Postado em 20 jun, 2017 Deixe um comentário
O cenarista tem andado desistimulado para fazer comentários sobre o atual estado da nação. Aliás, assim falando, pareceria não ser o cerne da questão pois, mais que a própria nação, o que ora está em jogo é a alma, são as esperanças e são os sonhos da sociedade como um todo. Isto porque, sem ser derrotista nem excessivamente pessimista, a pergunta que não quer calar é o que sobrou desse enorme e interminável escarcéu? Para os brasileiros tudo se assemelha aquele registro de quase desespero da poesia de José Régio, vate lusitano, tão respeitado pela qualidade dos seus versos: “Não sei para onde vou, não sei como vou, só sei que não vou por aí!”
Este sem destino e sem caminho dos patrícios, é muito fruto menos da crise econômica que já traumatizou a tantos e ainda continua traumatizando milhões de cidadãos desempregados e familias desestruturadas, mas, diante da crise de valores ético-morais, perderam-se as referências tanto em termos de nomes e de homens mas, também, de instituições.
Não há mais partidos como nos velhos tempos de PSD, UDN, PTB e outras poucas siglas que definiam opções para o eleitorado, mesmo com as limitações determinadas pelos vícios dos processos eleitorais já presentes àquela época. Se a crise de identidade e de propósitos se abate sobre as siglas partidárias, também o que dizer das representações sindicais, outrora dominadas pelo peleguismo hoje por uma combinação de prlegos com oportunistas da pior espécie que sequer são capazes de estabelecer opções reivindicatórias ou bandeiras políticas fora da esperteza e do oportunismo.
A própria igreja católica, outrora tão proativa, hoje não há mais uma CNBB ativa e presente na discussão do graves desafios do País como na época de Dom Aluisio Lorscheider e de Dom Luciano de Almeida.
Onde está a OAB que não se manifesta com alguma idéia, proposta ou ação capaz de sensibilizar a sociedade e os brasileiros? Cadê a ABI, como atuante instituição da sociedade civil capaz de se fazer presente como no tempo das Diretas Já? Onde anda a FIESP com alguma causa a defender além da monocórdica ladainha de redução da carga tributária com um inequívoco apelo de defesa de um interesse marcadamente particular?
Na verdade, quando se fala em perda de referências é por que não há figuras do clero, como Dom Helder Câmara, um Evaristo Arns, os Lorscheiders, os Casaldáglias e outros tantos pontificando com suas idéias, atitudes e ações, muitas vezes polêmicas mas, contributivas para a construção do debate nacional.
Se há esse deserto de homens e idéias no campo da igreja, já no cenário político, foram-se os Teotônios, os Ulysses, os Tancredos, os Djalma Marinhos, os Brossards, os Passarinhos, sem falar nos mais antigos como JK, Lacerda, Jânio e outras figuras marcantes que estabeleceram uma ética de compromisso e de responsabilidade que hoje não mais se fazem presentes na atitude da classe política e não se fazem mais conhecer por parte da sociedade. Há um tempo que não vai tão longe, os eleitores. referiam-se aos seus representantes, não raro com certo orgulho, dizendo “este é o meu deputado!” enquanto hoje, quando por acaso se lembram em quem votou, referem-se de maneira muito grosseira e pesada e com palavrões implublicáveis.
Assim, as pessoas ainda querem apostar num futuro mais promissor mas, como, se não há em quem e no que acreditar pois não há em que ancorar sonhos e nem perspectivas? Esse não é um simples desabafo mas um ato de quase renúncia à luta e uma espécie de desistência de brigar por direitos e pelo que a cidadania cobra e exige de cada um. É difícil, sem referências e sem em que ancorar esperanças, estabelecer um canto de fé no amanhã do país e da propria sociedade brasileira. Aos poucos, argentinizam-se os brasileiros e, se não ocorrer um fato novo e promissor, o caminho para que se vnezuelizem estará bem próximo.
Descupem os leitores o pessimismo pois até os antigos líderes que ainda estão vivos ou estão senis ou comprometeram a sua história com erros e equívocos agora exibidos pelas várias operações e investigações em curso.
Se não fora o andar da carruagem da economia, descolada, por enquanto, do que ocorre no campo politico-policial, quase näo restaria nada em que acreditar. Espera-se que, se a evolução dos indicadores econômicos não forem comprometidos pela falta de confiança nas instituições e pela ibsegurança juridica, seja possivel chegar a 2018 com um pouco mais de fé e de esperança em dias melhores.
E aí, quem sabe surja um recomećo com o surginento de novas lideranças e a reconstrução de novas instituições menos viciadas e menos desacreditadas!
Postado em 9 jun, 2017 Deixe um comentário
Para alguns analistas políticos, os próximos dias serão deveras dramáticos para os destinos de Temer. A conclusão é que ele continuará sangrando e não se prevê um estancamento desse processo de hemorragia que, por sinal, também domina o ambiente e a cena, nacionais. A possível maioria que ele detém no TSE, embora tenha, num primeiro momento, se esfarinhado, ao que parece, depois de iniciado os debates naquele tribunal, ressurgiu a perspectiva de que a tese da defesa do Presidente, possa alcançar uma maioria na votação do processo! Para alguns, o resultado poderia ser de seis a um ou cinco a dois ou, na pior das hipóteses, de quatro a três! Porém se o “clima político” mudar, aí a sobrevivência de Temer dependerá de um providencial pedido de vistas, o que adiará a decisão para depois do recesso forense.
Alguns duvidam que o Tribunal tenha a coragem de ousar tanto em absolvê-lo. Isto porque o sentimento geral que domina a sociedade, bombardeada por denúncias, as mais diversas, é condenar a chapa e afastar o presidente do mandato. E, a confirmação dessa tendência, poderá dar-se com a aceitação, por parte da Justiça, da delação premiada do Deputado Rocha Loures. Dificilmente ele deixará de registrar que os quinhentos mil semanais não seria um acerto destinado a ele ou para atender a alguma nobre causa mas que, beneficiaria, fundamentalmente, ao próprio Presidente
Se tal ocorrer, os recursos especiais e extraordinários que Temer poderia contar ficarão restritos a algumas manobras ou manipulações das regras procedimentais dos tribunais superiores que são, na verdade, bastante permissivas, quando não há uma pressão significativa da sociedade civil querendo o afastamento do primeiro mandatário da nação. Os erros de Temer não ficaram apenas em não atender aquilo que sua mãe lhe advertia quando garoto sobre o cuidado especial com as más companhias
Temer também assumiu um pesado ônus por sua permissiva forma de fazer politica admitindo que qualquer um invadisse o seu espaço e até procurasse privar de sua convivência ou por conta de apoios monetários para as suas campanhas ou por conveniência de manter certas figuras ao seu alcance. O Presidente, tão hábil e competente politico, acabou envolvido numa teia de interesses discutíveis e questionáveis, adotando uma enorme capacidade de correr riscos, muitas vezes desnecessários.
