E O TEMPO LEVOU …

O Brasil vem sangrando já faz um bom tempo. A descrença, o desânimo e o pessimismo tomavam conta da maioria dos brasileiros. A própria Operação Lava Jato disseminava a idéia de que, a partir de agora, gente graùda seria presa e, de um certo modo, consolidava-se a noção de que o crime não compensava e a impunidade não mais iria prosperar. É claro que, vez por outra ocorriam fatos ou decisões, oriundas de “instâncias superiores”, máxime de membros dos tribunais, que, de uma certa forma, levavam a um certo desalento de que a esperança estaria em cheque como ocorreu, por exemplo, com a soltura de José Dirceu.

Mas, mesmo assim, as pessoas começavam a ter um laivo de esperança de que as coisas poderiam melhorar. E isto porque, as ações que vinham sendo tomadas pelo governo, faz exatamente um ano, mostraram uma redução significativa nas taxas de juros, uma queda continua na taxa de juros básica, uma retomada da economia e uma sensível melhora no ambiente de negocios.

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De repente, como um verdadeiro “tsunami”, veio a público revelação do teor de uma gravação feita pelo empresário Joesly Batista, diga-se de passagem, de forma inescrupulosa, o dono do maior grupo produtor de proteínas do mundo, apoiada tal gravação e, também estimulada pelo Ministério Publico Federal, com a concordância do Ministro Edson Fachin e com o supote da Polícia Federal. O suposto teor explosivo da gravação era que a “suposta” vítima era nada menos que o Presidente da República. Sem que ainda se conhecesse o teor da ou das gravações, a midia já informava que Temer “havia incorrido nos crimes de obstrução da justiça e de corrupção passiva”.

E, como era esperado, já se especulava como se daria seu afastamento, se havia possibilidade de eleições diretas ou que o presidente estaria prestes a renunciar. E, com tal tumulto o que ocorreu foi que a bolsa desabou, o dólar explodiu, o risco Brasil foi para as alturas e, no Parlamento, os relatores das reformas, suspenderam as suas ações e informaram que nada iriam fazer até que o quadro politico-institucional clareasse.

Independente de qualquer juízo de valor sobre a procedência ou não dos achados contidos nas gravações; dos pronunciamentos de Temer procurando demonstrar que nenhuma declaração estava ali contida que o incriminasse de qualquer coisa e de reiterar que não renunciaria; independente do fato de que o episódio se assemelhasse a algo orquestrado e montado com o propósito de inviabilizar politicamente o seu governo, o certo é que o prejuizo já dado ao País é incalculável.

Se o já ocorrido já foi tão violentamente prejudicial para os destinos do País, o que pode vir a ocorrer com a não concretização das reformas, cujo andamento já vinham provocando melhorias substanciais na credibilidade do paìs no exterior, podem sofrer sērios reveses inclusive, para potencializar os efeitos negativos desse episódio, o fato é que, a partir de agosto, a temática entre os parlamentares será, tão somente, as eleições gerais de 2018.

E o mais absurdo do que ora estar a ocorrer é que as entidades da sociedade civil que sempre pontificavam em momentos como esses defendendo a constitucionalidade e os interesses pátrios estão mudas e não vem as ruas convocar que o Congresso mantenha o curso das reformas e o apoio as mudanças econômicas, deixando que a justiça examine e julgue o que houver de errado no episódio. A própria sociedade não pode permitir que interesses mesquinhos dos políticos se sobreponham aos interesses maiores da brasilidade.

Finalmente, o que mais deixa os cidadãos brasileiros indignados é que os irmãos Batista que construiram um império na base de dinheiros públicos e favores governamentais; que confessaram que compraram consciências de gestores governamentais e políticos para “facilitar” as suas transações, se beneficiem da mais premiada das delações. Isto porque, pagaram uma multa inferior a que o Gerente Barusco fez — a devolução de noventa milhões de dólares! — a deles de 220 milhões de reais — não serão presos, não usarão tornozeleira eletrônica e ora gozam as delicias de Nova York.

E, “last but not least”, por conta do episódio, especularam com a moeda americana e ganharam mais de quinhentos milhões de dólares, segundo as autoridades econômicas que agora estão a pedir que o fato seja comprovado pois o crime, criado pela sua própria delação, foi um crime premeditado. E todos perguntam, onde estava a Receita Federal e a COAF que nunca perceberam as estripulias do grupo Batista?

Há que se indagar se Temer, suponha-se que não tenha porventura cometido os crimes que lhe são imputados, pelo menos incorreu no crime de omissão e de receber uma figura marcada por comportamentos discutíveis. Com certeza são questionamentos a serem ponderados além do constante preço pago pelo Presidente pelas suas frequente más companhias.

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