BRASIL PELO MÉTODO CONFUSO!

Alguma fatos mostram como o Brasil vive um momento complicado e difícil de seu itinerário poltico-institucional. Não seria apenas a acelerada valorização do dólar, a oficialização da sobretaxa do aço brasileiro pelos EUA, a reestimativa do PIB que crescerá não mais de 2%, além de uma Petrobrás cuja ação caiu de 26 para 16 reais, não representariam, com certeza, complicadores de maior relevância. Porém  tais fatos seriam melhor explicitados e avaliados, a partir de uma análise simples das circunstâncias que os motivaram. O primeiro deles registros-se e ainda tem repercussões, que foi todo o “ïmbroglio” gerado pelas trapalhadas criadas pela forma como foi conduzido o processo de administração das consequências da greve nacional dos caminhoneiros.

A instabilidade institucional, os prejuízos econômicos, os desgastes e a queda de credibilidade do poder constituído, provocadas por uma aparentemente simples paralização de uma categoria, também aparentemente inofensiva e poucas vezes criadora de transtornos à ordem pública, chamou a atenção e casou perplexidade a muitos.

O segundo fato e que tem ocupado um espaço maior de mídia, são a divulgação de requentadas notícias ou matérias relativas a documentos “ditos secretos” divulgado pela chamada  “inteligentzia” americana — FBI, CIA e outros entes menos votados — sobre o que foi o regime militar brasileiro, chamando particularmente a atenção para  a corrupção que ali grassou. A insistência com que a Rede Globo tem dedicado tempo e espaço á matéria, como que convocando o País a uma revisão histórica critica daquele período — encerrado  seriam  33 anos! — não apresenta uma justificativa básica para melhorar e aperfeiçoar as instituições t atuais mas um mero denuncismo que, como resultado mais imediato, só leva a uma irritacao maior dos militares. Aliás, a tendência de criminalizar, quanto ao comportamento ético,, os militares de então, parece que só encontra duas motivações.

A primeira destinada a intentar acantonar os militares, notadamente alguns mais inquietos e, errônea e precipitadamente, partícipes da idéia de intervenção militar no processo político-institucional, face a fragilidade do governo constituído. Talvez tal estratégia represente um grande erro porquanto, os líderes mais expressivos das Forças Arrmadas não admitem a idéia de incorrer em tal equivoco. Para eles os tempos atuais, mostram um razoável funcionamento das instituições e o papel estratégico de uma nação com as dimensões econômicas, sociais e políticas do Brasil, no concerto universal. Estas duas constatações  desautorizariam qualquer movimento nesse sentido. Ademais, a sociedade civil não toleraria a volta de um regime ditatorial vez que tem consciência de tudo que há por trás de um regime autoritário, tanto em termos de limitação das liberdades civis, de cerceamento do exercício da cidadania, da imposição de restrições á organização da sociedade civil, enfim, no que respeita às insuportáveis restrições ao ir e vir dos cidadãos como um todo.

Uma coisa passível de aceitação é a busca por parte de historiadores, pesquisadores e estudiosos,  de esclarecer alguns aspectos de um regime autoritário que, em termos das dimensões territoriais e populacionais do Brasil em nada se assemelha ao que ocorreu ao pequeno Chile e a Argentina onde os descalabros, os mortos, os desaparecidos são muito maiores em números e em gravidade do que se fez á natureza humana quanto o que ocorreu no Brasil. Não que não se condene os 350 mortos nos 21 anos de ditadura militar e que não se revejam os erros, os equívocos e os crimes ali praticados. Excessos ocorreram e a a natureza humana que dominava quem detinha o poder, apresentava as mesmas fragilidades da sociedade brasileira com um todo e, portanto, corrupção, desvios de conduta e distorções de comportamento e disfunções de várias ordens, ali também ocorreram.

