2017 SÓ COMEÇA EM MARÇO!

Até agora todas as ações, todos os acontecimentos, todas as circunstâncias que se interpuseram nos caminhos do Brasil, simplesmente são preparatórios para o efetivo início do ano e das atividades que já eram aguardadas ou já faziam parte de um “script” já imaginado. Ou seja, o ano só deve começar com as águas de março. Desde o início do recesso dos poderes Legslativo e  Judiciário, o que ocorreu ou foi fruto do acaso — mortes de Teori Zavasky e de Dona Marisa Leticia! — ou decorrência de prosseguimento natural das investigações em curso — prisão de Eike Batista e complicações adicionais do processo contra Sérgio Cabral — ou ainda, as chacinas nos presídios, fruto da falta de uma séria política de segurança pública o que levou a exibição e demonstração de força do crime organizado.

Até mesmo a chamada “transição  mansa e pacífica” do Poder e a sucessão nas duas casas do Congresso, ocorreu como que, de caso pensado e nos conformes. Ou seja, tudo previsível e de acordo com o que queria e precisava o governo de Michel Temer.  Nesta próxima semana serão escolhidos os condutores das comissões técnicas da Câmara e do Senado, escolhidos os líderes partidários e anunciado o nome do Indicado para ministro do Supremo, por parte do Presidente Michel Temer. A indicação do candidato a ser sabatinado pelo Senado, é do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Alexandre Moraes.

Ademais, a constituição da Comissão Especial de Reforma da Previdência, além de uma possível comissão especial para discutir as idéias básicas de mudanças na legislação trabalhista, não apresentam chances de surpresas maiores. Também, o nome indicado para a vaga do Supremo, como se previa, não seria alguém que pudesse vir a complicar a situação de Michel e do seu entorno. Ademais, atende ao processo de fortalecimento da posição do PSDB, notadamente o PSDB do provável candidato a Presidente da República a vir a ser apoiado pelo PMDB e, por consequência, por Michel Temer.

Talvez a posse do novo Secretário proposto para a dinamização da economia ou,  algo que o valha, em termos de denominação, João Manoel Pinho de Mello, Junto ao Ministério da Fazenda, poderá trazer o anúncio de medidas que reduzam os nós da economia para que a retomada ocorra o mais rapidamente possível. Também a própria transformação do cargo de Moreira Franco em Ministério tende a abrir espaços para que sejam aceleradas as decisões relativas às parcerias público-privadas, as concessões e as próprias propostas de privatização, inclusive aquelas junto aos estados.

A própria negociação das dívidas de estados e municípios, medidas pontuais como a liberação dos saldos do Fgts, além de alguns programas especiais orientados a garantir recursos adicionais as populações como um todo, tendem a favorecer uma pequena mas relevante dinamização da atividade econômica. Também as notícias relacionadas com o impacto  das decisões tomadas pelo novo Presidente Donald Trump, notadamente as relacionadas aos acordos da Transpacífica além das restrições à Comunidade Econômica Europeia. Todo esse tumulto e esse barulho podem favorecer os acordos de livre comércio do Brasil e, inclusive, dar um novo alento ao alquebrado Mercosul. Adicionalmente, as restrições de Trump à China e ao México poderão favorecer os negócios externos do Brasil.

Mesmo com esses movimentos e ações e as perspectivas que se abrem à economia brasileira as quais são indícios ou sintomas favoráveis mas que, somente a partir de março, poderão se caracterizar como efetivos e capazes de estimular a retomada mais rápida da economia. É esperar para ver.

O que deve ser ressaltado é a inigualável competência de articulador e negociador político de Michel Temer, habilidade e competência que já conta com uma longa história de sucesso como deputado — oito anos líder do PMDB, na Câmara dos Deputados; Presidente Nacional do pmdb por mais de 10 anos; vice-presidente da república e presidente da república. Fez os Presidente das duas casas e tem tido a habilidade de não ver surgir lideranças de oposição ao seu governo. Sem respaldo popular, hoje te. O apoio de 88% dos parlamentares na Câmara e uma larga maioria no Senado.

Com tamanha habilidade e competência política alguns já admitem que Temer poderā vir a fazer um governo que marcará a história do País e num prazo de meio mandato. Será? Ou seria muita pretensão ou presunção ou otimismo em excesso? Agora, é fundamental que se constate que o ambiente econômico parece que está a desanuviar e as perspectivas são de melhoras em vários indicadores.

AINDA A ECONOMIA!

 


Foram divulgados os dados oficiais de desempenho do setor externo brasileiro, em 2016. O déficit  do balanço de transações correntes foi de, tão somente, 26 bilhões de dólares, quase a metade do déficit observado em 2015, ou seja, uma redução, frente ao ano anterior, de cerca de 61%! E o mais interessante ainda foi o fato de que, mesmo com os dois anos seguidos de recessão, o ingresso de capitais externos ou do fluxo liquido de recursos externos, foi de quase 80 bilhões de dólares, um recorde de desempenho do ingresso de investimentos de fora.

Claro que isto, em parte, está a ocorrer em decorrência de o Brasil ter se tornado muito “barato”, ou seja, os seus ativos e as suas empresas ficaram extremamente baratas, notadamente em decorrência da crise econômica  e, também, das intervenções no mercado cambial.

O mais relevante de tal processo ę que o Brasil que jå experimentou de constrangimentos externos à sua expansão e crescimento, pelo menos, em relação ás limitações e restrições do setor externo, agora esse é um problema que não preocupa e não compromete.

 Também, as expectativas do empresariado começaram a  mudar e mostrar um certo otimismo, se não ao estilo tropical, com a superlatividade tão característica, mas, com a sobriedade de uma sociedade mergulhada ainda em dificuldades mas, aparentemente, ansiosa para sair de tal situação. E assim, aos poucos vai se forjando a ambientação necessária e exigida para que as oportunidades de negócios , nesse País em construção, floresçam e prosperem.

E assim o Brasil vai tentando se reconstruír e reencontrar o seu caminho que, malgrado os erros e equívocos de suas elites, as chances de retomar o entusiasmo do Brasil, que tem tudo para ser grande, voltará, por certo, a comandar os seus destinos. É difícil deixar de aceitar como inexorável essa destinação histórica do Brasil. É um país grande, tem uma população grande e já alcançou a posição de sexta potência do mundo, só ficando atrás  da Inglaterra mas, com muito mais potencial a explorar.