O “feeling” do cenarista é que, como é fato notório que as crises viajam ou tiram folga nos fins de semana, a chance de votação favorável à Temer virâ, efetivamente ocorrer. Como antecipado por muitos analistas políticos e, diante da própria inação das Oposições, dificilmente a recomendação do relator serå vitoriosa. No máximo o que poderá vir a ocorrer será um pedido de vistas e o adiamento da votação para após o recesso. Se Gilmar Mendes tiver a força e a liderança que se imagina que o mesmo tenha, ele fará tudo para que o desfecho ocorra hoje.
E se isto ocorrer, mesmo com a saraivada de denúncias de Janot e de outros membros do Ministério Público, Temer conseguirâ chegar ao fim do seu mandato e, se assim for, a recuperação da economia ocorrerá mais rápido do que se imagina. Ou não?
Postado em 6 jun, 2017 Deixe um comentário
É tudo uma frustração geral e absoluta! Cada dia uma surpresa decepcionante para os cidadãos brasileiros. A agregar a esse quadro tão deprimente, um ministro do Supremo resolve conceder um questionável habeas corpus a um médico, anteriormente já condenado a 248 anos de prisão e, inclusive libera a concessão de seu passaporte, o que levou o réu a fugir para o Líbano, nação de sua origem e para o qual, dispunha de cidadania libanesa e o Brasil não tem acordo de reciprocidade e de extradição com o referido país. E hoje, um outro Presidente da Câmara, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, junta-se ao ex-Presidente Deputado Eduardo Cunha, no presídio, ampliando para oito o número de ex-Presidentes da Casa, “enrolados” em diferentes maracutaias!
Se tais razões de tamanhas perplexidades não bastassem, a cada momento se descobre que, mesmo com as operações como o Mensalão e a Lava Jato, além de outras, fruto de seus desdobramentos, a ousadia, o descaramento e a audácia desses que se habituaram a tais desvios de comportamento, continuam a perpetrarem crimes de corrupção como se nada tivesse ocorrido ou ocorrendo.
Olha-se no entorno e o que se vê e se sente é uma nação se descobrindo órfã de líderes políticos, empresariais, religiosos e nomes e homens da sociedade civil capazes de produzirem algum alento e alguma esperança. O país se descobre também órfão das atitudes proativas de outros tempos das outrora tradicionais instituições da sociedade civil — OAB, CNBB, ABI, CUT, FORÇA SINDICAL, CGT, entre outras — que não mais pontificam com “palavras, gestos e ações” capazes de demonstrar, à população, o seu engajamento, no encaminhamento de problemas e de desafios nacionais.
Por outro lado, os partidos políticos caracterizados pela profunda e inquestionável mediocridade de seus membros, a par do oportunismo e da esperteza de seus lideres, deixam uma sensação de abandono e de frustração, à população, conduzindo a uma Idéia de que, sequer os radicalismos de toda ordem, encontram hoje campo para prosperarem. O próprio Judiciário, marcado por decisões controvertidas e por disputas internas de poder, além de vícios outros que não vale à pena discutir e comentar, leva a constatação de que o “ultimo bastião de qualquer democracia”, no caso a Justiça, aqui no Brasil, não tem o respeito e a confiança do povo pois não se tem a convicção de que ela agirá com isenção, com espírito republicano e com a agilidade e a eficácia requeridas pelas demandas, notadamente dos mais desvalidos.
Nos meios empresariais e sindicais, não surgem nomes de lideres que pudessem vir a ser capazes de vocalizar as indignações e a quase revolta dos brasileiros com o estado das artes que hoje domina a cena, as relações politico-institucionais e o próprio debate nacional. Ou seja, a aridez e a nulidade de atitudes, posturas e idéias é total e absoluta.
Ademais, Temer, o Presidente, sem a legitimidade do apoio popular, vive o seu inferno astral porquanto os vários erros cometidos por ele na recente condução dos episódios de Joesley Batista, da mudanca ministerial e do caso Rocha Loures, dão uma demonstração de que, ou por exaustão e cansaço, Temer não tem mostrado a tão propalada habilidade de transigir, de compor e de negociar, politicamente, como foi outrora referenciado e conhecido. Temer, como dizia a mãe do cenarista, cometeu o maior de seus erros ao escolher as chamadas companhias pois que as “más companhias foram a sua marca maior na escolha de seus auxiliares mais próximos”.
O Presidente talvez consiga uma sobrevida com um possível pedido de vistas no julgamento do processo do pedido de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE. Mas a pressão das oposições e das ruas, aliada a pressão de Janot, de Edson Fachin e do Ministério Público, talvez mine as resistências de Temer, notadamente se ocorrer uma debandada dos apoios parlamentares como se prevê caso o julgamento do TSE caminhe para uma posição incontroversa pela cassação.
Assim o que se sente é que o país, se nâo conseguir manter, pelo menos incólume, a equipe econômica, tenderá para um processo de esgarçamento do tecido social e a uma possível ruptura institucional. Mas, se Deus for mesmo brasileiro e não tiver cansado de tanta hipocrisia, mentira, esperteza e incompetência; se não tiver reproduzindo a fala de Ruy Barbosa — ” de tanto ver prosperar as nulidades e incompetências …” — talvez, pelo seu bem querer, deixe que o acaso recrie as chances desse país dar certo. Está tudo muito difícil, cansativo, chato e sem um vislumbre de um homem, de uma idëia ou de um sonho que permita acalentar uma réstia de esperança.
