Postado em 16 out, 2009
A FOME NO MUNDO.
Relatório das Nações Unidas faz alerta sobre a fome no mundo e confirma que o número de famintos já ultrapassa um bilhão de pessoas. Ademais, pelo “andar da carruagem”, se nada de especial for feito, a tendência é de um aumento significativo nos próximos anos e, as famosas Metas do Milênio correm o risco de não serem cumpridas. Tal número de famintos já atinge 15% da população mundial sendo mais concentrada na Ásia e no Pacífico – 642 milhões – e na África Subsahariana com cerca de 265 milhões de pessoas!
E diante de uma crise, como a que ocorreu recentemente, os empregos caem, os preços dos alimentos sobem e o número de famintos aumenta. Para atender as exigências mínimas de segurança alimentar para a população projetada para 2050, a produção deverá crescer, no mínimo, 70%! Tal fato remete-nos ao comentário feito, há uma semana, neste site, sobre o trabalho do Clube de Roma, realizado em 1970 quando, uma espécie de “neomalthusianismo”, tomou conta de muitos “experts” e de lideranças mundiais.
Naquela época, iniciava-se, na Ásia, uma experiência que iria mudar todos os paradigmas da produção e da produtividade agro-pecuária mundiais, a chamada revolução verde. Melhoramentos genéticos, maior conhecimento dos solos, evolução na qualidade dos fertilizantes, melhoria substantiva nos herbicidas e pesticidas, além de significativo incremento nas técnicas de manejo. Com isto, alavancou-se de tal ordem o crescimento dos rendimentos agropecuários que o fantasma da fome, pelo menos, distanciou-se mais.
Considerando que esse é o maior número de famintos do mundo desde 1970, é bom que se mencione que, mesmo antes da crise econômica internacional, o número de famintos já atingia 850 milhões. O Brasil, face às políticas de segurança alimentar e os programas de distribuição de renda, diminuiu o percentual de subnutridos, de 95 e 97 para 2004 a 2006, de 10% para 6% da população, sendo o país que apresenta o menor número de famintos da América do Sul.
É crucial chamar a atenção para o fato de que, com as exigências de redução substancial de desmatamento – o Brasil pretende reduzir em 80% o desmatamento e, alguns ambientalistas querem o compromisso de zero de desmatamento a partir de agora! -e de alteração da matriz energética para a produção de energia a partir da biomassa, a tendência que a fronteira agrícola fique mais estreita ainda. Portanto, uma nova revolução verde é reclamada pelo mundo bem como uma política demográfica séria para muitos países que apresentam taxas de fertilidade feminina altíssimas.
GOVERNO TIRA “O BODE” DA SALA!
Depois de ameaçar a classe média com um verdadeiro estelionato, o governo, diante das repercussões negativas, inclusive para a sua candidata Dilma, resolveu voltar atrás e não mais adiar para 2010 a devolução do Imposto de Renda pago a mais pelos contribuintes. Ou seja, adotou aquela velha prática do “se colar, colou”. Ou, coloca-se o bode na sala. Se não houver reação, mantém-se o bode lá. Mas, se a reação for adversa, age-se como um governante generoso, e tira-se o incomodo visitante da sala. Foi isto o que o governo fez!
EMPREGOS A MÃO-CHEIA!
Os dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de setembro mostram que foram criados 252.617 empregos com carteira assinada no país. Meio milhão nos últimos dois meses. O saldo de 2009 chega a 932.651 colocações com carteira assinada. É um patamar próximo ao nível de emprego pré-crise.
O Nordeste tem o melhor desempenho entre todas as regiões. E, particularmente o Ceará, em termos absolutos e relativos, foi o que teve o melhor desempenho acumulado dos últimos doze meses. E, pasmem, o melhor desempenho foi garantido pela indústria de transformação!
SENADO FAZ UMA BOA AÇÃO!
