Postado em 25 mar, 2010
Será uma batalha de Itararé ou, dentro do espírito de negociação e conciliação, nem os produtores perderão tudo e nem os não produtores ganharão o que sonharam. E, se demorar a sua votação, o que ocorrerá é que, se Serra voltar a crescer e se distanciar de Dilma, é bem provável que a negociação seja feita com o comprometimento de parte substancial da parte que compete à União. Por enquanto, as partes já estão a concordar que, do que já foi acertado, inclusive do pré-sal que já está sendo explorado, os critérios seriam “imexíveis”, ficando o critério do FPE/FPM de rateio para a parte ainda sujeito a pesquisa e confirmação de resultados do potencial a ser explorado. Claro está que a opinião recente do Presidente do Supremo, Ministro Gilmar Mendes, ao afirmar que a emenda Ibsen seria inconstitucional, reduziu o entusiasmo dos federalistas e municipalistas e deu novo ânimo aos estados e municípios produtores. O fato é que, nem fica como está e nem será aprovado algo que não garanta um melhor rateio dos royalties entre todos os membros da Federação. Ademais, que vai ser votada este ano a matéria, isto não há a menor dúvida, pois o confronto já foi estabelecido e não dá mais para recuar!
Postado em 23 mar, 2010
Três coisas levaram Serra a definir que seria candidato a Presidente da República: a angústia dos seus correligionários e da mídia; a montagem dos palanques estaduais e, finalmente, as decisões preparatórias para que auxiliares fiéis assumissem o governo – o vice-governador, Alberto Goldman, recebeu orientação para se preparar para assumir o governo – e os postos-chave no Estado e na sua campanha.
A exteriorização de sua determinação se deu, no dia dos seus sessenta e oito anos, ao jornalista televisivo Datena e, diante do fato de que, no dia 02 de abril, quem quiser ser candidato terá, por lei, que se desincompatibilizar, antecipou Serra que deixaria o governo de São Paulo. Uma informação complementar foi a de que, de maneira suntuosa e festiva, declararia, de maneira direta, a todos os brasileiros, no dia 10 de abril, a aceitação do desafio de disputar a Presidência da República.
Outro elemento que forçou Serra a declarar, embora, timidamente, que seria candidato, foram os resultados da última pesquisa do IBOPE e do Datafolha onde, mesmo sem se dizer candidato, mesmo sem “botar o bloco na rua”, Serra aparecia com 35% das preferências, com cinco pontos acima de Dilma e, em todas as simulações para o segundo turno, ganharia de Dilma com certa folga.
Outro dado sintomático para mostrar que Serra seria mesmo o candidato é que, faz mais de dez dias que Ciro não bate mais nele e, civilizadamente, trocaram cumprimentos na festa de Aécio, na inauguração do Centro Administrativo de Minas.
Por outro lado, a atitude de Tasso, embora afirmando que não seria candidato a vice de Serra, mas assegurando que o “calabrês” teria palanque no Ceará, deve ter levado a uma avaliação com Ciro de que, provavelmente, um acordo entre ele, Serra e o seu irmão Cid, caso Ciro não seja candidato a Presidente – hipótese cada dia mais provável – poderia vir a ocorrer. Talvez seja por isto que Cid briga com a prefeita do PT pela localização do Estaleiro a ser construído no Ceará e Ciro acusa PT de querer duas posições na chapa majoritária de Cid sem dispor de “cacife” para tanta exigência!
Pelo que se sente e se vê, Serra, além de seus 68 anos, já está a enfrentar os limites de tempo e de disposição para referida disputa – na linguagem popular nordestina seria “o último tiro da macaca”! -. Serra sabe que esta é a sua última e viável chance de chegar a Presidência da República. E, se porventura, resolvesse “roer a corda” e desistir da disputa aí, até a sua reeleição a governador de São Paulo poderia ficar comprometida.
