Scenarium de 20/02/09

JARBAS, A CORRUPÇÃO E O PMDB

O Brasil é mesmo o país da piada pronta. Como já não bastasse o bolsa-vaselina, a ópera bufa que se transformou o caso César Bastitti e, agora, a precipitação do governo brasileiro, inclusive de Lula e Celso Amorim, no triste “affair” Paula Oliveira na Suíça, as reações do PMDB ao libelo de Jarbas Vasconcelos são, no mínimo, inusitadas.

Agridem Jarbas ao dizer que ele generalizou. Isto não é verdade. Ele falou em maioria do PMDB. Então existe uma parte boa, mesmo que pequena, no partido. Segundo, acusaram-no de não apontar o dedo acusador para algumas figuras do partido. Desnecessário, pois basta verificar os processos que correm no Supremo, no TSE e no STJ além de compulsar a mídia dos últimos anos para identificar alguns nomes ou suspeições. Finalmente, todos dizem que toda a repercussão se esvairá no Carnaval e que as declarações de Jarbas são de alguém desencantado com a vida pública, frustrado pelos resultados eleitorais dos últimos anos em sua terra, Pernambuco, e ensaiando já uma mobilização do PMDB em favor de José Serra. Será?

Este Scenarium acha que a denúncia quebra a chamada “monotonia da normalidade” e retoma a discussão da questão ética no país.

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A SUCESSÃO COMEÇOU!

Lula deu o pontapé inicial. Com a sua candidata à tiracolo, não deu bolas para a legislação eleitoral e começou a fazer campanha. O PSDB, perplexo, a princípio, a única coisa que fez foi apoiar o DEM na denúncia, junto ao TSE, do possível crime eleitoral que Dilma e Lula estariam cometendo. Logo, a seguir, resolveu estabelecer que vai fazer prévias para a escolha do seu candidato à Presidência, como quer Aécio Neves. Falta apenas Ciro Gomes encontrar o seu rumo e definir os seus apoios para que, à exceção de uma candidatura exótica como a de Heloísa Helena, o quadro de candidaturas esteja, praticamente, definido. Claro está que a probabilidade de uma chapa pura do PSDB – Serra e Aécio – é muito remota. A opção de Ciro vir a ser candidato à vice de Dilma será muito difícil, pois Ciro não veste o figurino de coadjuvante.

Sendo assim, a sucessão já está começando e, quem imaginava que depois dos referendos de Evo Morales e Hugo Chaves Lula iria tentar uma emenda de prorrogação de mandato, pode tirar o “cavalinho da chuva”, pois nem aqui é mais uma republiqueta de bananas e nem a crise econômica deixaria isto ocorrer.

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REFORMA POLÍTICA: QUEM ACREDITA?

A proposta de reforma política “fatiada” não consegue sensibilizar ninguém no Congresso. Com o tipo de estrutura partidária do país, difícil aprovar listas fechadas, financiamento público de campanha, cláusula de barreira e até a fidelidade do jeito que foi proposta.

Parece que o governo a encaminhou apenas para dizer que cumpriu a promessa e o Congresso é que não quis aprovar.

A pergunta que fica no ar é a seguinte: se a reforma fosse aprovada nos moldes em que foi apresentada, em que ela melhoraria o processo político-eleitoral, a qualidade do parlamento e a legitimidade das escolhas dos eleitores?

Provavelmente em muito pouco ou quase nada.

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REFORMA TRIBUTÁRIA

Parece que até Palocci arrefeceu o entusiasmo relativamente à referida reforma que, por enquanto, tem servido muito ao relator Sandro Mabel para melhorar o seu possível desempenho eleitoral no próximo pleito.

Diante da crise econômica talvez a redução de impostos sobre a cesta básica; a unificação da legislação do ICMS e a “troca” da guerra fiscal por um fundo que garantisse uma compensação pelas perdas de receitas oriundas da mudança na forma de investimentos de infraestrutura, já ajudaria bastante o Governo Federal.

O sonho de garantir um gatilho para o controle da expansão da carga tributária estaria distante de ocorrer.

Mas os remendos que podem ser aprovados são aqueles relativos à forma de cobrança dos encargos sociais sobre a Folha de Pagamentos bem como a definição de novas alíquotas para o Imposto de Renda.

No mais, é só “lero-lero”.

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E A CRISE?

Continua o seu itinerário. Agora com a “largura da banda” da variação das bolsas – antes de 5 a 10% a cada dia – para algo entre 1 e 3%, em média, indicando uma diminuição da volatilidade. Os pacotes americanos, europeus e chinês, já começam a indicar que a intensidade da crise seja menor. Por outro lado, a decisão da Alemanha de estatizar os bancos, poderá ser seguida por outros países o que levará a fazer aparecer os esqueletos que ainda existem no sistema bancário mundial.

Quanto ao Brasil, as coisas poderiam estar sendo conduzidas de melhor maneira, de forma mais consistente e com a diligência e objetividade que a situação requer.

À exceção do Banco Central e de algumas ações na área da desoneração fiscal e da ampliação dos financiamentos do BNDES, as ações da União são lentas, empacadas e sem sincronia com os investimentos e ações de estados e municípios.

Mas, apesar de tudo isto, alguns indicadores mostram que a crise não tende a ser tão profunda e longa como alguns catastrofistas imaginavam nem tampouco tão “marolinha” como o nosso “Cândido, o otimista”, Ministro Mantega, tem anunciado.

Se houver mais agilidade do PAC; redução da taxa de juros na próxima reunião do COPOM; diminuição de impostos sobre a cesta básica de alimentos e desburocratização do programa de financiamento habitacional, além de maior volume de crédito, aí então a coisa melhora bastante.

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TARSO GENRO E O ESTRANGEIRISMO

Como se já não bastasse os casos de César Batistti e de Paula Oliveira, o Ministro Tarso Genro saiu com uma nova pérola: o handicap. Em entrevista ao jornal espanhol El País, Tarso diz que Dilma “é uma boa candidata, tem boa capacidade de gestão, mas, sobretudo, tem o maior obstáculo que algum candidato à Presidência pode ter: o apoio de Lula”. Mas Tarso diz que a palavra que usou na declaração, “handicap” – traduzida pelo El País

como “obstáculo” – deveria ter sido traduzida como vantagem.
“Utilizei a palavra ‘handicap’, que no Brasil tem uma conotação positiva. No entanto, ela foi interpretada como obstáculo – um sentido completamente oposto ao que me referi”, diz o ministro em seu comunicado.

Para evitar constrangimentos como este, o Ministro Tarso deveria adotar a proposta do deputado Aldo Rebelo, ou seja, a de extinguir o uso de expressões estrangeiras em qualquer tipo de comunicação no país.

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PARA REFLETIR NO CARNAVAL

“Meta cada um a mão na consciência e diga o que lá encontrou.” (José Saramango)

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