POR ENQUANTO, NADA DE NOVO SOB O SOL!

 


O Rio continua lindo! É difícil encontrar alguém que não ame o Rio pelas suas belezas naturais, pelo estilo de vida do fluminense e pela total liberalidade no trato, nos costumes e na visão da vida e de mundo que o “carioca” adota. O Rio é tão diferente e tão inusitado que alguém é capaz de ousar denominá-lo como um estado mas, tão somente, como um estado de espírito. Quando se discute o Rio, se fala de sua leveza, de sua informalidade, de sua desconcentração e de seu descompromisso com formalismos de toda ordem. Prevalece, nos hábitos e costumes, uma liberalidade que quebra ou, no mínimo, não respeita regras, conceitos e valores típicos de sociedades tradicionais.

Em face desse ambiente, do tipo de atitude de seu povo e desse excesso de liberalidade é que, talvez, também, ali prosperem, nessa informalidade, os desvios de conduta caracterizados pelo domínio das ações do tráfico de drogas. Mas que, mais que isso, criou-se ali o ambiente propício a organização, estruturação e ação bem estabelecida, do chamado crime organizado. E, o mais grave! Na proporção em que prospera o crime organizado também, como base de sua ação, os chamados valores éticos são subvertidos de tal forma que, contaminando quase todas as instituições, criaram algo que ninguém poderia imaginar que pudesse ocorrer.

Não apenas a prevalência do controle político da sociedade pelo PCC, pelo Comando Vermelho e por outras facções do crime organizado, mas o mais grave é que o Rio passou a ser o símbolo da criminalidade organizada, em todos os níveis. A clara manifestação e exteriorização desse estilo de vida ou de convivência bem como dessa forma de operar a sociedade, ao Rio pertencem os índices, os mais sombrios, da criminalidade no País. É o estado, por exemplo, onde os quatro últimos governadores do estado foram ou estão na cadeia; onde os três últimos presidentes da Assembléia Legislativa foram para o xilindró; dez deputados estaduais também já foram presos; cinco ministros do TCE e um procurador do Ministério Publico também já estão a ver o sol quadrado!

Não apenas o Rio enfrenta esse quadro tenebroso. Qualquer avaliação que se faz com representantes das várias unidades da federação, o discurso é um só. A violência tomou conta e as autoridades, para se preservarem, acertam entendimentos com os próprios grupos do crime organizado, nos vários estados. Na verdade o domínio de áreas ou bairros previamente definidos pelos líderes do crime organizado, estabeleceram locais previamente definidos nos quais o poder público não pode interferir nas relações sociais pois que os líderes do crime organizado já estabeleceram uma lógica de organização e de disciplina das ações comunitárias em tais áreas.

E tais fatos e circunstâncias criam a sensação de.que, nos dias que correm, o poder público admite a sua impotência e mostra a sua incapacidade para o adequado enfrentamento desse que é o maior desafio das gestões públicas como um todo.

O pessimismo com os fatos e circunstâncias experimentados pelos brasileiros se amplia na proporção em que o Supremo, por exemplo, decide, no auge de uma profunda crise fiscal vivenciada pelo país, se conceder um reajuste de 16,5% nos seus já gordos estipêndios. E, o mais grave, tendo a consciência clara que o efeito multiplicador sobre as finanças públicas nacionais será de, no mínimo, 6 bilhões adicionais em função do efeito cascata dos reajustes vinculados ao teto salarial dos , não se sensibilizou. Deixou correr!. E isto é extremamente frustrante e gerador de indignação partindo do ente que caberia dar exemplo maior de compromisso com a causa nacional.

Tais abusos geram reações como as de Bolsonaro ao declarar, publicamente que, na sua perspectiva, o indulto concedido por Michel Temer, caracteriza uma afronta aos brasileiros quando inclui, entre os beneficiários, condenados por crimes de corrupção ou de apropriação indébita de dinheiro público. Aliás, o Presidente eleito começa a descobrir que há muito mais coisas desagradáveis mas que, ele, definitivamente, se propõe a enfrentar. O revisionismo que propõe realizar nas decisões tomadas pelo governo federal, nos últimos quinze anos,  através de decretos, onde se registra um claro viés ideologico, será algo que, se tiver sucesso, poderá descobrir concessões e favores, dos mais variados tamanhos e extensões, que hoje comprometem, de muito, o desempenho do setor público brasileiro.

Há ainda uma série de questões a serem enfrentadas pelo novo governo, desde a forma e as possíveis distorções geradas pela autorização federal para o ingresso de recursos de brasileiros que estavam não legalizados no exterior até a exterminação de projetos como o “Mais médicos” que, apesar de toda a celeuma gerada quanto as suas implicações, está sendo reposto por médicos brasileiros, em menos de 15 dias, sem maiores controvérsias.

Choca a qualquer governante, dentre as chamadas questões menores, contradições que saltam aos olhos como, por exemplo, um estado como o Ceará, subdesenvolvido e com enormes desigualdades de renda e de emprego, com 600 quilômetros de litoral ter registrado 17 mil pescadores, considerando ser uma área com maior quantidade de água acumulada nos açudes, enquanto BRASÍLIA, só contando com um pequeno lago artificial, contar com 40 mil pescadores registrados! Isto não pode ser aceito sem um sério questionamento.

Assim, aos poucos, Bolsnaro vai ampliando a sua indignação na proporção em que vai tendo ciência de distorções, disfunções, desvios de conduta, privilégios inaceitáveis para grupos ou pessoas, doados em função de sua opção ideológica ou partidário, que o Pais do Carnaval concedeu ou permitiu. E, fatos como o ocorrido com um pescador cearense, que foi atacado por barcos chineses porquanto, segundo os mesmos chineses, argumentaram que um decreto da presidente Dilma havia outorgado ou concedido a eles o direito de exploração da pesca em área que, supostamente, estaria em território nacional, choca pela agressão ao interesse nacional. Se for verdade, a tese de que se pretendia tornar o País uma comunidade socialista internacional parece que estaria sendo buscada com desvelo e determinação.

Esses episódios ora narrados estão levando Bolsonaro a uma espécie de indignação diante de tantos abusos, desvios de dinheiro público e privilégios concedidos que hoje explicam o tamanho do rombo nas contas públicas e a elevadíssima dívida pública nacional. Zerar o déficit público; liberar parte do orçamento para investimentos públicos fundamentais; livrar a iniciativa privada de tantas restrições e limitações ao exercício de sua criatividade; e, liberar o ambiente para o exercício justo e pleno da cidadania, são compromissos que Bolsonaro já começa a se estabelecer para o seu período de governo.

 

O QUE ESPERAR DO NOVO GOVERNO?

É complicado tentar antever o que será o País ou como será o desempenho do novo governo  diante e pelos dados que se dispõe até agora. Apenas dizer que será um governo ultra-conservador ou nitidamente de direita, parece expressar muito pouco do que se pode esperar de suas ações e do curso dos acontecimentos que advirá de suas decisões e das consequências das mesmas para o crescimento, para a estabilidade e diante das expectativas da população em relação ao que ocorrerá com o seu bem estar.

Em verdade, o comando do País pelo capitão Bolsonaro, para a avaliação e o julgamento dos mais exigentes, não carrega consigo expectativas as mais favoráveis embora as escolhas de seus auxiliares e a estratégia por ele até agora adotada, geram um sentimento de que, com todas as limitações derivadas do curriculum e do histórico parlamentar do novo presidente, surgem elementos que criam a possibilidade de um cenário mais favorável e mais otimista do que, o que há três meses, se imaginava. Aliás, indicadores relacionados com o mood  da população e com as expectativas dos agentes econômicos, já antecipam que 2019 será bem melhor que o ano que está prestes a terminar.