A ação oportuna, urgente e  objetiva, comandada pelo Ministro Meirelles, no sentido de apoiar o processo de reorganização  das finanças de estados e municípios, subordinada e condicionada a adoção de um conjunto de medidas de austeridade fiscal, inclusive de reequilíbrio das contas da Previdência dos mesmos estados, contribuem, em muito, para aquecer os mercados dos estados e municipios.

Chegou a hora daqueles que compoem o segmento chamado de  desenvolvimentista dentro do governo, aliado aos representantes dos empreendedores, de assumir o seu papel e gerar motivações, além de promover mobilizações capazes de reanimar e reentusiasmar os vários grupos sociais quanto ao amanhã do País. Na verdade, as incursões e idéias do novo Secretário de Novos Negocios, do Ministério  da Fazenda, João Pinho de Mello, devem já começar a serem discutidas pois o tempo é curto e as exigências são para ontem.  O Brasil é grande e a sua destinação histórica é de ser grande. Não há porquê não buscar tal desideratum. Não há dificuldades maiores  e nem será cobrado ou exigido sacrificios, alêm dos nitaveis ônus  para a retomada da expansão pois ela faz part nao apenas dos sonhos mas das possibilidades dos brasileiros. Cumprir tal papel é uma obrigação histórica e não adianta algumas mentes mais pessimistas quase, como que, torcerem para que as coisas não deem certo.

 O que se sente no ar sao inúmeras iniciativas a favorecer investimentos privados nacionais e internacionais; o governo federal privilegiando e gerando opções através de novas concessões de investimentos ou concessão de serviços públicos; retomada das negociações na área de infraestrutura física  e obras de mobilidade urbana; além das perspectivas derivadas de uma revisão crítica da política externa brasileira, são alguns dos novos dados a gerar possibilidades mais objetivas e imediatas de ampliação de investimentos no Brasil.

A ECONOMIA E A TRÉGUA DERIVADA DO RECESSO, DAS CRISES E DO TRUMP!

Temer é um homem de sorte. Mesmo com baixa popularidade, as circunstâncias vão se conduzindo e se forjando de tal forma que, como por acaso ou por encanto, geram como se fora manobras diversionistas, que vão favorecendo o tão complexo e difícil processo de ajuste da economia. O recesso do Congressso e do Judiciário; a crise profunda nos presídios juntamente com o protagonismo assumido pelo crime organizado e a própria posse de Trump,  com as especulações derivadas dos caminhos que venha o seu exotismo e seu populismo marcantes estabelecerem,  estes três elementos estão  garantindo uma providencial  trégua nas manifestações de insatisfação e de protestos.

E isto vem permitindo que, ptotegido por essa quase cortina de fumaça, a sua equipe econômica tenha e esteja tendo tempo, sem a incomoda e inusitada pressão por resultados imediatos, de conceber, engendrar e por em execução  uma série de propostas e de projetos capazes de reduzir os prazos para que a economia retome o seu rumo e o ritmo desejados.

E Trump, de uma certa maneira, vai tomando decisões,  que, por incrível que pareça vão abrindo caminhos ou criando perspectivas para a economia do País. A recente atitude de romper com o acordo Econômico transpacífico, deve favorecer, de forma significativa a China e ao Brasil que irão substituir os Estados Unidos como fontes de fornecimento de matérias primas estratégicas, alimentos e manufaturados.

  • A própria ameaça de elevação da taxa de juros para a economia americana que se esperava provocasse”de imediato, uma valorização do dólar, as autoridades condutoras da economia brasileira, ao fazerem intervenções cautelosas e suaves no mercado de câmbio  de forma a não permitir que o real se valorize levando ao desestímulo as exportações e não se desvalorize de tal forma a gerar pressões de custos na indústria e pressões de preços na economia como um todo. Assim, nem os efeitos deletérios de fuga de capitais internacionais e nem os impactos negativos sobre o comércio externo das possíveis alterações na taxa de juros americanas, foram sentidos, até agora,  economia nacional.

Outros fatos relevantes ainda podem ser atribuídos para com esse ambiente favorável aos ajustes que são exigidos pela ordem econômica nacional. Entre estes podem ser registrados as disputas para as mesas da Câmara e do Senado, a escolha dos lideres partidários e a definição das direções das comissões técnicas que, ao lado dos preparativos carnavalescos, farão com que os “policy makers” brasileiros naveguem numa espécie de “céu de brigadeiro”, o que, com certeza, antecipará a retomada da economia do País.

Admite-se, portanto que, esse período que o País experimenta, com todos os tumultos derivados de problemas crônicos como o do sistema prisional, ou o acidente que vitimou o ministro do Supremo e ainda, o recesso do Judiciário e de Sérgio Moro, além do “entretenimento” do Parlamento face as disputas internas relacionamento a escolha de dirigentes e de líderes além do não funcionamento da “caixa de ressonância” dos problemas nacionais, aliado as estrepolias de Donald Trump, deu e ainda continua dando, a equipe econômica, a trégua tão necessária para dar sequência a uma série de medidas que já permitirão  ao País colher alguns benefícios que se traduzem em perspectivas favoráveis para a economia nacional.

TRUMP: UM DISCURSO AGRESSIVO E SEM CONTEÚDO!


Trump fez um discurso personalista, populista, protecionista, aparentemente nacionalista e, sem nenhuma diretriz definidora dos caminhos que o seu governo irá seguir. Além das  intensas e significativanente relevantes manifestações populares contra o governo Trump, o Presidente não conseguiu  aprovar sequer um dos vários nomes que comporão o seu  ministério junto ao Senado americano! Esperava-se que a postura do novo mandatário da nação americana, quando do discurso de posse, fosse de conciliação, de entendimento e buscando definir  grandes linhas da estratégia que o seu governo viria a adotar. E isto, não apenas em relação as mais relevantes “issues” relacionadas especificamente a América em si, mas também e, principalmente, em relação aquelas  em função do papel dos Estados Unidos como nação  líder do mundo.

Nada foi dito, nem mesmo em relação à China, a União Europeia, aos conflitos no mundo islâmico, aos problemas no Afeganistão, na Siria, no Iraque e nem tampouco a problemas vinculadas ao equilíbrio de forças a nivel mundial bem como ao aquecimento global, ao meio ambiente, aos rumos da globalização, ao enfrentamento da pobreza, aos projetos de cooperação em vários segmentos da atividade humana, entre outros tema da agenda mundial.

