. Mas, uma vez mais, representa séria advertência para as cautelas que deveriam advir quanto a assunção de riscos, alavancagens insustentáveis de recursos e outras leviandades cometidas pelos mercados financeiros.
Portanto, a cautela será a marca do comportamento dos investidores porquanto, pelo que se sabe, os bancos europeus só teriam cerca de 13 bilhões em tais fundos, sendo relativamente baixa a sua exposição. Ademais, parece que não existem instituições financeiras de peso envolvidas com Dubai. Com certeza, David Beckman, Madonna e outros artistas, estes sim, deslumbrados com Dubai e a exuberância de investimentos e do que os petro-dólares são capazes de fazer, investiram na Dubai World.
Brasil e brasileiros parecem que estão a salvo de tais riscos como estiveram a salvo da crise do subprime americano, embora, a especulação com o dólar levou a um prejuízo de 20 a 30 bilhões para empresas brasileiras, com derivativos.
Postado em 27 nov, 2009
Os resultados da última rodada de pesquisas; as manifestações de algumas proeminentes figuras do PMDB defendendo candidatura própria, como é o caso do Governador Roberto Requião e as reações de Serra em relação a Ciro Gomes, além da movimentação de Aécio Neves, começam a “aquecer os tamborins” da sucessão presidencial e a definir os contornos das sucessões nos estados. A declaração de José Sarney sobre as grandes dificuldades, em vários estados, a serem enfrentadas, para compor alianças entre PT e PMDB, representam indícios de que as coisas já estão começando a se definir, a partir de agora.
Por outro lado, o próprio fato de que estados e municípios se engalfinham para definir como se distribuirão os royalties entre estados produtores e não produtores bem como municípios produtores e não produtores, indica que, no balanço final, alguém vai, politicamente, sair chamuscado. Ademais, agora mesmo, Aécio denuncia que o governo federal, com objetivos eleitoreiros, mantém a renúncia fiscal à linha branca, à construção civil, aos veículos automotores e, também, a móveis, mesmo que tais mercados estejam “bombando”, com o único propósito de angariar simpatias e votos para Dilma. Isto porque, segundo Aécio, 57% do valor das renúncias fiscais são bancados por estados e municípios, pois tal é feita sobre o IPI cuja receita é, em parte, destinada ao Fundo de Participação de Estados e Municípios.
A avaliação de alguns analistas sobre o resultado das pesquisas recentes é a de que os índices se alteraram para uns e para outros, mais em função de sua maior exposição de mídia do que de algum fato, realmente, novo.
Também é mister considerar que, pré-sal, Honduras, Armadinejah e outros “quetais” não afetam, em nada, a cabeça do eleitor. É provável que a costura de alianças com prefeitos possa superar as restrições partidárias na proporção que o Governo Federal opere um saco de bondades, realmente significativo, para mexer com a cabeça e a “consciência” desses eleitores qualificados. Por outro lado, parlamentares federais e suas dobradinhas estaduais serão, significativamente, motivados pelo “lubrificante cívico” ofertado, generosamente, pelo governo federal que, segundo o engenho e arte de Lula, possa vir a prover tal “adjutório” capaz de minimizar as agruras a serem enfrentadas, diante de uma cara reeleição.
A sucessão presidencial tenderá a afunilar para o que Lula quer, uma disputa realmente plebicitária, ou seja, uma eleição onde, provavelmente, será Dilma contra o candidato do PSDB. Se o candidato do PSDB for Aécio, então a probabilidade de Ciro vir a ser seu vice cresce e, diferentemente do que tem dito Lula, que o melhor candidato para ser enfrentado seria Aécio, na verdade, examinado mais criticamente, pare este cenarista, é o pior dos mundos para Dilma.
Aécio não tem cara da chamada “elite branca”, “paulista e preconceituosa contra pobre, nordestino e trabalhador” que, segundo Lula, Serra e FHC teriam. Por outro lado a candidatura de Aecinho resgata Tancredo, recoloca o PMDB “da banda boa” no cenário e, saindo “fechado”, eleitoralmente, de Minas e do Rio e, em sendo mais fácil e hábil articulador e negociador, sem sombra de dúvidas, entrará muito bem também no Nordeste.
Claro que o tempo, “senhor da razão”, e os fatos e circunstâncias que poderão advir, ainda farão muitos estragos nos sonhos de uns e trarão muitas alegrias aos planos de outros. O certo, que ninguém duvide, é que o governo usará de todos os meios, possíveis e imagináveis, de todos os recursos e de todos os instrumentos, éticos ou relativamente discutíveis, para conseguir o seu “desideratum”. Franklin Martins, considerado o homem mais brilhante do governo, usará de toda a sua competência para, usando a máquina pública, as verbas de publicidade, a criação de factóides e as idéias, até satânicas, que um Goebbels dos tempos modernos seria capaz de conceber, terá papel crucial no sentido de impedir que os petistas percam, não essa “boquinha”, mas essa “bocona” que resolveu a vida, os sonhos e as necessidades – e põe necessidades nisso! – dos outrora revoltados e revolucionários militantes petistas.