Mesmo com uma presença muito forte de militares no conjunto de auxiliares do novo dirigente maior do País, tal fato não deve gerar maiores temores de que o grupo escolhido não seja capaz de formular políticas e  administrar os instrumentos capazes de promover as reformas institucionais cobradas pelas circunstâncias. Nem tampouco dudvida-se de sua competência para criar mecanismos de política econômica capazes de permitir a retomada do crescimento e a geração de um volume de oportunidades de emprego capazes de atender às demandas da sociedade. É surpreendente e, ocorre de forma positiva, o fato de que os nomes escolhidos para a administração indireta tem sido bem recebido pelo mercado como foram os casos de Mansuseto Almeida, Paulo Roberto Costa, Roberto Campos Netto, Joaquim Levy, Ivan Monteiro entre outros.

Assim, definidos nomes e homens, estabelecidos alguns princípios básicos — menos Brasília, mais Brasil! e menos estado e mais sociedade civil — além de uma definição de uma clara opção por um liberalismo do tipo que hoje predomina na Europa, além do viés de membros do governo que, como se sabe, tendem a uma especial simpatia pelas políticas liberais adotadas por Donald Trump, o governo vai assumindo os seus contornos básicos. E, a proporção que tal ocorre, definições relacionadas a algumas políticas públicas vão sendo discutidas e o governo vai demonstrando que rumo quer seguir e que concessões poderá fazer. Tanto assim o é que a idéia de juntar os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, náo prosperou e, o próprio Presidente veio a público afirmar que havia mudado de idéia e, deixou claro que, diferentemente do passado, os dois ministérios iriam manter uma linha de ação sem conflitos e sem contestações.

Claro que muitas declarações peremptórias de Bolsonaro sobre temas relacionados à segurança pública, a educação de menores e a outros temas que pareciam polêmicas, já passaram pelo crivo de assessores, auxiliares e amigos seus que, habilmente, sugeriram reduzir os ímpetos e a incisividade de tais ênfases com vistas a fazer com que, diferentemente embrulhados e apresentados, pareçam mais palatáveis e aceitáveis pelos agentes econômicos e pelos tomadores de decisão. Diferentemente do que alguns analistas pensam Bolsonaro não encontrará dificuldades maiores na aprovação de matérias de maior relevância para o êxito de seu governo como as pretendidas e necessárias reformas institucionais, as facilitações a serem adotadas para acelerar os processos de privatizações de estatais e a aprovação de corte nos gastos do setor público como um todo. Todas serão bem vistas e, com um pouco de negociação, o Parlamento as aprovará, máxime se elas forem apresentadas no primeiro semestre do governo.

Dessa forma, o governo já começa a definir contornos, estabelecer caminhos e alternativas para o enfrentamento de problemas mais urgentes e, também, como era esperado, exteriorizar conflitos possíveis de competência entre os seus membros como acabou de ocorrer entre Ônix Lorenzoni e o filho caçula do Presidente que, segundo dizem, foi o grande artífice das comunicações que culminaram com a eleição de seu pai para o cargo maior do País. Claro está que o deputado Lorenzonix, com o seu jeito gaúcho de ser, talvez lhe falte a habilidade mineira de negociar, de transigir e de permitir divergências administradas ou administráveis. Claro que a tarefa de negociar, administrar pressões e conflitos, fazer concessões possíveis, náo caberá apenas a um só homem mas a uma ação conjunta onde até mesmo o Presidente deverá se envolver.

É bom que se afirme que, até agora a fogueira das vaidades, os conflitos de egos e as intransigências personalistas não se manifestaram tão significativas e tão contundentes e, de um certo modo, a indicação dos nomes dois meses antes da posse, permite que as diferenças de opinião, de conceitos e, até mesmo de áreas de atuação, sejam conhecidas de todos e por todos, de tal maneira que diferenças e divergências possam ser bem administradas e não representem estorvo à garantia da exigida governabilidade do País.

Sendo assim, o governo começa a tomar corpo, jeito e definir estratégias e políticas fundamentais para o atendimento das prioridades que serão externadas, em breve, pelo próprio Bolsonaro. O fundamental que já está a ocorrer é que os ministros já escolhem os seus auxiliares, já definem as suas prioridades e já estabelecem a forma de governar de tal maneira a não surpreender nem o Presidente e nem a sociedade civil. No mais, a estrutura de força e poder já começa a se definir com outros contornos onde a presença de militares, com respaldo popular, diante da eleição com ampla maioria de Bolsonaro, não choca e não surpreende ninguém, máxime uma sociedade sedenta de ordem, de equilíbrio e de respeito aos valores mais caros da disciplina, da hierarquia e do compromisso com desenvolvimento com  justiça social.

PS: Pesquisa feita pelo G1 da Globo indica que 58% dos deputados defendem idade mínima para a aposentadoria. 70% são a favor de tipificar caixa 2 como crime. Maioria dos deputados eleitos é favorável äs privatizações e mais da metade dos deputados é a favor de criminalizar homofobia. Pelo jeito, Bolsonaro deve se aproveitar, no início de governo, desse sentimento da sociedade por mudança,  que se reflete no comportamento do Congresso e que lhe facilitará as mudanças esperadas do novo governo!

HA ALGO NO AR ALÉM…


Aparentemente pouca coisa ou poucos fatos estariam no ar ou seriam dignos de atenção ou de especulação sobre os seus efeitos ou sobre as suas consequências, máxime no momento que ora  vive o Pais. Na verdade, as razões para especular sobre notícias e comentários estão hoje mais vinculadas as indicações de nomes que irão compor a equipe de governo de Bolsonaro do que sobre projetos, estratégias ou juízos de valor emitidos pelo Presidente ou por auxiliares seus mais próximos . E, com efeito, mesmo tais avaliações especulativas, não estão a gerar comentários ou indagações mais relevantes a não ser a constatação de que os escolhidos parecem apresentar curriculum, experiência e a credibilidade que os cargos exigem.

É importante ressaltar um outro dado fundamental nas escolhas até agora apresentadas. Diz respeito ao perfil ideológico dos escolhidos onde pontifica o conservadorismo e a visão ultra-liberal, as vezes, até exacerbada do Presidente, como foram as reações a escolha do novo ministro da educação! Nao obstante tais constatações, mesmo as declarações, as vezes inusitadas, do Presidente eleito, não conseguem provocar reações de significativa intensidade nos vários segmentos da sociedade ou naqueles grupos de pressão organizados, politicamente e, que, por acaso, seriam afetados pelos efeitos, às vezes, talvez até perversos, de tais observações e ponderações.

Assim, pode-se dizer que, talvez,  apenas a mídia, numa proposta destoante do resto da sociedade, tem-se posicionando de forma a demonstrar que está a esperar erros e equívocos por parte do novo poder,  para “ver o que acontece” e, no instante subsequente,  posicionar-se, criticamente. Talvez esse quadro menos belicoso e revoltado da sociedade esteja a ocorrer em face  das notícias sobre a economia e suas perspectivas bem como sobre o desempenho que se  espera do Pais. As informações ora divulgadas  são alvissareiras e se contrapõem ao discurso que a chamada esquerda intenta estabelecer. O sentimento que predomina é que, na vã tentativa de recuperar o prestígio  perdido, a esquerda insiste em buscar fazer prevalecer tais idéias quando o ambiente ora predominante é outro.