Ademais Serra sabe que, a história de confronto entre os governos de FHC e de Lula, acaba favorecendo a ele por três razões:
a primeira é aquela que informa que, nas duas vezes que se confrontou Lula e FHC, FHC foi eleito em primeiro turno. A segunda é baseada em declaração do próprio Lula, “ambos, Dilma e Serra, são candidatos de esquerda e, portanto, não haveria retrocesso”. E a terceira é que Serra nunca agrediu ou desmereceu os méritos de Lula – nunca mexeu com o mito – e mantém-se dizendo que ele será a continuidade do governo Lula. Continuidade sem continuísmo, pois que, aproveitando todas as conquistas e as aperfeiçoando, com a sua experiência de político e de gestor, melhorará a qualidade de programas e projetos em andamento. Dada a sua marca de excelente gestor, garantirá, ao país, um choque de eficiência na gestão pública e garantirá um ambiente econômico, a estabilidade da moeda, além da redução da carga tributária e da burocracia, necessárias ao aproveitamento de toda uma onda de boas possibilidades que o ambiente internacional e as potencialidades brasileiras oferecem aos investidores do exterior. Ademais, todo o programa de governo virá permeado, em todas as suas políticas e ações, pelo princípio da sustentabilidade social e ambiental.
E, finalmente, segundo Serra, o que tem que pesar são as idéias, as propostas e o passado, o que cada um fez e como foi provado na vida pública. Diferentemente do que se temia, a disputa não será só de agressões e palavras soltas ao vento.
Postado em 22 mar, 2010
Nada mais importante e relevante para Barack Obama, no seu papel não apenas de condutor da maior potência do mundo, mas, acima de tudo, de ser a mudança de paradigma nos conceitos de liderança, de governança e de enfrentamento de desafios, não apenas, internos – crise econômica mundial, desemprego, déficit público monumental, descrédito das instituições, etc. – como externos, no papel de mediador de conflitos diante dos desafios geopolíticos, do que a vitória dessa madrugada, a reforma da saúde, a mais importante promessa de campanha. Obama, ao conquistar tal vitória, aliada aos êxitos, embora com muitas críticas, notadamente no apoio dado a recuperação dos bancos, no enfrentamento da crise econômica que se abateu sobre o País, faz com que, se circunstancialmente, a aprovação de Obama tenha caído para 46% contra 48% contrários, será alterada, favoravelmente, no decorrer do ano com uma possível vitória nas eleições de Novembro.
Esse, com humildade, sabendo dos desafios que iria enfrentar, até mesmo dessa “bobajada” que os sionistas procuram disseminar que as coisas não andam melhor, em termos de negociação, entre palestinos e israelenses, porque Obama é muçulmano! Tremenda injustiça e burrice ímpar que, graças a maturidade e o equilíbrio desse líder dos novos tempos, não o irá contaminar na condução dessa gravíssima questão internacional.
O mundo continua acreditando no papel histórico desse homem que levantou multidão e fez reviver o “I have a dream” do grande líder dos direitos humanos, Reverendo Martin Luther King.
Postado em 22 mar, 2010
Um dos economistas mais respeitáveis e preparados do País, Paulo Guedes, em seu comentário em revista nacional de circulação semanal, exalta a competência de Eike Batista em explorar a sua capacidade criativa e de modelar projetos de exploração de potenciais econômicos do País, valendo-se da grande disponibilidade de recursos para investimentos, a nível internacional, e as efetivas possibilidades e perspectivas de desenvolvimento do País.
Na verdade, o economista chama a atenção não apenas para Eike, mas para os André Esteves, os Benjamim Steinbruck, os Carlos Francisco Jereissati, os Daniel Dantas, os Fábio Barbosa e tantos outros empreendedores que estão a estimular tantos outros jovens empresários, Brasil afora, na exploração das potencialidades econômicas do País.
As políticas públicas, quando bem orientadas, podem levar a estímulos extraordinários a que empreendedores potenciais despertem para criar negócios e dinamizar a economia do País. A França, desde 2002, desenvolve um programa, apoiada na desburocratização, máxime para a abertura e instalação de novos pequenos negócios, feitos via internet, além da concessão de incentivos fiscais e financeiros para tais empreendimentos, o que levou a criação de 260 mil novos negócios por ano e, no ano que passou, pela intensificação de tais estímulos e facilidades, no Governo Sarkozy, a criação, em um só ano, de 560 mil novas atividades!
No Brasil, um grande avanço foi conquistado tornando o país o mais empreendedor do mundo, não só na área privada como no empreendedorismo social, a partir do final dos anos oitenta. Isto se deveu, em primeiro lugar, ao trabalho que este cenarista, como Presidente do SEBRAE Nacional, a partir de 1987, teve o privilégio de “turbinar” quando, em primeiro lugar, ao transformar o Cebrae com C em SEBRAE com S, garantindo-lhe autonomia orçamentária e financeira. Adicionalmente, ao promover a mais intensa campanha e provocação do empreendedorismo, da criatividade e da inventividade, através da criação do Programa Pequenas Empresas, Grandes Negócios e da implantação do chamado Balcão do Empresário, iniciados no final da década de oitenta.