O Senado Federal aprovou o fim da DRU – Desvinculação de Receitas da União – para o orçamento específico da área de educação, o que agregará não só a União, mas a estados e municípios, uma margem apreciável de recursos para turbinar o esforço de melhoria da educação no Brasil. O país, segundo dados da UNESCO, é o segundo a gastar mais, em termos do seu PIB, no mundo, em educação. E, mesmo assim, continua a apresentar os mais baixos índices de qualidade da educação no ensino básico e médio. Na área do ensino universitário, continua agora o país a ostentar mais um título negativo: a USP, que era a única universidade brasileira a estar entre as 200 melhores universidades do mundo, saiu da lista! No dia que houver um plano factível, viável e objetivo de melhoria da qualidade de ensino no Brasil, com metas definidas e prazos determinados, aí a gente vai acreditar que a coisa vai mudar. Porque se depender do dinheiro do pré-sal, então só para 2020 em diante.
Imagine-se se, como agora faz o Senado, o Executivo cumprisse tão somente a lei e aplicasse todos os recursos da CIDE na recuperação e ampliação da malha rodoviária e o FUST fizesse a revolução prometida da inclusão digital, aí o país começaria a dar certo. E se o “sonho de uma noite de verão” de uma reforma cuja Comissão começou a trabalhar, para tornar a justiça mais ágil, aí os brasileiros começariam a ter certeza de que Deus é brasileiro!
ASSENTAMENTOS RURAIS: FRACASSO, SUCESSO OU…?
Pesquisa da CNA/IBOPE, divulgada recentemente, indica que o projeto de assentamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário tem sido um rotundo fracasso. Mais de 40% de tais assentamentos não produzem o suficiente para garantir a sobrevivência das famílias ali situadas. Além disso, mais de 30% mal alcançam um salário mínimo de rendimento. Ou seja, mesmo com a terra, os recursos investidos em infra-estrutura pelo MDA, além dos mais de R$ 115 milhões de convênios feitos com o MST, a coisa parece que não vai nada bem.
Aliás, se a Câmara e o Senado quisessem uma boa diversão, poderiam fazer um levantamento, “in loco”, nos assentamentos para verificar se quem fala a verdade é a pesquisa do IBOPE ou o palavreado generoso do Ministro Guilherme Cassel. Também seria de bom alvitre que os nobres senadores dedicassem uma parte de seu tempo para verificar a situação dos projetos de irrigação do Nordeste.
Se estão viabilizados econômica e comercialmente? Se têm oferta suficiente d’água? Se a manutenção de sua infra-estrutura de canais, bombas, etc., opera adequadamente? E, se não há distorções na exploração de áreas, vendidas ou cedidas, pelos irrigantes de forma irregular? Tais perguntinhas dariam subsídios enormes para mudar a política de irrigação no Brasil quando se está a gastar mais de R$ 5 bilhões no projeto de transposição das águas do São Francisco!
A CHANCELARIA BRASILEIRA!
A Chancelaria brasileira que defende Batistti, que não permitiu asilo aos boxeadores cubanos, que apoiou o erro da brasileira na Suíça e que abrigou, apoiou e garantiu um quartel general para o Zelaya, fez-se muda, surda e cega diante da atitude do democrático governo cubano de impedir que a blogueira Yoani Sánchez viesse ao Brasil para lançar o seu livro, conforme anunciado em sua entrevista a uma revista de circulação nacional. Continua a Chancelaria no seu itinerário terceiro-mundista, marcado pelos ideologismos e bem próxima de adotar o ideário da revolução bolivariana. Estamos bem e muito bem!
Postado em 13 out, 2009
Em 2010 o Brasil poderá atrair mais de 60 bilhões de reais de investimentos externos. E isto se deve a alguns fatores de atração de negócios e de empreendedores externos. São eles o custo de oportunidade da aplicação onde aqui se remunera bem mais que qualquer outro lugar do mundo; o pré-sal e seus desdobramentos; a copa de 2014; os jogos olímpicos de 2016 e a nova matriz energética que se constrói no país. Além disso, conta o Brasil ainda com uma relativa estabilidade politico-institucional; uma estabilidade econômico-financeira e um elevado nível de reservas.