As declarações de Trump sobre o acordo do clima de Paris, sobre a rejeição ao acordo comercial transpacífico, ao famigerado muro com o México, nem sequer a alternativa que irá propor para substituir o chamado Obama care, foram objeto de consideração do Presidente e, nem sequer mesmo uma esperada provocação adicional a mídia, ficou clara e objetiva.

Na verdade, mais que frustração e decepção, o discurso de posse de Trump não disse nada a não ser repetir chavões e palavras de ordem da campanha eleitoral, numa mensagem explicitamente orientada e dirigida ao seu eleitorado cativo.

Embora sejam muitas as preocupações dos líderes mundiais e as indagações de muitos sobre o que fará, o novo Presidente pretende, em primeiro lugar, é desconstruir o legado do ex-presidente Obama, notadamente aquele programa que mais afetou a população acreditam que, ganha as eleições, superado esse primeiro momento de “América para os americanos” e de grosserias implicitas com a midia como  que para delimitar território, deve sair de cena o show-man      espetaculoso e marcado por excentricidades, voluntarismos e frases de efeito, baixe o espírito do empresário, esperto e bem sucedido, capaz de saber escolher as opções que o caminho do equilíbrio e o bom senso recomendarem!

Provavelmente us uma das primeiras medidas seja direcionada ao Obama care, embora frases e declarações  sobre o muro con o Mexico também voltem à pauta.

Na verdade, nem as coisas funcionam e ocorrem sem um profundo respeito e respaldo instituições e sem que a opinião publica e a publicada as respaldem e nem o mundo respeitará ações voluntarista de alguém que não mostra sinais objetivos das qualidades inerentes ao homem público: paciência, humildade, capacidade de transigir, de conciliar e de fazer recuos estratégicos, são parte das lições
que os pais da Pátria — os founders — a Recolucao Francesa e a convivência com os valores democrativos ensinaram aos americanos.

OITO HOMENS E O DESTINO!

O nível de desigualdade de renda não é apenas grande mas, aparentemente crescente, quando se avalia  a própria população mundial. Segundo dados recentes,  oito homens no mundo, detêem uma fortuna pessoal que equivale a toda a renda de 3,6 bilhões de pessoas! Ou seja, detém um poder capaz de suprir a fome e superar o desespero de metade da população mundial!

Se tais homens porventura ou por acaso, numa atitude admitida como exótica, inusitada e estranhamente, resolvessem assumir o fim da fome em todo mundo, e, é claro, com certeza eles poderiam e conseguiriam enfrentar esse dramático problema que as instituições formais não foram capazes de enfrentar. Em assim procedendo eles, com certeza, propiciariam um  quadro de sonhos e um gerar de esperança de que as coisas poderiam clarear, para milhões de desesperados.

E esta especulação sobre a probabilidade de um fato muito pouco normal e quase impossível de ocorrer, beirando muito mais ao atípico e ao inusitado, poderia vir, também, a provocar uma série de reflexões para os brasileiros que andam em busca de algo tão milagroso assemelhado a esse passe de mágica!.

Para essas bandas e no caso desse País, ora mergulhado em tão baixo astral, algo realmente transformador como esse fato quase impossível, levaria os brasileiros, depois desses anos de pessimismo e de deprê, como que, num quase passe de mágica, voltassem a acreditar no hoje e no amanhã de seu País. .

Algo assemelhado ao que ocorreu nos anos dourados do juscelinismo, notadamente lá pelos idos de 1958 — o ano que não deveria terminar! — os brasileiros abandonaram o complexo de inferioridade ou o complexo de vira-lata e superaram o sentimento frustrante que a pobreza sempre imprime, qual seja, de apequenar-se, de  sentirem-se feios, inseguros, esgulepados e sem futuro! A euforia era tanto que David Nasser, talvez o maior reporter à época, estabelecia o brado “Quem for brasileiro que me acompanhe”, num grito cheio de otimismo e de boa fé!

O juscelinismo gerou uma aura de confiança, de esperança e promoveu um notável crescimento da auto-estima. De repente os brasileiros, a partir da posse JK, com seu ousado “cincoenta anos em cinco,” promoveu uma mobilização da sociedade e a fez se ligar as conquistas, antes tão raras. Desde os feitos da nascente indústria automobilística — desde o FNM, o besouro da Volkswagen e o DKV VEMAG — as grandes hidrelétricas que se implantavam; uma nova capital que se erguia no coração do País e um Centro-Oeste e uma Amazônia que se descobria para o Brasil e para o mundo, através de uma rede de rodovias integradoras.

E enquanto a autoestima crescia, os brasileiros se empolgavam, cada vez mais, com as conquistas nos esportes, como, por exemplo, da recente conquista do ouro olímpico de Adhemar Ferreira da Silva; a conquista do campeonato mundial de basquetebol; da copa do mundo de futebol Jules Rimet; do sucesso no esporte de ricos,  com os êxitos de Maria Esther Bueno no tênis, além do surgimento da bossa nova, que afirmava o País com uma música tão envolvente quanto o seu primo rico, o Jazz. O clima no país era de frenesi com um Presidente que transmitia esse novo momento com um discurso  e uma atitude de um otimismo contagiante.

E o Brasil parecia que já começava a dar a volta por cima e a se sentir destinado a um futuro de grandeza e de afirmação no concerto universal, fugindo do complexo de “macaquitos” e acreditando que o sonho de Brasil, grande potência, nao seria apenas uma linha demarcando o espectro mercadológico utilizado por governos autoritários para forjar um respaldo popular. O sentimento de brasilidade era muito mais significativo do que se havia assistido e presenciado em qualquer época e em qualquer dos governos do país.

Do mesmo jeito que é um quase delírio esse sonho de imaginar tais homens a doarem a maior parte de sua imensa fortuna para enfrentar a dramática fome e desencanto que as populações pobres do mundo enfrentam. Sabe-se que se tal milagre acontecesse, isso iria  reverter todas as tendências econômicas no mundo, inclusive as brasileiras, que hoje  se subordinam a um marco quase negativo de expectativas em termos de suas perspectivas que  hoje não falam  alto as suas ambições e aos seus sonhos.

