TRISTE DO PODER QUE NÃO PODE!

A decisão da Câmara dos Deputados de rejeitar o pedido de autorização, formulada pela  Procuradoria da República,  para processar o Presidente da República, bem demonstra ou caracteriza que as oposições mostraram-se extremamente divididas e sem liderança para definir o que queriam como as acusações eram frágeis e mal formuladas. Ademais, Temer mostrou uma enorme capacidade de avaliar a condição humana, notadamente aqueles que o cercam, como adversários, correligionários, aliados circunstanciais ou aqueles que tem interesses envolvidos junto ao poder.

Essa atitude demonstra que, ao longo de todos esses anos esse quase imigrante árabe, desenvolveu uma enorme capacidade de domar as próprias emoções, viver as vicissitudes de quem nunca contou muito com os apoios fáceis e, no mais das vezes, teve que buscá-los via negociação e que soube superar os obstáculos discutindo, transigindo, fazendo concessões, negociando idéias e valores e, com muita habilidade, fidalguia e frieza, conquistando os  ansiados espaços de poder.

O imigrante libanês escolheu  a carreira onde as suas habilidades seriam melhor aplicadas, que foi o Direito. Fez carreira como procurador e, com habilidade e a chamada falsa humildade dos diplomatas, soube navegar por mares muitas vezes revolto. Com uma  razoável cultura humanística, transitou bem onde passava e, adestrou o seu talento ao se transformar em professor de Direito Constitucional. Publicou livros referenciados nos cursos de Direito mas o seu projeto de vida nunca foi alcançar as glórias da academia nem o aplauso restrito dos escritores.

As ambições do imigrante iam muito “além da Taprobana”. O poder, com a sempre disfarçada e costumeira demonstração que o seu propósito era servir, foi logo visto pelos donos do poder de então, como um quadro a serví-los na área em que dominava e já adquirira respeito e credibilidade. Logo se tornou Procurador do Estado e Secretário de Justiça e depois secretário de seguranca pública de Säo Paulo. Ali pode  demonstrar toda  a sua capacidade para enfrentar situações difíceis e embaraçosas, Michel esteve, por exemplo, no centro do pavoroso episódio do Carandiru, embora tenha assumido o posto cinco dias após a tragédia e, pasmem, saiu sem mancha e sem mácula!

Em breve foi visto como alguém que poderia assumir um mandato de deputado federal pelas suas competências e habilidades. Como, a demonstrar os dias que correm, nunca conseguiu ser um líder popular pois sem carisma, incapaz de sensibilizar, eletrizar e mobilizar multidões, nunca teve prestígio popular. Suas eleições eram sofridas e difíceis. Mas quando chegava no cenário político de convivência com as alternativas de poder, logo e logo mostrava a sua competência em avaliar quadros, pessoas, aliados e adversários e saber estabelecer uma forma de convivência onde os seus objetivos seriam alcançados.

Nunca avançou ou subtraiu direitos, poder ou espaço dos outros a não ser pela conquista hábil, limpa e justa das posições que alcançou. Na Câmara, foi oito anos Líder do PMDB, o maior partido do País. Foi Presidente da Câmara por três vezes e presidente nacional do PMDB desde 2002 até recentemente. A sua marca sempre foi a negociação, a conciliação, o entendimento e a maneira lhana e cavalheiresca a tratar a todos e a prestigiar os correligionários.

É difícil apanhar Temer num mal feito. Discreto, monossilábico quando as interpretações ou manifestações ou declarações podem comprometê-lo, nunca esteve a frente de qualquer empreitada com o objetivo exclusivo de fazer dinheiro. O dinheiro buscado era só aquele necessário para alcançar o poder. Empoderava os amigos e correligionários para que eles o apoiassem e financiassem, mas, dificilmente,  encontrar-se-à prova material clara e explícita de que se apropriou, indevidamente, de meios e valores.

A sua notável frieza e o ar às vezes o ar  enigmático que o fazia visto por adversários como ACM, como um “mordomo de filme de terror”, fez dele um homem incapaz de mostrar ressentimentos e rancores mas capaz de, com habilidade e a elegância que lhe é peculiar, dar o troco no momento oportuno aos que lhe intentaram barrar os seus caminhos. Conhecedor profundo da condição humana, sabe interpretar as suas aspirações, desejos e vontades e, na medida do necessário e oportuno, dar-lhes a satisfação devida.

No próprio governo, com o propósito de dispor da melhor equipe econômica que o país já tenha conhecido na sua história republicana, apressou-se em dar a todos, todos os graus de liberdade à sua condução, de forma a que intervenções indevidas ou politicamente incorretas, não atrapalhassem a implantação de reformas e a implementação de mudanças. E isto tem garantido os êxitos já alcançados pelo grupo. Embora não interfira, ele tem feito a sua equipe entender que, as vezes, algumas concessões tem que ser feitas para que a política favoreça as mudanças institucionais necessárias. Basta ver o que foi feito para conquistar os votos da bancada ruralista e a liberação de um volume apreciável de recursos das emendas parlamentares.

Uma vantagem com que conta Michel é que, ao longo desses anos ele construiu uma notável “network” capaz de lhe aportar as contribuições e os apoios por ele buscados notadamente diante dos desafios que tem enfrentados. Como jurista, não conta com a simpatia dos juristas ditos de esquerda ou pretensamente de esquerda, mas se cerca daqueles que têm uma formação e um conceito profissional e ético inquestionáveis e, com eles vai construindo as suas estratégias de sobrevivência.

Mas, ninguém tenha dúvida que Michel com habilidade, jeito e capacidade de negociar e de convencer,  faz prevalecer aquilo que os nordestinas teimam em afirmar que, para ter poder é preciso não apenas saber conquistá-lo mas saber mantê-lo fazendo uso de todos os seus mecanismos, no momento oportuno. Assim, vale para Temer a frase nordestina de “triste é o poder que não pode”.

 

QUEM GANHOU E QUEM PERDEU?

Ainda não se sabe quem perderá ou quem ganhará  nesse embate que a Câmara dos Deputados, por dever constitucional, foi obrigada a promover. De principio é dificil estabelecer o que é ganhar ou o que é perder nesse jogo. Talvez, com certeza, o grande perdedor seja o povo brasileiro pelo desperdício de tempo e  dinheiro da ampla mobilização de parlamentares para definir aquilo que, até mesmo, os partidos de oposição não queriam qualquer definição.

O grande objetivo do PT e de seus aliados parece que é assistir o governo Temer sangrar até 2018, como forma de favorecimento de um processo de recuperação da imagem e do nome dos petistas perante a opinião pública nacional.  Isto será ganhar para parte do PT. Ou seja, a maioria das oposições não quer o afastamento de Temer e a sua substituição pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, por 30 dias e, depois, por uma eleição indireta para o resto do mandato.

