MORO, POLÊMICO? PARCIAL? POLITICAMENTE INÁBIL?

Moro, mesmo não desejando e preferindo ficar às sombras, nâo sai de cena. A Lava Jato não consegue ter outra cara a não ser a sua, mesmo com as atitudes, às vezes ansiosas, imaturas e precipitadas dos jovens e inexperientes embora competentes  procuradores que o apoiam e o auxiliam na Lava Jato.  O seu destemor, sem se marcar pela arrogância e nem pelo exibicionismo, em nada se compara, com às vezes, até mesmo patética, atitude tomada por algumas figuras da república que, muitas vezes, o povo já começava a depositar alguma esperança mas os mesmos mergulharam no deslumbramento e se perderam no caminho de volta. O seu equilíbrio e ponderação, sem a exibição de uma falsa humildade, pontificou sempre, mesmo diante de um depoente como o que se ungiu como santificado pelos deuses e, de certa forma, se pretendendo intocado e intocável. No caso, Lula da Silva.

E o “juizinho”, segundo os lulistas, até agora, não se mostrou picado pela mosca azul adotando sempre uma postura de sobriedade e equilíbrio, sem exibicionismos! Até mesmo a convivência com a mídia, embora querendo-a o mais distante possível dele e muito reservado a quando e como conceder entrevistas,  porém sem gerar com ela conflitos intransponíveis, buscou resguardar  a sua privacidade de juiz. E, mesmo no centro das atenções, nunca explorou quaisquer momentos especiais para o normal “show off” de que se aproveitam famosos, no mais das vezes, circunstanciais e momentâneos

Agora mesmo, no centro das atenções, em função da sentença que proferiu condenando Lula a nove anos e meio de prisão, foi objeto de críticas ácidas dos petistas  e aplausos amplos de anti-petistas qualificando-o,  no mínimo, de polêmico, parcial ou, até mesmo, politicamente inábil. Na apreciação do cenarista, uma avaliação mais isenta da sentença, inclusive de seu “timing” político mostra que Moro adotou todas as cautelas para não tornar a sua decisão questionável ou capaz de promover uma comoção nas hostes petistas diante da sua indignação face a condenação de seu líder maior.

Também, de forma equilibrada e talentosa, a sentença é, ao mesmo tempo acusatória mas também absolvitória na proporção que não propõe condenar o acusado pelo crime do recebimento indevido de benefícios propiciados pelo “financiamento” pela OAS, das despesas com a guarda de seus bens pessoais e acervo de documentos e presentes recebidos durante o período presidencial.

Ademais, Moro não respaldou a sua sentença em delações e  nem em ilações para nào correr o risco que correu quando encaminhou à Corte do Tribunal Federal de Recursos do Rio Grande do Sul, a proposta de condenação a 15 anos de prisão de Joào Vaccari Neto, ex-Tesoureiro do PT. Também teve a prudência em não pedir a prisão do ex-presidente deixando tal ingrata tarefa a segunda instância que, ao julgar a sua decisão, poderá pedir o trancafiamento de Lula.

A peça acusatória mostra consistência e coerência buscando não incorrer em juízos de valor precipitados, delações, ilações e informações imprecisas valendo-se muito mais nos vícios, contradições e auto incriminações do s próprios depoimentos do próprio Presidente Lula, focando apenas na questão do triplex. Aliàs se o Fiat Elba foi a base da acusação e afastamento da Presidência de Collor, o triplex pode vir a ser o que levarã a suspensão dos direitistas políticos de Lula e o seu afastamento do pleito de 2018.

Moro nào é portanto nenhuma incógnita e suas decisões não são de todo imprevisíveis. Parece não ser um juiz que decide segundo a direção dos ventos e os humores da sociedade. E as suas atitudes não devem estar sujeitas a nenhum julgamento precipitado porquanto as suas decisões não revelam qualquer tendência politico-partidária, qualquer interesse material e nem tampouco qualquer busca de uma notoriedade circunstancial e passageira.

Não se pode sequer dizer que Moro engrosse o grupo de juízes que promovem, pelas suas atitudes, a tão falada ou chamada imprevisibilidade judicial, pela tendência a não seguirem e não respeitarem a letra da lei, subordinando seu julgamentos aos seus humores, aos seus valores e as suas experiências com os problemas e dificuldades da sociedade.

Na verdade, ao não pedir a prisão de Lula; ao apresentar ou exarar a sentença no auge da discussão sobre o afastamento de Temer no Congresso, para demonstrar que queria fugir das luzes da ribalta; ao estabelecer uma sentença acusatória e, no mesmo texto e ao mesmo tempo, uma sentença absolvitoria; ao fugir das subjetividades e dos juízos de valor imprecisos no texto da peça sentencial, o “juizinho” mostrou muito senso de oportunidade e de habilidade política. E isto esvaziou uma mobilização popular nacional  que pretendiam os petistas no sentido de mobilizar, comover e sensibilizar o eleitorado simpatizante.

O que ocorrerá a partir de tal decisão de Moro? O processo vai ao TRF para apreciação da sentença exarada e, caso confirmada, iniciam-se as demarches da defesa,  as reações do Ministério Público e  as ações dos seus adversários que provocarão  Moro a apresentar as sentenças das demais ações sob a sua responsabilidade. E aì não se pode antecipar o que poderá ocorrer mas o se supõe mais provável é que a decisão de segunda instância poderá levar a suspensão dos direitos políticos de Lula e sua inabilitação para a disputa do pl

 

 

 

 

 

 

 

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