Contra o país, os gargalos institucionais – tributários, trabalhistas e previdenciários -; os gargalos logísticos; a frouxidão dos marcos regulatórios; a insegurança jurídica; além do fato de a produtividade ser muito baixa e o ambiente de negócios não ser um dos melhores. Mas, apesar de tudo isto, o país tem oportunidades de investimentos monumentais…
Postado em 13 out, 2009 2 Comments
Se a lucidez, o equilíbrio e a ponderação forem companheiras de Ciro Gomes durante os próximos meses, ele terá tudo para vir a ser o concorrente de Serra, se esse for o candidato do PSDB, pelo lado anti-tucano. Porque se Lula continua querendo uma eleição plebiscitária, tentando desconstruir a candidatura de Ciro; se o PT demonstra, pelas palavras de Marta, que não o engole como alternativa à Dilma; se o PSDB, de maneira pouco inteligente, começa a bater em Ciro para defender Serra, nada mais fazem do que encher a bola do cearense-paulista. Na verdade, poucos entendem que Heloisa Helena já não é mais candidata, Marina crescerá mas não conseguirá musculatura em termos de apoios partidários, tempo de televisão e fôlego para um embate duro e Dilma continua a patinar, não terá outro jeito senão admitir que, no momento, a candidatura com maior potencial é a de Ciro Gomes. Ele já é o preferido do eleitorado do Ceará, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Rio e, a tendência, é crescer mais ainda. Basta conter a língua, fazer com que o seu partido entenda que, com 20% de preferências, Ciro pode garantir que o PSB se torne uma das forças partidárias mais representativas do país.
E mais. A pressão do PT em cima do Governador Cid Gomes, ameaçando lançar um candidato ao Governo do Ceará caso Cid não apóie Dilma, poderá fazer com que Cid abra mão da reeleição. Com isto, fortaleceria uma possível candidatura de Tasso Jereissati ao Governo do Estado, restringindo os palanques de Dilma no Ceará.
Postado em 13 out, 2009
Embora um avanço, o IDH ainda não se constitui em um instrumento fundamental para medir a qualidade de vida das pessoas individualmente e dos povos como um todo. Como se sabe o IDH é a combinação de três indicadores: a longevidade, a renda e a educação. A longevidade, embora tenha embutida indicadores como a mortalidade infantil e a violência, por se tratar de uma média, esconde profundas distorções. Da mesma forma que a renda per capita – a média esconde enormes diferenças de renda por grupos –, os dados de taxa de alfabetização não mostram a qualidade da educação.
Ademais, o IDH deveria incluir indicadores qualitativos do tipo liberdade de expressão, direito de ir e vir e nível de preconceitos. É isto que diz recente análise do BID.
Postado em 13 out, 2009
Nos anos setenta, um grupo de cientistas e estudiosos resolveu dedicar-se ao exame das perspectivas econômicas do mundo diante das várias limitações que se antepunham ao futuro da humanidade. Reacendia-se uma espécie de neomalthusianismo. As preocupações eram enormes não só em relação a escassez de meios diante do ritmo de crescimento da população mas também havia uma dramática inquietação e angústia com o processo de esgotamento dos recursos naturais, para atender a demanda crescente da humanidade. Ali deveria se estabelecer um ponto de inflexão na história dos povos. Ou alguns conceitos e paradigmas eram alterados ou os constrangimentos à vida dos povos seriam enormes.
Na verdade, à época, não se conhecia o potencial de enriquecimento de minerais pobres – silício, areia monazítica, argila, etc – nem tampouco o potencial da mineração do fundo de mar que, hoje, só no caso do petróleo, a quase totalidade da produção, se faz no mar. Também a produção de alimentos escasseava, pois a fronteira agrícola, passível de aproveitamento, estreitava-se cada vez mais.
Ademais, embora se acreditasse que a tecnologia poderia produzir saltos em termos de conquistas da humanidade no que respeita ao aumento de produção e de dinamização do crescimento, os constrangimentos aumentavam e criava-se um certo pânico diante das perspectivas de aumento da fome no mundo.
