O PROCESSO MARCHA PORÉM SEM GRANDES NOVIDADES!
Uma semana deveras movimentada no que respeita ao andamento do processo politico-eleitoral. As candidaturas se definem, os vices são anunciados e as coligações e acertos estão se estabelecendo. Algumas idéias são colocadas pelos candidatos, mas, na verdade, nada que defina um projeto para o Brasil. Até agora nenhum dos nomes foi capaz de despertar paixões e emoções nem tampouco lançar idéias capazes de sensibilizar ou entusiasmar segmentos do eleitorado. Na verdade, a campanha ainda é chocha e desinteressante. No entanto, aos poucos, parece, que o pleito, começa a sensibilizar o entusiasmo do eleitor nos estados onde já há uma tendência de um maior acirramento das paixões e dos ânimos pois os interesses, por serem mais próximos, ativam mais tais sentimentos. Porém, o que interessa mais imediatamente aos eleitores como um todo e aos analistas, em particular, é aferir e avaliar quais as tendências e perspectivas do processo eleitoral e como os vários atores vão assumindo o seu papel.
Bolsonaro, por exemplo, com seu estilo peculiar, continua a entusiasmar os saudosistas do regime militar e aqueles que querem um pouco mais, nas relações sociais, da presença de valores como a hierarquia, a disciplina e o respeito extremo aos valores democráticos. O seu modelo ou seu protótipo, escolhido estrategicamente, parece querer reeditar uma espécie de Trump tupininquim, pois os valores que defende e os objetivos nacionais que propaga, são aqueles assemelhados aos do Presidente americano. Ao que parece procura derrubar mitos de que um presidente do tipo de que o mesmo seria uma espécie de salvador da pátria, um enviado dos deuses ou um homem com todo o saber capaz de dispor de respostas para todos os desafios e problemas. E assim passa, pela sua própria forma de responder a questionamentos, a mostrar que governará como fizeram os presidentes do regime autoritário que o fizeram montados numa aliança com a técnico-burocracia e com profunda reverência e respeito aos profissionais de saber técnico-econômico social e Juridico por eles escolhidos.
Ciro, por outro lado, intenta ser uma proposta diferente caracterizando-se como nem de esquerda, nem de direita e também não se rotula de centro. Procura dar una demonstração de ser um homem acima de seu tempo e de professar ideias que ainda estão por vir. Com seu ar imperial, detentor como se mostra, de todo o conhecimento e de todas as verdades, denunciando a todos e a tudo, sendo crítico impiedoso de todos os gestores públicos do país, não reservando um elogio, sequer ao irmão, procura demonstrar não ter compromissos e nem amarras com partidos, agremiações, grupos, pessoas ou líderes. Com isso vai tentando angariar simpatias e apoios para um projeto de poder que até hoje não explicitou claramente as suas bases e os seus apelos. Continua irônico, crítico mordaz, polêmico e, muitas vezes, até agressivo, no enfrentamento de críticas ou de adversários.
Alkimim parece querer capitalizar, nesse ambiente tão pesado, de visão crítica e até belicoso, experimenta a sociedade brasileira, o epíteto que lhe marca a atitude e o comportamento nos embates: picolé de xuxu! Ou seja, não se irrita, não faz grosserias e não perde a tramontana, em qualquer circunstância, dando a entender, a todos, que o País precisa mais da conciliação e do entendimento do que do confronto e da agressividade. Trabalha com o capital que construiu em todos esses anos, desde vereador em Pindamonhangaba, até candidato à Presidência da República, em 2006, quando disputou o segundo turno com Lula. Procura, sem exageros e sem excessos, mostrar a ficha limpa, os feitos e o que sabe de gestão pública e de negociação de interesses e pressões que um executivo do naipe de um presidente, tem que enfrentar. Fechou acordos partidários muito relevantes e já conta com apoios significativos como os dos candidatos a governador do Rio, Eduardo Paes, do candidato a governador de Minas, Antônio Anastasia e, com a escolha de Ana Amélia, um significativo apoio do Rio Grande do Sul. Também a lealdade de líderes expressivos de seu partido como Tasso Jereissati, Theotonio Vilella Filho, entre outros. Se não bastasse, tem a seu favor, o temor do empresariado paulista e nacional, que não quer ser surpreendido por uma opção eleitoral voluntariosa e de difícil relacionamento como seria Ciro Gomes ou o estilo militarista de Bolsonaro, ou ainda o temor de uma nova surpresa de esquerda. Isto os leva a uma pesada aposta de suas fichas no conservadorismo e no equilíbrio de gestor que representa Alkimim.
Os demais pretendentes, desde Marina Silva, com seu ar “de já vue” até a possível proposta petista que se encaminha talvez para o ex- governador da Bahia, Jacques Wagner ou para o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, nada mais parece representar alternativa de poder passível de sensibilizar o eleitorado a ponto de empolgã-lo no quadro que aí está. Na verdade, mesmo com as composições partidárias possíveis, é difícil acreditar numa arrancada de Meirelles, de Álvaro Dias, de Guilherme Boulos, de Manuela D’Avila ou de outro pretendente. Todos têm pouco a mostrar e potencial para ser capaz de virar o jogo e tornar-se uma figura carismática nacional.
O que chama a atenção dos discursos de tais pré-candidatos é que, até agora, nenhum dos candidatos ainda não apresentou uma espécie de idéia-força de seu projeto de poder ou o que se poderia qualificar de uma espécie de estruturação de pensamento sobre o que querem para o Brasil, capaz de empolgar e sensibilizar o eleitorado. Dizer, por exemplo, que em dois anos liquidará o estoque de desemprego não sensibiliza ninguém se não for explicitado como e com que meios tal objetivo ou meta seria alcançado. Propor que nos próximos quatro anos proverá meios para que os 63 milhões de cidadãos devedores estarão fora do SERASA, parece um sonho de uma noite de verão. Sugerir que fará as reformas institucionais fundamentais também não acena nada de esperança consequente para os brasileiros.
O que o eleitorado quer saber é como se diminui o tamanho do estado, quer simplificando-o, quer desestatizando uma série de funções e atribuições ou quer descentralizando as suas ações, não apenas para municípios e estados mas, também, para a própria sociedade civil. Isto representará uma reforma do estado e uma revisão de suas políticas tributária e fiscal com vista a esse redesenho de atribuições, competências e funções. Não adianta manifestar ideias sobre como enfrentar as demandas mais urgentes da sociedade relacionadas à segurança pública, à educação, â saúde, a questões urbanas como transporte de massa, saneamento básico e melhoria de acesso a serviços públicos essenciais. Isto porque, diante da rigidez do orçamento público federal e dos reduzidos graus de liberdade para geri-lo, nenhuma proposta mostrar-se-á consistente se não se definir como tais gastos serão financiados.
Ou seja, como superar a rigidez orçamentária, melhorar a eficiência do gasto público, diminuir desperdícios e garantir foco as prioridades governamentais, representam pontos cruciais a serem claramente explicitados por cada um dos candidatos, definindo as estratégias que deverão adotar para tornar real-concreto tais propostas. Isto é algo objetivo que se quer ver acontecer.
Um dos fatos auspiciosos dessa eleição é o efeito já sentido da lei da ficha limpa na escolha dos nomes para disputar os cargos executivos mais relevantes do Pais. Representou um grande avanço da mesma forma que a nova lei de financiamento das campanhas eleitorais e a futura aplicação do diploma legal sobre as chamadas coligações proporcionais, já estão a produzir efeitos sobre o quadro político-eleitoral do Brasil. É claro que um sistema com tantas distorções e com tantos vícios não consegue ser mudado, integralmente, de uma só vez e em toda a extensão e dimensão que se deseja e quer. Mas, o fundamental é iniciar o processo de limpeza ética do quadro ora apresentado.
A indecisão e o ceticismo dominam os sentimentos dos brasileiros e marcam a atual visão e percepção do eleitorado sobre políticos e sobre a própria atividade política. Espera-se que tais posturas possam vir a ser mudadas a partir das propostas apresentadas e dos debates que se processarão pois caso não haja uma mudança de atitude a partir de tais manifestações, isto se refletirá não apenas na quantidade de eleitores que comparecerão às urnas bem como na natureza da atitude perante o volo onde a anulação será a marca maior.
Finalmente a revolução das comunicações e o desenvolvimento da chamada realidade virtual levaram a um desenlace extremamente vexaminoso, por exemplo, as ditas explicações que a direção da Rede Globo fez ao comentário de Jair Bolsonaro, no encontro promovido pela Globonews. Ali Bolsonaro explicitou o sentimento, o pensamento e o apoio de Robero Marinho a intervenção militar ou o apoio da instituição, ao regime militar. Sem que por que e pra que, a atual direção da Rede Globo vem, através de uma insegura Miriam Leitão, apresentar uma triste versão de esperteza e de oportunismo, ao impor a jornalista a leitura de uma nota pobre e desprovida de relevância, contestando a postura do próprio Roberto Marinho, 10 anos após a sua morte! Triste e lamentável!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!