O fato singular é que o Pais está voltando a acreditar nas suas possibilidades e, consciente de que o ânimo e o entusiasmo da sociedade são ingredientes fundamentais a estimular a retomada do crescimento, as mesmas autoridades  começam a assumir tal postura! Portanto, o ambiente parece em processo de mutação e a agressividade de vários grupos da sociedade estaria sendo reduzida pelos indicadores de retomada da economia, da recuperação do emprego e do ânimo que hoje já prevalece nos agentes econômicos.

Na verdade, o que se constata é que os nomes selecionados até agora estão na linha de pensamento e na estreita confiança de Bolsonaro e de Paulo Guedes; o perfil ideológico, doutrinário e político dos escolhidos estão na mesma linha de pensamento do Presidente, ou seja, de direita e de convicções arraigadas; as idéias e propostas disseminadas representam uma ruptura com o pensamento e com o viés ideológico que ora domina aqueles que fazem a tecnoburocracia nacional. Ou seja, pelo que se percebe, dois fatos permitem antecipar a ruptura no atual processo de condução da coisa pública nacional. O primeiro foi o isolamento político e a limitação no ir e vir e na capacidade de articulação política de Lula, o que estreitou os espaços de movimentação das forças de oposição no País. O segundo fato foram os resultados eleitorais deste ano onde a renovação dos quadros, notadamente das figuras nas chapas majoritárias, deu uma demonstração patente de que o pensamento, as aspirações e os sonhos do eleitorado brasileiro mudaram de maneira muito significativa.

Por fim, as expectativas relativas ao amanhã do País começam a mudar, não apenas em função da retomada que já se percebe na economia, da mudança no ânimo dos agentes econômicos brasileiros que já começam a se  mostrarem mais otimistas com o seu amanhã e  diante das formulações sobre temas estratégicos para o desenvolvimento nacional, mais otimistas. Assim, se tudo ocorrer dentro da perspectiva de Bolsonaro e de seus auxiliares mais imediatos — Paulo Guedes, Sérgio Moro, General Heleno, dentre outras — e se a saúde do Presidente não for comprometida, a própria construção de sua base de apoio parlamentar não se mostrará tão difícil como alguns imaginam. Isto porque os partidos tradicionais não terão o peso e a força de articulação que tem tido até agora e, os recém-chegados, que representam metade da Câmara  dos Deputados, se alinharão, de imediato, ao novo poder.

SERÁ QUE VIRÃO NOVOS TEMPOS?


O cenarista, mesmo que, com muita cautela, ousaria dizer que o Brasil começa a viver novos tempos depois de exaustivos cinco anos de penumbra ou, para muitos, até mesmo, de escuridão. Foram longos cinco anos de frustrações, decepções e desencantos que tiveram o inevitável condão de transformar um povo alegre, descontraído e otimista num contingente de pessoas desprovidas de entusiasmo para com a vida, descrente das suas instituições e dos homens públicos e, o pior, sem querer acreditar no amanhã.  De país do futuro passou o Brasil a ser o país do pessimismo e do desencanto.

O pleito de outubro próximo passado, com as suas surpresas e imprevisibilidades, inclusive desconcertando analistas políticos, trouxe alguns fatos que insistem em exigir análises mais aprofundadas do que houve ou do que há com a sociedade brasileira como um todo ou com parte expressiva dela. A sensação que se tem é que alguma coisa tenha acontecido com a cabeça e o pensamento dos brasileiros talvez em decorrência da capacidade de refletir, de debater e de contestar o que não  lhes agrada, fora dos instrumentos e mecanismos convencionais. Diferentemente do que ocorria, através de um novo instrumento que está hoje a revolucionar costumes, hábitos e atitudes das pessoas, que são as chamadas redes sociais, está sendo possível essa transformação. E, começa a acontecer mudanças que se manifestaram, em primeiro lugar, nos resultados das últimas eleições. A renovação, as surpresas, o fim de oligarquias e uma eleição onde o dinheiro não definiu os seus contornos básicos, são partes desse novo quadro que se apresenta.

O fim do caminho para importantes lideranças políticas regionais como a família Sarney, os senadores Jorge Viana, Roberto Requião, Ricardo Ferraço, Magno Malta, José Agripino, Garibaldi Alves Filho, entre outros,  revela essa importante mutação. A derrota fragorosa do riquíssimo, poderoso e pretensioso presidente do Congresso Nacional, Senador Eunicio Oliveira, representou  parte simbólica desse processo. A própria eleição de Bolsonaro, sem apoios partidários e com um orçamento assemelhado ao de um candidato a vereador por São Paulo, é mais uma evidência de que as pessoas queriam mudar de hábitos, de caras e de figuras.

Tudo isto revela, em primeiro momento, uma atitude de indignação para com o que aí está e com os que representam o “status quo”, bem como o papel que as redes sociais passaram a exercer na opinião e no pensamento dos cidadãos como um todo. Em verdade, as redes sociais passaram a ser uma espécie de “fórum privilegiado do exercício da reflexão crítica, do debate de idéias e da proposição de alternativas” dos cidadãos, sem liderança de quem quer que seja e sem terem que prestar contas ou se explicarem a quem quem quer que seja.

Parece que, até mesmo a verve livre e solta de Jair Bolsonaro assumiu, de forma explícita, dois caminhos pois, se a imunidade parlamentar já lhe permitia os excessos verbais em termos de idéias e de propostas polêmicas, a sua eleição como Primeiro Mandatário do País, sem as restrições partidárias e sem ter feito gastos excessivos ou abusivos que comprometessem a sua liberdade e direito de ir e vir, deram um enorme espaço para opiniões e ideias polêmicas e provocadoras. Assim esses largos “graus de liberdade” usados e, até abusados, por Bolsonaro, estão permitindo que ideias polêmicas sejam objeto de discussão sem as restrições ou condenações, “in limine”, que ocorriam em um passado recente.

Dessa forma, se não fora o curtíssimo espaço de tempo que resta até o recesso parlamentar, talvez a reforma da previdência pudesse ser votada ou, quem sabe, a autorização do Executivo para promover a privatização de um grande número de estatais, também pudessem vir a ser autorizada. Se, também, os pretensos candidatos à presidência das duas casas, particularmente, Rodrigo Maia, resolvessem buscar se acreditar mais perante o novo Presidente da República e perante a sociedade brasileira, usaria de sua capacidade de liderança e de mobilização, para abreviar o recesso parlamentar para que as matérias mais urgentes de interesse do novo Presidente, pudessem vir a ser votadas.

É possível, também, especular sobre uma proposta de enxugamento da máquina  do estado que se espera não se restrinja apenas  a redução de 10 a 12 ministérios e ao corte de 15% dos cargos comissionados da União, como já anunciados. Espera-se que venha uma proposta específica de descentralização do estado brasileiro que transfira ä sociedade civil, aos municípios e aos estados uma série de atribuições e competências hoje sob a custódia e responsabilidade Leia Mais

A COBRA ESTÁ FUMANDO …

Poucos esperavam que os dias que se seguiriam a eleição de Bolsonaro seriam tão movimentados e tão marcados por debates, polêmicas, discussões e questionamentos.   Tem, em parte, surpreendido a muitos as idéias e afirmações, muitas vezes extremamente sinceras e, de uma natureza até grotesca, colocadas à público, no estilo muito aberto, livre e sincero, do próprio Presidente Bolsonaro. Embora subordinadas a questionamentos e críticas, às vezes acerbas, as proposições e afirmações, estão a gerar expectativas que tendem a ser, algumas vezes, até mesmo, auspiciosas. E, também, para supresa de analistas e cenaristas, as  sugestões ou ideias ora colocadas a público por Bolsonaro, são provocações que estão sendo objeto de discussão.