O ganhar nesse jogo representaria, talvez, não pagar o preço dos desgastes derivados da defesa da continuidade do mandato de Temer. Também perder poderá ser promover mais uma interrupção no processo administrativo nacional e impedir que a retomada da economia ocorra de maneira continuada e sem interrupções nem frustrações. Sabe-se que agora não é apenas o agronegócio que vai bem; não é apenas a exuberante safra agropecuária; também não é apenas a volta da geração do emprego, que estancou a sua ampliação e voltou a gerar vagas  mas a própria indústria manufatureira crescendo 0,5% no semestre. O ambiente econômico mudou e o otimismo volta a assumir papel de estímulo à economia.

Claro que o Presidente Michel não quer apenas manter o mandato mas, garantir a governabilidade que só se estabelecerá na proporção que ele demonstre dispor de, pelo menos, 257 votos que representam a maioria simples da Casa. Se assim não for, o governo não poderá aprovar as mais simples proposições que exigem, para serem aprovadas,   maioria simples. Esse número parece que Temer dispõe. Na verdade Temer, ao  conhecer a Casa como ninguém, saber dos seus hábitos, de suas demandas e das pretensões dos nobres deputados e, objetivamente, dispondo de “bala na agulha”, em termos daquilo que pode oferecer da máquina  pública aos representantes do povo, aí é possivel prever o desenlace dessa verdadeira batalha de Itararé!

Sô quem quer ganhar a disputa parece serTemer, pois segundo a Globo e a Folha de São Paulo, 90%  da população quer o presidente fora do poder embora não manifeste o que quer em seu lugar. Aliás, no momento não se sabe o que o povo quer, o que pensa e quais as suas demandas mais urgentes. A própria Globo apostou todas as suas fichas na debacle do Governo, estimulando outros veículos de comunicação no mesmo caminho de elevar as criticas e desconfianças no governo além de apoiar pesquisas de opinião que mostrassem  que os cidadãos não punham nenhuma fé na capacidade do Presidente de conduzir os destinos do Pais.  Nunca, em tempo algum, ouviu-se um comentário favorável ou a medidas de política econômica, ou ao Plano de Segurança para o Rio de Janeiro ou qualquer outra das providęncias tomadas pelo Governo para organizar as finanças públicas..

 Aliás, há uma indiferença generalizada da população brasileira em relação as ações dos partidos, dos políticos e a tudo que diz respeito a manifestações dos homens públicos.    . Ninguëm acredita mais em nada nem em ninguém. As instituições perderam a credibilidade e não são capazes de sensibilizar a sociedade de qualquer proposta, idéia e rumo.

A pantomima que estå a ser exibida na Camara dos Deputados deve acabar ainda nesta tarde. Nada mais será acrescentado ao debate nacional no encaminhamento dos  grandes problemas nacionais a partir de tal discussão. O que se espera é que, terminada a sessão desse quase circo, o País volte a se mostrar sério e responsável com vistas a responder aquilo que são os grandes desafios da nação. Parece que a atitude espalhafatosa do Procurador Geral da República, tendo agora perdido o palanque e a midia, imagina-se que uma segunda denúncia não mais terá a repercussão que a primeira e será tomada muito mais como uma atitude de alguém que perdeu o rumo e o sentido da história, do que qualquer atitude mais séria.

O cenarista publica essas breves notas antes da definição do  plenário da Câmara na certeza de que Temer trabalhou muito intensamente a articulação política necessária para angariar os votos exigidos  a rejeitar o pedido para processar o Presidente. E a Oposição, mostrando a sua ampla divisão e, por certo, a sua incompetência política, estranhamente sem a ação de seu timoneiro Lula, facilitou o trabalho dos partidários de Temer.

 

O QUE SE ESPERA DE UMA BOA POLÍTICA ECONÔMICA?

 

O cenarista, desestimulado pelos desencontros e desarranjos da política brasileira, aguarda o que o dia de hoje reserva a Temer e a própria cena política brasileira que, qualquer que seja o desfecho, parece que não afetará, em muito, o tumultuado quadro politico brasileiro. Assim, o cenarista propõe-se mais a avaliar o desenrolar do quadro econômico nacional do que essa monocórdia  sessão de agressões, denúncias, desejos inconfessos e briga de interesses muitas vezes escusos de grupos econômicos, de grupos de mídias e antecipações de projetos de poder para 2018.

Apesár das dificuldades políticas e da baixa popularidade do Presidente, a política macroeconômica do Governo Temer não se distanciou dos propósitos defendidos no início de seu governo, quais sejam, uma proposta reformista e a especial  preocupação em reestabelecer o respeito aos princípios que nortearam os chamados fundamentos da economia nacional. E isto fica declaradamente estabelecido desde a votação da proposta que limitou a expansão dos gastos governamentais e  propiciou a reforma trabalhista, já aprovadas pelo Congresso, além da busca pela redução significativa dos juros básicos, e “last but not least”,  da reforma da previdência, ora em discussão.

Agora mesmo, decidiu a equipe econômica reduzir em um ponto percentual a taxa SELIC, fazendo-a  recuar para um dígito — 9,25% — depois de haver alcançado os 14,5% no ano passado. Assim, quando alguém busca avaliar o desempenho de uma equipe econômica é fundamental que  não se deva prender o analista apenas nos resultados materiais visíveis alcançados ou nos tradicionais indicadores macroeconômicos porquanto, ao assumir o processo, os novos “policy makers”, não tinham uma idéia precisa da dimensão e da profundidade da crise que se abatia sobre a economia. Na verdade vinham imbuídos dos melhores propósitos e mostravam e continuam a mostrar um rígido engajamento a princípios, valores e idéias e, montados na sua competência técnica  e compromisso politico-social como cidadãos, eles  procuravam e procuram assentar a sua ação como “policy makers”.

Assim, pelo que se pode concluir, em face da  confiança já conquistada por eles junto ao mercado e junto a própria sociedade civil, os membros da equipe econômica tem mostrado algumas características que sempre se idealiza e se sonha  estar presentes no comportamento e na atitude de qualquer grupo que deseje enfrentar tremendo desafio que representava e reoresenta encarar graves problemas, como sói ocorrer no caso brasileiro. E a unidade, a coesão e a determinação dos técnicos que hoje comandam a área economica,  deve-se, em boa medida, a excelente e experiente liderança, apoiada num comandante que tem marcado a sua atuação pelo conhecimento e pelo passado na direção  de entes do mercado que exigem, para seu melhor desempenho, ampla capacidade para a negociação. Henrique Meirelles foi e é o lider desses processo que, não fora as suas qualidades e as virtudes de seu grupo, as chances de êxito, na ausência de tais valores, teriam sido mínimas e, provavelmente  não teria permitido chegar a lugar nenhum.

No caso atual, por ironia do destino, mesmo servindo a um governo sem respaldo popular e pressionado pelos interesses de parlamentares que tem compromissos maiores apenas com a sua sobrevivência eleitoral, além de ter que enfrentar a maior crise econômica da história republicana — o PIB atual é igual ao PIB de 2009! — surpreendentemente os êxitos alcançados já se podem contabilizar como amplamente satisfatórios. E, as razões para tanto começam com as características do líder do grupo, ex-presidente, por dez anos, do Banco de Boston, ex-presidente do Banco Central do Brasil e alguém com uma fortuna pessoal bem significativa, o que, por incrível que pareça, garante essa tranquilidade para os brasileiros. Estimula mais ainda a manter coesa a excelente equipe, o fato de ver alimentada a ambição de Meirelles diante da possibilidade de vir a ser o substituto de Temer a partir de 2019! Também avulta como característica relevante de Meirelles a sua grande capacidade de convencimento, não apenas do mercado, da academia mas, até mesmo, dos políticos profissionais. Portanto era esperado que ele se mostrasse capaz de liderar, de forma coesa, esse grupo de qualidade excepcional.

Não se sabe  ao certo quais os argumentos que tem sido usados por Meirelles para dispor de profissionais do melhor quilate na sua equipe, sem guerra de egos e ciumadas tão frequentes quando são juntados elementos de alto coturno da academia e do mercado, notadamente numa situação politicamente instável onde  a estrada a percorrer é de difícil tráfego.

Se a liderança de Meirelles e a sua capacidade de negociação e de convencimento são inquestionáveis, o Ministro da Fazenda aglutinou em torno de si um grupo que não busca aparecer e que se mantém distante dos holofotes e permanece distante das querelas e das disputas políticas.   Claro que, vez por outro podem surgir divergências de linhas ou estratégias de atuação como ocorreu com a ex-presidente do BNDES, Maria Silva Bastos e, agora, com os desentendimentos entre o novo Presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro e diretores herdados da administração anterior, fato que poderá, aparentemente ter, como consequência, a substituição de tais quadros ou do próprio Paulo.

Mas, o que mais chama a atenção no trabalho desse grupo é a determinação, o senso de compromisso e responsabilidade para com o País, a competência técnica e a ousadia que esses técnicos estão a demonstrar diante do emaranhado de problemas que o País está a enfrentar!

Uma combinação de responsabilidade político-social, uma indiscutivel  competência técnica para o mister, a criatividade e ousadia das proposições e uma certa humildade e disciplina ao aceitar a liderança de um homem que não vem  da Academia mas, tão somente, do mercado financeiro nacional e internacional, são virtudes excepcionais.  Essas qualidades do grupo garantem ao mercado e a sociedade a tranquilidade necessária para acreditar que as coisas estão no rumo certo.

Se existem criticas sobre a pouca sensibilidade política do grupo quando propoem medidas amargas, isto ocorre diante da gravidade da situação e da urgência em estancar processos de intensa sangria dos cofres públicos. Agora mesmo, a proposta de menor impacto sobre a inflação que foi o aumento necessário  da alíquota do PIS/COFINS, sofreu uma saraivada de criticas e de reações quando, diante da rigidez do orçamento que quase não permite cortes, viu-se obrigado ao aumento de tal alíquota com o objetivo de cumprir o compromisso de não ampliar o deficit fiscal do ano de 2017!

Tais ponderações são feitas na antevéspera da decisão da Camara dos Deputados que definirá se autoriza ou não que se instaure processo para avaliar se Temer cometeu, durante o periodo que exerceu a vice presidencia  e ora como presidente, atos comprometessem a imagem e a solenidade do cargo. Parece que os correligionários de Temer conseguirão afastar a hipótese de seu afastamento. Se tal ocorrer, a tese desse cenarista do descolamento da economia da politica estaria ocorrendo. E se assim o for, nunca houve evento que viesse a fazer tão bem ao Brasil. Vamos esperar as primeiras terça e quarta feira de agosto para ver o que vai acontecer se as hipóteses otimistas desse cenarista ou ele será engolido pelas circunstâncias ! Qual a aposta do leitor?1

CADA DIA COM A SUA AGONIA!

Todos os dias sempre há algo a surpreender os brasileiros. Não só todo dia é dia de delação, de denúncia e de abertura de processos contra quase toda a classe política, como também, todo dia é dia de mais operações contra corruptos, pedófilos e assaltos a roubo de cargas, além da violência de toda ordem e em todo lugar, como demostram as estatísticas de assassinatos de policiais – somente, este ano, no Rio de Janeiro, já são 95 mortos no semestre! — vem agora o MST e retoma a sua cruzada de invasões seletivas de propriedades!

Todo dia é dia de ameaça ou de novas denúncias contra Michel Temer ou da identificação de vícios e problemas  vinculados a alguém do seu estreito círculo de amigos ou de colaboradores mais próximos. Todo dia a oposição estimula atos e gestos de provocação contra a própria Justiça — declarações pesadas de Gleisy Hoffman contra Sérgio Moro e a reação de Lula e da cúpula do seu partido quando da divulgação da sentença de Moro sobre o ex-presidente —  são apenas agressivas atitudes contra a Lava Jato, o Ministério Público, como o promover manifestações contra Michel Temer e contra o seu governo.

Todos os dias, diante do pouco dinamismo da economia que garantisse estabelecer crescimento mais significativo da arrecadação tributária, há um verdadeiro “Deus nos acuda” para fechar as contas do setor público e administrar as pressões por recursos para a polícia federal, para a saúde e para outros segmentos do governo. Gastos, por sinal,  sem chances de compressão pois jå se acham em limites críticos. Junte-se a tudo isto a necessidade, também, de não perder o foco em relação ao déficit previsto para este ano que tem que ser atendido mesmo que, para tanto, contigenciem-se um gasto aqui outro acolá e venha a se propor um aumento de tributos, tão questionado pela mídia, pelo empresariado e pela sociedade civil como um todo. O crucial a considerar é que se for tão urgente tal garfada no bolso do cidadão, que  o aumento não provoque uma elevação  inusitada de preços e comprometa a meta inflacionária.  E , pela avaliação que se tem, o impacto do aumento da alíquota do PIS/COFINS, será bem menor do que se o governo fizesse uma alteração em quaisquer dos tibutos indiretos do País, máxime diante  de um nivel tão baixo da demanda agregada em que se encontra o Pais.

Temer não decidiu por impulso ou por pressão da economia no sentido de estabelecer esse aumento de tributos mas determinado a cumprir tudo o que a equipe econômica sugere. Porquanto,  se as coisas por alí caminham muito bem e sinalizam ou indicam a retomada sólida e continuada da economia, o Presidente não poderia deixar de aceitar uma alteração na alíquota do PIS/COFINS para que o governo central venha a ser capaz de cumprir o que já se obrigou em termos de teto do déficit público, sem ter que incorrer nas chamadas “pedaladas fiscais”. Aliás, escolheu-se o caminho mais rápido de aumento da receita fiscal e aquele reajuste que menos comprometeria a meta de inflação deste ano, que ainda ē aquela que deverá  permanecer abaixo da meta de 4,5%, ou algo,  em torno de 3,6%!

Aliás, por ter apenas 7% de aprovação popular, Michel passou a ser alvo permanente das oposições e enfrenta uma solene antipatia da mídia quer falada, impressa ou televisiva. E, pelo andar da carruagem, o preço a pagar por Temer para não ser afastado do poder, fica cada vez mais elevado, diante da endêmica fome por recursos por parte dos parlamentares, além do “pisar em ovos” quando se trata da política econômica e do Meirelles, candidato explícito à Presidência em 2018!

Apesár de todo esse quadro confuso — e põe confusão nisso! — o Presidente tem se mostrado de uma frieza, de um equilíbrio e de uma habilidade impressionantes pois ainda demonstra ter cabeça para as mais complicadas estratégias de convencimento da classe política. Isto porque  estão em jogo, não apenas a votação da reforma da previdência como também a busca por manter incólume a base de sustentação política que lhe garantirá não vir a ser afastado pelos constitucionais 180 dias para a realização das investigações adicionais necessárias.

Aliás, quando se critica Temer por usar as emendas parlamentares para atender os seus prováveis eleitores a lhes  “tirar a corda” do pescoço, cumpre ele apenas  uma obrigação orçamentária e mostra respeita ao processo legal que tornou impositivo o pagamento das emendas, dentro do exercício fiscal. Se, por acaso, concentrou o pagamento para agora, justifica-se, politicamente, pois agora era a hora de conseguir a reciprocidade no trato de questões que interessam ao País e que garantam  a estabilidade das instituições nacionais.

Ao mesmo tempo que Michel tenta segurar-se no poder, insiste ele, mesmo enfrentando todo um vendaval de denúncias, em apoiar e promover matérias da maior relevância para a economia, como é o caso da lei que regulariza a produção mineral, além de outras questões da maior relevância para que, os êxitos alcançados até agora, na economia, não se dilapidem e a equipe econômica não  venha a querer “entregar o boné”. Cada dia os dados apresentados sobre a economia brasileira são mais alvissareiros pois o desemprego estancou, a inflação deste ano, será menor do que a média prevista == que era de 4,5% — e a balança comercial nunca tinha vivido tantos dias de superávit como sói ocorrer. A própria indústria manufatureira já dá sinais de vida e a entrada de capitais externo parece que não enxerga crise no País.

A propósito, os chineses estão descobrindo o Rio de Janeiro e estão se propondo entrar em vários negócios, inclusive na compra da CEDAE, em projetos de petroquimica e portos, além de outros segmentos estratégicos para a economia chinesa. Alguns analistas estimam a possiblidade de cerca de 40,5 bilhões de dólares de investimentos nos próximos cinco anos o que, com a retomada das ações empreendedoras da Petrobras e do resto do setor público nacional, são abertas amplas perspectivas para o Rio de Janeiro.

A insistência no recuperar os fundamentos da economia — inflação sob controle e com metas anuais definidas; um cambio oscilando porém, sem intervenção estatal; juros básicos, agora já quase em um dígito e, tendendo a chegar, a 8% no final do ano e, a busca da responsabilidade fiscal perdida — tem representado enorme desafio, notadamente a questão fiscal que, para este ano, apresentará déficit de mais de 520 bilhões só com a Previdência Social, além do déficit de 250 bilhões, só com pessoal!

O governo tem tido a coragem de ousar na tentativa de consertar erros passados, de diminuir desvios no uso dos recursos públicos e de intentar promover mudanças e reformas na estrutura do gasto público, no desempenho das estatais, na busca de reduzir gastos como a proposta de PDV para servidores públicos, entre outras, o que permitirá ir corrigindo o excessivo déficit que o setor público vem apresentando e a insustentável situação da previdência social.

Dessa forma, apesár de todos os problemas políticos, mais uma vez o cenarista ratifica a idéia de que a economia coloca-se hoje já descolada da política e, nenhuma crise parece alterar os fundamentos da economia, como ocorreu com a delação de Josuely Batista, que, a princípio, tenderia a gerar tal desconforto no sistema e que, num primeiro momento, fez com que o cambio desse um salto e a bolsa caisse, de maneira preocupante. Mas, o que ocorreu foi, quase de forma imediata,muma recuperação mais rapida do que se esperava, pois o cambio voltou ao normal e as bolsas recuperaram o seu nível, mesmo diante de tal fato.

Por outro lado, as safras tem sido altamente generosas: os preços internacionais são convidativos, inclusive para os minerais estratégicos exportados pelo Pais; a China voltou a comprar muito do Brasil e os saldos comerciais, com o exterior, são significativos, bem como o ingresso de recursos externos. Por outro lado, a confiança dos brasileiros na economia tem aumentado, os empresários já manifestam o desejo de retomarem os investimentos e os bancos públicos voltam a financiar grandes grupos e grandes projetos. Portanto, mesmo que o processo de assepsia continue com as operações Lava Jato, Zellotes e tantas outras; mesmo que figurões continuem sendo presos e outros soltos; mesmo que a reforma previdenciária não se faça como se esperava e do tamanho necessário; mesmo que outras iniciativas para estimular a economia não sejam tomadas como desejadas, o que já se plantou até aqui, representa mudança significativa na gestão da coisa pública nacional. Ou não?

MORO, POLÊMICO? PARCIAL? POLITICAMENTE INÁBIL?

Moro, mesmo não desejando e preferindo ficar às sombras, nâo sai de cena. A Lava Jato não consegue ter outra cara a não ser a sua, mesmo com as atitudes, às vezes ansiosas, imaturas e precipitadas dos jovens e inexperientes embora competentes  procuradores que o apoiam e o auxiliam na Lava Jato.  O seu destemor, sem se marcar pela arrogância e nem pelo exibicionismo, em nada se compara, com às vezes, até mesmo patética, atitude tomada por algumas figuras da república que, muitas vezes, o povo já começava a depositar alguma esperança mas os mesmos mergulharam no deslumbramento e se perderam no caminho de volta. O seu equilíbrio e ponderação, sem a exibição de uma falsa humildade, pontificou sempre, mesmo diante de um depoente como o que se ungiu como santificado pelos deuses e, de certa forma, se pretendendo intocado e intocável. No caso, Lula da Silva.

E o “juizinho”, segundo os lulistas, até agora, não se mostrou picado pela mosca azul adotando sempre uma postura de sobriedade e equilíbrio, sem exibicionismos! Até mesmo a convivência com a mídia, embora querendo-a o mais distante possível dele e muito reservado a quando e como conceder entrevistas,  porém sem gerar com ela conflitos intransponíveis, buscou resguardar  a sua privacidade de juiz. E, mesmo no centro das atenções, nunca explorou quaisquer momentos especiais para o normal “show off” de que se aproveitam famosos, no mais das vezes, circunstanciais e momentâneos

Agora mesmo, no centro das atenções, em função da sentença que proferiu condenando Lula a nove anos e meio de prisão, foi objeto de críticas ácidas dos petistas  e aplausos amplos de anti-petistas qualificando-o,  no mínimo, de polêmico, parcial ou, até mesmo, politicamente inábil. Na apreciação do cenarista, uma avaliação mais isenta da sentença, inclusive de seu “timing” político mostra que Moro adotou todas as cautelas para não tornar a sua decisão questionável ou capaz de promover uma comoção nas hostes petistas diante da sua indignação face a condenação de seu líder maior.

Também, de forma equilibrada e talentosa, a sentença é, ao mesmo tempo acusatória mas também absolvitória na proporção que não propõe condenar o acusado pelo crime do recebimento indevido de benefícios propiciados pelo “financiamento” pela OAS, das despesas com a guarda de seus bens pessoais e acervo de documentos e presentes recebidos durante o período presidencial.

Ademais, Moro não respaldou a sua sentença em delações e  nem em ilações para nào correr o risco que correu quando encaminhou à Corte do Tribunal Federal de Recursos do Rio Grande do Sul, a proposta de condenação a 15 anos de prisão de Joào Vaccari Neto, ex-Tesoureiro do PT. Também teve a prudência em não pedir a prisão do ex-presidente deixando tal ingrata tarefa a segunda instância que, ao julgar a sua decisão, poderá pedir o trancafiamento de Lula.

A peça acusatória mostra consistência e coerência buscando não incorrer em juízos de valor precipitados, delações, ilações e informações imprecisas valendo-se muito mais nos vícios, contradições e auto incriminações do s próprios depoimentos do próprio Presidente Lula, focando apenas na questão do triplex. Aliàs se o Fiat Elba foi a base da acusação e afastamento da Presidência de Collor, o triplex pode vir a ser o que levarã a suspensão dos direitistas políticos de Lula e o seu afastamento do pleito de 2018.

Moro nào é portanto nenhuma incógnita e suas decisões não são de todo imprevisíveis. Parece não ser um juiz que decide segundo a direção dos ventos e os humores da sociedade. E as suas atitudes não devem estar sujeitas a nenhum julgamento precipitado porquanto as suas decisões não revelam qualquer tendência politico-partidária, qualquer interesse material e nem tampouco qualquer busca de uma notoriedade circunstancial e passageira.

Não se pode sequer dizer que Moro engrosse o grupo de juízes que promovem, pelas suas atitudes, a tão falada ou chamada imprevisibilidade judicial, pela tendência a não seguirem e não respeitarem a letra da lei, subordinando seu julgamentos aos seus humores, aos seus valores e as suas experiências com os problemas e dificuldades da sociedade.

Na verdade, ao não pedir a prisão de Lula; ao apresentar ou exarar a sentença no auge da discussão sobre o afastamento de Temer no Congresso, para demonstrar que queria fugir das luzes da ribalta; ao estabelecer uma sentença acusatória e, no mesmo texto e ao mesmo tempo, uma sentença absolvitoria; ao fugir das subjetividades e dos juízos de valor imprecisos no texto da peça sentencial, o “juizinho” mostrou muito senso de oportunidade e de habilidade política. E isto esvaziou uma mobilização popular nacional  que pretendiam os petistas no sentido de mobilizar, comover e sensibilizar o eleitorado simpatizante.

O que ocorrerá a partir de tal decisão de Moro? O processo vai ao TRF para apreciação da sentença exarada e, caso confirmada, iniciam-se as demarches da defesa,  as reações do Ministério Público e  as ações dos seus adversários que provocarão  Moro a apresentar as sentenças das demais ações sob a sua responsabilidade. E aì não se pode antecipar o que poderá ocorrer mas o se supõe mais provável é que a decisão de segunda instância poderá levar a suspensão dos direitos políticos de Lula e sua inabilitação para a disputa do pl

 

 

 

 

 

 

 

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PARA ONDE VAI O PAÍS?

 


O fim de semana parece ser o momento ideal para uma reflexão critica sobre que caminhos serão percorridos pelo Paîs depois dessa sequência de eventos que, com certeza, tendem a   estimular pensar e imaginar cenários negativos, aparentemente!  Vive o Brasil uma situação de perplexidade e de confusão pois não se sabe em que e em quem acreditar e quais possíveis caminhos irá seguir o País e as suas instituições.

Os escândalos, pelo que se nota, não mais escandalizam na dimensao que ocorria até bem pouco tempo atrás. Agora, o que estå mais presente e em cena ē o jogo de poder e de interesses políticos que se ampliou e se aprofundou na proporção em que  Lula e o PT sentiram que Temer, provavelmente, não terá capacidade de resistência para aguentar o rolo compressor das acusações, denúncas e pressões de toda ordem. E, sendo assim, dado o vazio de nomes e de homens, o PT busca amparar-se nos 30% de preferência popular sobre o nome de seu lider maior para organzar, via eleição indireta, sua volta ao poder.

O PSDB, o PP, o DEM e, a parte mais conservadora do PMDB, abatidos, politica e eleitoralmente pelo caudal de denúncias, de toda ordem e sem dispor de opções para a disputa de uma eleição,  mesmo sendo indireta, agora, parecem preferir reforçar e articular um apoio ao constitucionalmente legitimo substituto de Temer, no caso Rodrigo Maia. Não apenas para que ele cumpra a obrigação de substituição do presidente por trinta dias, mas para a possibilidade de o mesmo ficar no poder até a eleição de 2018. O temor maior é que, segundo estudos recentes, publicados por instituiçóes acreditadas,  o País que, até bem pouco, era deveras conservador, mostra-se rachado ideologicamente, num meio a meio deveras preocupante diante da insatisfação, da frustração e do desencanto com os 14,5 % de desempregados e com a queda significativa da renda real disponível das famílias e com o desânimo e a desesperança da maioria dos brasileiros.

Será que, para um PSDB onde os “cabeças brancas” passaram ou foram superados pelos fatos, circunstâncias  e avaliação dos seus mais ativos membros e  eleitores,  os jovens “cabeças pretas”, hoje majoritários no partido,  não sonham com a possibilidade de assumir a presidência contando com sua história recente e o seu possível sucesso e qualificação? Mesmo  que represente uma hipótese pouco provável, pois o PSDB “não vale quanto se pretende dizer, pesar” e, qualquer politico na posição de Temer, com o que gasta com o partido, “compraria” o apoio de duzentos deputados de partidos pequenos, os jovens políticos do partido  pretendem agregar mais um ingrediente a colocar confusão no processo politico atual.

É talvez por tal razão que os vários segmentos politicos, midiáticos, empresariais  começam a se articular em favor de Rodrigo Maia porquanto representa ele, nas atuais circunstâncias, a opção mais viável para não se produzir uma discontinuidade, de dimensões imprevisíveis  e não imagináveis, no processo de reconstrução econômica e reorganização  das finanças públicas nacionais. A política econômica vai sendo muito bem conduzida e mostrando resultados já dignos de comemoração, até agora. Os resultados de inflação, juros e câmbio mostram que os fundamentos da economia foram, como que, devolvidos ao País, gerando a tranquilidade e a segurança tão necessárias ao ambiente econômico para permitir a retomada e a recuperação  da atividade produtiva nacional.

Se isso não bastasse, as recentes safras agrícolas recordes, os excepcionais resultados acançados pela balança comercial e o volumoso e crescente ingresso liquido de recursos externos, dão a sensação de que a economia vive um mundo à parte da política e, mesmo que venha a ter o país três presidentes em uma ano e meio, tal fato não criará a temida instabilidade institucional com significaticos efeitos danosos sobre a atividade produtiva nacional. A economia parece descolada da política e o Brasil dá a sensação de que assume uma postura a la Itália. Ou seja, o governo pode mudar mas agora é possível manter a política econômica e as demais políticas públicas e, portanto, as coisas continuarem como “Dantes no Quartel de Abrantes”!

Quando as pessoas veem e sentem que os preços não sobem mais; que a conta de luz e os combustíveis cairam de preço; que o desemprego deixou de crescer; que a industria cresceu 4% em relação ao mesmo mês do ano passado, após seis anos seguidos de resultados negativos; que a Petrobras começa a mostrar sinais de recuperação  diante da hecatombe que ali se instalou; que os bancos públicos e os fundos de pensão já ensaiam toda uma retomada de ação mais criteriosa; que os programas sociais tem os seus desvios, mal uso e corrupções enfrentados, as pessoas voltam a crer que as coisas podem dar certo e o País estaria, provavelmente, se concertando.

Na verdade a conclusão que se tira é a de que, mesmo com esse quadro de denúncias, de delações e de prisões  e, as vezes, controversas decisões de “prende e solta”, de figurões ou mesmo de figurinhas, as denúncias não mais representam um libelo contra quem quer que seja. Por outro lado, as reações do Ministério  Público não são mais matéria de primeira página dos jornais e nada mais hoje parece surpreender e nada mais parece gerar estupefação! E, pasmem, os brasileiros! Apesár de todos os pesares e do pessimismo que ainda paira no ambiente, mesmo assim, as pessoas continuam a se orgulharem de seus símbolos nacionais  e a vibrarem com os êxitos de seus esportistas, embora o humor sofra, deveras, com o estado de espírito instalado no coração dos brasileiros,

Assim, se Temer sai na próxima semana ou não; se Rodrigo Maia jå tem o manifesto apoio do PSDB e dos partidos mais conservadores ou não para assumir o poder; se ele já manifesta a postura de afirmar que manterá a política econômica e os seus membros tal e qual ela hoje opera, caso tenha que assumir o processo; se já sofre, Rodrigo Maia, a manifesta oposição de Lula, é porque as coisas estão no caminho ou sendo preparada uma possível  transição mansa e pacífica de poder. Por outro lado, a manifestação de Moro sobre Lula, provavelmente tenderá a encaminhar nunca a sua prisão, mas, no máximo, se o script politico  for bem acertado, mas para uma providencial suspensão de seus direitos políticos como querem os conservadores pois só assim conseguirão manter o poder e “garantirão a tranquilidade institucional do Pais”! Ou não? Será esse o roteiro e os próximos passos do País ou Temer continuará sangrando por mais tempo?

INFERÊNCIA, ILAÇÃO E EXECRAÇÃO!

O editorial do jornal O ESTADO DE SÂO PAULO do ultimo dia 28 proximo passado, questiona, de modo, o mais das vezes,  duro e taxando, até mesmo  de irresponsável, a denúncia formulada pelo Procurador Rodrigo Janot, contra o Presidente Michel Temer.  Afirma, de forma contundente, que a denúncia é uma mera repetição de informações do que já havia sido divulgado nos depoimentos, delação e entrevista de Joesley Batista e qualifica a denúncia de Janot como um ato de irresponsabilidade e a classifica como inepta.

Segundo ainda o mesmo jornal, não junta a referida denúncia qualquer prova documental ou testemunhal, fundamentando as suas acusações em inferências ou ilações. Chega a tal ponto de buscar inferir ou  presumir que, sendo o assessor Rocha Loures, homem de confiança de Temer, a “mala de dinheiro” que o mesmo havia recebido de Joesley, com 500 mil reais,  seria a primeira cota semanal de pagamentos, destinados a Temer e que seriam feitos por vinte anos em troca de possíveis favores a serem concedidos pelo estado. Mais adianta infere que um “é isso mesmo” representaria o estimulo e aprovacao para que Joesley “comprasse o silencio” de Eduardo Cunha!

E pergunta o editorial? Quais seriam tais favores? Quais teriam sido as concessões?  Onde o grupo se favoreceu  de decisões de Temer? Quando ocorreu de Temer ter sido apanhado “com a mão na botija?” Quais as atitudes pouco recomendáveis, do ponto de vista ético, que se tem registro na vida pública de Temer, que levante duvidas sobre a sua dignidade e correição? Que contas na Suiça ou no exterior tem Temer? De que grupo empresarial participa Temer, direta ou indiretamente? Qual foi a evolução patrimonial de Temer nos últimos anos? O que pode querer Temer em termos de meios, recursos ou patrimônio,  aos 77 anos de idade?

Na verdade nesse embate enfrentado por Temer existem grupos que seriam beneficiários imediatos caso se concretize o seu impedimento ou o seu afastamento. Claro que o PT e, particularmente, Lula,  serão os grandes beneficiários na proporção em que se estabeleça a possibilidade de uma eleição após os trinta dias de presidência de Rodrigo Maia.

Também, o sistema globo de comunicação, pela agressividade da crítica e da campanha acirrada contra Temer, parece atender a uma estratégia do grupo que sempre assim agiu procurando situar-se  em consonância  com o sentimento ou o humor da sociedade civil, como que na busca de recuperar uma popularidade perdida. Ou seja, foi assim nas Diretas Já, na eleição de Tancredo Neves, no impeachment de Collor onde a Venus Platinada aguarda atē o ultimo momento, para assumir a postura daquilo que realmente vai ocorrer e assim mantem clientes, negocios e a proximidade com o poder.

Se o Sistema Globo faz sempre complicadas ginásticas para nào perder as benesses do poder e conseguir manter a sua audiência em alta, coisa que parece que o sistema vem perdendo, assumir a postura de bater em alguém que só tem 7% de apoio popular, parece,aos seus dirigentes, uma forma conseguir um reencontro com o público.

Na verdade concluir com isso que Temer é um cidadão acima de qualquer suspeito não passa pela cabeça do cenarista mas, factual, documental ou testemunhalmente, não hà nenhum dado relevante. Ou seja, acusá-lo e estabelecer uma acusação peremptória e conclusiva sobre a sua culpabilidade, fica difícil de fazê-lo. Pelas más companhias? O PMDB é assim e se tornou mais desconfiável depois que Mário Covas decidiu inventar o PSDB e deixou só essa nata de esperteza no PMDB.

Assim, pelo jeitão das coisas, está difícil afastar Temer do poder vai depender de três circunstâncias especiais. Primeiro se ele cansar e decidir que é melhor ir embora e deixar de lado toda a pressão sobre ele o que, pelo que se avalia, até agora, ele não fará. Segundo, se ele não conseguir garantir os 178 votos a seu favor na Câmara dos Deputados para rejeitar a denúncia de Janot. Terceiro se o STF decidir, acima de sua competência constitucional, estabelecer algum julgamento preliminar e decidir pedir o afastamento do Presidente.

Se nenhuma das hipóteses ocorrer, Temer tenderá a conduzir o governo, levar adiante as reformas institucionais e chegar a 2018 como o presidente que mais fez, em tão pouco tempo, pela transformação do País.

Assim, as ilações, as inferências e o próprio processo de execração de um homem público e, insiste o cenarista, para ter convivido e sobrevivido no meio de onde veio não se pode afirmar que ele seja um santo mas, com certeza, se pode aceitar que, até agora, não foram apresentados elementos objetivos e concretos que se possa qualificar Temer como alguēm que se possa condenar e execrar. Na verdade, o que se pode dizer ē que nào se tem, a não ser indícios,  insinuações, delacões, além de campanhas direcionadas que levem a concluir que Temer deve ser afastado do poder por desvios de conduta.

Será que o cenarista está cometendo um erro de avaliação?

 

O QUE SERÁ DESSE VELHO BRASIL APÓS O RETORNO DE TEMER?

 

Todos os brasileiros se perguntam se, após a denúncia do Janot, como será a vida de Temer e a do País? O que vai ocorrer? A manutenção da paralisia institucional, a modorra política, os embates no Judiciário e as repercussões numa mídia marcada pela ânsia da sobrevivência material e por um desejo de afirmação política? Isto tudo que tem tornado os embates pobres e desprovidos de qualquer criatividade capaz de alentar e estimular qualquer discussão mais promissora, pode vir a continuar! Qual a alternativa que se coloca mais viável ou com uma maior tendência de vir a acontecer? Temer renuncia? A Câmara vota a favor de seu afastamento  ou Temer disporá de vários instrumentos que permitam ampliar a sua “esperança de vida politica” ou não?

Será que o País aguardará “que tudo continue como dantes no quartel de Abrantes”, a crise sendo levada com a barriga? O País conseguirá continuar a obter ganhos e resultados na busca da recuperação e da estabilidade da economia, como sói ocorrer até agora? Ou será que Temer será “estimulado” a renunciar ao mandato gerando-se a vacância do cargo e exigindo uma eleição indireta que poderá surpreender pelo inusitado da escolha pelo Parlamento de alguém que, pela falta de credibilidade, aprofunde ainda mais a crise e possa vir a levar a equipe econômica a desistir da empreitada que, até agora, vem gerando significativos resultados?

Será possível gerar expectativas dessa ordem e natureza? por outro lado será que aceitar a atitude de apoiar a manutenção de Temer no poder com vistas a não impor mais desorganização a economia e a política, também não seria uma atitude inusitada? Qual seja, a atitude de abrir mão, não apenas de um direito mas, até mesmo, de uma obrigação e de um compromisso para com o exercício da cidadania, seria aceitável por parte de cidadãos sérios diante do quadro que ora se desenha?  Não seria uma desídia para com a sociedade e a sua história, deixar na impunidade tantos que delinquiram no cumprimento da função pública? Seria justo assistir, passivamente, tantos criminosos do colarinho branco, à solta, quando tantos cidadãos humildes estão a mofar nas cadeias Brasil afora, sem sequer terem sido julgados? A questão que se coloca agora tem duas dimensões.

A primeira é, até que ponto, as denúncias em andamento transformar-se-ão em investigação ou investigações e, em consequência, em julgamentos proferidos com as respectivas sentenças condenatórias  ou ficarão esquecidos ou sujeitos a recursos infindáveis, garantindo a impunidade a certos réus privilegiados?

A outra hipótese que se poderia especular seria aquela em que, as chamadas “cabeças coroadas” do País chegarem à conclusão de dar um tempo para que o País respire, a economia entre nos eixos e, 2018, chegue,  abrindo a perspectiva de que um novo quadro se forme, excluindo-se dele figuras que foram denunciadas e estão sob investigação de tal forma que se procederia a uma assepsia no processo? E, pelas mãos da Justiça e pela consciência popular, viriam a ser afastados do processo político-eleitoral, caracterizadamente figuras tão nefastas?

Alguns indícios de que as coisas caminham nesse sentido estão se manifestando como foi o caso da decisão de Janot de excluir do chamado crime de Caixa 2 os políticos que nada deram em troca as empresas por omitirem os seus nomes nas prestações de conta à Justiça Eleitoral. Aliás parece que o Procurador agiu corretamente pois quem recebe apoio financeiro para campanhas eleitoral não costuma indagar se vem de caixa 1 ou 2 ou 3 e, não comete crime fiscal mas sim crime eleitoral, por não registrar a quantia recebida na sua prestação de contas.

Aliás, é bom que se diga, prestação de contas que nada espelham e nem nada mostram pois não identificam campanhas milionárias e acintosas em termos de abuso do poder econômico com o registro ridículo de uma merreca como valor gasto na campanha.

Se Janot dá esse primeiro passo “em pegar leve” liberando da acusação cerca de 50 parlamentares e, em seguida, a promessa do mesmo Janot de “fatiar” a denúncia contra Temer, representará talvez a indicação de uma possível perda de robustez das acusações contra o Presidente. Será? Parece que a Rede Globo já definiu que Temer não deverá permanecer no poder embora o processo de defenestração de um Presidente é algo muito demorado e traumático. Por outro lado, o conflito entre alguns membros do STF e o Ministério Público, notadamente aquele grupo ligado a Lava Jato, apoiado por um amplo grupo de parlamentares, já promove constrangimentos no meio dos procuradores na sua sanha de fazer a limpa ética no  País.

