MARIELLE, A SÍNTESE E A TRAGÉDIA DOS NOVOS TEMPOS!

Estamos em pleno mar. Tudo é tormenta! Cada informação adicional que é divulgada deixa o cidadão brasileiro mais sensível, mais confuso e mais pessimista quanto ao amanhã do País! E, o pior! É que as mensagens que surgem não agregam espaços para novas crenças e nem para novas expectativas. A avaliação que se tem é de uma sociedade deveras conturbada e marcada por um processo de crise que tem  levado a um movimento de confronto permanente! É a sensação que fica, para  qualquer analista, é que a sociedade vive em uma verdadeira guerra e a belicosidade é o principio que impera!

O próprio caso Marielle levou a uma nítida divisão da sociedade mostrando, de um lado, um possível evolucionismo de postura e um questionamento do “status quo” da barbarie que hoje domina as relações socials! Por outro, a indignação daqueles que não aceitam o uso do cadáver de Marielle como um instrumento das esquerdas e dos seguidores de Lula como base para tirar proveito politico-partidário e ideológico    ou um caminho para reabrir o debate, a discussão, e o confronto entre o Brasil de uns e o Brasil dos outros que se sentem ou  foram, de fato,  apeados do poder.


Quando alguém morre as explicações são as mais variadas. Ou foi por conta da sorte ou do acaso; ou foi provocada por um ou vários adversários;  ou ainda a pessoa  foi responsável pelo prejuizo de uma causa  ou porque prejudicou interesses questionáveis ou não, de pessoas ou grupos,  mesmo que tal tenha ocorrido, de forma inconsciente. E a pergunta que todo o Brasil e os brasileiros se fazem é sobre qual  teria sido a causa que motivou a barbárie que se abateu sobre o Rio e sobre o Brasil, caracterizada pela tragédia consubstanciada na execução de Marielle! Quais as razões capazes de explicar esse infausto evento que se abateu sobre uma bela, talentosa, atuante e depositária de sonhos e de esperanças dos moradores da Favela da Maré, como era vista a vereadora Marielle?

Ou será que Marielle foi apenas uma vítima de uma possível demonstração de força de uma presumida polícia militar corrupta ou das chamadas milícias organizadas que não aceitam a imposição da intervenção militar e nem a tentativa de desestruturação do crime organizado no País? Ou será ainda que Marielle, diante da falta de opções e alternativas, encontrou, como o único caminho de sobrevivência e afirmação, a “escolha de um lado” e, por isso foi manipulada e usada pelo Comando Vermelho ou vítima de facções concorrentes do banditismo estruturado no Rio, em particular?

Será ainda que ela foi usada pelo crime organizado para tentar desmoralizar a ação da intervenção militar? Ou seja, o chamado crime organizado, usando  profissionais do tiro, procuraram demonstrar que a instituição se disseminou, de tal maneira, que não há mais como contê-la? Será, também que a força da droga, que alimenta e estimula todo esse processo e que sempre foi capaz de financiar toda essa estrutura bem como toda a corrupção dos presídios e dos quartéis e até de parte do poder judiciário, não deveria ser responsabilizado por esse estado de coisas tão deplorável? Será que a precisão dos tiros de um atirador dirigindo um veículo, seria de alguém que não fora do crime organizado mas, possivelmente, de um sub-remunerado policial militar, que teria sido cooptado pelo crime organizado?

Os bandidos tem demonstrado que não aceitarão a sua desmobilização como ficou caracterizado pela reação já manifesta ao  controle das forças armadas  sobre a Vila Kennedy, desafiando, de forma sistemática, ousada e impertinente, as forças do exército  que para lá se deslocaram e desmontaram barricadas erguidas nas ruas! É fato, também que a ousadia dos bandidos ficou patente quando, menos de vinte quatro horas depois da ação dos militares , já haviam sido recolocadas as barricadas com o apoio e a decisiva atuação da população!

Não chama atenção apenas o triste evento da execução — só este ano quinze vereadores foram já executados! — mas, como a sociedade está sendo dividida pela ação de grupos político-ideológicos que querem se aproveitar do lastimável fato usando um quase mantra — negra, pobre, favelada, etc — como forma a caracterizá-la como vítima das desigualdades e das injustiças sociais e imolada no altar dos sacrifícios, ou por militares corruptos a serviço do “status quo”, ou ainda, pelo próprio crime organizado.

De outro lado, situam-se  aqueles que buscam desmontar e desestruturar Marielle, atribuindo-lhe vícios, erros e equívocos querendo-a colocar como alguém a serviço do próprio crime organizado. As duas atitudes são lastimáveis e devem ser conbatidas pelos cidadãos de bem desse país. O que se quer é que as autoridades façam as perícias, os levantamentos e as investigações devidas  e que o crime seja desvendado. O que todos querem é que a intervenção militar no Rio dê certo e possa indicar formas de desmantelar o crime organizado não apenas na Cidade Maravilhosa mas também no Ceará, no Nordeste e Norte do Pais. O que se deseja, ao fim e ao cabo, é que o País venha a ter um politica de segurança publica eficaz e eficiente que enfrente o crime organizado, o tráfico de drogas e de armas e a corrupção que toma conta da polícia  e da justiça. O que se espera  é que hajam políticas objetivas e honestas para lidar com a questão do menor infrator, entre tantas questões relevantes e urgentes no País.

Alguem dirá que o que o cenarista sonha é com o impossível! Mas, na verdade, o que se quer é que o Pais caminhe para, pelo menos, ser o que é São Paulo em termos de segurança pùblica e não se transforme  num Mexico, em termos de domínio do narcotráfico e da violencia que vem no bojo do mesmo sistema!

Será que é esperar ou pedir muito? Pode ser uma grande aspiração mas, com certeza, se tal drama não for enfrentado, o país, já hoje tomado por ódios e ressentimentos e onde o diálogo quase não mais existe, poderá experimentar comoções insustentáveis. Ou não?

 

 

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