Polêmicas, contraditórias e, às vezes, inoportunas, as idéias propostas, principalmente aquelas apresentadas pelo próprio Presidente, tem sido objeto de apreciação pelos formadores de opinião! Claro que algumas declarações tem levantado possíveis questões com parceiros comerciais ou com segmento da sociedade como foi o caso das colocações sobre o programa Mais Médicos ou sobre a mudança da embaixada brasileira para Isrrael. Por outro lado, não se imaginava que, a objetividade e a pressa, surpreendentemente equilibradas, na escolha dos nomes dos prováveis auxiliares do Presidente, ocorresse com a tempestividade que elas estão a acontecer. Os nomes, embora subordinado ao perfil ideológico e doutrinário do Presidente, mostram, até agora,  competência e plausibilidade – Sergio Moro, Heleno Nunes, Paulo Guedes, entre outros — e chamam a atenção, de forma positiva, inclusive pela representatividade política e pela legitimidade em relação aos grupos donde são oriundos ou que tendem a representar.

Bolsonaro, que não se sabe, ao certo, a sua lógica e raciocinio no interpretar as demandas por transformações da sociedade  e, nem tampouco, quem o inspira, no seu simplismo, até agora, adotou duas estratégias básicas. A primeira diz respeito a usar  a linguagem simples e direta no trato de graves problemas nacionais,  de forma a  angariar a simpatia do povo — “ele é igual a nós! Um pouco ignorante mas, honesto!” — e, dentro de sua formação militar, sempre acreditou e acredita que as melhores decisões são aquelas que emergem da força colegiada de um alto comando! Assim, se o presidente eleito não é nenhuma Brastemp, como dizem e querem alguns, a sua visão equilibrada e ponderada dos fatos, leva-o a fazer aparentemente sóbrias escolhas e, com Isso, consegue dissipar dúvidas e incertezas sobre a sua competência.

Dentre as questões que estão sendo objeto de explicitação por parte do novo Presidente e de assessores mais próximos, ainda não foram objeto de discussão os problemas relativos às desigualdades regionais ou espaciais nem tampouco propostas direcionadas para a diminuição das diferenças interpessoais de renda. Também uma questão que já deveria ter sido objeto de preocupação por parte de governadores e de líderes regionais, seria  estabelecer uma proposta para o desenvolvimento do Nordeste,  fugindo aos moldes tradicionais e consentânea com os novos tempos e as transformações já experimentadas e ainda em processo na região. Sendo assim a idéia a ser estabelecida pelos governadores da região, seria propor ao novo mandatário da nação o estabelecimento de uma política de transformação para a área de tal maneira que a mesma fuja das propostas tradicionais da classe política.

Espera-se que tal proposta deixe de ser objeto do controle e da manipulação dos mesmos politicos! Talvez tal proposta, de forma simplificada, se fizesse em dois eixos. O primeiro no apoio a projetos estruturantes de grande porte destinados a impor mudanças econômicas fundamentais da região  e o segundo através de uma política social deveras transformadora e não apenas assistencialista.

Obras fundamentais como a Norte/Sul, a transnordestina, o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, os hubs de Fortaleza e outros a serem implantados, além da exploração do potencial mineralógico da área, poderiam conduzir, ao lado das políticas de exploração do potencial do segmento de serviços e do turismo, a uma política de transformação que turbinaria as iniciativas em curso, atualmente, e abriria novas perspectivas de outros caminhos alternativos para as mudanças exigidas pela região.

Assim, ao largo de iniciativas polêmicas como a atitude do Presidente sobre o programa Mais Médicos além de declarações um pouco precipitadas como a relativa a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, bem como os comentários sobre as relações brasileiras com a China, deverão ser mais comedidas a partir de agora quando Bolsonaro passa a contar com as orientações de seu já indicado Ministro das Relações Exteriores. Na proporção em que os auxiliares vão sendo definidos, as afirmações e proposições passarão a ter  mais objetividade, mais oportunidade e mais ponderação. Assim se espera que prevaleçam e venham a estar presentes nas declarações do Presidente.

Da mesma forma espera-se que a mídia busque uma melhor convivência com o poder sem seguir as vocações ideológicas dos seus jornalistas pois isto pode impedir um processo de desmantelamento dos órgãos de imprensa do país com sensíveis prejuízos para o processo democrático. Atitudes como as tomadas por alguns jornalistas como foi o caso de uma infelicíssima é desumana declaração do jornalista Valdo Cruz sobre o Presidente Bolsonaro, não se justificam e não podem ser aceitas como éticas e responsáveis. Principalmente quando se sabe que o Presidente, de há muito, manifestava o seu desagrado com o poder quase imperial do sistema Globo de rádio e televisão e da inexistência de limites ético-profissionais para o exercício do papel jornalístico.

AGORA QUALQUER PALAVRA, AÇÃO OU MANIFESTAÇÃO …

Controlar a boca, conter emoções e não disparar declarações definitivas, são precauções e controles que um governante precisa levar em conta e, se policiar, para não se perder! Tudo o que um homem público fala é, detalhadamente, examinado e, avaliado criticamente, não só na perspectivas do impacto sobre variáveis econômicas e sobre as políticas internas. No caso de um dirigente nacional, o impacto pode ser, inclusive, sobre o que pode afetar o Brasil mundo afora, pois que, qualquer coisa pode ter implicações significativas sobre os interesses nacionais, no contexto das relações internacionais. O mercado reage de maneira pronta e quase imediata bem como os dirigentes e a mídia das outras nações reagem de modo direto considerando, particularmente, os interesses em causa.

Ademais, em função do bombardeio crítico das oposições, notadamente dos petistas, sobre a figura de Bolsonaro — “despreparado, violento, agressivo e sem compromissos com causas maiores defendidas pelas sociedades civis modernas!”— a avaliação do resto do mundo sobre o que vai ser do Brasil daqui por diante, atualmente, não é das mais lisonjeiras. Ou seja, é quase impiedosa e, extremamente negativa, a avaliação  que se faz sobre o País e, particularmente, sobre  o que, imaginam, irá ser o  governo do novo mandatário da nação.

O quadro que se pinta do Brasil lá fora, nos dias que correm, é dos mais negativos e pessimistas, destoando quase que, completamente, do que aqui, de fato, ocorre e acontece. Os petistas fizeram “um excelente” trabalho de desconstrução do País dentro da sua tese do quanto pior, melhor. Agora caberá a Bolsonaro encontrar um chanceler com trânsito, credibilidade internacional e competência técnica para reverter tal imagem,  notadamente quando o Ministro da Economia está apostando as suas fichas nas privatizações, na descentralização das ações do estado, na desburocratização, na simplificação e na promoção de investimentos nacionais e internacionais.

A quase frenética ação de Bolsonaro e dos que o cercam, revela quais as alternativas que o novo presidente está priorizando. A insistência na reforma da previdência social, as escolhas dos auxiliares para o novo governo e algumas decisões sobre políticas publicas, começam a definir os contornos de um governo que já vai se esboçando. Se as máximas utilizadas pelo próprio presidente forem postas em prática, o Brasil poderá iniciar um ciclo virtuoso de dinamismo e crescimento. E quais são tais máximas? A primeira diz respeito aquilo que é a síntese de toda uma proposta de descentralização e de descompressão nacional que é o “menos Brasília e mais Brasil”. A segunda diz respeito a redução do tamanho do estado e de seu intervencionismo excessivo, notadamente na economia, quando proclama “menos estado e mais povo ou mais sociedade civil”!