Se tal despertou a criatividade e a busca pelo auto-emprego de milhões de brasileiros, em face das restrições à geração de empregos pela economia formal, tomou ainda maior impulso quando a estabilidade da moeda foi conquistada e, aos poucos, mecanismos de apoio aos pequenos negócios foram sendo consolidados.
Mas, se se pretende, aproveitando os bons ventos que sopram a favor do País e, despertar os sonhos, as fantasias e as idéias ousadas de tantos Eikes espalhados por aí, o fundamental será criar o ambiente adequado para os negócios, facilitando a abertura de firmas, abrindo espaço para a inovação, garantindo recursos humanos treinados e qualificados bem como, se possível, reduzindo a pesada carga de tributos, os juros escorchantes e a burocracia asfixiante que domina o ambiente econômico do País.
E aí, é só aproveitar a liquidez internacional, a carência de boas oportunidades de investimentos que poupadores internacionais estão a buscar e o dinamismo que certos segmentos de mercado estão a apresentar.
Por isto, é que Paulo Guedes simboliza o Brasil da ousadia, da criatividade e do empreendedorismo em Eike Batista que, é hoje o oitavo homem mais rico do mundo, mesmo que ainda não tenha posto no mercado nenhum de seus produtos, mas por ter concebido, montado, estruturado e vendido as potencialidades econômicas dos mesmos, lançando bem sucedidos e enormes IPO’s no mercado bursátil internacional.
Postado em 19 mar, 2010
A par da incontinência verbal do Presidente Lula, ao chamar os jordanianos de “turcos e mascates”, esquecendo o sangrento domínio do Império Otomano sobre aquelas plagas, alguns fatos recentes demonstram que “baixou” um pouco de sobriedade, equilíbrio e bom senso, em alguns segmentos governamentais.
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, depois de muito refletir sobre o que foi “a farra do boi”, nos últimos dois anos, em termos de gastos públicos correntes, notadamente para aumentar o aparelhamento do estado e fazer uma “boa média” com os funcionários públicos federais, via aumentos salariais generosos, resolveu ouvir o clamor de muita gente sobre conter tais gastos para que não enfrente, a sociedade brasileira, uma elevada pressão de preços no ano de 2010.
Consciente de que só o déficit da Previdência já agrega preocupações maiores, neste ano, claro que suavizadas pelo aumento do emprego, a formalização das ocupações e o próprio dinamismo da economia o que, com certeza, aumentará, significativamente, as receitas da previdência, o MPO resolveu tomar medidas adicionais de contenção
de gastos.
E a motivação maior é que, se medidas na área fiscal não forem tomadas para conter a aceleração, já observada, da inflação brasileira, nos meses iniciais deste ano, a única alternativa é a subida, talvez até um tanto íngreme, da taxa básica de juros. Ou seja, o único caminho que restará será a utilização dos já tradicionais instrumentos de política monetária.
Mas, antes que isto venha a ocorrer e, vez que, a decisão do COPOM, na base “do 5 a 3” do Colegiado do BACEN, já sinalizava, com tal decisão, que os juros iriam, necessariamente, aumentar na próxima reunião, O MPO anunciou que iria cortar ou contingenciar 21,8 bilhões de reais do Orçamento deste ano. E a decisão do MPO de postergar concursos e nomeações de funcionários públicos, além da criação de novos cargos no setor público federal, merece o aplauso dos que temem a aceleração da inflação. Ademais, o Ministro do Planejamento garantiu que a meta de 3,5% para o superávit primário, para este ano, será mantida.
Diante de tais providências e considerando que no “enxugamento” de liquidez, o Banco Central recolheu 71,8 bilhões de reais e pode recolher mais, a tendência é que, talvez não seja necessário um aumento na taxa básica de juros para os esperados 9,25% já na próxima reunião do COPOM.
Se a lucidez “bateu” nos que fazem a política econômica do governo, estabelecendo essa “quase sintonia fina” entre a área fiscal e a monetária, espera-se que medidas como a não alteração – a não ser para ajustar aos novos dados de “esperança de vida ao nascer” da população – do fator previdenciário, na forma de reajuste de aposentadorias, não sejam apoiadas por Lula para garantir votos para Dilma.