Postado em 2 jun, 2017 Deixe um comentário
O Brasil, como um país emergente, apresenta uma particularidade, qual seja, por estas plagas, muitas vezes as crises políticas viajam ou tiram férias ou, pelo menos, dão uma trégua num feriado longo ou num fim de semana mais “espichado”. Parece que, para confirmar a hipótese, as coisas ou últimos eventos da cena politico-institucional caminham nessa direção. No balanço finnal dos impactos da dita “monumental” crise que se anunciava, com possíveis e potenciais reflexos extremamente penosos sobre a economia nacional; quando se esperava uma verdadeira “debacle” para o Brasil, pondo a perder tudo aquilo que, com tanta dificuldade, se estava construindo; quando a recomposição e a recuperação não apenas dos fundamentos da economia mas da destrambelhada máquina pública, a surpresa foi exatamente que a repercussão foi bem menos impiedosa e até mesmo, de uma certa forma, até favorável ao curso dos acontecimentos.
A bolsa de valores, após um susto enorme num primeiro momento, foi se ajustando e, no “frigir dos ovos”, caiu, se não houver engano do cenarista, apenas 2,8%, tanto é que fecha a semana que ora se encerra, aos 63 mil pontos. E o dólar, que sempre mostrou grande sensibilidade em situações como essa, apresentou alta de apenas 1,5%! Tudo dando a entender que a economia brasileira conseguiu o milagre de descolar-se, quase que, totalmente, do cenário político-institucional e passa a seguir o seu itinerário como que apostando na solidez de tais instituições.
E isto é algo notável e extremamente promissor para o futuro do País porquanto alguns indicadores dão uma demonstração de que a tendência que se apresenta mostra um quadro em que se pode depositar certa confiança de que a economia marcha para uma circunstância que favorece expectativas de um futuro melhor que os dias passados. O agronegócio cresce celeremente, o setor externo faz significativos ganhos via um desempenho excepcional das exportações e o ingresso de recursos externos continua a todo o vapor. A economia, no trimestre, dá uma volta por cima, cresce a 1%, o emprego começa a retomar, embora lentamente e, os investidores voltam a rever seus planos de negócio.
Assim, estranhamente, para um País que quase estaria fechando para balanço na última semana, com um presidente quase deposto, de repente a realidade parafraseia o verso do poema de Castro Alves: “Tudo marcha oh! grande Deus! As cataratas para a terra e as estrelas para os céus”! De repente, como num passe de mágica, a momentosa crise como que se esvai, embora na sua esteira ainda estejam abatidas muitas de suas vítimas, como os 14,5 milhões de desempregados e as milhões de famílias que sofreram as agruras da crise. Isto parece que permitirá aos brasileiros recriar esperança e viver novos sonhos.
Claro que os indicadores não são suficientes por si só para alimentar certezas mas podem alimentar a esperança de que esses 1% de expansão da economia verificado no primeiro trimestre se mantenha e, até se potencialize, gerando uma expansão bem maior do que os 0,5% previstos pelos economistas para este ano. Mas, com certeza, já se tem a convicção de que a inflação ficará abaixo da meta, o gasto público estará mais disciplinado, o desemprego será reduzido e, entrar-se-á em 2018 voltando a crer que o País tem jeito. O fato singular é que na esteira de destruição, de desorganização e dos profundo estragos criados para a economia brasileira, como que assemelhando-se ao que ocorreu quando Átila, Rei dos Hunos, na sua barbárie, ao invadir a Europa, foi disseminando o desmantelamento de tudo e de todos, começa a ser revertida e valores éticos são retomados, a máquina pública reorganizada, a economia reestruturada e a esperança voltando, muito timidamente, a renascer.
Apesár de todos os rombos, dos desvios de conduta, da corrupção de valores e da falta de compromisso ético que se assistia no comportamento dos agentes públicos, até um ano atrás, por parte da maioria dos dirigentes públicos, não é que tenha havido uma completa lavagem de roupa suja e uma nova ordem e uma nova ética tenham surgido mas, ao que parece, os ousados na esperteza ficaram um tanto cabreiros e, com certeza, ainda estão a se perguntar se a impunidade voltará e se a justiça só se fará contra os pobres e os desvalidos.
Na análise das perspectivas políticas, o equilibrismo de Temer, a sua capacidade de articulação, de composição e de negociação aumentam a sua “esperança de vida no poder” e, para desespero de quem queria, de imediato, o seu lugar ou para os petistas que gostariam de retomar o poder, as coisas estão ficando cada vez mais difíceis. Temer, pelo jeitão, não cai ou teimosamente, se mantém e negocia fórmulas políticas de chegar ao fim do seu mandato em 2018. Se Temer é um impecilho para tais projetos, a retomada da economia, a volta do crescimento, a redução do desemprego e a melhora do ambiente econômico estimularão novos investimentos quer internos, quer externos.
E, pelo andar da carruagem, a extema habilidade política e negocial do Presidente, a sua teimosia e determinação; a frieza com que procede os ajustes da máquina de governo de de seu respaldo político, mostram, à larga que, dificilmente ele será apeado do poder. Isto porque qualquer acordo para que ele fosse substituído por outro líder político, dependeria de três condições: a primeira, seria que Temer aceitasse renunciar o mandato para facilitar uma transição de poder, hipótese que estaria muito longo de se concretizar pois Michel acha que tendo conquistado, legal e legitimamente, o poder e estando realizando um governo cujos indicadores da economia mostram que a política está no rumo certo, assim ele não veria nenhuma justificativa para tal gesto.
Em segundo lugar, os acertos e os ajustes feitos no campo do apoio político-istitucional e a virada que já se observa do clima no Legislativo, nos tribunais superiores, particularmente no TSE, fazem com que as chances de seu processo receber um providencial pedido de vistas e, consequentemente, conseguir a transferência de sua discussão para após o recesso. Se assim ocorrer, Temer já deverá ter costurado uma decisão que lhe seja favorável e lhe dê fôlego até as eleições de 2018.
Finalmente, os resultados esperados para a economia, já no início do segundo semestre, podem criar um clima mais que favorável no País e permita que Temer venha a conquistar até mesmo, um certo apoio da sociedade, o qual lhe dará o fôlego necessário para ampliar o respaldo político-institucional e parlamentar para novas reformas e mudanças fundamentais à economia.