Imagine num saudável delírio, caro leitor,  se esses homens, passando por cima das desnorteadas e das alquebradas instituições formais, decidissem assumir o papel transformador de enfrentar esse dramático desafio mundial, o que isso poderia resultar? Poderia resultar numa quebra de paradigmas capaz de mudar todos os referenciais da convivência humana!

Principalmente porque tal decisão não deveria enveredar por uma discussão das causas das desigualdades mas sim, através de uma forma ou de uma fórmula  totalmente inesperada de “approach” do problema, forjar uma alternativa tendente a alterar todo esse quadro, num tempo muito curto.

Seria isto possível? E se eles assim procedessem, será que não provocariam ou despertariam uma reação em cadeia de  um espírito de benemerência por todo o mundo e que poderia vir a envolver os 20 ou os 50 ou até mesmo, os cem homens mais ricos do mundo, talvez viessem a dar uma lição ao mundo de que a dignidade se alcança pela generosidade e pela compreensão de que o mundo seria bem melhor com menos ou quase nenhum miséria a gerar conflitos, a provocar a discórdia e a provocar remorsos em quem podia mostrar um pouco mais de desprendimento e largueza d’alma e não mostrou?

Se isto viesse a ocorrer, baseando-se na estratégia de “não dá o peixe mas de ensinar o homem a pescar”,  que revolução não poderia vir a ocorrer, por exemplo, no Nordeste Brasileiro, só com uma solução rápida para o problema d’água e a promoção de  uma verdadeira revolução cultural capaz de usar todos os talentos à espera de um milagre.

Assim quando a crise da segurança pública nacional toma todo o espaço da mídia e, com o infausto acontecimento que foi o passamento de Teori Zavaski, criando uma grande comoção nacional diante das especulações quanto aos desdobramentos sobre a Lava-Jato pois Zavaski era o relator dos mais dos 70 processos de políticos com foro especial e as suas implicações e dificuldades que o ministro estava senhor do processo e de todas as circunstâncias.

Sonhar não custa nada e pode levar a delírios de sonhos os mais sinceramente acalentados por milhões de órfãos da vida, da sociedade e dos governos como se sentem os brasileiros, atualmente.

 

QUAL A TRAGÉDIA MAIOR?

Acha o cenarista que, diante das três tragédias vivenciadas agora pelo Brasil e pele os brasileiros, para enfrentá-las e a elas sobreviver, só se valendo do dito popular de que “desgraça pouco é tiquinho”, ou seja, a desgraça precisa ser muito grande para tirar o ânimo dos tupiniquins diante de adversidades que se antepõem. Isto porque a partir de hoje, dia 20 de janeiro, três tragédias aqui se cruzam!

A primeira delas é aquela que vem sendo exibida, diariamente, pelos veículos de comunicação, quando o sistema prisional como que, banalizando a morte, desestruturado e controlado pelo crime organizado, desafia a competência dos poderes constituídos, ao mostrar  espetáculos chocantes, não apenas de chacinas dentro dos presídios, mas, também, demostrando a sua força, a sua organização e a sua determinação ao promover orquestradas ações de desafio às autoridades, como  incêndios de ônibus, depredações de prédios e veículos públicos e outros atos de vandalismos. Tudo isto, não apenas, devidamente coordenados, de dentro dos presídios, mas anunciados e antecipados aos poderes constituídos.

A segunda, que já começa a levantar suspeições, se foi por conta  D.C. o acaso ou se foi um evento provocado por  interesses escusos, diz respeito ao acidente aéreo que ceifou a vida do ministro do Supremo, Teori Zavasky, a quem cabia a condução dos destinos de políticos notórios, desde Lula, Dilma, Renan, Romero e uma quase centenas de parlamentares, todos eles denunciados  ao STF,  em decorrência da Operação Lava-Jato! Vai-se, com ele, nas águas próximas aonde foi tragado Ulysses Guimarães, “o Senhor Diretas” e alguém que não era bem-vindo ao processo político que se conduzia e negociava da transição do estado autoritário para o estado democrático de direito, a memória viva e organizada desse que deveria ser fo capítulo mais relevante da Operação!

Foi-se Teori, levando consigo segredos, dados, informações e detalhes de possíveis culpados no processo; leva, também, os prazos de homologação de delações fundamentais para o curso da Lava-Jato; leva, a Sèrgio Moro e aos procuradores que colaboram com ele, temores e  angústias de que talvez não consigam levar adiante essa limpeza ética que ora se conduz no Brasil. Ou, possivelmente, dúvidas e incertezas de que, ao ser continuada, não venham a ser imposta a ela, embaraços e dificuldades que os desestimule a prosseguir o processo.

E, finalmente, quem venha a substituir, a tempo e a hora, Teori, se disponha a continuar o seu trabalho, com o mesmo equilíbrio, a mesma seriedade, a mesma competência e a mesma determinação! E mais, continuar a representar o ancoradouro seguro a juizes, promotores e policiais que sabiam que contavam com um juiz pleno na acepção da palavra ou da expressão!

Que o seu substituto na relatoria não lance dúvidas e incertezas e não represente temores adicionais como o que ora se coloca de uma possível indicação de Sérgio Moro para a vaga de Teori pois levantaria dúvidas sobre a continuidade das céleres, corajosas e firmes decisões que vem adotando a frente da Operação.

No entanto, se Moro for o indicado e aceitar, talvez, pudesse ser a jogada ideal para Temer e para própria certeza de que a memória, a determinação e a seriedade da Operação seriam mantidas pois ninguém melhor do que eke tem todos os dados, valores e elementos de tudo o que ocorreu, até agora, com a Lava-Jato.

É fundamental, também,  voltar a discutir a primeira tragédia que, até agora, nas providências propostas e adotadas com relação ao problema mais imediato de ser encaminhado em termos de segurança pública — o controle dos presídios pelo crime organizado — não se constata ou não se tem a convicção de que o caminho apontado atinja o cerne do problema. Parece que, além da superlotação dos presídios e da impossibilidade de se adotar uma política de distribuição adequada dos grupos segundo a sua periculosidade e a necessária desmontagem das suas estruturas de comando, medidas como o enfrentamento dos 40% de presos provisórios misturados a facínoras além do bloqueio imediato de celulares em torno de todos os presídios, são algumas das outras medidas mais xurgentes.

Parece que o mais relevante que tudo isto é enfrentar o elemento motivador maior das organizações criminosas que é o que lhes estimula em maior grau, no caso as fabulosas rendas derivada do tráfico de drogas. Se não se faz igual ao que se fez com a Lei Seca nos Estados Unidos, não se corta, na raiz, o que o financia e garante a sua organização. Inclusive, desestruturando o esquema, a própria invasão de armas pesadas vindas pela fronteira e a azeitada articulação do crime organizado daqui com grupos criminosos de Paraguai, Bolívia e Peru, não se conseguirá ir muito adiante.

É claro que ampliar a capacidade prisional, readequar, aparelhar e modernizar os atuais presídios; uma séria política em cima da questão dos menores infratores; um olhar crítico sobre treinamento, qualificação e melhor remuneração das polícias, além de montagem de um poderoso sistema de informações a subsidiar uma nova estrutura de Inteligentzia”, são medidas sem as quais a revisão crítica da segurança pública nacional, estará capenga.

Se isto não ocorrer o Brasil será um grande México, nas chacinas e na completa incapacidade do estado de controlar a ação de um poder que se coloca e age acima das instituições constituídas.

Finalmente, a terceira tragédia se instala daqui a pouco, levando incertezas, inseguranças e temores ao mundo como um todo, pelo que falou, pelo que agiu e pelo que disse, até agora,  bem como pelo grupo de auxiliares que escolheu, todos não aprovados pelo Senado americano. E Isto pode levar a muitas surpresas desagradáveis. Nos seus sonhos mirabolantes, até os ataques a Europa e a própria Angela Merkel, ao lado de suas simpatias em relação à Vladimir Putin bem como as duras críticas a China, parece que o seu sonho desvairado é refazer o mundo bipolar dos tempos de Guerra Fria, onde só dois poderes e, dois homens, se faziam presentes no mundo, os líderes dos Estados Unidos e da União Soviética.

Mas, para não ser tão pessimista com essa terceira tragédia chamada Donald Trump, as crenças são de que, nos Estados Unidos, as instituições são maiores que os homens e os líderes e, ali, as chances de prosperar um líder destrambelhado e capaz de por em perigo o equilíbrio e a paz mundial, são muito remotas.

Com certeza depois do seu discurso de posse e das primeiras medidas anunciadas, saber-se-à o que eram bravatas, o que eram rasgos demagógicos para atrair eleitores e o que, realmente, tenderá a prevalecer. Ou seja, se o bom senso do esperto ganhador de dinheiro ou se o extremamente exótico e inconsequente neo-político que ora assume a Casa Branca.

 

 

 

E AGORA, O QUE SERÁ DA VIDA DOS BRASILEIROS, APÓS AS FESTAS?

Embora as previsões, até agora, ainda não sejam otimistas para a economia e para a sociedade brasileira, mesmo assim, em momentos dificeis e complicados como agora, é de fundamental importância traçar um itinerário a ser perseguido para que a crença, a esperança e a convicção de que a nação brasileira chegará a um destino menos traumático do que o até agora apresentado pelos mais distintos analistas e prognosticadores, não apenas daqui como também aqueles mundo afora, venha a se concretizar!

A expectativa é a de que três grandes vertentes deveriam marcar a ação do Governo Central nesse processo de transição. Isto porque atravessar esse Rubicão se mostra muito mais desafiador do que se possa imaginar porquanto Temer vai precisar mais que uma “pinguela”, embora a referência  de FHC era muito mais em decorrência do pouco tempo disponível para responder as demandas e desafios,  do reduzido respaldo popular e do tamanho dos problemas a serem enfrentados.

O primeiro desses grandes desafios seria e será a reorganização da gestão do setor público, apoiada, fundamentalmente,  na correção de distorções de toda ordem, de sustação de desvios de recursos, da suspensão da concessão  de privilégios e favores a determinados grupos sociais e a redução de trâmites e instâncias burocráticas, notadamente na condução das ações, projetos e programas de governo.

A lógica básica é enfrentar, séria e serenamente, a corrupção quase endêmica, a busca da redução de desperdícios de toda ordem e a tentativa de agilizar os  processos decisórios como pontos nevrálgicos da nova ação de governo.

A rearrumação da casa é condição “sine qua” para que se estabeleçam objetivos de médio e longo prazos capazes de conformarem uma mudança estrutural que permita que se redefina aquilo que poderia ser consagrado como um novo projeto de sociedade e de nação. Assim, embora os desafios sejam enormes, é fundamental enfrentar, de vez e objetivamente, tal processo. Caso contrário, dificilmente um governante será capaz de mobilizar a sociedade para os grandes sonhos e os grandes projetos de nação.

O quadro que vive o país, onde a única palavra que se ouve, repetidas vezes, é crise — crise na segurança pública, crise na saúde, crise na educação, crise nos transportes públicos, crise no saneamento, crise no Judiciário — é de se supor que sendo a crise geral e irrestrita, indiscutivelmente, qualquer que seja a proposta de ação de governo passa, em primeiro lugar, por medidas tendentes a enfrentar tais crises e dificuldades! Embora as circunstâncias apavorem e assustem a todos e deixem até tontos os gestores públicos, elas representam uma oportunidade ímpar para buscar o enfrentamento de todas essas questões e os desdobramentos decorrentes ou derivados de tais problemas. Ou seja, era preciso que a situação se tornasse tão grave é tão complexa, para que se decidisse que era urgente enfrentá-la.

Examine-se, por exemplo, a pavorosa situação da segurança pública no País onde a matança nos presídios, fruto do domínio e controle dessas instituições pelo crime organizado, tendo como aditivo para potencializar o problema, a superlotação dos cárceres, além da corrupção de policiais e da própria justiça, mostra a complexidade do problema! E o mais sério. O problema passa por um controle da entrada de armas e drogas pelas fronteiras. E, tal questão, conduz, necessariamente, ao enfrentamento  da motivação maior do problema que é o tráfico de drogas. E esse só será encaminhado com a sua discriminalização porquanto não se descortina fórmula capaz de enfrentar o problema se não algo corajoso e revolucionário como a liberação do consumo de drogas.

Claro que o esforço destinado, de imediato, a dar uma resposta mais incisiva as matanças ocorridas em Manaus e Roraima, nos últimos dias, exigem várias providências mais imediatas como relocalizar os comandantes do tráfico, em termos de presídios; a operação de força tarefa para resolver o caso da liberação dos presos provisórios, hoje superando os 40% da totalidade dos 622 mil presidiários; a separação definitiva de prisões de segurança máxima dos presídios comuns, que hoje facilitam a passagem de comandantes do crime, de um para o outro lado; a ajuda federal para a recuperação de presídios estaduais precarizados bem como o seu aparelhamento ou reaparelhamento com scanners, câmeras, entre outros, são medidas emergenciais e urgentes para minorar o caos!

Mas, mais importante que tais medidas apontadas, uma coisa que chama a atenção é a pobreza do chamado sistema de Inteligentzia ou de informações; o desencontro de núcleos de informações das esferas ou níveis de poder; a falta de comunicação entre os órgãos de segurança, tudo isto levando a uma incompetência gritante diante do crescente poderio e estruturação do crime organizado.

Se forem examinadas as inúmeras características das várias crises que o país enfrenta então se tem a dimensão dos problemas e das dificuldades a serem vencidas. Não são  apenas  problemas de reorganização das finanças públicas mas de rearrumação dos programas sociais, de reforma da Previdência, de adequação das leis trabalhistas às circunstâncias econômicas atuais, de renegociação das dívidas de estados e municípios além de uma revisão crítica do pacto federativo e da autonomia municipal.

Afora isto, para retomar a economia, é fundamental que algumas ações devam correr contra o tempo como forma de estancar o desemprego e começar a reativar as atividades produtivas. O Banco Central, ao ter conseguido controlar, severamente, a inflação, fazendo-a chegar aos 6,29%, abaixo do limite superior da meta; ao reduzir, de forma ousada, a taxa básica de juros e ao sugerir aos agentes produtivos que já há ambiente para retomar o ritmo normal da atividade econômica, gerou uma reversão no quadro das expectativas antes altamente desfavoráveis  e negativas.

Se o agronegócio, com a safra recorde que se anuncia, continuar aportando substancial contribuição à balança comercial brasileira e ao próprio crescimento da economia; se forem aceleradas as concessões e privatizações; se o acordo com os estados levar, inclusive, a um processo de privatização de suas empresas; e, se os recursos externos continuarem a ingressar no país como ocorreu em 2016, aí se pode dizer que o quadro estará sofrendo uma sinificativa reversão!

Claro que, dado o pressuposto de que a economia funciona à base de expectativas e credibilidade, no momento em que se forjam ou se criam expectativas mais favoráveis a preocupação adicional e seguinte é com a recuperação da credibilidade das instituições. E, na proporção que noticias mais favoráveis vão surgindo no horizonte econômico, a tendência é que tal fato impacte a chamada recuperação da credibilidade e, assim, ela comece a ser favorecida.

Mas é indamental advertir que mesmo que  o quadro econômico venha a melhorar, as reformas destinadas a encaminhar os graves problemas de segurança, de saúde, de educação, de saneamento básico e de reorganização das finanças de estados e municípios, continuarão cobrando urgência e objetividade, sob pena de comprometer qualquer projeto de construção de uma economia e de uma sociedade democrática.

De qualquer forma, há sinais no ar e eles começam a ser mais positivos diante de  quase tudo que se vem assistindo até aqui. Pode até ser uma espécie de “wishful thinking”, mas que as coisas parecem andar e melhorar, parecem!

 

 

O QUE ESPERAR DE E PARA 2017?

Pouco se pode antecipar o que deverá ser ou o que poderá ocorrer em 2017. Os mais pessimistas dizem que será um ano muito difícil sob todos os aspectos. As turbulências demarcarão o seu território que não se cingirá, apenas, as chacinas oriundas das brigas de  facções do crime organizado como ocorreu no presídio de segurança máxima de Manaus — 60 mortos!  — e as 31 fatalidades oriundas da rebelião ocorrida em Roraima. Não se sabe se, a seguir, o comando das facções do crime organizado, em confrontos delimitadores de territórios,  decidiam estimular tais chacinas nos presídios de Pedrinhas, no Maranhão e nos presídios do Pará, do Rio Grande do Norte e, do Ceará. O que se sabe é que houve e pode continuar havendo confronto das facções do crime organizado.

A violência é fruto de muitas coisas que, em verdade,  não estão a operar na sociedade, desde a quase convicção  de que a impunidade é uma certeza e de que o crime compensa; de que a compra de sentenças, ao que se sabe, ocorre a olhos vistos por todo o país; que, também, apenas cinco por cento dos crimes cometidos no Brasil são investigados o que estimula a criminalidade pela certeza da impunidade; que se constatou que a autorização para cumprir pena em regime aberto domicíliar, era vendida, em Manaus, por 150 mil reais, além e, é bastante óbvio, da notória corrupção que impera na polícia e na justiça. A falta de uma política nacional de segurança pública, além da ausência de uma integrada, preparada e eficiente polícia, é o que mais se cobra das autoridades do País.

Por outro lado, a inexistência de uma proposta inteligente de combate ao crime organizado; o fato de as fronteiras brasileiras estarem escancaradas, sem qualquer controle, por onde entram armas e drogas de todo tipo e mais sofisticadas do que aquelas com que conta a polícia; a falta de um esforço comunitário destinado a ações complementares como iluminação pública, ocupação de espaços públicos, políticas para as populações de jovens carentes ou infratores, além de uma policia treinada e melhor remunerada, são alguns pontos que devem ser efetivamente considerados  quando da abordagem de tão complexo problema.

Agora mesmo o governo lança um Plano  Nacional de Segurança Pública, crê-se que de caráter emergencial.    Alguns pontos representam limitações da proposta pois não há metas definidas e nem horizonte de tempo estabelecido para seu alcance. Quantos presídios serão construídos e em que prazo?   Também questões como o estabelecimento de um prazo mínimo  para colocar bloqueadores de celulares em todos os grandes presídios e um mutirão  da justiça para liberar todos os detidos com prisão provisória que já representam 40% do total de presos do país, não se viu registrado na proposta..

Assim, o que se verifica é que o ano começa, de princípio, com os mesmos graves problemas econômicos, além de um pano de fundo cuja marca maior é a violência das ruas e das chacinas dos presídios; da enorme crise de confiança nas instituições; além do Governo Federal situar-se subordinado a um tumultuado quadro político.

Não serão apenas as dificuldades que o governo enfrentará nas negociações políticas destinadas a aprovação de matérias controvertidas, mas outras que o calendário político estabelece. Isto porque as duas Casas vivem momento de eleições para a sucessão das mesas diretoras  de ambas as unidades parlamentares,  bem como para a escolha das lideranças da Câmara e do Senado. Mas, é bom lembrar também, que os duros questionamentos da mídia e a pressão da Oposição cobrando agilidade, coerência, precisão,  até mesmo na linguagem de comunicação adotada pelo governo, däo parte da dimensão do quadro de dificuldade a ser  enfrentado por Temer,  nesse duro primeiro semestre.

Serão momentos difíceis e desafiadores, notadamente por agregar tantos ingredientes complicadores como os já mencionados. As incertezas crescem na proporção em que, há grandes temores de que sejam criadas dificuldades para a implementação de medidas destinadas a antecipar a recuperação da economia brasileira além da imprevisibilidade do impacto das primeiras providências a serem tomadas pela nova administração dos Estados Unidos.

Já na próxima semana o País, a partir da provável decisão do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros e, o tamanho de tal corte, dará uma idéia de como a economia começará a ser retomada e em que nível. E aí é rezar para que os agentes econômicos, diante de um câmbio equilibrado, de uma inflação controlada e de demonstrações de austeridade fiscal, inclusive com a nova postura de seriedade e de compromisso dos prefeitos, comecem a decidir a retomada dos investimentos e a ampliação de seus negócios.

AOS AMIGOS, AOS COMPANHEIROS E AOS QUE ANDARAM E VIVERAM JUNTOS, EXPERIÊNCIAS E SENTIMENTOS!

Essa é uma pretensiosa mensagem de sentimento, de carinho e de afeto para com todos aqueles que cruzaram, de um jeito ou de outro, o caminho ou os caminhos do cenarista. Se o cenarista tivesse qualquer verve poética, ensaiaria um poema de agradecimento chamado, talvez, de “Um olhar para trás”! Porque quando se faz um balanço do que foi o itinerário percorrido de qualquer ser vivente, na opinião do cenarista, só há algo que se pode e se deve registrar, qual seja, a gratidão enorme por tudo que se recebeu, notadamente de afeto, de atenção e de carinho!

Alguém há de indagar, se, para o cenarista, não há nenhum senão, nada nessa caminhada que represente mágoa, ressentimento, queixa ou arrependimento com fatos, circunstâncias ou pessoas. Parafraseando, se não comete um equívoco dos maiores, o cenarista, cabe aqui a frase de Shakespeare quando afirmava “que a mágoa só faz mal a quem a cultiva pois poder-se-ia até admitir algum mérito caso ela doesse tanto em quem nos ofendeu quanto ela nos doe por alimentå-la e cultivá-la!” Assim parece ser um desperdício de tempo e de sentimento, alimentá-la!

O que “o olhar para trás” conduz o autor desse auto de gratidão é o mirar a tantos que se interpuseram no seu caminho  e só promoveram alegrias, boas emoções e sentimentos os mais nobres e, certamente, lamentar não poder ter a chance de abraçá-los e dizer, a cada um dos que permitiram essa caminhada, tão feliz, alegre e exitosa, sob qualquer pretexto que se queira avaliar, muito mais de agradecimento do que o cenarista poderia retribuí-los.

Se arrependimentos houver, ficará, por acaso, a débito dos erros cometidos contra amigos ou contra os seus sentimentos, magoando-os mas, sinceramente fruto muito mais da ignorância ou da displicência do que do propósito de ferir a susceptibilidade de alguém. Assim, mesmo que 2016 tenha sido um ano de provações, de dificuldades e de sérios e, ás vezes, graves problemas para alguns e para muitos, o cenarista acha que, com todos os percalços, valeu à pena viver e saber e sentir que não se caminhou sozinho.

Na contabilidade dos sentimentos, ao fazer um balanço do recebido, o débito é muito maior do que os pequenos atropelos e aborrecimentos ou as dúvidas, as incertezas e, até mesmo, os tempos de angústia, experimentados. No fim e ao cabo, eles representaram, talvez até um pouco,  o sal da terra ou a adrenalina vital a mostrar que se está vivo, notadamente quando o tempo de vida vai, teimosamente, se esvaindo. Portanto, é tempo de exaltar a vida, os sentimentos e os afetos e, entender as festas de fim de ano como a festa da gratidão.

Relembrar Mercedes Souza, “Gracias a lá vida, que me ha dado tanto…”! Ou talvez, parece que de Neruda, a frase-poema, “Para viver, viví!” é o mais relevante. E que venha 2017, mesmo que,  com todas as suas dúvidas e incertezas; seus desafios e problemas; e com as suas dificuldades, o cenarista aposta no sentimento de que os brasileiros, com certeza, farão tudo para tansformá- las em oportunidades!

 

 

 

ANGÚSTIA? TEMOR? UM AR DE MELANCOLIA DIANTE DE UM NOVO ANO?

O cenarista é um otimista incorrigível ou um quase inveterado por bons momentos, boas perspectivas e pela crença de que o amanhã será sempre melhor do que o ontem. Põe fé e esperança nas pessoas, no País e nas suas circunstâncias! Pode ser que seja apenas o domínio, no seu comportamento e nas suas atitudes, de uma espécie de “wishfull thinking”! E sempre quer e torce para que as coisas, notadamente para a sociedade e para o Brasil, deem certo.

Mas, diferentemente do que esperava e do que desejava, a frustração, o desencanto e a desesperança estão gerando angústia, temores e pessimismo para os brasileiros e, pasmem, para ele mesmo, o próprio cenarista! Agora não é mais incerteza e a insegurança que dominam os sentimentos mas, uma quase convicção, de que os problemas, dificuldades e desafios estão se tornando maiores que a capacidade de enfrentá-los pelos instrumentos, mecanismos, políticas e pelos homens que detém o poder. Não é apenas a discussão sobre se um homem pode se constituir numa espécie de salvador da pátria ou o milagreiro capaz de transformar qualquer coisa em ouro e, em apenas num um passe de mágica!

E, lamentavelmente, Temer ao contar hoje com uma popularidade que se coloca abaixo dos 10%, isto, aparentemente, poderia não se constituir em problema maior pois, nesse tumultuado ano de 2016 — o ano que teima em não terminar! — o Presidente conseguiu o apoio de 88% do Congresso com vista a aprovação de matérias consideradas relevantes para o País!
O que, dentro da visão de que as coisas se decidem através das instituições e não das pessoas, particularmente, aparentemente Temer poderia acreditar e apoiar-se na idéia de que as decisões mais relevantes dependerão do Congresso e, portanto, a impopularidade não afetaria o êxito das providências a serem apreciadas pelas casas legislativas.