Por outro lado, caso se consiga estabelecer um equilíbrio e maior ponderação no que respeita a distribuição de royalties do pré-sal, então mostrar-se-á que, vez por outra, “baixa” nos homens públicos brasileiros, o bom senso e o espírito público.
Espera-se que, na discussão da distribuição dos royalties do pré-sal, entre estados e municípios ditos produtores (de que, mesmo?) e o resto da Federação, três questões devam ser ponderadas:
a) mantenha-se o critério de distribuição da exploração de petróleo do que já havia sido acordado antes do pré-sal;
b) que se estabeleça que a proposta da emenda Ibsen Pinheiro/Humberto Souto para os royalties oriundos da exploração do pré-sal irá prevalecer e que, se houver, de mais imediato, prejuízos para os ditos estados e municípios produtores, que sejam compensadas, tais perdas, com os 40% que ficam com a União;
c) que se aproveite a discussão dos royalties do pré-sal e os critérios de distribuição para usá-los como base para o estabelecimento da distribuição de royalties da mineração a partir de seu novo marco.
Se houve lucidez e se poderá esperar mais lucidez no que respeita às questões econômicas, deve-se parabenizar o governo por haver resolvido rever o amontoado de questões polêmicas contidas no seu famigerado Plano Nacional de Direitos Humanos.
Claro que esperar lucidez e equilíbrio no que respeita à política externa brasileira é “sonho de uma noite de verão”, vez que a sua ideologização é fato consumado e difícil de ser superado, pois a coisa está mais do que “encroada”, nos escalões superiores da antiga Casa de Rio Branco, como dizem os cearenses.
Postado em 19 mar, 2010 2 Comments
Quatro execuções de jovens em um só dia! Todos os crimes derivados de dívidas não saldadas com traficantes! Uma empresária, barbaramente assassinada, e uma juíza, que teve o seu carro roubado e escapou, por pouco, de ser morta. Isto é a crônica diária de uma bela cidade que é a “loura desposada do sol”, a Fortaleza hospitaleira e acolhedora.
E, cada vez mais, a angústia da população aumenta e a indignação cresce diante da impotência da sociedade na busca dos caminhos para superação de tão dramática chaga que, avassaladoramente, toma conta de todos os espaços da comunidade.
E, qual é a causa para tanta violência? Por que se deixa que se esgarce tanto o tecido social? Será por conta da pobreza e da miséria? Será que a pobreza cultural e política, pela falta de educação, explica tal crescimento exponencial da violência e da criminalidade? Não. Talvez não seja por aí que se encontre explicações para tão doloroso fenômeno, haja visto a redução significativa no tamanho da população na faixa de pobreza absoluta e a enorme incorporação de populações, das classes D e E, na classe C, segundo dados recentemente divulgados pelo IBGE. Será fruto da aceleradíssima expansão urbana? Será que a não descriminalização das drogas e a espúria ligação e cumplicidade entre usuários de alta renda e traficantes, não seriam alimentadores de tal drama? Será que a impunidade, derivada de falta de instrumentos e pessoal para abrir adequados processos policiais em tempo hábil, bem como a certeza de que as “brechas” de um código de processo penal retrógrado abrem espaços para tal impunidade e, consequentemente, o aumento da violência e da criminalidade? Será que mecanismos procrastinadores de decisões judiciais, através dos vários tipos de chicanas, não respondem por mais elementos para garantir tal impunidade? Será que uma polícia, mal paga, despreparada e corrupta, não é base para tal violência e criminalidade? E, quais seriam as soluções para encaminhar tal gravíssima questão?
Em primeiro lugar, é crucial avaliar se a repressão, o policiamento ostensivo e a agilidade nos processos criminais seriam suficientes para reduzir tal onda de criminalidade e violência. Até agora, a sociedade brasileira, perplexa, confusa e impotente, o que faz é, criar as suas prisões particulares, optando por viver atrás de grades e, quando pode, “blinda” os seus carros e contrata guarda-costas e segurança privada. E, pasmem, “se privam” de viver, livremente, temendo, a qualquer momento, a possibilidade de vir a ser executado.
O Rio de Janeiro está fazendo uma experiência que, aliada a outras medidas, poderá ajudar a combater um pouco da violência ali instalada. As Unidades de Polícia Pacificadora – as UPP’s –, ora sendo implantadas nas comunidades faveladas, estão mostrando resultados muito interessantes. Praticamente, conseguiram afastar os traficantes dos morros onde já foram implantadas e devolveram a paz, tão esperada e desejada pelas referidas populações. Claro está que, se for reduzida a impunidade, via melhoria da capacidade investigatória das polícias e de modernização do código de processo penal; se as casas de correções de menores fossem melhoradas e definidos modelos corretos e modernos de ressocialização de jovens delinquentes; se as prisões tivessem espaço para separar presidiários pela natureza do crime, periculosidade e capacidade de articulação de movimentos criminais de dentro dos presídios; se se pudesse combater a corrupção das polícias via qualificação, remuneração direta e, principalmente, remuneração indireta que envolva e comprometa mulher e filhos; caso se discutisse melhor o efeito da descriminalização das drogas, enfim, se se pudesse estimular um grande encontro da sociedade consigo mesmo, talvez se conseguisse começar a estabelecer um horizonte de esperança. Do contrário, aqui as coisa irão ficando pior do que as cenas do filme “Guerra ao Terror”, ganhador do Oscar e que mostra, sem “part pris”, o que ocorre de destruição das famílias, das vidas e do patrimônio da sociedade iraquiana.
Aliás, é crucial examinar, hoje, do uso impróprio e criminoso que se está fazendo do Estatuto da Criança e do Adolescente, para acobertar crimes cometidos por adultos e assunção dos crimes por jovens inimputáveis. Tornou-se uma indústria da criminalidade cometer delitos ou crimes hediondos e “determinar” que menores “assumam” os crimes cometidos por adultos. E isto está acontecendo em todo o País, de uma maneira constante e constrangedora.
Postado em 19 mar, 2010
João Ubaldo Ribeiro
A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a “ESPERTEZA” é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais.
Leia o texto completo de João Ubaldo Ribeiro no Ponto de Encontro
Postado em 18 mar, 2010 2 Comments
Na base do “ou vai ou racha”, racha!
O governo, diante de uma reação, em cadeia, da sociedade civil brasileira, após tantos equívocos, destemperos e leviandades dos que ousaram na montagem do Programa Nacional de Direitos Humanos, resolveu repensar, reexaminar e recompor o nível de ousadia de suas propostas e idéias. Reviu a posição relativa ao aborto, aos ícones religiosos nos prédios públicos, a intervenção autoritária e constrangedora sobre a liberdade de imprensa, entre outras incursões, perigosas e controversas. E, em função da pressão da mídia e da sociedade civil, os arautos dos velhos tempos e das velhas idéias da república socialista bolivariana, descobriram que ainda não era o momento certo de ousar nos limites intentados. E, aí, em vez do ou vai ou racha, para não rachar de vez, os ideólogos do Planalto, para não perder os dedos, resolveram apenas perder os anéis e, “arrecuaram os beques”.
Da mesma forma, a arrogância, a prepotência e a ousadia dos que fazem as lideranças do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e do Planalto Central, entenderam que, sem querer negociar, estão a correr o risco de perder os dedos, também, no caso do pré-sal. A emenda Ibsen/Humberto Souto, por mais que a mídia do Rio queira diminuí-lo e desautorizá-lo, chamando-o de anão do Orçamento, Ibsen, de maneira sóbria e, de conformidade com a sua idade e o seu tempo, impávido, mantém a posição que é de unir e não de dividir o país. Se os presunçosos, arrogantes e pretensiosos tivessem cedido, numa negociação em que todos ganhassem, ao não aceitar abrir mão de um pouco a favor de muitos, agora, perdem tudo ou, se se juntarem ao resto da Federação, colocarão a conta no colo da União. Está na hora de aproveitarem, os estados, a oportunidade de estabelecerem as bases de um verdadeiro federalismo fiscal. Para não perderem o que iam perder, a emenda proposta por Ibsen Pinheiro ao Senador Pedro Simon põe a conta, na primeira fase, para que a União banque as perdas dos estados e municípios produtores. A hora é de buscar, não os artifícios da esperteza de querer adiar, sine die, a decisão sobre a matéria, para o ano de 2011, o que, por mais ingênuo que fossem prefeitos e governadores, não aceitariam a proposta. Mas, sim, estabelecer algo que todos, que são donos da riqueza nacional, ganhem. E, os que tiverem algum dano ambiental, ganhem um diferencial pago pela União. É esse o caminho a palmilhar e a seguir e, dessa forma, estabelecer um novo tempo para a federação brasileira e o fortalecimento do poder local.
Pesquisas: cada qual faz a leitura que lhe convém!
A última rodada de pesquisa DataFolha mostra que Dilma atinge 30% na preferência dos eleitores enquanto Serra continua liderando o processo com 35% das intenções de votos. No arraial do petismo, os dados levaram a uma notável euforia. No campo dos tucanos e das oposições que, diante da boataria que antecedeu a publicação dos resultados antecipando que Dilma poderia até passar Serra, a euforia não foi menor. Serra continua cinco pontos percentuais a frente e, em qualquer simulação para o segundo turno, é o vencedor. Claro que Dilma continua se beneficiando do fato de que Lula atinge 75% de aprovação e o seu governo, cerca de 83%! Claro que o crescimento de 27 para 30% de Dilma e a redução drástica de sua rejeição – caiu de 45 para 27% – preocupa os tucanos. Mas, os mesmo advertem que, diante de toda indefinição das oposições, do silêncio de Serra quanto a sua candidatura e do fato de Serra haver estabelecido que só no dia 10 de abril, anunciará que será candidato a Presidência, mostram a força de seu nome. Ou seja, manter a liderança por todo esse tempo, sem se dizer candidato, sem haver lançado a campanha e sem ter feito as costuras para a construção dos palanques nos estados, mostram a força de Serra e as suas efetivas possibilidades de eleição. Agora, com os dois na planície e sozinhos, sem padrinhos, indo a campo, aí a sociedade poderá melhor avaliá-los.
Ainda quanto à sucessão presidencial, a situação do PMDB começa a se complicar. Michel não é o homem de Lula. Os estados assumem as suas posições e fazem as suas negociações sem dar bolas para o que acontece a nível nacional e, o fato de Lula, até para viabilizar Dilma, querer emplacar, de qualquer jeito, Meirelles como Vice, já está levando o partido a um processo de crise existencial. Como Henrique Eduardo Alves já foi uma vez para o brejo, como candidato a vice, a vez agora é de Michel. E, se ele pensava que contava com o PMDB do Senado, pode “tirar o cavalinho da chuva”, pois que tendo Renan se sentido excluído do grupo que negociaria com Lula, na última reunião do partido com o Presidente, a tendência é que Renan, junto com Sarney, assuma outro caminho que não o de apoio a Michel e a Dilma.
Juros: Para onde vamos?
A taxa SELIC não aumentou, mas em compensação, os bancos, inclusive os públicos, anteciparam-se e aumentaram as taxas de juros na ponta. A Selic foi mantida, mas com a ameaça de que, na próxima reunião do COPOM, ela deverá ir, para, pelo menos, 9,25%!
O que irrita a todo o mundo é que, embora a SELIC seja a grande preocupação do momento, o que se espera é que se comece uma discussão, séria, objetiva e responsável sobre como reduzir as taxas de juros na ponta. Não é possível que o Brasil continue a ser o campeão mundial das taxas reais de juros e, sinceramente, tente estimular o crescimento e a expansão econômica. Ora, com o elevado custo Brasil, com uma burocracia exasperante e com a falta de propósitos quanto à política de estímulo ao desenvolvimento econômico nacional, aliados a uma carga tributária e um peso enorme de encargos sociais, cada vez mais, se estreitam os espaços de crescimento do País. Mas este é um assunto que merece uma análise mais profunda das implicações da ausência de uma discussão séria sobre a matéria.
Postado em 17 mar, 2010 2 Comments
O que se busca em um candidato a vice é que além de agregar votos, apoios partidários e ampliar o tempo para a campanha na televisão, ele não tenha ambições políticas maiores, se ajuste ao titular da chapa, na visão dos processos de governo e na forma de gestão da coisa pública.
Ainda, por vezes, o vice é usado como uma espécie de garantia de que não ocorrerá qualquer mudança abrupta e nem uma orientação extremista ideológica. São exemplos clássicos deste perfil os dois últimos vice-presidentes, José Alencar e Marco Maciel.
E porque Aécio Neves não será vice?