Certo é que, pelo que a história conta, os presidentes durante o regime militar, todos eles, sem exceção, segundo as informações divulgadas pela mídia, todos morreram sem deixar qualquer patrimônio “fora da curva” nem deixaram beneficiários que poderiam ser apontados como herdeiros de suas diatribes. Com isto se demonstra que, pelo que se avalia, nenhum deles se apropriou de benefícios advindos de tal possível comportamento errático e até criminosos.

O terceiro fato que já provoca irritação nos democratas de princípios e de convicção, tem sido a insistência com que determinados grupos vem pregando, estimulando e apoiando a esdrúxula idéia de intervenção militar no processo político. A exótica idéia não encontra guarida no meio militar e não encontra respaldo na sociedade civil que tem noção precisa dos custos, para ela, de uma ditadura, de qualquer origem, tipo ou jaez!

Ninguém, em sã consciência, mesmo diante de uma economia que está demorando a retomar o ritmo de expansão e que apresenta elevadíssimo nível de desemprego; diante de uma sociedade marcada pela frustração, pelo desencanto e pelo pessimismo de sua população, além da falta de uma idéia-força ou de uma liderança carismática que a faça os brasileiros voltarem a acreditar no sonho e na esperança, acha possível qualquer crise institucional que leve à ruptura das bases e dos princípios do estado democrático de direito. Dessa forma não se acredita que a sociedade venha a apoiar retrocessos institucionais.

 

Claro está que sem sonho não há caminho. Sem sonho não há solução! Mas também, é bom que se consigne que, embora mergulhado em problemas estruturais e institucionais; com uma sociedade onde o pessimismo, o desalento e o desencanto são as marcas maiores; sem a existência de um projeto nacional que mobilize e entusiasme os brasileiros, mesmo assim, esse caldo de cultura tão negativo não desmantelará o que se construiu de 1985 até os dias atuais.

Também, é bom que se registre que essa atitude de buscar um bode expiatório ou de estabelecer que é a classe política a responsável por todos os erros e vícios do País; ou de afirmar que os problemas derivados da fragilidade das instituições ou das questões estruturais da economia nacional, nada disso virá a alterar o curso da vida e a estabilidade institucional do Brasil. Todos esses conceitos e o que divulga e massifica nas redes sociais representam análises pobres ou propositadamente distorcidas da realidade ou voltadas a atender a algum propósito político-ideológico distinto.

A questão central é que os brasileiros ciclotimicos e pendulares como, são além de viverem um momento partícular de crise existencial ainda acreditam que o hoje e o amanhã só mudarão a partir da ação de um sonhado salvador da pátria. E isto representa uma perspectiva pobre e desprovida de qualquer base a não ser a crença em obras do acaso ou em milagres que hoje estão em falta no mercado das crenças.

Finalmente, em situações como as que se vive, questões e erros do passado são tornado públicos e estão a exigir uma acao objetiva e oportuna do poder público. A questão dos altos salários de servidores públicos ultrapassando o teto constitucional, inclusive de funcionários de estatais que vivem de subsídios e auxílios do orçamento da União, não deveriam mais ser tolerados. Também, a movimentação de grupos criminosos ora atacando edificações e entidades públicas além de já terem incendiado mais de 64 ônibus só em Minas Gerais,  merecem uma atenção especial do poder público para que não se desmantele e desmorone o resto que ainda há de respeito às instituições políticas e administrativas do país.

Preocupa a todos os brasileiros esse processo comandado de dentro dos presidios, orientando a demonstração de força e prestígio dos vários grupos do crime organizado como o que ocorreu em Alfenas e Uberlandia, Minas Gerais; Mossoró, no Rio Grande do Norte; no interior de Santa Catarina, Amapá e outros locais. Assusta a resistência do crime organizado à intervenção militar no Rio; o controle de vários bairros no Rio, em Fortaleza e em vários outros pontos do território nacional além do ar e da atitude ameaçadora diante da tentativa do estado de cumorir o seu papel.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *