OS GARGALOS DOS PROJETOS ESTRUTURANTES!

O Brasil, além de apresentar uma limitada e constrangedora relação INVESTIMENTO/PIB, em torno de 17 a 19%, quando busca priorizar uma série de intervenções estruturantes, o esforço esbarra na incompetência gerencial, nos “imbróglios” criados pelos órgãos de licenciamento ambiental e os de controle, além dos naturais entraves burocráticos!

No estudo de um caso específico, o estado do Ceará, as obras do PAC mostram um desempenho para lá de pífio, reproduzindo, mais ou menos, o que ocorre a nível nacional. E, imagine o leitor que, em se tratando de regiões deprimidas, subordinadas a enorme fosso em termos de desigualdades de renda, vis-à-vis o resto do País, os atrasos no andamento de tais projetos estruturantes são deveras constrangedores e limitadores ao desenvolvimento do estado e a superação do seu estado de pobreza.

O PAC do Ceará tem 54,5% de suas obras no papel e apenas 10,2% delas concluídas. Os seus projetos estruturantes, sonhos de mais de quarenta anos, no caso a Refinaria e a Siderúrgica, sofrem dos mais variados problemas. A Refinaria, com a atitude claudicante da Petrobrás que, segundo Ciro Gomes, quer trocar o compromisso de implantação da Refinaria Premium II pelo apoio político a Dilma Rousseff além de problemas relativos a suposta “propriedade” da área onde será assentada, reclamada por uma etnia indígena! Aliás, é estranha essa demanda da tal etnia indígena porquanto no Ceará, nem índios e nem negros, praticamente, estiveram por lá. Lá não tinha zona da mata, não tinha ouro, não teve café e muito menos alguma coisa da Corte Portuguesa. Qualquer coisa em termos de índios aldeados e populações quilombolas é conversa de historiadores preciosistas ou de ambientalistas ou “culturalistas” xiitas.

Quanto a Siderúrgica, tão ansiada por permitir consolidar o embrião de um polo metal-mecânico, mais uma vez, licença ambiental, reclamos de uma etnia indígena, burocracia e outros pequenos entraves, estão a limitar o início da implantação de referido empreendimento.

Outros projetos capazes de mudar a face econômico-social do estado sofrem com a lentidão, com a falta de ousadia de gestores, com as limitações impostas pelo Planejamento para a liberação das verbas, além de ociosas discussões bizantinas. São eles a Transnordestina, importante eixo ferroviário a viabilizar o complexo industrial do Pecém; A Transposição das águas do Rio São Francisco, capaz de, com a implantação do projeto “Cinturão das águas” e através da recarga estratégica das barragens, permitir que os projetos de irrigação, já implantados, sejam viabilizados e propiciem uma expansão, enorme, da produção de frutas tropicais, de flores e do desenvolvimento da pecuária de pequenos animais.

Se não bastasse que tais projetos estivessem sofrendo atrasos e problemas, o Estaleiro a ser implantado no Estado, encontra resistência da Prefeitura em face da localização pretendida e defendida pelo governador. Até o programa “Cinturão Digital” aguarda o Projeto Banda Larga da União para que possa ter o seu desempenho agressivo capaz de promover uma verdadeira revolução cultural no Estado.

Claro está que o Ceará, se pretendesse desenvolver o seu crescimento diante de uma visão estratégica e aproveitadora de suas reais potencialidades, deveria voltar-se para o talento, a inventividade e a iniciativa das pessoas, as vantagens do clima – só a insolação garantiria potenciais inauditos de crescimento – e as possibilidades abertas pelos serviços de toda ordem, tão demandados e necessários ao País.

O Ceará, por exemplo, com cerca e 30 mil alunos do segundo grau, garante a maioria das vagas do IME, do ITA, da Escola Naval e ganha 43% de todas as olimpíadas nacionais de ciências exatas para alunos do segundo grau. Imagine o Estado aproveitando tal diferencial para gerar mão de obra altamente qualificada para produzir externalidades positivas para a atração de investimentos aqui e garantir investimentos lá fora?

O Estado tem a liderança, no Nordeste, em termos qualitativos e quantitativos, no que respeita a medicina de alta complexidade o que, poderia fazer com que, houvesse uma enorme demanda por tais serviços de todo o norte e nordeste do País. A criatividade e a iniciativa dos cearenses poderiam permitir a implantação de um polo de serviços de TIC’s, ou seja, de tecnologias da informação e da comunicação, permitindo-se reproduzir uma espécie de Nova Deli, na área metropolitana de Fortaleza!

E o turismo, diante dos investimentos que faz o Governador, em um novo Centro de Eventos, de um Aquário, de ampliação da infraestrutura viária, dos aeroportos regionais e a superação dos estrangulamentos do aeroporto de Fortaleza, encontra a possibilidade de permitir, só tal atividade, que a economia continue a crescer, pelo menos, dois pontos percentuais acima da média nacional.

E, caso os royalties do Petróleo cheguem ao Ceará, pelo menos na média entre o que hoje chega e o que a emenda Ibsen Pinheiro propôs, as possibilidades de financiar investimentos nas áreas de energia – eólica, solar e térmica – e de garantia da infra-estrutura necessária a gerar externalidades positivas para novos investimentos, então a coisa pode tomar o rumo desejado e merecido pelos cearenses.

Se os gargalos criados pelos embaraços fruto da incompetência gerencial da União, das restrições dos órgãos de licenciamento ambiental, da burocracia e do xiitismo de alguns defensores de supostas etnias indígenas e de descentes de negros – quilombolas que, só agora, apresentam os seus representantes caboclos! – forem removidos, então as desigualdades regionais, tão gritantes no País, começarão, de fato, a serem superadas.