É notório que tais grandes objetivos não são fáceis de serem alcançados porquanto existem muitos interesses em jogo e a tendência do poder é não abrir mão de sua capacidade de decidir. Ou seja, o poder gosta do centralismo, da complicação burocrática e da lerdeza na tomada de decisões como forma de valorizar o seu papel e o seu trabalho. As pessoas, com certeza, se revoltam e se angustiam com tais atitudes mas, acabam tendo que conviver com a frustração e o desencanto e, às vezes, até revolta. Elas hoje sabem que depois que alguém assume o poder, mesmo que tenha prometido liberdade, participação e mudanças estruturais relevantes, dificilmente terá a humildade de entender que a descentralização e a descomplicação são elementos cruciais para o aumento da eficiência e da legitimidade do próprio poder e de quem o exercita.

A proposta de reduzir praticamente a metade o número de ministérios não apenas representa algo impactante e de relevante valor  simbolico  como pode melhorar o desempenho  operacional da máquina de governo em face dos ganhos em relação  à eficiência e competitividade de suas ações. Ademais, tal decisão deverá melhorar a integração, a coordenação e a eficiência das ações do poder público.

Claro que certas declarações, vistas como inusitadas e politicamente quase que, inaceitáveis,  representam a honesta  expressão da vontade do Presidente eleito embora devam ser contidas. Aliás é isso que ora faz Bolsonaro, sendo mais conciliador pois ele, com os 27 anos de vivência no Parlamento, tem consciência de que a mera verbalização de ideias e intenções não bem digeridas, pode gerar problemas, até mesmo  para a convivência internacional do Brasil, para os seus negócios e para os acordos bilaterais, já em curso. Como exemplo mais significativo basta mencionar a declaração sobre a idéia de mudar a embaixada brasileira de Israel para Jerusalém. Tal fato, aparentemente de pouca relevância, provocou uma enorme reação do mundo árabe,  um dos maiores compradores de commodities brasileiras. Assim, todo cuidado é pouco diante da complexidade de interesses envolvidos quando da manifestação de idéias e de intenções.

Não obstante tais fatos ou circunstâncias, as escolhas já anunciadas de pessoas que comporão o quadro de auxiliares do Presidenete, mostra a coerência em buscar figuras identificadas com o perfil e a formação político-ideológica de Bolsonaro,  embora sem prejuízo  do profissionalismo requerido e da qualidade técnica cobrada daqueles recém-anunciados.  Até agora nenhum dos nomes sugeridos ou apresentados,  surpreendeu, negativamente, a não ser para os opositores mais ferrenhos do Presidente. Também a priorização de questões fundamentais já explicitadas até agora,  não foge daquilo que analistas do quadro econômico-social e político do País estabeleceriam como seus principais alvos.

Assim, até agora, o Presidente não demonstrou atitudes e comportamentos que frustrassem os seus eleitores e que comprometessem as expectativas da maioria do brasileiros sobre os caminhos a serem seguidos pelos seus auxiliares diretos na construção de uma estratégia de governança e de desenvolvimento requerida pelo País. Ademais, a própria linguagem usada por Bolsonaro e a própria atitude de recuar em opiniões e idéias já expendidas como foi o caso de juntar os ministério da agricultura e do meio ambiente que, diante da reação de seus próprios apoiadores da bancada ruralista, voltou atrás e manteve os dois órgãos.

Ou seja, Bolsonaro mostra moderação, ponderarão e capacidade de ouvir e de conciliar para que a estrutura de força e poder da sociedade aposte na sua capacidade de fazer um governo que mire nos objetivos permanentes da sociedade civil brasileira.

 

 

 

É PRECISO TÃO POUCO …

A última semana mostra que, diferentemente do que se imaginava,  parece ser preciso muito pouco para que o País comece a mudar os rumos e gere fortes perspectivas de  vir a dar certo! É isto! De repente, após a eleição de um novo Presidente, os nomes dos possíveis ministros que vão sendo apresentados e as ideias que estão sendo  colocadas, não apenas como soluções para problemas relevantes mas como respostas para desafios, estão criando um clima favorável de mudança no “mood” da população. O humor dos brasileiros parece que começa a mudar na proporção em que as pessoas também parecem que estão propensas a dar um crédito de confiança, não ao Presidente em si, mas nas circunstâncias que os seus movimentos e suas declarações estão promovendo.

As pessoas estão querendo começar a acreditar que as coisas poderão dar certo e que o país estaria iniciando um período em que se principia a engendrar caminhos novos dentro de um ambiente  embora de um tímido mas, com certeza, efetivo otimismo! Ou seja, o estilo meio rude e tosco de Bolsonaro parece, em parte, agradar a uma parcela da população farta de salamaleques e de falsas e hipocritas atitudes no trato de questões da maior relevância para o País, por parte dos políticos tradicionais. As pessoas querem a linguagem direta, a clara divisão de áreas de pensamento onde nenhum grupo queira agradar a simpatizantes do outro, escondendo, assim, os verdadeiros sentimentos que marcam tais relações.

Na verdade os brasileiros querem ver atitudes e posicionamentos claros e diretos bem como respostas para problemas como o da violência urbana, do desemprego, o da má qualidade dos serviços de saúde e de saneamento e as limitações enfrentadas nas relações do cidadão para com o estado. Quando o Presidente responde secamente que “bandido bom é bandido morto” ou outra declaração mais radical sobre determinados temas, devem ser relegadas como “apelos” e vistos tão-somente como episódios politico-eleitorais! Na verdade, talvez o “radicalismo” das declarações gerem duas expectativas. Para alguns, há um temor ao admitirem que tais declarações podem vir a criar um clima de confronto, de beligerância e de violência e que, tais manifestações, transformadas em decisões, possam produzir resultados ou consequências não desejadas por muitos brasileiros. Para outras, representariam insinuações capazes de sugerir a solução mais rápida e objetiva de questões como a da previdenciária, dos problemas fiscais e tributários atuais além de medidas destinadas a enxugar, descentralizar e desburocratizar o estado brasileiro.

O clima que ora se observa é que, diferentemente do que se esperava, a idéia de um novo governo parece que, mesmo timidamente, está recuperando esperanças. As idéias e propostas que estão sendo colocadas, tem tido boa receptividade e o mercado de câmbio e de ações já mostram índices que alimentam expectativas de que as coisas vão acontecer. Assim, a partir dessa semana, após o encontro entre Bolsonaro e Temer, vai ser possível antecipar o que o novo governo pretende fazer no campo da economia, da segurança pública, das relações entre os entes federativos alem de propostas criativas no segmento da saude e do saneamento ambiental. E claro que a questão urbana como um todo, merecerá preocupação especial porquanto hoje ela afeta a vida de mais de 80% da população do Pais.

Um outro aspecto de mudança de comportamento da própria população diz respeito a atitude daqueles que discordam ou sempre discordavam das propostas da esquerda mas não as manifestavam, com medo da reação daqueles insatisfeitos que já taxavam tais cidadãos como retrógrados, atrasados e reacionários. O que se esta assistindo agora é que as pessoas estão mais livres, mais soltas, sem peias e amarras e sem medo de dizer o que pensam e não aceitarem as pré-definições de grupos político-ideológicos que, ao seu ver, não representam os seus sentimentos. Ninguém está aceitando mais a ditadura do estado, a ditadura das elites e a imposição autoritária de ideias e de posturas. O que se assiste é que, pessoas que foram taxadas de direita e se escondiam ou temiam as restrições de quem delas as discordavam, estão hoje dizendo, em alto e bom som: “sou de direita, e dai?”