Primeiro porque Aécio é uma estrela da política nacional, não só pela história que construiu à frente do Estado de Minas Gerais, mas também pela sua ligação ao passado, vinculando seu nome ao de seu avô, Tancredo Neves.
Ademais, como vice, Aécio em pouco agregaria à chapa tucana em termos de votos, vez que Serra e Aécio são da mesma região. Claro está que aceitando Aécio a vice, como Minas é um colégio eleitoral da maior expressão e, claro, Aécio, cujo perfil é da seriedade e lealdade, garantirá o apoio eleitoral requerido e indispensável para a eleição de José Serra.
Além dos mais, Aécio não quer ser vice, Minas também não quer ver seu filho predileto como coadjuvante e, tampouco, esta posição agregaria maior poder político ao Estado. É bom lembrar que, faz oito anos, que Minas tem um vice e, vice outra vez, não agregaria valor político a Minas. O que Minas quer é o resgate da história, ter o presidente que foi, mas não conseguiu ser, pois as trapaças da sorte impediram-no de ser o maior presidente do Brasil que seria Tancredo Neves.
Portanto, o quadro que se configura para Aécio, até o momento, será mesmo representar Minas Gerais no Senado Federal e, pela sua competência como um grande articulador político, necessariamente, será um importante “player” no processo político, não importa quem venha a ser o Presidente.
E, dessa forma, Aécio só será candidato a vice presidente se e somente se, ele venha a esquecer o seu projeto político pessoal, os compromissos com as Gerais e tenha tal desprendimento que venha a sacrificar a sua história por um cargo para o qual ele não tem qualquer vocação para tanto.
Quem nasceu para ator principal, nem no timing da política, ajusta-se a ser coadjuvante. E esse é o caso de Aécio Neves ou, como diria o ditado popular nordestino: para Aécio ou é “calça de veludo ou bunda de fora”.
Para este cenarista, será uma grande e indescritível surpresa ver Aécio aceitar ser candidato a vice de José Serra. É mais fácil Tasso vir a ser o candidato a vice de Serra do que Aécio. O tempo, e um tempo não muito distante, dirá!
Postado em 16 mar, 2010
Em termos de política externa, o nosso Guia, tem pisado, de maneira constante, sistemática e desastrosa, na pelota! E o pior. Parece que o Itamaraty conspira contra o Presidente Lula ou em decorrência de rigidez ideológica ou, pior ainda, por pura incompetência e burrice.
Programaram para o Presidente Lula uma inopinada e inoportuna visita a Cuba, no dia em que morria um preso de consciência, no caso um operário como Lula, e mais de vinte e cinco presos políticos faziam greve de fome. E Lula, para os verdadeiros defensores de direitos humanos, confraternizava, alegremente com o “Coma Andante” e seu irmão Presidente. Além disso, Lula não recebeu o abaixo assinado ou a carta dos dissidentes pedindo que ele interferisse, junto ao comando do partido comunista cubano, para que outros dissidentes não fossem para o sacrifício. E, lamentavelmente, não só Lula fez ouvidos de mercador a tais apelos como, numa declaração infelicíssima, comparou os presos de consciência com presos comuns!
Se a visita a Cuba foi episódio de enorme desgaste internacional, a forma como Lula recepcionou Armadinejahd, ignorando a matança de adversários do regime, a teimosia do Irã em produzir armas nucleares e não levando em conta os apelos da Europa, Estados Unidos, China, Japão e Rússia que não aceitam a política armamentista do Irã, demonstraram que o Itamaraty acha que o protagonismo brasileiro, em termos internacionais, iguala-se a dos Estados Unidos, China, Europa, Rússia, Alemanha, Japão e Inglaterra.
Este cenarista acha que, não adotando a tese do “comportamento vira-latas”, é “areia demais para o caminhãozinho do Brasil”.
Agora, depois dos insucessos em Honduras e de ter dado legitimidade indireta ao regime iraniano, a visita a Israel, dentro de uma presunção cesarista, ou seja, a de ser capaz de resolver uma pendência, que já dura 60 anos, entre árabes e judeus, Lula comete novas gafes em Israel.
E isto, embora não repercuta internamente, a não ser junto à mídia nacional e a segmentos formadores de opinião desvinculados dos favores governamentais, começa a criar um clima perigoso, não para Lula, mas para a sua própria candidata!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!