Ledo engano. Os parlamentares são utilitaristas, segundo o conceito dos idealistas. Ou são normais, segundo a experiência vivencial, da maioria das pessoas que admitem que a lógica da sobrevivência se sobrepõe a qualquer outra lógica, compromisso ou valores mais caros professados pela sociedade. A tendência é que, na proporção que se manifestarem as insatisfações populares com o governo e demorarem a ocorrerem os resultados esperados das medidas de política econômica, aí os deputados, em primeiro lugar, tenderão a ir se afastando do governo pois não desejarão pagar o preço da impopularidade mesmo que seja por conta de conquistas fundamentais para o hoje e o amanhã da sociedade. Ou, para garantirem apoio apresentarão fatura extremamente elevada ao governo.

Na verdade, mesmo que aqui e ali surjam notícias, embora tímidas mas, capazes de gerarem esperança de que as coisas estejam no caminho certo, elas não tem se mostrado suficientes para reverterem o pessimismo que domina a população que, pelos últimos dados de pesquisa, cresceu muito nos últimos tempos. Os dados relacionados a inflação, aquela que mais corrói o poder de compra da renda familiar brasileira, mais até que o desemprego, mesmo que  vá ficar abaixo do limite superior da meta da inflação, quando as previsões, no inicio do ano, eram que superaria os 12%, não aquieta uma população angustiada com os seus destinos. E isto, como se sabe, mesmo que tal perspectiva abra espaço para uma ação mais ousada do Banco Central, com vistas a redução da taxa básica de juros o que, com certeza, animaria, deveras o mercado, mesmo assim não cria o ambiente menos tenebroso.

O fato objetivo é que, a par de tal clima nada animador, o governo tem tomado atitudes que, muitas vezes, negam propósitos e compromissos propostos e esperados. Agora mesmo, ao adiar o leilão de energia limpa, ou das chamadas energias alternativas, tal atitude representou uma espécie de ducha de água fria naqueles que acreditam na energia fotovoltáica e eólica como substituidoras das energias caras e poluentes, notadamente aquelas oriundas das usinas térmicas. Ninguém entendeu as justificativas do governo! Também a decisão de violentar uma reserva ecológica no Pará com o objetivo de atender aos interesses de criadores de gado que já haviam ocupado tais terras, com cerca de 110 mil cabeças de gado, não caiu bem. Não apenas no mundo dos ambientalistas e da Oposição mas, de um modo geral e, fundamentalmente, no seio daqueles que torcem para que o governo dê certo.

Ademais, a derrota parcial quando da aprovação do processo de renegociação das dívidas dos estados e municípios, quando os deputados não aceitaram a inclusão das necessárias contrapartidas e obrigações de ajuste fiscal por parte dos entes federados para que pudessem receber o apoio da União, repercutiu mal no mercado. É certo que os acordos a serem assinados pela União com os estados podem ficar sujeitos a concertação  de compromissos de contrapartidas do tipo de ajustes de despesas no médio e longo prazo, aumento da contribuição previdenciária de 11 ou 12 para 14%, além do congelamento de novas admissões e contratações e de realização de novos concursos, entre outras, são as medidas esperadas pela sociedade, como um todo.

Finalmente, já nesse período de “entressafra” da crise politico-institucional, pois que as festas natalinas e de Ano Novo tendem a dar uma trégua ao governo, Temer continuará a enfrentar o tiroteio da Lava-Jato sobre membros de seu governo e sobre seus aliados no Congresso; o processo de impugnação da chapa Dilma-Temer no TSE; as disputas, dentro do PMDB, pelo comando da Casa e pela Liderança do partido no Senado, já que, na Câmara, a disputa está aparentemente pacificada; as ambições por mais cargos, verbas e partilha de poder pelos parlamentares, visando já a sua sobrevivência politico-eleitoral em 2018, são problemas adicionais que Temer terá que tourear.

Aliás, é bom lembrar que, no inicio do ano, o governo ainda terá que enfrentar o inesperado, o imponderavel e o inusitado do que fará Trump a frente do governo americano e que repercussões terão suas decisões sobre os planos e projetos do governo brasileiro. O que já se sabe é que, a previsão de expansão da economia que antes chegava a 1,8%, já não passa mais dos 0,5% e, o desemprego continuará ainda elevado, sem recuos maiores, até o fim do primeiro semestre de 2017.

Assim, espera-se apenas que alguns fatos positivos continuem a ocorrer como o excelente desempenho do setor externo; a continuação da queda da inflação; a redução da taxa SELIC; que a crise hídrica não afete mais tão duramente o País, particularmente o Nordeste e o setor elétrico; que o petróleo, a nível internacional, não gere surpresas desagradáveis e que, os parlamentares, dentro daquilo que se espera de seu espírito público, deixem as suas ânsias por sobrevivência, pelo menos, para o segundo semestre, após terem votado as matérias mais relevantes e indispensáveis para os ajustes necessárias na economia.

Para que se desenhe um ambiente menos pessimista, espera-se que os prefeitos venham inspirados pelos novos tempos de austeridade, de criatividade e de responsabilidade, busquem inovar na gestão dos negócios publicos do País.  O que se espera é que, a nova ética que a Lava-Jato está permitindo que se espraie, pela sociedade, gerando novos hábitos e costumes de comportamento e que o temor de que a impunidade não mais prospere, impunemente, dê um basta nessa tendência endêmica de corrupção e de desvios de conduta que, mesmo com a Lava-Jato, ainda tem gente que ousa e não teme ser apanhada nas malhas da Justiça.

Será que, diante de tantos indícios de problemas e dificuldades a serem enfrentados, conseguirá o País superar tantos desafios que ambientam o processo politico-institucional e fazer prevalecer as medidas e providências tendentes a retomada da economia? Será que a “pinguela” tão falada nos últimos tempos será de dimensões suficientes para aguentar o peso de tantos problemas, desafios e dificuldades?

Com o término de um ano que teima em não acabar, mais que torcer talvez uma grande corrente de fé e esperança seja necessária para que os desejos e necessidades dos brasileiros sejam atendidas e se atravesse esse teimoso Rubicāo que se coloca desafiadora e insistentemente a frente dos destinos da pátria amada.