Postado em 25 nov, 2009
Há vinte anos este cenarista assistia, em Berlim, a manifestação de um sentimento guardado, sempre prestes a explodir, de reencontro com um dos seus valores mais caros, a liberdade, expressa na derrubada do muro que dividia as duas alemanhas. Muro fruto de uma divisão de territórios, praticada pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial, que desmantelou comunidades, destruiu nacionalidades, desestruturou famílias e, na divisão do butim de guerra, praticou-se o mesmo crime que o Tratado de Versailles havia cometido contra nações européias, particularmente a Alemanha.
A queda do muro representou apenas um símbolo do fim da guerra fria que estabeleceu uma dinâmica da vida internacional do pós-guerra e impactou, globalmente, as concepções sobre os modos de organizar as sociedades. O processo de desmantelamento do esquema de centralismo econômico que causou o centralismo político foi gestado no bojo de vários movimentos que se multiplicavam, não apenas na Europa Ocidental, mas também na Europa Oriental, na China e na União Soviética.
A morte de Mao Tse Tung e a queda da camarilha dos quatro na China, deu lugar a um processo de renovação do partido comunista chinês com a recuperação do líder Deng Xiao Ping e do seu grupo que, a partir de uma idéia de modernização do País, estabelecia o seu programa chamado “um centro e dois pontos”, ou seja, a modernização e reestruturação econômica, apoiada na abertura e na reforma econômica, interna e externa. O programa das quatro modernizações foi aprovado, com muitas resistências, pelo PC Chinês e iniciou-se um vigoroso processo de modernização da economia chinesa. Ao mesmo tempo em que tal ocorria na China, anteriormente na Europa, a Primavera de Praga e o movimento da estudantada parisiense em 1968, estimularam a uma série de movimentos no mundo inteiro, inclusive no Brasil, contra o autoritarismo das ideologias e do estado e provocavam o início de uma espécie de revolução da cidadania.
Claro que algumas figuras foram essenciais nesse processo de retomada, pela sociedade, de seu controle, tomado pelo comissariado, de maneira autoritária e autocrática. Na França, marcaram presença influenciando esse novo tempo, Jean Paul Sartre, Herbert Marcuse – o criador do conceito de sociedade global – e um líder estudantil, Daniel Cohen Bendit, se não me engano, alemão de nascimento.
Mas antes de tais movimentos, a eleição do Cardeal Woytila, da Polônia, simpatizante da causa dos trabalhadores do Porto de Gdansky, liderados por Lech Walesa; a ascensão ao poder, na União Soviética, de Michail Gorbachev com a sua perestroyka e a glasnost, levaram a uma espécie de sublevação, praticamente em todo o mundo, de forma a despertar o sentimento de que o centralismo econômico, a divisão do mundo entre aqueles sob a proteção do poder americano e os chamados “satélites” soviéticos, não tinha mais como se manter.
Fazia-se urgente a construção de uma nova dinâmica de vida internacional onde a bipolaridade não teria mais vez, nem tampouco as ameaças permanentes de conflitos nucleares que mantinham a “guerra fria”. O amadurecimento desse processo conduz a uma manifestação, nunca esperada e vista na China, quando estudantes enfrentam tanques na Praça da Paz Celestial, numa demonstração de que o mundo buscava novos caminhos.
Portanto, a queda do muro, estimulada pelo processo de globalização já em curso; pela instantaneidade da informação; pela velocidade da inovação tecnológica e pela rejeição de qualquer tipo de ditadura de aspirações, como que decretam o fim das ideologias e abrem espaços para a construção de novos espaços de convivência democráticos.
Foi-se o muro. A Europa partiu para a sua unificação. A Alemanha, reunificada, sofreu, mas, ao fim e ao cabo, voltou a ser uma grande potência econômica mundial. A Rússia, desmontada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e independizadas a banda oriental da Europa, passa a construir um novo processo de estruturação econômica aproveitando os bons ventos do mercado internacional, dinâmico e aberto. A China, o Império do Centro, com a abertura econômica passa a exploração do potencial de várias de suas regiões e, aos poucos, vai-se construindo em uma potência econômica que, faz quase três séculos, cresce a taxas tão exuberantes que, já agora, divide com os Estados Unidos uma certa posição hegemônica. Surgem os BRICS onde o Brasil começa a se tornar um importante protagonista, não só pelo seu potencial agropecuário, energético, de mercado interno e por ser já a oitava economia do mundo.
Estas são algumas das heranças deixadas com a queda do muro. Claro está que outras heranças, ás vezes, até malditas, estão a desafiar o mundo, mas no geral, os resultados até agora alcançados, demonstram que um mundo mais aberto, livre, solto, cooperativo e solidário está sendo construído.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!