Por outro lado, ainda não havia começado a ocorrer os primeiros resultados da chamada revolução verde, que começou na India e no Paquistão, com o melhoramento genético que multiplicaria a produtividade do arroz, do milho e depois de toda a produção agropecuária do mundo. Também, àquela época, embora não se tivesse a idéia do potencial da tecnologia para mudar os padrões de produção e de produtividade na indústria manufatureira, não se pensava que tantos minerais iriam mudar os paradigmas dos processos manufatureiros em todos os níveis. Não se sabia que, um carro pequeno, que naquela época consumia mais de 1.400 kg de aço, com o uso do plástico, das fibras de vidro e carbono, dos vidros especiais, do alumínio, etc., permitiria reduzir o peso do carro para a metade. Com o peso menor os motores passaram a consumir menos combustível e, através de inovações como a injeção eletrônica e outras, a tecnologia melhoraria o desempenho dos motores.
É certo que, embora se tivesse alguma idéia do potencial que a eletrônica, a informatica e as tecnologias da informação e de comunicações, pouco se tinha de avaliação quanto ao salto tecnológico que tais avanços iriam permitir.
Agora está o mundo diante de um novo desafio, qual seja, prevalecer a idéia de crescimento sustentável, preservação e conservação do meio ambiente, desarmamento nuclear, superação, por completo da crise econômica internacional além de ganhos significativos em termos de respeito aos direitos humanos e à cidadania, estão a exigir esse novo “Limits of growth”, como foi denominado o estudo do Clube de Roma.
E três dados novos se tornam auspiciosos. Em primeiro lugar, a chamada mudança de conceito da China. Agora, todo o esforço da China é de realizar um processo de crescimento chamado de China Verde. Melhorar a eficiência e produtividade de produção de energia e de seu uso não só explorando todo o potencial de energia solar e eólica; aumento da eficiência no uso das fontes energéticas com motores de melhor rendimento; desenvolvimento de carros híbridos, desenvolvimento de baterias recicláveis e, “last but not least”, redução de emissão de carbono. Se isto é um comprometimento da China, a concessão do Prêmio Nobel da Paz a Obama busca estimulá-lo a cumprir os compromissos que ele, reiteradas vezes tem repetido, com o meio ambiente, o desarmamento nuclear e a superação da crise econômica mundial. Por outro lado, a atitude de países como a Noruega de, partir na frente e se comprometer a reduzir em 40% a emissão de gás carbono e de propor que se garantam créditos de carbono para países em desenvolvimento que reduzirem o desmatamento de florestas, são iniciativas que podem estabelecer tal reviravolta no mundo. Além disso, crescem os adeptos – no caso famosos – da causa ambientalista no Brasil e no mundo o que, aos poucos, vai criando uma cultura de conservação e preservação.
E, aos poucos, cria-se uma agenda internacional com a adesão das maiores nações do mundo e, os emergentes, passam a assumir uma postura de novos players com responsabilidades fundamentais em tais questões.
Postado em 11 out, 2009
Para o Ministro Delfim Neto, uma nação só se consolida e se torna efetiva como player no cenário mundial quando ela alcança as três grandes autonomias: alimentos, energia e militar.
Este Scenarium acrescentaria talvez uma das mais relevantes que seria a autonomia de recursos hídricos. E ao que parece, na área de alimentos o país já está chegando lá; na de energia, com o potencial hidrelétrico a ser aproveitado, com as fontes alternativas e com o pré-sal, também pode o Brasil dizer que já está lá. Finalmente na área militar, com as comprinhas à França, com a recuperação da indústria de material bélico e com o reequipamento do Exército que, chegará, em breve, aí a tríade famosa de Delfim estará alcançada.
Por outro lado, além de ter as maiores reservas do mundo de água de superfície, o país conta com uma reserva monumental de água subterrânea que vai de São Paulo ao Rio Grande do Sul, o que garante ao Brasil uma nova Amazônia do precioso líquido. É claro que, dados os devidos desconto a esse “Por que me ufano do meu País”, a sociedade brasileira só precisaria reformular-se institucionalmente e elaborar o “seu plano de vôo” para os próximos 30 anos com vistas a garantir o país desejado pelas novas gerações.