E, se se confirmar como é esperado, o recesso do Judiciário, aí a trégua imposta pelas circunstâncias, pelos temores e pelas preocupações com a estabilidade do regime, aí então se confirmará a tendência para essa pausa para a meditação! Ou seja, a semana será decisiva para os futuros desdobramentos da crise nacional embora não se conhece o limite de paciência de Temer, a ânsia por reassumir o poder, por parte de seus aliados e adversários e o timing das pressões oriundas midia! O ananhã dirá!

OH! BRASILZÃO SEM PORTEIRA E SEM AMANHÃ!

Quando o horizonte é nebuloso e, muitas vezes, turvo; quando o ânimo se desfalece e quase se esvai; quando parece morrerem os sonhos, ás vezes, como por encanto, surgem nesgas de esperança que alimentam o afastar, mesmo que seja só, temporariamente, do pessimismo e do desencanto. Algumas circunstâncias ou evidências ou ainda uma espécie de “wishful thinking”, qual seja, um manifesto desejo que se busque encontrar no recôndito da alma, um fio de esperança de que o Brasil, mesmo subordinado a solavancos, denúncias, desconfianças e descrenças, chegue às eleições de 2018 e crie, quem sabe, nem que seja uma perspectiva ilusória, de que as coisas irão mudar, parece que será capaz de alimentar muitos sonhos e muitas esperanças.

E, nessa toada de “forçar a barra” no intentar desconstruir o profundo pessimismo que se abate sobre os brasileiros como um todo, é fundamental que o milagre de se conseguir garantir a presença, sem crises existenciais e com o compromisso histórico, da atual equipe a frente da recuperação da economia, é condição “sine qua non”! Que a turma do Meirelles continue a cumprir o papel que ora leva a efeito, representa um dos pilares das bases para a recuperação da confiança e da esperança do povo em dias melhores.

E, finalmente, para fechar o conjunto de perspectivas mais alvissareiras, aguarda-se que a classe política, fugindo as suas práticas, mesmice e sua visão oportuno-imediatista, resolva aprovar, mesmo com limitações e restrições, as reformas trabalhista e previdenciária tão urgentes para o país. Aí então poderá acreditar-se que o Brasil estaria no rumo certo. Se se conseguir alcançar esses três grandes propósitos e objetivos, será possível reinventar a esperança, o sonho e o próprio Brasil.

Agregue-se, como fator a alimentar essa possibilidade de uma mudança de ambiente e de perspectiva, o excelente desempenho do agronegócio brasileiro que, indiferente à crise político-institucional, navega em mares mansos e tranquilos, ajudando a promover um notável desempenho do setor externo do País e, por incrível que pareça, continuar apoiando e estimulando o ingresso de um significativo fluxo de recursos externos para o Brasil.

Nesse coletar de fontes de crenças e de esperanças, uma noticia colhida nos jornais de hoje mostrando que, de 2007 até 2016, o Ceará, notadamente nos municípios interioranos, conseguiu reduzir o analfabetismo infantil de 32% para 0,7% e dispor da melhor rede de escolas públicas com o município de Sobral na liderança, tudo isto representa feito de excepcional relevância. Ademais, se se examina os índices de proficiência do Spaece-Alfa, os municípios interioranos daquele estado, saem de um índice de 119,1 em 2007 para 185,6, em 2016, mostrando um esforço bem direcionado e eficaz dos órgãos públicos do estado.

Some-se a tanto o fato de que cerca de 150 escolas púbicas são premiadas no segundo ano e 112 no quinto ano, a maioria em pequenos municípios interioranos, o que mostra que o estado está capaz de acelerar o processo de transformação econômico-social, a partir de tais avanços. É bom que se agregue ainda que, as 10 melhores escolas particulares do Ceará, segundo dados recentes, abocanhavam cerca de 43% das vagas do ITA, do IME e da Escola Naval, no Brasil como um todo!

Tais evidências e esperanças refazem, em parte e um pouco, o “mood” do País e leva o cenarista que, no seu último comentário, foi, para alguns, de um pessimismo atroz, a retomar um pouco do otimismo perdido. Embora haja tal esforço, com certeza todos irão concordar que, ao olhar ao redor, é difícil ter em que e em quem acreditar. É duro dormir e não sonhar. Ē complicado não ter como transmitir um raio ou um rasgo de esperança a tantos jovens ciosos e ansiosos por acreditarem num amanhã mais favorável.

Portanto, é dever, é obrigação e é compromisso com a cidadania e com a brasilidade afirmar que, apesar de tudo, é possível acreditar que algo pode e deverá dar certo e que o Brasil de amanhã será melhor do que hoje se experimenta. Um país tão grande de potencialidades e de perspectivas, embora tão apequenado diante da mediocridade, da irresponsabilidade e do descompromisso de seus líderes, não pode ser reduzido a uma dessas republiquetas de bananas.

Assim, num notável esforço, o País pode se recriar, se reinventar e, como uma Phoenix, se reerguer das cinzas e retomar a caminhada. E, pensando bem, não adianta atribuir culpas e responsabilidades e nem execrar quem se admite tenha feito tão mal ao País. Não adianta alimentar ódios e ressentimentos contra quem quer que seja pois os danos e os estragos já foram feitos e, agora, a única alternativa será buscar consertá-los e superá-los, não importa a que custo e a que preço.

O povo já está pagando um alto preço pelo que se fez e se produziu de mal feitos. Agora é construir um ambiente que, aos poucos, o povo resgate a esperança, a confiança e os empregos e oportunidades perdidos.

FALHA DO CENARISTA!

Por um lapso do cenarista, por sinal, imperdoável, deixou de estar no ar o nosso site. O prejuizo maior foi do próprio pois se sentiu na orfandade de amigos tão diletos e leitores tão pacientes e compreensivos. Graças a Deus foi só por três longos dias mas, com certeza, esse isolamento gerou um enorme vazio para o autor dessas notas!

Com uma preocupação adicional de chegar a mais amigos e leitores, registrei, não apenas paulolustosa.com e paulustosa.com.br o que ampliará, por certo, as chances de acesso. Também o cenarista quer assumir o compromisso de ser mais sucinto e apresentar um texto mais direto e objetivo.

O cenarista sente que tem feito comentários que ora beiram a uma visão quase apocalíptica do hoje e do amanhã do Brasil e, algumas vezes, a imensa vontade em querer acreditar que  as coisas poderão mudar e o país achar o caminho do reencontro. Reencontro com a sua destinação historica e o futuro metecido pelos brasileiros.

Na verdade, na volta e nesse reencontro com os amigos e leitores,  não se sabe bem para onde o país está sendo conduzido e para onde a nação irá aportar. O fato é que apostemos num futuro incerto, num destino desconhecido e num amanhã que tudo pode ser. Até não ser ou até não acontecer!