É esperar para ver!
Postado em 27 maio, 2017 Deixe um comentário
Os últimos dias não foram apenas deveras tumultuados e confusos mas, para os que tem espírito público, responsabilidade cívica, amor e respeito por esta velha pátria amada, tempos difíceis, frustrantes e de desencanto, foram a marca maior. E tudo isto provocou, no cenarista, um sem vontade e um sem ânimo, para intentar interpretar a cena, os seus desdobramentos e buscar alimentar a esperança de que o pais se sairia, muito rapidamente, desse terrível imbroglio.
Hoje, o cenarista, daqui do Nordeste, onde parece que os seus dramas já ocupam, quase a totalidade das mentes e corações da sua população, a questão Brasil não parece preocupar tanto, dando a entender que a região estaria como que, descolada do País, vivendo os seus próprios problemas, que já são enormes. Aqui as secas periódicas e sistemáticas, já não são tão impiedosas e desorganizadoras da vida das pessoas como num passado não muito distante. Não que a falta d”agua não continue tão dramática quanto no passado, muito embora ações isoladas de integração de bacias hidrográficas, da construção de centenas de milhares de cisternas e a ação mais rápida e objetiva do poder público, em prover água para consumo humano, via carros-pipa, fez com que a população não precisasse abandonar os seus lares e as suas cidades.
Também, dois fatos, os mais relevantes, contribuíram para que não mais se assistisse a procissão de miséria, de fome e de desespero que a chamada “triste partida”, contada em prosa e verso pelo poeta Patativa do Assaré e interpretada por Luis Gonzaga. O primeiro deles , foi a intensificação da ação da Previdência, a partir da criação da previdência rural que, aliada a programas compensatórios de renda, particularmente o chamada bolsa-familia, garantiram a renda mínima para a sobrevivência condigna dos nordestinos do sertão. E isto mudou a paisagem, o ambiente e garantiu a sobrevivência dos pequenos negócios e, por certo, ajudou até na dinamização da economia dos estados como um todo.
Este ano, parece que após os cinco anos de seca, a natureza daria uma trégua e faria uma pausa nesse itinerário de sofrimento mas , infelizmente, duas coisas se sentem por aqui. Não se tem noção de que venha a ocorrer fartura como em alguns raros e bons anos de inverno do passado. Em segundo lugar, após esses longos anos, os principais e maiores reservatórios, estão muito longe de encherem e, muito menos, de “sangrarem”! Ou seja, nenhum deles atingiu a cota mínima de sustentabilidade! E o pior é que, em alguns lugares, parece que poderá vir a ocorrer a chamada “seca verde”.
Apesar da economía regional ter sido mais dinâmica do que a brasileira nos últimos vinte anos, a desigualdade de renda ainda continua significativa e. ao que parece, não tende a se reduzir a níveis mais intensos. É claro que a dinamização da atividade turística, a maturação de investimentos de porte com significativos efeitos multiplicadores de renda e da atividade economica, como o Complexo de Suape e o Porto do Pecém, já esboçam seus efeitos e impactos, é lamentável que investimentos federais como as refinarias da Petrobrás previstas para o Maranhão e para o Ceará tenham sido suspensas pois a aceleração do crescimento poderia vir a ser mais acentuada.
Mas, o que ainda preocupa é a questão de água — água para o povo beber; agua para os animais beberem e agua para o desenvolvimento das culturas! — muito embora a implantação da Transposição das Águas do São Francisco já venha dando os primeiros resultados, alento maior, para a solução do problema, será a implantação da transposição de aguas do Tocantins, aliada a otimização da integração das bacias hidrograficas e a recuperação de poços artesianos.
Se estas questões são ainda preocupantes como a falta de uma política de transformação e desenvolvimento regional, parece que são os fenômenos mais recentes que mais preocupam os nordestinos. A acomodação de populações jovens vivendo da renda dos velhos ou da bolsa familia e entregues não apenas ao ócio, mas ao crack e presos a um celular, estão potencialmente prestes a ingressar na criminalidade. Uma legião de desempregados e de desocupados, um nem-nem, nem estão empregados e nem procuram emprego, representa um balanço de frustrações e de desperdícios.
Assim, desse sofrido Nordeste, notadamente dessa pequenina e heróica Paraíba, berço do romance regional a partir da magnifica obra de Josē Américo de Almeida, notadamente do romance A Bagaceira, o cenarista tenta imaginar o amanhã imediato do País, envolto nesse enorme drama politico-institucional. E, no otimismo que lhe é tão característico, acredita, piamente, diante da volta à quase normalidade da economia, que, descolada que ela está da crise, a retomada dos níveis de desempenho, do início da semana que passou que, a solução para o impasse politico deverá ocorrer ainda nesta próxima semana.
Ē provável que Temer aguarde até o dia 6 para uma decisão pessoal de renunciar ao mandato e que o Congresso escolha, entre Alkimim e Tasso, o nome para assumir o cargo de Presidente para o cumprimento do restante do mandato de Temer e, com isso, o País volte a normalidade. São esses os votos de alguém que, mesmo com tantas frustrações e desenganos, continua a acreditar e apostar nos destinos da pátria amada. Por incrível que pareça o cenarista acredita que tudo vai acabar dando certo.
Postado em 21 maio, 2017 Deixe um comentário
O Brasil vem sangrando já faz um bom tempo. A descrença, o desânimo e o pessimismo tomavam conta da maioria dos brasileiros. A própria Operação Lava Jato disseminava a idéia de que, a partir de agora, gente graùda seria presa e, de um certo modo, consolidava-se a noção de que o crime não compensava e a impunidade não mais iria prosperar. É claro que, vez por outra ocorriam fatos ou decisões, oriundas de “instâncias superiores”, máxime de membros dos tribunais, que, de uma certa forma, levavam a um certo desalento de que a esperança estaria em cheque como ocorreu, por exemplo, com a soltura de José Dirceu.
Mas, mesmo assim, as pessoas começavam a ter um laivo de esperança de que as coisas poderiam melhorar. E isto porque, as ações que vinham sendo tomadas pelo governo, faz exatamente um ano, mostraram uma redução significativa nas taxas de juros, uma queda continua na taxa de juros básica, uma retomada da economia e uma sensível melhora no ambiente de negocios.