Postado em 11 out, 2009
Pouca gente se dá conta de que o Brasil já experimentou tentativas de implantação de comunidades coletivistas no país. Desde a experiência com os índios guaranis; o corajoso, ousado e resistente desafio de Canudos até a experiência do Caldeirão, do Beato Lourenço nos cariris cearenses à época de Padre Cícero. E tais propostas, não vinculadas a qualquer ideologia, pugnavam mais pelo solidarismo, pelo cooperativismo e pelos valores cristãos. Foram abafadas, desmanteladas e desmontadas na ponta das baionetas e até com uso de bombardeio aéreo!
Postado em 9 out, 2009
Postado em 2 out, 2009 5 Comments
UNITED STATES OF SOBRAL!
Se os editores da matéria da Revista Veja pretendiam criar embaraços para orgulhosos filhos de Sobral, deram com os burros n’água pois que, ao serem tão superficiais no exame de certas peculiaridades da histórica Vila de Caiçara, permitiram que se divulgasse “esse enclave” estrangeiro no tórrido sertão nordestino.
Toda a “brincadeira” em torno de Sobral, surgiu, em primeiro lugar, pela disputa de prestígio, de nome e de tradições com Fortaleza. Da mesma forma que existia disputa entre Mossoró e Natal, Campina Grande e João Pessoa e Parnaíba e Teresina, ou entre Uberlândia e Uberaba. A tradição das famílias de Sobral era, não só histórico-cultural, diferentemente dos emergentes em Fortaleza, que, até mesmo a Academia Sobralense de Letras é de criação anterior a do Ceará. E a tendência de um distanciamento cultural se fazia mais ainda por ser Sobral um entreposto comercial para todo o norte do país como as dificuldades de acesso à cidade exigiam que ela buscasse vida própria. Tanto na cultura, na política como na economia, a cidade buscava instrumentos de autonomia para o seu hoje e amanhã.
Quanto às bobagens sobre o Arco do Triunfo é mister lembrar aos editores que o arco do triunfo não foi um criação napoleônica e já há registros – vide Roma – dos arcos para imortalizar Augusto, Constantino e outros imperadores romanos. Da mesma maneira alguém poderia dizer que o Rio de Janeiro quis imitar Paris quando ergueu o Teatro Municipal que, para alguns, é uma cópia do L’Opera de Paris. E que tal visitar a réplica perfeita da estátua da Liberdade, na Barra?
Portanto, quando se fala no Acaraú como um Rio Hudson, é brincadeira que não deve irritar os sobralenses nem tampouco que os sobralenses não abrem mão de ter os seus Alpes na famosa Serra da Meruoca. Aliás, por ser uma sociedade com fortes raízes histórico-culturais, de famílias tradicionais que faziam, periodicamente, suas viagens a Paris e casavam suas filhas com vestidos com rendas trazida de Bruges, na Bélgica, era natural que buscassem hábitos ou comportamentos parecidos com o que faziam ou diziam os franceses. O que hoje se chama de grife nada mais é o que se chamaria de plágio no passado.
Portanto, a terra onde Einstein provou a sua teoria da relatividade – vide documento no quarto andar do Hotel Glória escrito, de próprio punho, por Einstein! – é marcada por talentos nas letras – Domingos Olímpio -, nas artes cênicas – Emiliano Queiroz -, no humorismo – Renato Aragão, – na música – Belchior -, na política antiga – Chico Monte, José Sabóia, Plínio Pompeu -, na política recente com os irmãos Ciro e Cid Gomes e em tantos outros campos do conhecimento, que, pelo seu atual desenvolvimento, merece ser visitada para que se conheça, de perto, essa cidade tão peculiar e que, ao longo dos seus quase trezentos anos de história, foi recolhendo traços culturais os mais variados, globalizando-se no decorrer de sua própria construção.
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AMARGO REGRESSO?