O temor de que a clareza de posições político-ideológicas e a sua manifestação, sem medo a restrições e criticas, pode parecer que venha a propiciar um quadro de polarização de caráter perigoso pois poderia descambar para o conflito de grupo e a ascensão da violência como forma de mediar possiveis conflitos, parece que não prosperará. Não se deve acreditar em tais comportamentos pois tal seria caracterizado como anárquico e demonstrativo da inexistência de um poder de estado capaz de conter excessos de tal natureza. A tendência é que as questões fiquem bem mais claras, as posições melhor definidas, os caminhos claramente delineados e a discussão ocorra em nível tal que, embora dura, a presença do estado, discipline, regre e contenha quaisquer excessos.

Assim, diante das manifestações de opinião, das propostas já apresentadas e das atitudes já tomadas, o sentimento que começa a permear a sociedade é que o novo governo tenha possibilidades efetiva de vir a dar certo e recuperar o ânimo e o entusiasmo dos brasileiros para com o País. Dada a leveza do Brasil, a possibilidade de uma mudança de ânimo e de entusiasmo dos brasileiros parece que já começa agora e se não se manifestar nenhuma frustração ou desencanto, o curso dos acontecimentos ocorrerá em grau de um crescente entusiasmo e de uma volta ao Brasil do início da década passada.

 

 

 

O QUE SERÁ DO AMANHÃ, PERGUNTE A QUEM QUISER…

Uma eleição não deveria ser mais que uma eleição. Aliás, a declaração é óbvia  e relevante para o momento que vive o pais!  Claro que um pleito pode vir a mudar expectativas e a criar um novo ambiente  para o espetáculo da vida. Pode gerar sonhos, promover angústias e, até mesmo, criar um quadro de incertezas qua possa vir a atormentar a vida de muitos.

Seria o caso do pleito de hoje que, aparentemente, não deveria representar nenhum evento com alguma excepcionalidade?  Aparentemente, sim, pois até bem pouco, era um pleito que ninguém lhe atribuía papel mais relevante ou que se imaginasse ou admitisse que ele  pudesse alterar a atitude e o comportamento de uma sociedade. Particularmente a sociedade dos brasileiros por  estarem  enfadados, desestimulados e, como que, exaustos, não só com os efeitos da crise econômica sobre as suas vidas mas, também, de “saco cheio” com as suas   lideranças e instituições. Por isso não pareciam motivados a qualquer manifestação de interesse com qualquer coisa!

Mas, alguns grupos, notadamente o segmento mais tradicional e conservador da sociedade, começou a mostrar reais temores com uma possível volta do PT ao poder. Não se sabe se por serem atribuídos aos petistas a maior crise econômica da história do país, com os seus duros e impiedosos golpes e efeitos perversos ou se, em face da avalanche de casos e situações de corrupção e de desvios de conduta. Ou ainda, se decorrente daquilo que se chama de cansaço ou exaustão com “o mesmo estilo de fazer as coisas, as mesmas caras e o mesmo diapasão”! Ou, como dizem os engenheiros, o enfado e o cansaço seria uma espécie da chamada “fadiga do material”! Aliás, fato ou evento típico de sociedades, sem valores consolidados e jovens ou emergentes!

Estranhamente só estão a mostrar interesse e entusiasmo com os possíveis resultados do pleito,  os petistas de formação e convicção; os intelectuais, embora hoje, teimando em suas ideias e convicções mesmo distanciados do que está a ocorrer com a esquerda no mundo;  e jovens, marcados pela natural indignação para com o poder e pelo que ele representa. Agreguem-se ainda a tal quadro, o sentimento que domina os jovens de mostrar uma clara indignação com quem ocupa o poder e com a presumida atitude conservadora e retrógrada de quem decide os rumos da sua vida e da sua história.

E hoje, no dia D da escolha de possíveis caminhos para os destinos do País, um pleito onde o desinteresse e a indiferença, até há pouco, eram marcas maiores, pode, pela radicalização de posições, ocorridas recentemente, tornar-se um embate que já estaria a dividir famílias, plantar ressentimentos e, até mesmo, rancores e ódios, sem qualquer razão de ser. Isto porque, por uma leitura direta das circunstâncias, aparentemente não haveria nada em que se assentassem tais sentimentos. O pleito em si nada disse e nada acrescentou ao estado de espírito dos brasileiros. A campanha em si, “insípida, inodora e incolor”, não emocionou e nem contagiou ninguém e, finalmente, os dois pretendentes  nada disseram, não tem a dizer e não geram qualquer expectativa sobre o que farão ao assumirem o poder.

Por outro lado,  não houve e não  há mobilização da sociedade, de cunho ideológico ou político, que justifique esse clima de quase belicosidade que se instalou no Pais. A única razão plausível para tal estado de espírito ou de ânimo talvez derive do acumulado de frustrações, revezes e perdas ocorridos nos últimos cinco anos, em face, principalmente, da crise econômica. Talvez, possa se atribuir também como causas possíveis, mais do que as perdas materiais, a frustração de expectativas, a decepção com as elites dirigentes e a certeza de que tudo aquilo em que se acreditava, não era verdadeiro!

Parece que foi esse o sentimento de que foi acometido o País. As pessoas mostram-se hoje impacientes, indignadas, belicosas e, por demais agressivas.  O pessimismo e a descrença em tudo e em todos, as domina. O que tem experimentado certas figuras públicas diante  da agressividade verbal e, até física, de grupos insatisfeitos e indignados, levam a muitos observadores a temerem até mesmo por futuros possíveis linchamentos físicos. O que não se pode admitir que seja este o clima e o estado de espírito que predomina no Brasil.

Assim, o que se espera, após o pleito, é que as chamadas elites parem, reflitam e decidam buscar caminhos de pacificação do Brasil e de recuperação do ânimo e do entusiasmo pelo país e pelo seu amanhã! É fundamental convencer a sociedade e, particularmente a mídia que, ao que parece, sempre aposta no quanto pior, melhor, que entenda que quando a turba se levanta não há poder que a contenha a não ser o poder da força!  E, pela tradição brasileira, outrora pacífica, a tendência é que, se tal processo de desorganização da sociedade ocorrer e,  em tais níveis e com tal conteúdo emocional, ninguém sabe em que isto dará!

Portanto, é fundamental afirmar que, qualquer que seja o resultado do pleito, não interessa quem ganhe, o fundamental é não deixar o clima azedar e buscar o discurso da pacificação e do entendimento e conclamar a todos para se engajarem num processo de revisão crítica da situação do Pais. E só resta um caminho qual seja buscar a construção de um  pacto nacional por reformas essenciais à retomada  do caminho do crescimento com significativo conteúdo social, para que não se ampliem as já dramáticas desigualdades sociais. E, a renovação do Congresso, pelo que avalia o cenarista,  já representou um grande passo para buscar tais objetivos. Por mais que se argumente que os eleitos são conservadores, tal fato não tira a expectativa favorável de que algo venha a mudar. Tais ditos conservadores tem perfeita noção dos riscos que corre o País e da urgência que algumas reformas institucionais precisam ser realizadas.

Temer irá entregar a Nação e ao Presidente eleito, o conjunto de propostas que deverão ser enviadas ao Congresso, com pedido de urgência para que sejam votadas antes que o novo Prsidente assuma. É possível que a reforma da previdência, a reforma tributária e fiscal, além de complementação da reforma trabalhista, venham a ser apresentadas, de imediato. E, com a lua de mel do Congresso com o novo mandatário da nação, será possível tais reformas serem aprovadas ainda este ano. Se isto ocorrer, o “mood” do mercado já muda, as expectativas empresariais já melhoram e as perspectivas da economia e do emprego começam a serem revertidas. E, com isto, as pessoas mudarão o seu ânimo e voltarão, aos poucos, a acreditar na velha pátria amada! Estes são os votos e o chamado “wishful thinking” do cenarista, mais e mais voltado para crença de que este país tem o direito ao destino que merece!