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De repente, como um verdadeiro “tsunami”, veio a público revelação do teor de uma gravação feita pelo empresário Joesly Batista, diga-se de passagem, de forma inescrupulosa, o dono do maior grupo produtor de proteínas do mundo, apoiada tal gravação e, também estimulada pelo Ministério Publico Federal, com a concordância do Ministro Edson Fachin e com o supote da Polícia Federal. O suposto teor explosivo da gravação era que a “suposta” vítima era nada menos que o Presidente da República. Sem que ainda se conhecesse o teor da ou das gravações, a midia já informava que Temer “havia incorrido nos crimes de obstrução da justiça e de corrupção passiva”.
E, como era esperado, já se especulava como se daria seu afastamento, se havia possibilidade de eleições diretas ou que o presidente estaria prestes a renunciar. E, com tal tumulto o que ocorreu foi que a bolsa desabou, o dólar explodiu, o risco Brasil foi para as alturas e, no Parlamento, os relatores das reformas, suspenderam as suas ações e informaram que nada iriam fazer até que o quadro politico-institucional clareasse.
Independente de qualquer juízo de valor sobre a procedência ou não dos achados contidos nas gravações; dos pronunciamentos de Temer procurando demonstrar que nenhuma declaração estava ali contida que o incriminasse de qualquer coisa e de reiterar que não renunciaria; independente do fato de que o episódio se assemelhasse a algo orquestrado e montado com o propósito de inviabilizar politicamente o seu governo, o certo é que o prejuizo já dado ao País é incalculável.
Se o já ocorrido já foi tão violentamente prejudicial para os destinos do País, o que pode vir a ocorrer com a não concretização das reformas, cujo andamento já vinham provocando melhorias substanciais na credibilidade do paìs no exterior, podem sofrer sērios reveses inclusive, para potencializar os efeitos negativos desse episódio, o fato é que, a partir de agosto, a temática entre os parlamentares será, tão somente, as eleições gerais de 2018.
E o mais absurdo do que ora estar a ocorrer é que as entidades da sociedade civil que sempre pontificavam em momentos como esses defendendo a constitucionalidade e os interesses pátrios estão mudas e não vem as ruas convocar que o Congresso mantenha o curso das reformas e o apoio as mudanças econômicas, deixando que a justiça examine e julgue o que houver de errado no episódio. A própria sociedade não pode permitir que interesses mesquinhos dos políticos se sobreponham aos interesses maiores da brasilidade.
Finalmente, o que mais deixa os cidadãos brasileiros indignados é que os irmãos Batista que construiram um império na base de dinheiros públicos e favores governamentais; que confessaram que compraram consciências de gestores governamentais e políticos para “facilitar” as suas transações, se beneficiem da mais premiada das delações. Isto porque, pagaram uma multa inferior a que o Gerente Barusco fez — a devolução de noventa milhões de dólares! — a deles de 220 milhões de reais — não serão presos, não usarão tornozeleira eletrônica e ora gozam as delicias de Nova York.
E, “last but not least”, por conta do episódio, especularam com a moeda americana e ganharam mais de quinhentos milhões de dólares, segundo as autoridades econômicas que agora estão a pedir que o fato seja comprovado pois o crime, criado pela sua própria delação, foi um crime premeditado. E todos perguntam, onde estava a Receita Federal e a COAF que nunca perceberam as estripulias do grupo Batista?
Há que se indagar se Temer, suponha-se que não tenha porventura cometido os crimes que lhe são imputados, pelo menos incorreu no crime de omissão e de receber uma figura marcada por comportamentos discutíveis. Com certeza são questionamentos a serem ponderados além do constante preço pago pelo Presidente pelas suas frequente más companhias.
Postado em 13 maio, 2017 Deixe um comentário
A semana finda com a batalha que não houve — Lula versus Moro — apesar de todas as dramatizações especulativas de parte a parte; com as mais incisivas e convincentes externalização de dnúncias das delações de Monica Moura e do marqueteiro João Santana, complicando, deveras, Lula, Dilma, Palocci, José Eduardo Cardoso, entre outros e, com a declaração de Palocci de que poderá fazer a sua delação a qual, na verdade, não será premiada para ninguém. Se tais assuntos, aliados as incursões de uma nova incursão da Polícia Federal através da Operação Bullish, agora abrindo a “caixa-preta” do BNDES, talvez isto tenda a esquentar, ainda mais, o clima politico do País.
Ao mesmo tempo que o caldo político tende a esquentar, o governo Temer avalia os resultados alcançados no último ano e mostra um balanço que, se for avaliado dentro do quadro de dificuldades, limitações e desafios enfrentados pelo Presidente, mostra-se deveras positivo e gerador de expectativas altamente favoráveis de que as coisas encontram rumo e tendem a fazer com que a economia que, já mostrava, embora tímidos sinais de retomada, até o fim do ano, venha a dar resultados, em termos daquilo que mais preocupa a todos, no caso a questão do emprego.
Temer apresentou um conjunto de ações, providências e medidas adotadas até agora, embora subordinadas a criticas intensas e a dificuldades maiores causadas pela oposição, sinalizam uma mudança no ambiente e nas expectativas. Mesmo subordinadas a uma muito baixa aprovacão popular, fruto das dramáticas condições experimentadas pela população — desemprego que já alcança 14,5 milhões de trabslhadores e uma significativa redução da renda real das pessoas — e fruto do próprio perfil do Presidente, que, diga-se de passagem, nunca teve o carisma que encantasse as massas, as providências ocorreram e se concretizaram de forma positiva.
E quais foram tais medidas e quais foram os resultados alcançados? Em primeiro lugar, estancou-se o processo de deterioração das condições da atuação do poder público, impedindo o agravamento das circunstâncias desfavoráveis e de problemas os mais sérios. Ao mesmo tempo, com a mudança de governo, começou a ocorrer uma reversão de expectativas, notadamente no campo da economia. Se isto não bastasse, o ambiente econômico, se num primeiro momento não melhorou, pelo menos deixou de se desgastar e de piorar. As ações do Banco Central começaram a reverter as expectativas inflacionárias e, de imediato, não apenas a taxa de crescimento dos preços reduziu a sua intensidade, como começou a ocorrer uma deliberada reversão da inflação.