Pelo que ocorre em Honduras e diante de alguns líderes populistas à frente de governos da América do Sul e Central, há um temor generalizado de que a região volte a viver anos de chumbo com a presença de inúmeros governos autoritários. O golpismo não foi, de todo, afastado na área. O que ocorreu na Venezuela, onde Chavez conseguiu definir-se como Presidente Perpétuo do País, através de manobras político-institucionais, levou a que vários outros países pretendessem adotar, no mínimo, a idéia de um terceiro mandato.
Portanto, o temor procede, mas existem dois elementos que impedem que o golpismo se alastre. Em primeiro lugar tem sido a atitude e a postura do Brasil que não apoiou o golpe em Honduras, impediu o movimento secessionista na Bolívia, a tentativa americana de intervir na Bolívia e “segurou as pontas” do mandato do ex-bispo Fernando Lugo, no Paraguai. Por outro lado, os Estados Unidos, vivendo outros tempos, em parte, aboliu a famosa política do “Big Stick” e busca parceiros, como o Brasil, nos vários continentes para conter abusos e tentativas de quebra do estado democrático de direito.
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CHINA: O IMPÉRIO DO CENTRO
A China comemora os sessenta anos da sua efetiva independência e libertação quando, em 1949, o Comandante Mao Tse Tung, assumiu o comando do país. As transformações foram enormes e as dificuldades imensas. Muitos transtornos, desastres e vidas dissipadas na tentativa de construção de uma nação. A Mao se deve a unidade territorial, a implantação de um idioma oficial, o resgate da auto-estima dos chineses, além de outras conquistas.
Com a morte de Mao, um grupo de políticos do PC chinês, sob a orientação e liderança de um homem, que se criou e se fez na política inspirado nas lições do mestre Chou-en-Lai, um dos homens fortes de Mao, mas de visão mais aberta e universal, Deng Xiao Ping, começou o processo de modernização do país. A filosofia básica de Deng estava definida por uma frase singular mas de muita densidade: um centro e dois pontos. O centro seria a reestruturação econômica, apoiada em dois pontos: reforma e abertura. E, a forma como seria conquistada tal reestruturação econômica que permitiria o vigoroso crescimento do País, seria a combinação de controle político pelo partido e abertura econômica do País para o forte ingresso de capitais externos. Tal equilíbrio, muitas vezes instável, vem sendo objeto de revisões periódicas para que não se perca o controle da sociedade e se consiga definir um planejamento estratégico para o País.
Por outro lado, quando Deng foi questionado se a proposta de abertura econômica não levaria à destruição do socialismo e do fim dos ideais de Mao, Deng dizia que o grande problema era garantir comida, casa e trabalho para uma população de um bilhão e meio de pessoas. E, chamar a sua proposta de capitalismo de estado ou outra coisa qualquer, ele apenas usou uma metáfora que dizia tudo dos seus propósitos: “não importa a cor do gato, o que interessa é que ele cace ratos”.
A própria estratégia de abertura e modernização da economia começou pelas províncias localizadas próximo ao Mar Amarelo e, apoiada numa abertura econômica no campo onde parte da produção dos agricultores já poderia ser comercializada por eles mesmos. Ademais, o processo de modernização industrial far-se-ia pela abertura de seu capital, já que eram todas estatais, e por contratos de gestão a partir de resultados a serem alcançados.
No mais, só mesmo uma análise mais profunda das mudanças institucionais que foram sendo aprovadas nos vários congressos do PC, ao lado da maior abertura externa e integração econômica internacional, fizeram, ao lado da capacidade de poupança do povo chinês – 40% de sua renda – e da descoberta dos investidores internacionais de sua mão obra altamente competitiva e de seu enorme e dinâmico mercado interno, o fenômeno de crescimento que o mundo observa com espanto. Aliás, mesmo tendo que fazer os ajustes diante da crise mundial recente, a economia chinesa deve crescer 8% este ano e fechar o exercício com reservas que vão além dos 2 trilhões de dólares!
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TEMPORADA DE CAÇA, ENCERRADA!