ESTÁ CHEGANDO A HORA …

O caminho encurta e a hora das definições está chegando. Por mais teorias conspiratórias que sejam lançadas no ar, elas não conseguem comprometer o curso do processo e, ao que parece, não são mais capazes de interferir nas decisões que, aparentemente, os eleitores já tomaram. Os números eleitorais parecem consolidados e as chances de uma mudança dos prováveis resultados, são muito remotas. Pelas estimativas feitas por analistas, pseudo-cientistas, futurólogos, advinhos e, até mesmo alguns estatísticos mais confiáveis, os apoios obtidos pelos dois candidatos não apresentam qualquer tendência de alteração.

A título de ilustração, por exemplo, para que Haddad conseguisse igualar os votos de Bolsonaro na pesquisa que mostra o seu melhor desempenho, ele precisaria, nos próximos dois dias, agregar algo em torno de 3,0 milhões de votos por dia o que, convenha-se, parece uma tarefa quase impossível mesmo que ocorresse fato ou fatos de tal modo e forma inusitados que conseguissem mudar a cabeça dos eleitores, aptos a votar. Agregue-se como argumento adicional, o singular fato de que as pessoas, em verdade, não estão decidindo por esse ou aquele candidato, ,considerando as suas características, virtudes e méritos pessoais. De fato, nessa eleição não pesam a carreira, o charme, o carisma, o talento pessoal e, nem tampouco, o discurso dos candidatos. Ademais, até mesmo propostas e idéias não estão sendo objeto de apreciação e de critério de escolha de um dos dois candidatos.

Como é sabido e notório, o atual processo pollitico-eleitoral não está sendo marcado pelos candidatos e suas idéias mas pelo sentimento que hoje domina a sociedade brasileira: insatisfação “com tudo e com todos” e o desejo de “que algo mude e se coloque no lugar do que aí está”! As pessoas parecem cansadas, indignadas e até mesmo revoltadas com a classe política, com as chamadas elites e com todos aqueles que representem o poder. As reações do povo em geral, tem sido de que as decisões, atitudes e comportamentos daqueles que hoje detém o poder, sáo decisões que não refletem desejos, ansias, carências e sonhos das populações como um todo.

E o quadro ainda fica mais pessimista quando se observa que o sentimento das pessoas está marcado pelos duros golpes sofridos por milhões de brasileiros em função da crise econômica que já perdura por cinco anos e que deixou, em seu rastro, milhões de desempregados e de pessoas que perderam parte de sua renda pessoal; diante das atitudes de homens públicos e de instituições cujos comportamentos, decepcionaram-nas; inclusive, diante de um STF que não mais dispõe do respeito e da admiração dos brasileiros; e, também,  pelo desencanto com uma mídia, marcada por posições ideológicas de um lado e pelo excessivo interesse monetário, de outro. Por fim, pela ausência ou inexistência de líderes expressivos ou de alguns que merecessem a confiança das pessoas como um todo.

Embora a análise seja de um pessimismo que não condiz com o pensamento e a atitude do cenarista, mas é esse o ambiente que domina o País onde o Brasil da descontração, da alegria e do sonho foi substituído hoje pelo país do desencanto e da desesperança. Claro que nada disso pode vir a mudar daqui até o dia 28 próximo com a escolha do novo Presidente da República. Também não se espera que, de repente, sejam recriadas as esperanças e os ânimos se levantem, num passe de mágica. Claro que nenhuma surpresa poderá vir a acontecer que possa mudar os rumo da história brasileira, nos próximos dias. Com certeza, nada irá interferir para que algo diferente venha a ocorrer e, nem tampouco a própria eleição presidencial terá o condão de mudar o “mood”, o entusiasmo e nem as expectativas dos brasileiros.

A descrença, o desânimo e o desentusiasmo continuarão marcando o comportamento dos cidadãos dessa pátria amada. Claro está que, a partir de algumas decisões que forem tomadas pelo novos donos do poder que irá se instalar a partir de primeiro de janeiro próximo, pode começar a mudar, aos poucos, o animo da população. Mas, será preciso um pouco mais do que o aceno de um possível 13o. mês do Bolsa-Familia ou algo assemelhado para alterar tal humor. É preciso algo que quebre esse estado de espírito tão “down” como o que ora domina ou exibem os brasileiros.

Alguns temem que nestes dias que faltam para o pleito,  alguns petistas mais exaltados e insatisfeitos com o rumo que as eleições estão seguindo, proponham algo maluco como sugerir que se monte um atentado à Haddad e Manuela, capaz de poder exibi-los como vítimas da truculência dos bolsonaristas e, com isto, gerando uma grande revolta na população e alterando os resultados do pleito. Tudo isto parece algo fruto de imaginação fértil e de não leitura adequada das reações do grande público que, antenado nas chamadas redes sociais, têm um nível de informação  de avaliação crítica que não se deixa convencer tão facilmente. Haja visto o fato de que até os desencontro dos números estatísticos das pesquisas tem levado o povão a acusar institutos de manipulação ou maquinação de dados para favorecer esta ou aquela tendência.

Tais possibilidades absurdas são rejeitadas pela própria realidade onde, ninguém, em sã consciência, iria acreditar que o vencedor ou provável vencedor, buscaria um ato de desespero dessa natureza pois, ao ganhador resta só esperar pela oficialização dos resultados que tendem a confirmar as indicações das prévias eleitorais. Isto porque, quem está ganhando não agride e não comete impropriedades nem no agir e nem no falar. Imaginar que Bolsonaro mandaria espancar Haddad e Manuela é uma insensatez tão grande quanto aquela onde se acusou o vice de Bolsonaro de haver torturado presos políticos quando ele tinha apenas 16 anos!

Agredir o Judiciário, embora a descrença e a pouca fé nos seus propósitos são a marca maior da atitude e do comportamento do povo em geral, não faz parte de uma atitude que mostre  um mínimo de equilíbrio e de bom senso. O cidadão pode até fazer como José Dirceu que, em declaração pública, não considera o Judiciário um poder mas “apenas uma mera agência governamental e como tal deveria ser tratada”. Porém,  estranha a todos a atitude do Judiciário que, numa reação inapropriada e equivocada, fez um estardalhaço tremendo com uma declaração antiga do jovem político filho de Bolsonaro e que, numa brincadeira de mau gosto, repetiu frase de Jânio, quando se referiu  a possibilidade de fechar o Legislativo o que, segundo ele “bastaria de dois soldados e um cabo”, segundo circulou.

Ademais, as declarações de ministros do STF não representam gestos e nem atitudes que se esperava dos membros do Tribunal. Equilibrada e ponderada foram as declarações do Presidente do STJ que qualificou o fato como pouco relevante, pouco procedente e sem maiores consequências para a credibilidade das instituições. Aliás, a propósito, as atitudes e posturas do Supremo bem como as da Igreja Católica, estão chamando a atenção ou pelo inusitado das reações ou pelo manifesto descontrole e omissão de supostas lideranças da Igreja Católica que, lamentavelmente, não controlam atitudes e posturas de seus padres e bispos.

Espera-se que essa crise das instituições passe e, aos poucos, o povo volte a ter confiança nelas e demonstre, outra vez, respeito que elas devem merecer. Sem isto não se constrói um País e nem se garante estabilidade, equilíbrio e bases para o seu crescimento econômico e social.

BRASIL, PARA ONDE VAIS?