Em função de tais ações, foi possível ao Banco Central começar a reduzir a taxa básica de juros que já tinha alcançado os elevadíssimos 14,5% e, aos poucos, vai sendo possível diminuí-la, até atingir os níveis atuais — 10,5%! Com um ambiente econômico mais favorável, foi possível ao governo retomar as licitações de concessões de obras e serviços públicos em face da confiança que os investidores, notadamente os estrangeiros, reestabeleciam em relação ao País. Com isto, sente-se, claramente, que uma retomada das atividades da economia já começa a ocorrer e o emprego já começa a reduzir a intensidade de sua queda.
Quais os instrumentos que foram utilizados por Temer nesse processo Em primeiro lugar fez-se prevalecer a sua enorme capacidade de negociação e de articulação política e a sua determinação em fazer dar certo o seu projeto de poder. Adicionalmente, os esforços nas áreas mais críticas foram se fazendo sentir como foi o caso do controle e do estabelecimento de limites ao gasto público. Com isto também começou a ser objeto de preocupação do governo, a redução da ineficiência na gestão das ações e dos projetos de governo.
Por outro lado, as incursões do governo no Parlamento, com iniciativas congressuais de grande relevo, como a aprovação do teto dos gastos publicos, a aprovação da proposta de internalização de recursos de brasileiros no exterior e a retomada da proposta que já dormitava, havia muito, nos escaninhos congressuais, como a terceirização serviços, representaram inciativas de enorme relevância.
Agora, as reformas trabalhista, a da previdência, a renegociação das dívidas de estados e municípios e a proposta de um REFIS, nos moldes que foi adotado à época do governo Fernando Henrique Cardoso para salvar as empresas, de sua situação falimentar, representam as propostas que fechariam o cerco daquelas medidas destinadas a efetiva retomada, objetiva e segura, do crescimento da economia nacional. Na verdade, o encaminhamento do marco regulatório da mineração, a reforma fiscal e alguns ajustes na máquina do governo, ainda deverão vir no bojo desse esforço de modernização do estado e que ajudarão a garantir as bases da expansão organizada da economia e da vida nacional.
Assim, embora a semana termine com os alvoroços derivados desse processo de lavagem de roupa suja do país, as coisas tendem a buscar o caminho da reorganização da nação e da sua vida pública e gera a esperança de que a economia voltará a ter o desempenho desejado e necessário para o atendimento da criação de empregos e do crescimento da renda real das pessoas, sem o comprometimento do objetivo maior de redução das desigualdades sociais.
Postado em 9 maio, 2017 Deixe um comentário
A semana promete. Há muitas coisas, como que, engatilhadas, para o decorrer desta semana. A votação do relatório da reforma da previdência na Comissão Especial, é uma delas. Marcada que foi, na semana que passou, por um enorme tumulto, o que causou a suspensão da discussão da matéria e o adiamento de sua apreciação final, poderá ter replicados protestos por outros grupos reivindicadores de presumidos direitos não contemplados pelo relator.
Por outro lado, o aguardado embate entre o Juiz Sérgio Moro e o ex-Presidente Lula, cuja espetacularização é previsível e esperada, poderá apresentar uma cena ou um confronto onde se manifestará a esperteza e a ardilosidade de uma das partes e a possível ingenuidade ou a presunção e a arrogância da outra o que resultará no aprofundamento das diferenças entre os prós e os anti-Lula! Ou seja, o que se discute é será que Sérgio Moro cairá nas armadilhas do espertíssimo Presidente Lula que tentará se vitimar e fazer de seu depoimento um grande e memorável comício ou será suficientemente hábil para não se deixar envolver e se desestabilizar pelas artimanhas de advogados de defesa de Lula e do próprio Lula?
Também a semana mostrará a dimensão da divisão interna no Supremo bem como a reação do colegiado diante da atitude politicamente questionável do Procurador Geral da República ao pedir o impedimento do Ministro Gilmar Mendes, ex-Presidente do STF e atual Presidente do TSE, na avaliação do caso Eike Batista. Aliás, o processo de crise de credibilidade do Supremo cresce a olhos vistos perante a opinião pública e publicada do País, não só por votos e decisões controversas, pelos conflitos internos e por não ter julgado qualquer um dos denunciados com foro privilegiado. Por outro lado, o corporativismo do STF não permitirá que o Procurador consiga gerar esse constrangimento a um membro do Supremo podendo ocorrer uma situação de rejeição da proposta do Procurador sem que haja manifestação, naquele plenário, do mesmo Procurador.
Adicionalmente, em um outro “front” o Ministro Herman Benjamin apresentará o seu relatório sobre o processo de apreciação da denúncia formulada pelo PSDB, quando pediu a impugnação da chapa Dilma-Temer e a consequente cassação de seus mandatos que, com certeza, será favorável ao afastamento imediato de Temer da Presidência. O fato é que, mesmo que não seja votada a matéria e seja, inclusive, adiada a sua apreciação, o que provocará intranquilidade ao governo e ao mercado.
Assim, a semana que antecede o dia das mães parece que será dura e dificil de engolir pois são muitos os conflitos e desafios a serem enfrentados para intentar encarar todos os problemas do País. Na verdade, apesar de todas as dificuldades que o governo, em um primeiro momento, provisório e depois, mesmo superada essa etapa, as restrições não terminaram e a baixa popularidade do Presidente gerou limitações adicionais a sua caminhada reformista, apesar de todos os pesares, como diz o poeta vai resistindo, resistindo e, quase, morrendo! O fato é que as coisas andam e a habilidade negocial de Temer chega ao extremo de conseguir reduzir o impacto negativo da atuação contrária ao governo do Senador Renan Calheiros e, com isto, facilitar o processo de aprovação das reformas fundamentais no Senado. Pelo jeitão, Temer conseguirá aprovar as reformas fundamentais a garantir a retomada da economia nacional.
Na verdade, vence-se uma nova etapa da Reforma da Previdência e, no Senado, a discussão da reforma trabalhista encontrou um relator simpático às alterações e modernizações da velha CLT. É importante mencionar que, a norma que estabeleceu o limite do teto de gastos públicos já representou uma grande conquista para a reorganização das finanças públicas do País. Junte-se a tal esforço, a aprovação da proposta de renegociação das dívidas de estados e municípios que representou outro grande avanço nesse processo de repor as coisas naquilo que o equilíbrio e a disciplina fiscal estavam a exigir.