Neste sábado, encerra-se o prazo de filiação partidária e de mudança de domicílio eleitoral para quem pretender ser candidato a alguma coisa em 2010. O pleito dar-se-á com os mesmos vícios e defeitos, sem a transparência e legitimidade desejadas pelo eleitorado e, praticamente, com os mesmos players. Talvez o que venha a mudar seja o fato de, em não ocorrer uma eleição plebiscitária a nível nacional, a temática será mais palatável. Ou seja, discutir-se-á sustentabilidade, desenvolvimento com redução de desigualdade, menor presença do estado e reformas institucionais. E aí, é bem provável, que as idéias sejam mais favorecidas do que a verborragia inconseqüente dos candidatos.
Postado em 1 out, 2009
O RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS!
O Secretário de Segurança Pública do Ceará, Dr. Roberto das Chagas Monteiro, homem culto e de fino trato, considerado um dos grandes especialistas no trato da questão da violência urbana, dá notável exemplo para o país diante dos constantes abusos e desrespeito à dignidade humana.
Agora mesmo afastou de seus cargos três dos seus mais importantes auxiliares e respeitados delegados de polícia do Estado por ferirem direitos inalienáveis da pessoa humana e de levarem a execração pública os cidadãos presos sob a sua custódia.
Tem sido praxe no país, cidadãos, presos pela polícia, qualquer que seja ela, serem exibidos através de uma mídia ávida por sensacionalismos, como troféus dos êxitos policiais, mesmo sem processo concluído, são presos, julgados e apenados sem que sequer tenham sido ouvidos.
Diz o Secretário: “Acho que a imprensa tem o dever de informar e é nosso dever cooperar com a informação… Agora, a gente não pode pavimentar nosso caminho de sucesso com base na miséria alheia, na exposição dos outros, de forma execrável”. E, vai mais adiante, dizendo que “é importante que a OAB e seus advogados proveja ações de indenização dessas pessoas que estão sendo execradas indevidamente, forçadas a comparecer perante a imprensa para serem mostradas como troféus do trabalho policial”.
Aparentemente, para muitos, pode parecer que o Secretário, num excesso de zelo na defesa dos direitos humanos de possíveis “bandidos” desautoriza a polícia na sua atuação. Mas, o que se depreende da atitude do Secretário é que, a polícia não precisa espetacularizar a sua ação nem armar um picadeiro com a mídia para quem já é marginal na sociedade. Deixe que polícia prenda, o Ministério Público acuse, a Justiça julgue e a consciência dos que cometeram os crimes os atormentem.
O EXEMPLO PODERIA SER SEGUIDO!
O deputado federal Ibsen Pinheiro – PMDB do RS – foi vítima, há quase vinte anos, de um julgamento sem direito de defesa, pela mídia, orquestrado por um jornalista que, após quinze anos, veio a público confessar o seu grave equívoco e fazer um pedido de desculpas a vítima. Mas isto, após a execração pública onde a mídia acusou, processou, julgou e condenou sem que a presumida vítima pudesse exercitar o seu inalienável direito de defesa. Durante o Governo Collor, o ex-ministro da Saúde, deputado Alcenir Guerra, foi acusado de licitação fraudulenta na compra de bicicletas. Foi estigmatizado, execrado, humilhado, aviltado, a família sofreu horrores e ficou traumatizada para, logo depois, ficar demonstrado que ele não era culpado de nada!
É lamentável que isto ocorra no país, pois tal fato tem levado ao desespero, não só homens públicos sérios, destruído as suas reputações, desmantelado as suas famílias e, após, todos os sofrimentos impostos, verifica-se que o que houve ou foi o confronto de interesses políticos, interesses inconfessos feridos ou pura irresponsabilidade e leviandade. E o pior. Não se considera a história, o passado, o itinerário e os antecedentes criminais ou de contravenção do homem público. Pior ainda. Não se busca descobrir onde a presumida vítima se beneficiou e onde está o resultado de sua conduta criminosa. Por que não se examina a evolução patrimonial do cidadão, dos seus familiares, ou dos seus possíveis laranjas? Por que não se buscam os seus sinais exteriores de riqueza? Enfim, os próprios órgãos de fiscalização do governo são, juntamente com o Ministério Público, os que vazam, os que alimentam e os que constroem as farsas para alimentar uma imprensa, muitas vezes venal.