As  especulações são as mais variadas e, para todos os gostos e propósitos! Elas principiam com o que se admite possa vir a ocorrer neste fechar do pleito ou de campanha, onde as agressões e, de uma certa maneira, a baixaria, que não se esperava tivesse presença garantida nestas eleições, pudesse vir a dar o tom final da epopéia. Espera-se,  ainda, que as agressões não passem de acusações menores da dimensão do chamado “kit gay”, que nada de mais sério e grave, prospere! Na verdade, quando se fala em expectativas relacionadas a idéias e propostas, é bom que se diga que, “pelo andar da carruagem”, praticamente pouco se pode falar pois sequer existiram manifestações  populares de grandes grupos ou, até mesmo, de pequenos mas barulhentos segmentos da sociedade, de apoio a este ou a aquele candidato e nem sequer discutiu-se e, discute-se nas ruas, alguma proposta ou idéia polêmica, colocada por qualquer dos contendores.

Isto porque o próprio processo politico-eleitoral, a postura, o discurso dos candidatos e o clima que predomina no meio da sociedade, não deram espaços para que alguma coisa provocasse, sensibilizasse, intrigasse ou levasse a confrontos de ideias e de opiniões, entre. os  grupos litigantes. Na verdade, nem os contendores despertam paixões, nem os seus partidos sensibilizam o eleitorado para qualquer mobilização e nem alguma coisa acontece ou é dita que provoque reações dos grupos eleitorais espalhados pelo País afora. Como não surgiram propostas interessantes ou, pelo menos polêmicas ou, até mesmo, exóticas, a tendência natural do eleitorado é a apatia, o desinteresse e a falta de convicção de que alguma coisa, de fato, possa vir a ocorrer no País. O sentimento é que as coisas continuarão do jeito que estão e que nada irá mudar pois os próprios representantes a serem eleitos farão sempre  “o mais do mesmo”!

Até mesmo um possível “aquecimento do pleito” que seria esperado para ocorrer na última semana, ao deparar-se com uma disputa praticamente definida e com modestíssimas possibilidades de mudanças, a tendência é esse marasmo, esse desencanto e essa apatia com os destinos do País. Ademais, como se prevê, “por detrás do pano”, os vários participantes do pleito — governadores eleitos,  candidatos a governos em disputa, líderes perdedores, entre outros — já buscam os possíveis pretendentes e já negociam a sua participação no futuro governo. Ou seja, mesmo que Bolsonaro e Haddad digam, aos quatro cantos, que “não negociam com os atuais partidos políticos”, na verdade tais entendimentos e acertos já se fazem de forma muito intensa, com grupos organizados da sociedade civil, como é o caso  dos evangélicos, da bancada ruralista, da bancada “da bala”, da bancada das associações comerciais, etc, além de acertos com lideranças políticas expressivas dos estados, derrotadas ou vitoriosas no último dia 7!

A movimentação de tais grupos e/ou personalidades de expressão da política dos estados têm sido bastante intensa, indicando adesões de grupos e blocos aos candidatos,  particularmente a Jair Bolsonaro, porquanto os índices alcançados por ele nas pesquisas de opinião, levam a sociedade a acreditar que ele é o provável vencedor do pleito do dia 28 próximo. Caso se concretize a vitória de Bolsonaro, parece que dias bons para os petistas e o seu partido não existirão, nem tampouco para os seguidores de Haddad e o que sobrou da esquerda no País. No entanto, ‘e fundamental registrar que o PT conseguiu algo inusitado. Com todo o seu desgaste e com o seu líder maior preso, conseguiu fazer a maior bancada da Câmara e mostrar-se um partido de expressão nacional, embora ” getificado”  pois que ficou restrito, como expressão eleitoral maior, ao Nordeste brasileiro. Além desse processo de desocupação de espaços outrora ocupado pelos petistas, máxime nas estruturas de poder, tanto a nível federal como nos estados, observar-se-á, também, em consequencia, uma migração de governadores e dirigentes petistas para as proximidades do poder ou do que se denomina de “amigos do poder”.

Quanto ao futuro do País, acredita-se que algumas propostas serão já encaminhadas por Haddad ao atual Presidente Michel Temer que se dispôs a “tocar” algumas reformas institucionais nesse período que lhe resta à frente do poder. Assim a proposta de reforma da Previdência, algumas reformas do estado e uma tentativa de refazer o pacto federativo revendo a política fiscal e tributária, além de uma revisão crítica da política de gasto público e dos estranhos e incompreensíveis incentivos e subsídios distribuídos, insensatamente e irresponsavelmente,  a tudo e a todos, deverão ser objeto de preocupação inicial quanto à sua manutenção, eliminação ou revisão crítica da sua plausibilidade e necessidade. É claro que temas tradicionais como a reforma política, o fim da reeleição, a redução do número de parlamentares e outras coisas pontuais,  já estão sendo colocadas. Ademais reformas na educação, máxime na educação de base, na universalização da saúde, tambem  deverão ser sugeridas.

Em verdade, a população, mesmo com esse ar de enfado e de cansaço que mostra toda a sua descrença, ainda alimenta a idéia de que um novo presidente deve, em primeiro lugar, buscar retomar o crescimento econômico necessário para que possam crescer as expectativas e possibilidades de geração de emprego. Isto não será fácil poi requer uma reforma do estado, reduzindo-lhe o tamanho e a excessiva presença em atividades onde seria totalmente dispensável a sua atuação. As coisas que mais angustiam a todos, além da questão do emprego e da recuperação da renda pessoal reduzida pela crise, são a insegurança ao ir e vir dos cidadãos como um todo; a incerteza quanto ao amanhã ou quanto ao seu futuro e dos seus e a péssima qualidade dos serviços públicos essenciais. Claro que a questão das drogas, a incapacidade de lidar com o menor infrator, a esperteza que domina as relações entre os cidadãos e entre os mesmos e o estado, além da lerdeza e da desigualdade no acesso à justiça, são outros pontos vocalizados pelas pessoas quando consultadas sobre o que mais lhes atormenta.

Mesmo com o pessimismo que domina a tudo e a todos, o cenarista, excessivamente otimista, ainda acredita que seja o Brasil capaz de retomar o seu dinamismo econômico e voltar a ser o país otimista e entusiasta para com o seu amanhã. Não que ele ponha fé em algum “Salvador da Pátria”! Isto não estaria em suas cogitações. Nem também que as coisas ocorreriam por milagre. Mas, fundamentalmente, na crença nas suas instituições, notadamente aquelas que compreendem o tecido vivo da sociedade que, com certeza, não estão satisfeitas com o marasmo, o desentusiasmo e a descrença que domina todas as relações interpessoais. Muito gente acredita que, enquanto a economia paulista tiver peso, força e dinamismo; enquanto o agronegócio continuar crescendo e aumentando a sua competitividade; enquanto o Centro-Oeste continuar com a sua expansão e dinamismo; enquanto as áreas de fronteiras mostrarem a capacidade de se transformarem, bastaria que as políticas governamentais não atrapalhassem a iniciativa e criatividade dos empreendedores. Os micro e pequenos negócios e o empreendedorismo individual, com um pouco de apoio e de estímulo, poderão gerar milhões de empregos e aproveitar milhares de oportunidades de negócios.

Não é preciso milagres ou a mão de algum gênio para mudar os caminhos do País. Basta um estado menor, uma elite governamental com um mínimo de compromisso com a sociedade civil e uma classe política mais consciente de seu papel e de sua responsabilidade, capaz de entender os riscos de permitir que a temperatura de insatisfação e de descrença do povo vá a limites intoleráveis e incontroláveis, para que as coisas melhorem. Nada de demagogia barata mas, tão somente, a proposição de caminhos que a população tenha a certeza de que levarão as coisas a mudar e irão, com certeza, melhorar sua qualidade de vida!