O discurso de sexta-feira de Temer deverá revelar as conquistas desses tumultuados doze meses onde a inflação caiu para abaixo da meta, a economia começou a retomar, o emprego parou de cair, os desvios de recursos foram estancados, as ineficiências reduzidas, os investimentos públicos retomados e o ambiente econômico melhorado. A par disso, a justiça não permitiu a manobra que a defesa de Lula pretendia de procrastinar o depoimento de Lula e Moro, até agora, não foi envolvidos pelas manobras dos lulistas.
Aliás, faz algum tempo que os brasileiros não enfrentam uma semana sequer sem grandes emoções e sem grandes apreensões. O País vive, todos os dias, surpresas, perplexidades, dúvidas, incertezas e inseguranças como nunca se viu em toda a sua história. Antecipar o que pode vir a surgir a partir desse cenário é difícil mas, com certeza, pelo andar da carruagem, as mudanças fundamentais destinadas a reorganização e a reestruturação do País, bem como o respirar de um novo clima e de um novo ar de liberdade e de esperança, são um alívio e um sonho de que as coisas estão mudando.
Postado em 7 maio, 2017 Deixe um comentário
Analistas desocupados, pretensos avaliadores do amanhã e “enxeridos profetas das atividades politicas”, já se debruçam na tentativa de antecipar nomes e composições possíveis para a futura sucessão presidencial. Em primeiro lugar, as pessoas acham que, se Lula mantiver os seus direitos politicos até outubro de 2018, dificilmente encontrará adversário competitivo pela frente. E, caso ele não consiga “ultrapassar o seu Rubicâo”, ou seja, conseguir impedir que seus direitos políticos nao sejam cassados, dificilmente se vislumbra um nome, no PT ou junto aos aliados, capaz de expressar o que o partido deveria representar nesse processo.
Por outro lado, os atuais nomes do PSDB e do DEM — Alkimin, Aécio, Acm Netto, Ronaldo Caiado, Arthur Virgilio, entre outros — formam as opçōes possíveis dos partidos que se opõem ao PT. No entanto, até agora tais nomes nao conseguem empolgar a quem quer que seja. Afora isto, os chamados candidatos, cujo propósito maior seria o de marcar uma posição e muito menos com o objetivo de, efetivamente, disputar o poder, não parecem sensibilizar o eleitorado. Além dos candidatos ditos exóticos que se apropriam do clima de desespero, de desencanto e de descrença da população nas instituições, na classe política e no próprio país e no seu amanhã, surgem, no espectro de opções, aqueles que apenas se apropriam do momento de crise existencial da população, para venderem ilusões e sonhos impossíveis.
Assim, não surpreende assistir o crescimento assustador de líderes exóticos, exploradores de um populismo oportunista, surgindo com significativa expressão de apoio nas pesquisas de opinião popular relacionadas aos possíveis pretendentes ao cargo de Presidente da República! Os índices alcançados, por exemplo, por Jair Bolsonaro, atingindo a segunda posição e uma taxa entre 16 a 19% das preferências dos eleitores, refletem essa desesperada busca dos brasileiros por um salvador da pátria. Existem também, outros possíveis candidatos que prometem disputar o pleito como Marina Silva, Álvaro Dias, Cristóvão Buarque, Ciro Gomes junto aos já tradicionais representantes dos pequenos partidos, opções estas que, dificilmente, teriam possibilidades de surpreender como nomes que sensibilizariam o eleitorado embora sempre marcam posição com sua presença na disputa.
A pergunta que não quer calar é se Temer, entusiasmado com um possível êxito com a viabilização das reformas ora em discussão, não viria a mudar de opinião e, caso alcance sucesso na rearrumação das finanças publicas e da economia do País no próximo ano, se empolgaria e o levaria a rever a sua posição e, picado pela mosca azul, decidisse buscar um segundo mandato! Tal possibilidade parece muito remota porquanto há um conjunto de circunstâncias e de ingredientes que não favorecem tal tese. A primeira é que Temer aos 78 anos em 2018, não tenderia a acreditar que deveria buscar um outro mandato. Mas mesmo que os “amigos do poder” insistam com ele para tanto, com vistas a tal propósito, Temer tem consciência critica de que nunca foi um lider politico capaz de sensibilizar e entusiasmar a opinião publica e, portanto, os seus míseros 9% de aprovação popular, não são suficientes para estimular qualquer tentativa de aventurar-se a tal empreitada.
Assim, mesmo tendo tido, em toda a sua “carreira artística”, um sucesso extraordinário como um homem da negociação, da transigência, e da conciliação, prova é que foi deputado federal por vários mandatos, lider do PMDB por oito anos, três vezes presidente da Camara de Deputados e, desde de 2002, Presidente do PMDB nacional, embora mostrasse tanto talento nesse campo do exercício politico, não teria o estofo e o carisma para encarar uma eleição pelo voto popular. Ninguém que mostrou tanta competência e tanto êxito nesse itinerário politico, deixaria de ter consciência de que ele, Temer, bem sucedido na recuperação do Pais, poderá atē fazer o seu sucessor, mas, com certeza, não conseguirá ser reeleito.
E quem pode vir a ser ou quais seriam os nomes que podem despontar no cenário para empolgar a sociedade brasileira? Com certeza Aécio passou, Alkimim cansou, Eduardo Paes se esvaziou, José Serra envelheceu e, o que sobrou? O cenarista acha que para enfrentar Lula, talvez só um nome novo, com um bom discurso e uma boa comunicação, possa vir a sensibilizar e a recriar a esperança dos brasileiros. Nesse caso Joào Dória, talvez com um vice tipo Cássio Cunha Lima ou um ACMNetto, representando o Nordeste, geraria uma nova expectativa. Quem sabe!
E, esses novos ventos que sopram, notadamente na Europa, onde a França mostra ao mundo que os valores que definiram as bases da Revolução Francesa e construiram os princípios de implantação do estado democrático de direito em várias partes do mundo, se reestabelecem e se recriam com a eleição do jovem Macron, Presidente da França, mudando paradigmas e retomando o caminho da presença da França na construção de um mundo novo para as relacoes internacionais.