O desrespeito aos direitos humanos ocorre assim, nos mais humildes, da forma deplorável como reagiu indignado o Secretário do Ceará. E, nos gestores públicos ou nos homens públicos, como ocorreu com Ibsen e Alcenir Guerra. Mas, em ambos os casos, representam a síntese da agressão aos direitos inalienáveis da pessoa humana que só se admitia à época do estado autoritário.
LULA E O TCU!
Lula anda indignado. As obras do PAC não andam. Os grandes projetos sofrem atrasos monumentais. Antes, acusava-se, de forma genérica, a burocracia. Até bem pouco, eram os órgãos que concediam licenças, notadamente as ambientais. Agora, o Presidente descobre que a estrutura montada para prevenir desvios de conduta, irregularidades e corrupção na condução de projetos de governo é a que mais atrapalha a celeridade das obras e projetos prioritários do governo.
A queixa é contra o TCU. Sabe bem o Presidente que o sistema de controle interno e externo do Governo Federal, praticamente, paralisa o Executivo bem como afasta os bons gestores do seu mistér. É preferível não fazer nada a correr o risco de ser denunciado, pois hoje tudo que o gestor fizer estará sob suspeição.
E CIRO ESTÁ EMBALADO!
Depois que Dilma começou a patinar nas pesquisas eleitorais Ciro Gomes “esqueceu” a estratégia de Lula de fazê-lo candidato a Governador de São Paulo e se descobriu com viabilidade para um eleitorado que não simpatize com Serra e tenha se cansado do discurso petista. Por outro lado, Ciro, com a chegada de Marina Silva ao pedaço, mais ousado na exposição à mídia e mais contido nas suas colocações, conseguiu conquistar o apoio do seu próprio partido, na figura do Presidente do PSB Nacional, Governador Eduardo Campos. Aí a sorte ajudou Ciro, pois o governador conseguiu resolveu as suas pendências com o PT pernambucano e ficar livre de um apoio a Dilma. Ademais, Ciro, tendo cerca de 15% de preferência do eleitorado nacional, é um capital político que um partido, pequeno por enquanto, como o PSB, não poderia dispensar se se pretende, pelo menos, tornar-se um partido médio.
Agora Ciro trabalha a sua estratégia. Não quer aliança com o PMDB, para distanciá-lo do pragmatismo. Quer se diferenciar da Dilma que, para tentar a Presidência, aceita a composição com o PMDB apenas na base da barganha por cargos e poder.
Adota uma postura de ser um pós-Lula, reconhecendo os méritos do Presidente e exaltando os seus grandes feitos, mas fazendo questão de ressaltar que foram pelos méritos de Lula que o país melhorou e não se contém de endereçar duras críticas a algumas figuras do PT e do Governo!
Respeita a Dilma, mas fala de suas “más companhias”, de sua inexperiência parlamentar e política e do seu jeitão de lidar com as pessoas. Centra fogo em Serra para angariar a simpatia dos lulistas, que são figadalmente anti-tucanos, e cobra a existência de um discurso consistente, coerente e capaz de gerar esperança consequente para a população, principalmente os jovens.
Por outro lado, Ciro, inteligentemente, não quer ser o cara que vai substituir Dilma assim que Lula concluir que ela é inviável pois representaria a mesmice e, pior ainda, os ressentimentos dos não petistas com os petistas e a má vontade dos petistas ortodoxos, inviabilizariam a sua candidatura. Marina será poupada e homenageada por Ciro até o ponto em que ela não represente uma verdadeira ameaça ao seu projeto.
Os únicos problemas de Ciro são, ele mesmo em primeiro lugar e, em segundo, um problema que pode transformar um limão em uma limonada: é se Aécio for o candidato do PSDB. Aí, para Ciro, dependendo do patamar onde esteja, será uma espécie de escolha de Sofia: ou enfrenta Aécio ou se torna seu vice.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!