E tais circunstâncias geram uma expectativa de que, por essas plagas, novos ventos e novas esperanças comecem a ser recriadas e que o Brasil respire paz e retome a busca da prosperidade merecida.
E, para Temer, como para o que se diz que ocorreu com Washington Luis, ao ser deposto em 1930, quando um indiscreto jornalista o perguntou o que ele achava da vaia recebida na sua despedida, ele respondeu que “a vaia era o aplauso dos que não gostaram”. A frase vale e se encaixa como uma luva. Temer sabe que o aplauso popular é algo inalcançável e inatingível para ele. Portanto, buscar a consagração da história e o respeito dos pósteros parece que será o grande sonho de Temer que caminha para, em apenas um ano e meio, subordinado a pressões, oposições e descrenças de toda ordem, rearrumar o Pais e retomar a sua saga de expansão e crescimento.
E isto para sua história e biografia, será o sonho e a consagração. Ou não?
Postado em 5 maio, 2017 Deixe um comentário
Há três movimentos que hoje dominam as sociedades como um todo e, ao que parece, em particular, a brasileira. O primeiro deles é um pessimismo arraigado que parece perpassar a sociedade como um todo, mesmo quando algumas boas notícias, ou, pelo menos, promissoras, são divulgadas. O segundo deles é uma descrença generalizada não apenas nos homens públicos e nas lideranças políticas e empresariais mas, agora, também, uma descrença nas instituições democráticas, notadamente, naquele que seria o pilar básico da operação da democracia, no caso à justiça.
Finalmente, o terceiro fenômeno que se observa diz respeito ao Total descompromisso politico-institucional dos cidadãos como um todo, mostrando um total desinteresse, descaso e desatenção para com quaisquer ações ou gestos de líderes outrora representativos para a sociedade.
Parece que, decisões como a recente do STF, que jå coleciona posições controversas e vistas com descrédito e desconfiança pela população, mandando soltar José Dirceu, além de abrir precedente para, por exemplo, por em liberdade Palocci, incorporam em seu bojo, temores de que a Lava Jato possa vir a sofrer abalos capazes de comprometer o seu itinerário. Isto porque, faz poucos dias a justiça mandou liberar Eike Batista. E, na proporção em que Palocci venha a ser beneficiado com o mesmo tratamento dado a Eike e José Dirceu, o temor é de que Palocci desista da prometida delação bomba como esperado e levaria, de roldão, muitos líderes e figuras que se beneficiaram de ações e decisões daquele que foi um dos homens mais fortes e de maior articulação, tanto no campo econômico como no politico, dos dos governos do PT.
Dentro desse cenário, mesmo que o governo Temer, num esforço quase sobre-humano, tenha tido êxitos parciais, mas de significado notável para a reorganização da economia e das finanças públicas, nos embates no Congresso; mesmo com os que Temer vem conquistando em relação às reformas básicas, além de notícias promissoras na condução da economia como a redução drástica da inflação, a retomada da economia através da, embora ainda tímida recuperação,da indústria manufatureira e dos serviços, a par de um exuberante desempenho do agronegócio e do setor externo do País, o clima é ainda de desalento e de pessimismo.
Se a descrença é grande por aqui, a situação na Europa parece também estar marcada pelo mesmo sentimento como o cenarista pode observar conversando com pessoas, na faixa de idade entre os 25 a 45 anos onde, relembrando o episódio da famosa “operação mãos limpas”, os italianos mostravam todo o seu pessimismo acreditando que, não haveria chance das instituições se reinventarem e, por incrível que possa parecer, lamentavam que não estaria havendo espaço para aparecer uma espécie de Hitler no caminho que, com a sua mão pesada e autoritária, o que poria, de novo, as coisas em ordem.
Dentro desse clima aqui no Brasil, onde Lula mantém os 30% de preferência popular na disputa da Presidência e, Bolsonaro, surge como a expressão maior dos indignados e dos revoltados, a única opção dos que ainda querem crer em algo é apostar que algum novo nome, sem máculas maiores e com uma proposta que recrie o sonho e a esperança apareça para reestabelecer o ânimo e o entusiasmo. Mais una vez os brasileiros vão apostar suas fichas não nas suas instituições mas, talvez, em um presumido ou pretendo salvador da pátria.
Por outro lado, numa perspectiva mais favorável, talvez ressabiada com os rigores da crise que há quase três anos sentem na pele, os brasileiros comecem mesmo a acreditar que o crime não compensa apesar de, pelo que a mídia mostrou da última fase da Lava Jato, há uns “carinhas” deveras ousados e destemidos ainda estavam cobrando propina dentro da área comercial da Petrobras, mostrando o cinismo e o acinte com que agem os meliantes da corrupção com o dinheiro público. Mas, é plausível que, mesmo com a desconfiança nas instituições democráticas e nos líderes, bbb bbb BB o povo ainda ache caminhos para revisitar a esperança.
Embora o que preocupa é que, nesse clima, haja também, por aqui, um ambiente favorável ao surgimento e ao fortalecimento de figuras radicais de direita, como Marie Le Pen, na França, que hoje ameaça os pilares da revolução francesa e tende a comprometer o itinerário de respeito aos direitos e liberdades institucionais. Espera-se que, por essas bandas, tal nâo venha a prosperar pois que se espera que a economía reaja bem já nesse segundo semestre. Mesmo que o futuro seja difícil de prever, acredita-se que, para os brasileiros, com resultados mais favoráveis da economia no segundo semestre, o ambiente será menos lúgubre e menos pessimista!
E aí, aquilo que já foi plantado em termos de reformas básicas, acredita-se, consumar-se-à; as licitações de concessões avançarão; o agronegócio continuarå a todo o vapor; o ambiente econômico melhorará, substancialmente e, até uma reforminha política será votada para já valer nas próximas eleições. Se isso ocorrer, além de um crescimento de 0,8% no PIB que já poderá acontecer nesse semestre, no segundo semestre deverá acontecer uma expansão com mais vigor e começará a serem recriados os empregos perdidos nos últimos tempos. Será isto uma espécie de “wishfull thinking” ou algo realmente provável de acontecer?
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!